Tribunal Superior do Trabalho

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1 Tribunal Superior do Trabalho RR A C Ó R D Ã O RECURSO DE REVISTA. REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS E DO ADICIONAL NOTURNO NOS DESCANSOS SEMANAIS REMUNERADOS - O e. Tribunal Regional registrou a premissa segundo a qual o valor da remuneração do descanso semanal (DSR) está computado no salário-hora utilizado como base de cálculo das horas extras (por força de cláusula do Acordo Coletivo). Assim sendo, indevida a incidência dos reflexos do labor extraordinário sobre o descanso semanal remunerado, sob pena de incorrer em bis in idem. Precedentes desta Corte. Recurso de revista não conhecido. Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n TST-RR , em que é Recorrente LUIZ CARLOS LÍRIO DO ROSÁRIO e Recorrida VOLKSWAGEN DO BRASIL LTDA. - INDÚSTRIA DE VEÍCULOS AUTOMOTORES. O e. Tribunal Regional do Trabalho da 15ª. Região, mediante decisão às fls , complementada às fls , negou provimento ao recurso ordinário do Reclamante quanto aos reflexos em DSR's das horas extras e do adicional noturno pagos. Inconformado, o Reclamante interpõe recurso de revista, conforme razões às fls. 576v-582, objetivando a reforma da v. decisão do e. Tribunal Regional quanto ao tema que não lhe favoreceu. Denuncia violação de lei e divergência jurisprudencial. O recurso foi admitido pelo r. despacho à fl Deduzidas contrarrazões às fls , sendo dispensada a remessa dos autos ao douto Ministério Público do Trabalho, por força do artigo 83, 2º, II, do Regimento Interno do Tribunal Superior do Trabalho. É o relatório. V O T O Satisfeitos os pressupostos de tempestividade (fls. 575 e 576), representação processual (fl. 07) e custas recolhidas (fl. 470). 1 - CONHECIMENTO

2 1.1 - REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS E DO ADICIONAL NOTURNO NOS DESCANSOS SEMANAIS REMUNERADOS Eis a motivação do decisum: -Aduz o reclamante que ao contrário do entendimento esposado pelo Juízo 'a quo', o acordo coletivo não prevê a exclusão dos reflexos das horas extras e do adicional noturno em DSR's, sendo que o objetivo da pactuação foi apenas a simplificação dos pagamentos, o que impede a supressão dos reflexos em horas extras e adicional noturno, sob pena de se estabelecer salário complessivo, vedado pelo ordenamento jurídico pátrio. SEM RAZÃO O RECLAMANTE. A reclamada, a partir de 1996, mediante acordo coletivo, incorporou o valor do repouso semanal ao salário-hora, agregando a este o percentual de 16,667%. A partir de então, o pagamento das horas extras e do adicional noturno passaram a englobar os reflexos devidos nos repousos semanais, nos termos das Súmulas nºs 60, I, e 172 do TST. Assim, ainda que contratado como horista, passou a remuneração do autor a incluir os reflexos das horas extras e do adicional noturno nos descansos semanais a partir da incorporação. Ocorre que a cláusula 4ª. do ACT 2000/2002 (vide fl. 186) apenas fixa critério de pagamento do DSR, embutindo-o no salário-hora, apenas para que se evite o pagamento em separado da verba. Atendo-se à autonomia privada coletiva, que determinou a inserção do DSR no salário-hora do empregado, não há se falar em reflexos em tal verba, sob pena de incidir 'bis in idem'. Ora, por força de acordo coletivo de trabalho, foi incorporada ao salário-hora a parcela de 16,667% relativa ao descanso semanal remunerado para efeitos de racionalidade da elaboração das folhas de pagamento. A consequência de referida operação reside no fato de, quando da quitação das horas extras ou mesmo do adicional noturno, levando-se conta o parâmetro salário-hora, este já inclui os DSR's, restando os reflexos. Conclui-se, daí, que o repouso obrigatório está computado no valor da hora utilizada como base de cálculo das horas extras, o que afasta a incidência dos reflexos do labor extraordinário, sob pena de incorrer em dupla condenação. Não há falar em 'salário complessivo', vez que o procedimento de cálculo está previsto em norma coletiva e é expressão de simples cálculo aritmético que não se configura como complexo e de difícil acessibilidade ao entendimento da inteligência média.

3 ... Assim, por força de previsão expressa de acordo coletivo, a reclamada integrar o DSR no pagamento do salário mensal faz com que o pagamento das horas extras já compute, efetivamente, o devido reflexo em DSR, porque o valor do salário-hora já incluía este último. Não há falar, portanto, em contrariedade à Súmula nº 172, tendo em vista que descanso remunerado foi inserido no cálculo das horas extras, restando observada a determinação do verbete sumular neste sentido. Vale ressaltar que, no caso em tela, o critério de cálculo torna-se automático, em face do valor da hora de trabalho ajustada por meio do instrumento coletivo (hora trabalhada + repouso semanal remunerado), consagrando o avençado pela negociação coletiva. Destarte, desprovejo o apelo do reclamante.- (Fls. 549/551) Em razões de revista, sustenta o Reclamante que, ainda que se considere o acordo coletivo de 2000, este não se aplica de forma integral ao período imprescrito, já que possui vigência de dois anos. Assevera que, não bastasse o Acordo Coletivo em que se baseou o e. Tribunal Regional, este não prevê a exclusão do reflexo das horas extras e do adicional noturno em DSR, o que contraria o artigo 7º, inciso XXVI, da Constituição Federal. Acrescenta que -os DSRs provenientes do salário pago para a jornada regular não se confundem com as integrações de horas extras e adicional noturno no DSR, pelo fato de não ter havido aumento salarial à época de sua incorporação, como indicam as cláusulas e do acordo suscitado pelo Julgador- (fls. 578v) Denuncia violação do artigo 7º, inciso XXVI, da Constituição Federal, contrariedade à Súmula 91/TST, bem como divergência com os julgados que acosta. Razão não lhe assiste. Em primeiro lugar, resta indene o art. 7º, XXIV, da Constituição da República, isto porque, tal como se extrai do excerto transcrito, o e. Tribunal Regional zelou pela aplicação dos acordos coletivos firmados entre o sindicato da categoria profissional e a reclamada. Não há também falar em contrariedade à Súmula 91 deste Tribunal, porque, tal como expôs o e. Tribunal Regional, o procedimento de cálculo está previsto em norma coletiva e é expressão de simples cálculo aritmético, que não se configura como complexo e de difícil acessibilidade ao entendimento da inteligência média.

4 Por fim, os arestos colacionados não autorizam o conhecimento do recurso, pois está superado pela iterativa, notória a atual jurisprudência da SBDI-1 e de Turma desta Corte (Súmula nº 333 do TST e art. 896, 4º, da CLT), como se vê dos julgados que a seguir transcrevo: -EMBARGOS. DECISÃO EMBARGADA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº /2007. ACÓRDÃO TURMÁRIO COMPLEMENTAR PUBLICADO EM DESCANSO SEMANAL REMUNERADO. INTEGRAÇÃO NO SALÁRIO. ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. HORAS EXTRAORDINÁRIAS E ADICIONAL NOTURNO. REFLEXOS. BIS IN IDEM. 1. Esta egrégia SBDI-1, na sessão especial do dia , firmou posicionamento contrário à repercussão das diferenças do repouso semanal remunerado nas demais parcelas trabalhistas, sob pena de incorrer-se em bis in idem. Precedentes: E-RR 201/ , Relator Ministro João Batista Brito Pereira, DEJT 18/09/2009; E-ED-RR , Relator Ministro Aloysio Corrêa da Veiga, DEJT 19/03/2010; E-RR , Relator Ministro Vantuil Abdala, DEJT 05/02/ Esse mesmo raciocínio permite concluir que o repouso semanal remunerado não pode, ao mesmo tempo, integrar a base de cálculo de outros direitos trabalhistas e sofrer reflexos destes, sob pena de duplicidade em seu pagamento (bis in idem). 3. Assim, se o sindicato, no livre exercício de sua autonomia coletiva, celebrou acordo coletivo de trabalho com a empresa reclamada, para estabelecer que o repouso semanal remunerado estaria embutido no salário dos empregados no valor de 16,667%, torna-se indevida a repercussão do adicional noturno e das horas extraordinárias no descanso semanal remunerado, afinal se este integrou a base de cálculo daqueles direitos. 4. Embargos conhecidos e providos.- (E-RR Data de Julgamento: 13/05/2010, Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT 21/05/2010). -HORAS EXTRAS E ADICIONAL NOTURNO. REFLEXOS EM DSR. Constatada a existência de norma coletiva prevendo o pagamento do DSR embutido no salário-hora, a exclusão da condenação ao pagamento dos reflexos de horas extras e do adicional noturno sobre os DSR's não configura afronta ao art. 7º, XXVI, da CF porque não houve desrespeito à norma coletiva, mas sim a análise e observância dos seus termos. Recurso de Revista não conhecido.- RR Data de Julgamento: 30/03/2011, Relator Ministro: Márcio Eurico Vitral Amaro, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 01/04/2011.

5 -REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS E DO ADICIONAL NOTURNO NOS DESCANSOS SEMANAIS REMUNERADOS. O Regional assentou, apenas, a premissa fática de que, como a cláusula do acordo coletivo incorporou o descanso semanal remunerado no salário hora, não é possível haver condenação ao pagamento dos reflexos das horas extras e do adicional noturno no descanso semanal remunerado. Dessarte, tendo em vista o disposto na Súmula nº 126 do TST, estão intactos os artigos 7º, XXVI, da CF, e 614, 3º, da CLT, bem como a Súmula 91 do TST. Arestos inservíveis ao confronto, nos termos da Súmula 296 do TST. Recurso de revista não conhecido.- RR Data de Julgamento: 16/03/2011, Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 25/03/ RECURSO DE REVISTA PATRONAL - REFLEXO DAS HORAS EXTRAS NO DESCANSO SEMANAL REMUNERADO (DSR) -BIS IN IDEM-. 1. A Corte Regional assentou que no salário-hora utilizado como base de cálculo das horas extras já se encontrava embutido o valor do descanso semanal remunerado (DSR). 2. Nesse contexto, considerando tal premissa fática, é de se afastar a incidência dos reflexos do labor extraordinário sobre o DSR, sob pena de incorrer em dupla condenação, na medida em, ao efetuar o cálculo das horas extras, automaticamente já se considerou a hora trabalhada acrescida do DSR. Recurso de revista patronal parcialmente conhecido e provido.- (RR-745/ , Relator Ministro: Ives Gandra Martins Filho, 7ª Turma, DEJT 29/10/2009); -REFLEXOS DAS HORAS EXTRAORDINÁRIAS E DO ADICIONAL NOTURNO NOS REPOUSOS SEMANAIS REMUNERADOS. Da intelecção da cláusula 5ª do ACT de 1996, extrai-se que o repouso obrigatório está computado no valor da hora utilizada como base de cálculo das horas extras, o que afasta a incidência dos reflexos do labor extraordinário, sob pena de incorrer em bis in idem. Correta a decisão do v. acórdão. Recurso de revista não conhecido.- (RR-1587/ , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, 6ª Turma, DEJT 25/09/2009); -REFLEXOS DAS HORAS EXTRAS E DO ADICIONAL NOTURNO NO DSR. Se a hora extra e o adicional noturno têm como base de cálculo o salário-hora e neste já está computado o percentual referente ao repouso remunerado, não há que se cogitar de reflexos. Recurso de revista conhecido e desprovido.- (RR-2120/ , Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 3ª Turma, DEJT 25/09/2009).- Ante o exposto, não conheço do recurso de revista. ISTO POSTO ACORDAM os Ministros da Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por maioria, não conhecer do recurso de revista, vencida a Sra. Ministra Rosa Maria Weber.

6 Brasília, 27 de abril de Horácio Senna Pires Ministro Relator