PROCESSO Nº TST-AIRR A C Ó R D Ã O 3ª Turma GMAAB/frp/ct/smf/MCG

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1 A C Ó R D Ã O 3ª Turma GMAAB/frp/ct/smf/MCG AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. RITO SUMARÍSSIMO. PROFESSOR. DEMISSÃO SEM JUSTA CAUSA. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA DE QUE O FIM DO PERÍODO LETIVO ANUAL OCORRERIA EM DATA POSTERIOR ÀQUELA CORRESPONDENTE A DE PROJEÇÃO DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO DA AUTORA. CONTRARIEDADE À SÚMULA Nº 10 DO TST. IMPOSSIBILIDADE DE AFERIÇÃO. MATÉRIA FÁTICA. O e. TRT da 1ª da Região manteve a improcedência da pretensão da Autora à indenização do artigo 322, 3º, da CLT com fundamento nas premissas de que, ocorrida a dispensa sem justa causa em 5/11/2010, então mesmo com a projeção do aviso prévio indenizado para 5/12/2010, teria ainda sido observado pelo Réu o período letivo, que por força de previsão expressa em norma coletiva vigente à época encerrava-se em 31 de dezembro daquele ano. Insistiu ainda o ilustre Juízo a quo que, quando da dispensa, nem mesmo as provas referentes ao 4º bimestre tinham começado, bem como que a norma coletiva em questão estaria em harmonia com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que determina a obrigatoriedade de 200 dias letivos e 800 horas, não permitindo que as aulas iniciem além da 1,9 semana de fevereiro e terminem antes de dezembro, razão porque concluiu que, ocorrida efetivamente a dispensa quase dois meses antes do recesso escolar, não há direito à indenização pleiteada. Nesse contexto, somente seria possível cogitar-se de contrariedade à Súmula nº 10 do TST mediante reexame dos fatos e provas alusivos à data em que ocorrida a dispensa da Autora ou ao teor da norma coletiva acima referida, procedimentos vedados na presente fase recursal pelo

2 fls.2 Verbete Sumular nº 126 do TST. Agravo de instrumento não provido. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento em Recurso de Revista n TST-AIRR , em que é Agravante ALEXANDRA LOHSE REZENDE e Agravado COLÉGIO ROSA CHAMMA LTDA. Trata-se de agravo de instrumento interposto pela empregada contra o r. despacho às fls (processo eletrônico). Em minuta, a Agravante sustenta merecer reforma o r. despacho para possibilitar o trânsito respectivo (fls ). O Colégio Agravado apresentou contraminuta (fls ) e contrarrazões (fls ). ao Ministério Público do Trabalho. Dispensada, na forma regimental, a remessa dos autos É o relatório. V O T O 1 CONHECIMENTO O agravo de instrumento é tempestivo (fls. 154 e 156), possui representação regular (fl. 7), é dispensado de preparo (fl. 108) e foi processado nos autos do recurso denegado, nos termos da Resolução Administrativa 1418/10 do TST. Conheço. 2 MÉRITO O Tribunal a quo negou provimento ao recurso ordinário da empregada sob os seguintes fundamentos: INDENIZAÇAO PREVISTA NO 3º DO ARTIGO 322, CLT. A sentença de origem indeferiu o pedido de indenização referente ao

3 fls.3 pagamento dos salários dos meses de férias, com base no que dispõe o parágrafo terceiro do artigo 322 da CLT, entendendo que a dispensa imotivada da reclamante, em 05/11/2010, ocorreu antes do término do ano letivo, considerando como tal o dia 31 de dezembro, conforme arbitrado na cláusula 8ª da norma coletiva juntada aos autos. Insurge-se o reclamante contra o julgado alegando que, embora não haja previsão legal sobre a data precisa considerada como início do "término do ano letivo", conforme previsto no 3º do artigo 322 da CLT, deve ser aplicado o princípio "in dubio pro operario", adotando a interpretação mais benéfica ao trabalhador e considerando que com a projeção do aviso prévio a sua dispensa concretizou-se em 05/12/2010. Sem razão a recorrente. Conforme bem entendeu o i. Relator original, Desembargador Marcos Palácio, o parágrafo terceiro do artigo 322 da CLT expressa que, ocorrendo dispensa do professor ao término do ano letivo ou no curso das férias escolares, é assegurado o pagamento dos salários do período de férias. A finalidade de tal dispositivo é evitar que o professor fique sem remuneração entre a rescisão de seu contrato de trabalho e uma possível nova contratação no início do período letivo seguinte. Nos termos da Súmula n 10 do col. TST: "É assegurado aos professores o pagamento dos salários no período das férias escolares. Se despedido sem justa causa ao terminar o ano letivo ou no curso dessas férias, faz jus aos referidos salários". Não obstante a disposição legal e o entendimento sumular supra mencionados, entendeu o i. Desembargador Marcos Palácio que "na presente hipótese, a reclamante foi dispensada em 05/11/2010. Considerando a integração do período do aviso prévio para todos os efeitos, ainda que indenizado, percebo que a trabalhadora perdeu o emprego num momento muito próximo ao encerramento das atividades escolares, ocasião em que não conseguiria outra colocação nesta área, pois o mercado já promoveu as contratações necessárias e já tem seu quadro de profissionais definido. Portanto, deve ser indenizada como forma de compensação, recebendo o pagamento correspondente aos salários dos meses de férias escolares". Ouso, d.v., divergir do i. Desembargador Relator - no que fui acompanhada pela maioria dos demais membros desta E. 3ª Turma pelos motivos que se seguem. Como acima já foi exposto, é claro o entendimento sumular no sentido de que é devido ao professor dispensado ao término do ano letivo, o pagamento do salário do período de férias. E

4 fls.4 incontroverso nos autos que a autora foi demitida em Considerando a projeção do período do aviso prévio tem-se que a rescisão contratual acorreu em Resta, portanto, saber quando se deu o "término do ano letivo. Aduz a ré em sua peça de bloqueio [sic] que (fls. 31): "No período de dispensa discriminado acima, a ré não estava sob recesso escolar executando suas atividades educacionais dentro do seu calendário escolar referente ao ano letivo de Note-se que nem mesmo as provas referentes ao 4º bimestre tinham começado. É importante ressaltar que a proteção contida no parágrafo 3º do artigo 322 da CLT veio no período em que as escolas, no fim de cada ano e início do ano seguinte, promoviam o recesso escolar nos meses de janeiro, fevereiro e março, onde o mesmo não ocorre mais. Com o passar dos tempos, esse quadro mudou, hoje as escolas desenvolvem, principalmente no caso da região sul e sudeste, o recesso apenas no mês de janeiro, retomando as aulas no início de fevereiro, normalmente na primeira semana. Isso se dá, inclusive, pela necessidade de cumprimento, da norma contida na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que determina a obrigatoriedade de 200 dias letivos e 800 horas, não permitindo que as aulas iniciem além da 1,9 semana de fevereiro e terminem antes de dezembro. Diante disso, o que pleiteia a reclamante não condiz com a realidade dos dias atuais, uma vez que a rescisão do contrato de trabalho se deu a quase dois meses anterior ao recesso escolar. Tal fato, além de ser público e notório - o que é evidenciado até mesmo pelo trânsito da cidade que fica um oásis no período de recesso escolar - é comprovado pelo instrumento coletivo da categoria que estabelece, textualmente, o dia 31 de dezembro como marco final do ano letivo (cláusula 8ª da Norma Coletiva juntada aos autos pela própria autora (fls. 15). Não há que se aplicar, in casu, como pretende a autora o princípio in dubio pro operario porque não há dúvida alguma quanto ao término do ano letivo, seja pela notoriedade do fato, seja pela limitação contida na norma coletiva. Adite-se, finalmente, que a autora sequer alegou - e portanto também não comprovou - que o recesso escolar teria se antecipado a , o que, de resto, não é crível. Nego provimento. (fls sic). A empregada interpôs recurso de revista alegando que era professora e foi dispensada ao término do ano letivo, razão pela qual

5 fls.5 defende o pagamento da indenização prevista no artigo 322, 2º, da CLT. Denuncia violação do artigo 322, 2º, da CLT e contrariedade à Súmula 10 do TST. A Vice-Presidência do TRT da 1ª Região denegou seguimento ao recurso de revista com base no artigo 896, 6º, da CLT e por não vislumbrar contrariedade à súmula indicada. Irresignada, a Autora manifesta o presente agravo de instrumento, em que repete, em síntese, os mesmos argumentos expendidos no recurso principal. Aponta violação dos artigos 7º, XXI, da Constituição Federal e 322, 3º, da CLT, contrariedade à Súmula 10 do TST e divergência jurisprudencial. Vejamos. Destaco inicialmente que o presente feito segue o procedimento sumaríssimo, pelo que o recurso de revista tem sua admissibilidade restrita à demonstração de contrariedade a Súmula de Jurisprudência Uniforme do e de violação direta e literal de preceito da Constituição Federal (artigo 896, 6º, da CLT). Importante ressaltar ainda que a denúncia de ofensa ao artigo 7º, XXI, da Constituição Federal, trazida apenas na minuta de agravo de instrumento, constitui inovação recursal inapta a autorizar o processamento do recurso de revista. O TRT, analisando o conjunto fático-probatório existente nos autos, entendeu que a dispensa sem justa causa da autora ocorreu antes do término do ano letivo e do recesso escolar. Consignou que a empregada foi dispensada em 5/11/2010, tendo o período do aviso-prévio expirado em 5/12/2010 e que não há qualquer alegação ou comprovação por parte da autora de que o ano letivo tenha ocorrido antes da data estabelecida na norma coletiva colacionada aos autos, qual seja, 31/12/2010. Assim, a r. decisão do Tribunal Regional é insuscetível de ser reexaminada, pois para se concluir de forma distinta (no sentido de ter a autora direito ao pagamento da indenização estipulada no artigo 322, 3º, da CLT), seria imprescindível o reexame do quadro

6 fls.6 fático-probatório dos autos, procedimento vedado em recurso de revista, consoante dispõe a Súmula 126 do TST. instrumento. Com esses fundamentos, nego provimento ao agravo de ISTO POSTO ACORDAM os Ministros da Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, negar provimento ao agravo de instrumento. Brasília, 23 de Outubro de Firmado por Assinatura Eletrônica (Lei nº /2006) ALEXANDRE AGRA BELMONTE Ministro Relator