PROCESSO Nº AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO ORDINÁRIO ORIGEM: 32ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO

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1 PROCESSO Nº AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO ORDINÁRIO ORIGEM: 32ª VARA DO TRABALHO DE SÃO PAULO AGRAVANTE: GUILHERME ROSA DE OLIVEIRA AGRAVADO: ESPORTE CLUBE PINHEIROS Ementa: JUSTIÇA GRATUITA. DECLARAÇÃO DE POBREZA. DEFERIMENTO. Declarando o autor, sob as penas da lei, que não está em condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família, faz jus aos benefícios da Justiça Gratuita (art. 790, 3º, da CLT e Súmula 05 deste E. Tribunal). Agravo de instrumento ajuizado pelo reclamante a fls. 329/332 sustentando que preenche os requisitos necessários para fazer jus aos benefícios da Justiça Gratuita. Transcorreu in albis o prazo para contraminutar. Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho nos termos do art. 85, 1º, do Regimento Interno deste E. Regional. É o relatório. VOTO I-DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE JR/glon 1

2 1- Conheço do agravo porque atendidos os pressupostos legais de admissibilidade. II- DO MÉRITO 2- Com a ressalva do meu posicionamento pessoal, DOU PROVIMENTO ao agravo de instrumento para deferir ao agravante o benefício da Justiça Gratuita, tendo em vista o pedido devidamente formulado a fls. 15. ordinário interposto. 3- Determino, daí, seja destrancado o recurso 4- Estabeleço no entanto que, para os atos posteriores, provada a inexistência ou o desaparecimento dos requisitos essenciais à concessão do benefício, será este revogado, a teor do estabelecido nos arts. 7º e 8º da Lei nº 1.060/50, tocando o oportuno exame ao Juízo de Origem. 5- Dessarte, não havendo óbice ao processamento do recurso ordinário, passo a analisá-lo. DO RECURSO DO RECLAMANTE Adoto o relatório da sentença de fls. 316/318, que julgou improcedentes os pedidos da inicial. Recurso ordinário do reclamante a fls. 320/325 postulando pelo reconhecimento de vínculo empregatício. Contrarrazões a fls. 335/340. Desnecessária a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho nos termos do art. 85, 1º, do Regimento Interno deste E. Regional. É o relatório.

3 V O T O I- DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1- Conheço do recurso porque atendidos os pressupostos legais de admissibilidade. II- DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO 2- Insistiu o reclamante que possuía vínculo de emprego com o réu, como atleta profissional de handebol, entre setembro de 2008 e dezembro de Postulou, assim, todos os consectários legais daí decorrentes. 3- Sem razão. 4- A Lei nº 9.615/98 estabelece a distinção entre atletas profissionais e amadores. De acordo com o seu art. 3º, 1º, o atleta amador é o desportista que desenvolve atividade não profissional, a qual é caracterizada pela liberdade em sua prática e ausência de contrato de trabalho, podendo ele receber incentivos materiais e de patrocínio. De outro lado, o atleta profissional realiza suas atividades por meio da percepção de remuneração pactuada em contrato formal de trabalho entre ele e a entidade de prática desportiva. Este último está sujeito à legislação trabalhista e previdenciária. 5- Ainda, em seu art. 26, parágrafo único, a lei em comento assim define: considera-se competição profissional para os efeitos desta Lei aquela promovida para obter renda e disputada por atletas profissionais cuja remuneração decorra de contrato de trabalho desportivo (grifei). 6- Em relação ao handebol, é certo que a JR/glon 3

4 modalidade é em geral praticada de forma amadora no Brasil, eis que carece de grande penetração social nacionalmente. Daí, as agremiações, tais quais o ESPORTE CLUBE PINHEIROS, notoriamente investem em tal categoria esportiva de forma não profissional, sem finalidade lucrativa. Esclareço isso, porque considero que, in casu, a presunção de veracidade acompanha a tese defensiva quanto à prática de esporte amador. 7- Tornando ao caso em análise, não houve demonstração alguma nos autos quanto à percepção por parte do postulado de qualquer espécie de renda proveniente do seu time de handebol. Ainda, restou claro que não havia cobrança de ingressos nos campeonatos que participava. A própria testemunha obreira, Bruno Felipe Claudino de Santana, relatou que não havia cobrança financeira de ingressos nos jogos em que participavam, acreditando que talvez houvesse doação de alimentos (fls. 226, verso). 8- Não bastante, o autor revelou em seu depoimento pessoal que defendia simultaneamente o time da UNIP (fls. 226), o que também demonstra liberdade na prática do esporte. 9- Tudo posto, concluo que os elementos dos autos revelam que o postulante defendia o ESPORTE CLUBE PINHEIROS como atleta amador (art. 3º, 1º, II, da Lei nº 9.615/98), recebendo ajuda de custo não se confundindo com salário e com liberdade, inclusive, para jogar por outros clubes. Não se cogita, assim, a existência de vínculo de emprego entre as partes. 10- Mantenho irretocável a sentença. D I S P O S I T I V O Do exposto, ACORDAM os Magistrados da 5ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região em, nos termos da fundamentação: DAR PROVIMENTO ao agravo de instrumento do

5 demandante para, concedendo-lhe os benefícios da Justiça Gratuita, afastar a deserção do recurso ordinário e determinar o seu processamento, e a este NEGAR PROVIMENTO. JOSÉ RUFFOLO Relator JR/glon 5