A Evolução do Espírito Claudio C. Conti

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Transcrição:

A Evolução do Espírito Claudio C. Conti ccconti@bol.com.br Segundo a Doutrina Espírita, os espíritos estão sempre em evolução, porém alguns podem até embaraçar este progresso durante certo, todavia, este estado é apenas rário. Portanto, a evolução infinita é a trajetória de todos e nunca chegará um momento em que o espírito não tenha mais o que aprender ou se aprimorar. Baseando-se apenas no raciocínio comum, isto é, ao que se está acostumado no cotidiano, esta idéia é de difícil compreensão. Todavia, analisando um pouco mais profundamente e elaborando algumas considerações, é possível se verificar que não se trata de nenhum absurdo, pois a ciência humana é capaz de equacionar este comportamento, mesmo que precariamente. Certamente a proposta apresentada neste estudo não corresponde totalmente a realidade, porém, fornece condições para se compreender um pouco melhor como este mecanismo funciona. No O Livro dos Espíritos, questão 607, consta que o espírito do homem adquiriu experiências numa série de existências que precedem o período a que chamais Humanidade. Percebemos, então, a existência de, pelo menos, dois períodos: pré-humano e humano. Contudo, este conceito ainda não estaria completo, portanto Kardec continua a inquirir os espíritos a esse respeito. Assim, na questão 607a, o codificador pergunta se este período anterior a humanidade seria o estado em que se encontram os seres inferiores da criação obtendo a seguinte resposta: Já não dissemos que tudo em a Natureza se encadeia e tende para a unidade? Nesses seres, cuja totalidade estais longe de conhecer, é que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida, conforme acabamos de dizer. É, de certo modo, um trabalho preparatório, como o da germinação, por efeito do qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito... Diante do que foi exposto pode-se tecer algumas considerações a respeito: a) Tendo sido criado simples e ignorante, o espírito necessita primeiramente adquirir uma quantidade de conhecimento necessária para que esteja em condições de conduzir sua existência segundo seus desejos. Afinal, quem nada conhece nada pode escolher; b) Nesta etapa de aquisição de experiência em que o ser deve ser conduzido nas suas aquisições, portanto, como ainda não é capaz de tomar decisões por contra própria, necessariamente o seu processo evolutivo é conduzido pela providência Divina, ou seja, pela força das coisas como consta na questão 602 de O Livro dos Espíritos. Considerando que os animais façam parte do que foi designado como seres inferiores da criação e que a ação da providência seja sempre a mais simples e mais efetiva possível, até onde é possível conceber, o processo evolutivo obedeceria a uma velocidade constante, pois é independente da vontade individual, influenciando apenas a satisfação das necessidades materiais e o ambiente. Em outras palavras, partindo de um zero, que corresponderia ao momento de sua criação, o ser adquire conhecimento através de sua interação com o mundo material segundo uma lei prédeterminada que é regida pela força das coisas. Sendo origem Divina, esta lei deverá ser a mais simples e efetiva. Matematicamente falando, seguiria a seguinte equação da reta: A = f.t, onde A = aprendizado; t = ; e f = fator evolução. O fator evolução estaria relacionado com a capacidade de aprendizado individual, quando mais apto o ser, maior será o valor de f. Assim, o comportamento evolutivo dos animais poderia ser representado graficamente como mostra a Figura 1.

Curvas evolução pré-humano evolução = f. f=6 f=5 evolução f=4 f=3 f=2 f=1 Figura 1. Todavia, o comportamento ascensional retilíneo não deve ser o mais provável, apesar, é claro, de não ser impossível. Assim como uma criança em seus primeiros contatos com a escola, período em que o aprendizado é lento, o aprendizado do ser também deverá ser lento em seus primeiros contatos com a matéria, porém a uma taxa constante. Obviamente que quanto mais se sabe, mais se aprende e assim o individuo vai, gradativamente, adquirindo conhecimento em maior velocidade, pois o conhecimento previamente adquirido dará ensejo para maior interação com o meio e, com isso, maior oportunidade de assimilação. Sob este prisma, poder-se-ia supor que, desde a sua criação ate o momento em que atingir o cabedal de conhecimento necessário para adentrar no período definido como humano, sua escalada evolutiva ocorreu, a cada etapa, segundo uma das retas apresentadas na Figura 1. Portanto, o comportamento mais provável seria uma combinação de diversas retas, cada uma corresponderia a um estágio específico no processo evolutivo. Este comportamento está apresentado na Figura 2.

Curvas evolução pré-humano evolução = f. combinação dos vários estágios de desenvolvimento evolução Figura 2. Ao adentrar no período humano, o ser, agora na condição de espírito, continuará sua jornada; detentor de algum conhecimento, portanto capaz de fazer escolhas dentro de certos limites que serão cada vez mais amplos, conforme se eleva na escala espírita. O grau evolutivo de um espírito não deve ser medido pela quantidade de conhecimento que tenha adquirido, mas pela condição moral que apresente. Por "condição moral" entende-se como quantidade de virtudes que tenha adquirido ou quantidade de imperfeições que ainda subsista. Isto pode ser explicado pelo fato de que, por exemplo, ninguém poderá ser caridoso e egoísta ao mesmo, pois, enquanto ainda persistir algo de egoísmo não se poderá dizer que já seja caridoso. Enquanto sentimentos antagônicos coexistirem, não se pode afirmar que esteja regenerado, sem, no entanto, tirar o mérito do trabalho que esteja dedicando para superar as deficiências. Analisando a questão da evolução do espírito sob este prisma, pode-se considerar que ao adentrar no período humano, que seria o momento de toda a sua existência em que apresentará maior quantidade de imperfeições, sua missão deste ponto em diante é se livrar de cada uma delas para, a cada passo, se tornar mais próximo da perfeição relativa. É preciso salientar que a perfeição absoluta somente existe no próprio Deus, todos os outros seres atingem a perfeição relativa, isto é, nunca atingirão a perfeição divina. Nisto é que consiste o eterno processo evolutivo do espírito, pois, como nunca atingirá a perfeição absoluta, nunca estará completamente livre de imperfeições. Representando, então, a evolução do espírito no período humano pela quantidade de imperfeição que apresente e considerando o máximo em imperfeição no momento que adentra este

período, o comportamento deste processo evolutivo poderia ser descrito pela seguinte equação exponencial: QI = exp(-f.t), onde QI = quantidade de imperfeição; t = ; F = fator evolução. Resolvendo esta equação, observa-se que nunca se obterá um resultado igual a zero para a quantidade de imperfeição (QI), sejam quais forem os valores para (t) ou fator evolução (F) utilizados no cálculo. É preciso estar atento para a limitação do computador ou calculadora que se esteja utilizando, pois haverá valores em que sua capacidade de cálculo será atingida, se tornando incapaz de seguir em frente, neste caso, poderá apresentar como resultado o valor zero, porém não é o resultado real, mas apenas uma aproximação. Assim, o comportamento evolutivo dos espíritos poderia ser representado graficamente como mostra a Figura 3. Curvas evolução humano quantidade de imperfeição = exp(-f. ) quantidade de imperfeição F=0.01 F=0.025 F=0.005 F=0.000313 F=0.000625 F=0.00125 Figura 3. Ao longo da sua existência, o espírito evoluirá segundo diversas curvas, dependendo apenas da sua intenção em promover a sua reforma íntima, pois quanto mais dedicado o espírito, menor será o fator evolução (F) representando uma regeneração ocorrendo de forma mais rápida. Este estudo visa apenas apresentar o processo evolutivo do espírito de forma racional, expressa matematicamente, viabilizando a sua compreensão, não obstante o fato de que, caso possa ser utilizado, este seria um modelo muito simplificado do que porventura seja a realidade em toda a sua extensão.

ESTE ARTIGO FOI ORIGINALMENTE PUBLICADO NA REVISTA INTERNACIONAL DE ESPIRITISMO DE JUNHO DE 2005.