O uso inteligente dos livros didáticos e paradidáticos
Copyright Paulus 2012 Direção editorial Zolferino Tonon Coordenação editorial Antonio Iraildo Alves de Brito Produção editorial AGWM produções editoriais Impressão e acabamento PAULUS Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Antunes, Celso O uso inteligente dos livros didáticos e paradidáticos / Celso Antunes. São Paulo : Paulus, 2012. (Coleção Didática ; v. 1) ISBN 978-85-349-3337-7 1. Interdisciplinaridade na educação 2. Livros didáticos Avaliação 3. Prática de ensino 4. Professores Formação profissional I. Título. II. Série. 12-01572 CDD-370.71 Índices para catálogo sistemático: 1. Uso inteligente dos livros didáticos e paradidáticos : Práticas educativas : Formação docente : Educação 370.71 PAULUS 2012 Rua Francisco Cruz, 229 04117-091 São Paulo (Brasil) Tel.: (11) 5087-3700 Fax: (11) 5579-3627 www.paulus.com.br editorial@paulus.com.br ISBN 978-85-349-3337-7
Celso Antunes O uso inteligente dos livros didáticos e paradidáticos D I c o l e ç ã o D Á T I C A volume 1
Sumário Apresentação Sonho que é proibido sonhar... 7 Introdução O melhor e o pior livro didático... 11 1ª- Proposta A transformação de textos em aprendizagem significativa... 15 2ª- Proposta Comer de tudo e não apenas comer tudo... 21 3ª- Proposta Os textos repassados por meio de habilidades operatórias... 25 4ª- Proposta O uso dos textos como veículos para exploração de múltiplas linguagens... 29 5ª- Proposta Uma re+leitura com novo vocabulário... 35
6ª- Proposta Em cada capítulo os macros e os micros objetivos... 39 7ª- Proposta A contextualização espacial do texto... 45 8ª- Proposta A contextualização temporal do texto... 47 9ª- Proposta A exploração da ação reversa do texto didático... 51 10ª- Proposta A avaliação do livro didático ou paradidático... 55 Última proposta A diversidade no formato da aula... 59 Conclusão... 63
Apresentação Sonho que é proibido sonhar Caminho em direção ao meu compromisso, e o Thomas e suas queixas ainda ocupavam meus pensamentos. Agora já não era a tortura de seu desespero com a chegada das provas e com as toneladas de conceitos a decorar, mas a pesada mochila que carregava às costas. O que continha ela? Provavelmente o mesmo que as mochilas de outros alunos de sua série e idade: lápis, borracha, caneta, uma ou outra revista proibida, pois, afinal, ninguém é de ferro e é sempre necessário ter algo interessante para compartilhar com os amigos, e livros. Uma porção de livros didáticos: de Língua Portuguesa, de História, de Biologia, de Geografia e ainda outros, não raramente mais de um da mesma disciplina. Penso nessa mochila e me pergunto: Por que tantos livros didáticos? 7
Nada tenho contra livros, pelo contrário. Sinto que nossos alunos leem muito pouco e vejo com tristeza que cada vez leem menos. Não posso compará-los com alunos de outros tempos, que jamais se imaginavam sem um livro na mão, um mistério a desvendar, uma aventura a compartilhar. O que me preocupa são os excessos de livros didáticos especializados, fragmentando o saber e criando no aluno a imagem distorcida de que uma disciplina escolar nada tem que ver com outra e de que, por exemplo, livros de Biologia não servem para História, Geografia e Língua Portuguesa. É uma loucura essa forma de se isolar saberes. Toma-se, por exemplo, um tema, que pode ser água, terra, natureza, conflito, polêmica ou outro qualquer, e se indaga: a que disciplina esse tema pertence? Evidentemente a resposta sempre será: todas. É, por exemplo, possível pensar Ciências, Geografia, História, Literatura ou qualquer saber sem água? Sem terra? Sem conflito? Claro que não! Todas as disciplinas escolares possuem olhar específico, mas dirigido aos mesmos temas ou temas correlatos. Nesse caso, não seria melhor substituir todos os livros usados pelos alunos em determinada série escolar por um só que, descrevendo insinuante aventura, pudesse ser explorado pela Geografia que contém, pela Língua que evoca, pela História que abriga, e assim por diante? 8
Apanhe-se, por exemplo, um livro clássico: Vinte mil léguas submarinas, de Júlio Verne; O saci, de Monteiro Lobato; ou outro qualquer que por sua trama envolva o interesse da faixa etária para a qual foi escrito. Será que um professor de Língua Portuguesa não poderia explorar o romance para os conteúdos que mostra? Será que um bom professor de História não poderia fazer da trama ganchos para mostrar a realidade dos desafios humanos? Será que não existe Geografia em qualquer texto que expressa a realidade ou mesmo a ficção? É evidente que circunscrever diferentes conteúdos curriculares em livro ou tema único exigiria cuidado e preparo por parte do professor, mas após esse preparo os alunos não teriam apenas mochilas esvaziadas, os pais não teriam somente menores gastos, mas, sobretudo, se inventaria um ensino verdadeiramente interdisciplinar. Mostrar-se-ia a grandeza da Ciência e da Cultura, destacando olhares divergentes sobre temas comuns, e se perceberia que professores não são ensinantes de coisas, mas especialistas na arte de ensinar a descobrir e a se surpreender. 9
Introdução O melhor e o pior livro didático Assistimos muitas vezes a discussões interessantes entre professores e coordenadores no momento da escolha do melhor livro didático a ser adotado. Não menos sugestivos foram os muitos debates assistidos sobre a indicação de livros paradidáticos, como instrumento de ampliação e alargamento da visão cultural do aluno. Considerando a condição específica da indicação de livros didáticos ou paradidáticos, não foram poucos os debates para os quais fomos convidados e nos quais se discutia um Sistema de Ensino mais ajustado para os alunos. Sempre apreciamos esses debates, sem deixar de guardar reservado um pensamento desafiador, que rapidamente se transformava em perniciosa dúvida: Está realmente o professor preparado para selecionar e bem usar o livro didático?. Traz esse preparo de 11
sua experiência nas faculdades e cursos em que passou lições, de clara intenção da transposição didática sobre esses temas? Sabe, por exemplo, perceber que alunos de períodos diferentes nem sempre reagem da mesma forma a texto igual? Sempre acreditamos que a boa escolha é necessária. Nunca o tempo gasto para exame atento das muitas publicações didáticas recebidas é tempo perdido. Trocar o livro ao se perceber sua inadequação é essencial, conhecer o aluno e escolher textos que a ele mais de perto falam é imprescindível, mas seguramente todo esse tempo gasto e todo esse esforço tornam-se inútil se falta ao professor sólidos conhecimentos sobre o bom uso do material didático que acolhe. Atualmente, a maior parte dos livros didáticos costuma trazer encartes propondo sugestões para seu uso correto, mas elas são sempre genéricas e foram escritas para um aluno médio, não poucas vezes diferente do aluno específico com o qual o professor tem de trabalhar. Com a preocupação de preencher essa lacuna é que se escreveu este pequeno livro, que contém sugestões, dicas, meios e ferramentas para um uso mais coerente e mais eficiente do livro ou apostila, didático ou paradidático. 12
Escrevemos livros didáticos por mais de trinta anos e percorremos o Brasil e os países da América Latina de sul a norte descobrindo, lendo e pesquisando o material didático oferecido aos alunos. Com essa experiência e o acréscimo de muitos anos de sala de aula, sugerimos este material com a missão de fazer do livro didático um recurso excelente e, como consequência imediata, transformar quem o adota num excelente professor. 13