AVALIAÇÃO HIGIÊNICO SANITÁRIA DE ALIMENTOS MINIMAMENTE PROCESSADOS

Documentos relacionados
Análise microbiológica de cebolinha (Allium fistolosum) comercializada em supermercado e na feira-livre de Limoeiro do Norte-CE

CONDIÇÕES MICROBIOLÓGICAS DE ALFACES COMERCIALIZADAS EM FEIRAS-LIVRES DA CIDADE DE MARINGÁ-PR.

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE HORTALIÇAS MINIMAMENTE PROCESSADAS NA REGIÃO DE OURO PRETO MG

MICRO-ORGANISMOS DE IMPORTÂNCIA HIGIÊNICO-SANITÁRIA 1

FLUXOGRAMA DE PRODUÇÃO DE ALIMENTOS: n s u m o. A b a t e d o u r. n s u m i d. Alterações da Microbiota. Alteração da Qualidade Microbiológica

MICRO-ORGANISMOS DE IMPORTÂNCIA HIGIÊNICO-SANITÁRIA 1

Disciplina: Controle de Qualidade Série: 2ª Turmas: L/N/M/O. Curso: Técnico em Agroindústria. Professora: Roberta M. D.

BACTÉRIAS DE IMPORTÂNCIA HIGIÊNICO-SANITÁRIA 1

Controle de qualidade na produção leiteira: Análises Microbiológicas

Introdução. Graduando do Curso de Nutrição FACISA/UNIVIÇOSA. 3

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE MELÃO (Cucumis( melon var. inodorus) MINIMAMENTE PROCESSADO EM FUNÇÃO DO TEMPO DE ARMAZENAMENTO

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE CHICÓRIA IN NATURA E MINIMAMENTE PROCESSADA

AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS DE UMA LANCHONETE UNIVERSITÁRIA NA CIDADE DE PELOTAS, RS.

MICROBIOLOGIA DE FRUTAS E HORTALIÇAS MINIMAMENTE PROCESSADAS

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE BISCOITOS E EMPANADOS PROCESSADOS COM E SEM GLÚTEN A PARTIR DE FILÉ DE CARPA HÚNGARA (CYPRINUS CARPIO)

Avaliação da qualidade microbiológica do leite pasteurizado tipo C produzido na região de Araguaína-TO

Qualidade microbiológica de hortaliças in-natura e processadas, comercializadas no Distrito Federal.

Uninassau PRONATEC Técnico em Serviços de Restaurante e Bar

XI Encontro de Iniciação Científica do Centro Universitário Barão de Mauá

AVALIAÇÃO BACTERIOLÓGICA EM AMOSTRAS DE AÇAÍ NA TIGELA COMERCIALIZADAS NO MUNICÍPIO DE CARUARU PE

Pesquisa de microrganismos indicadores de condições higiênico sanitárias em água de coco

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE LINGUIÇAS MISTAS COMERCIALIZADAS NO MUNICÍPIO DE LIMOEIRO DO NORTE - CEARÁ

ANÁLISE DA EFICIÊNCIA DA HIGIENIZAÇÃO DE MESAS DE MANIPULAÇÃO DE FRUTAS E HORTALIÇAS DO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DO IFMG CAMPUS BAMBUÍ RESUMO

ENUMERAÇÃO DE MICRORGANISMOS INDICADORES DA QUALIDADE HIGIÊNICO-SANITÁRIA EM QUEIJO COLONIAL

06/10/2017. Microbiologia da água

QUALIDADE E SEGURANÇA ALIMENTAR: AVALIAÇÃO MICROBIOLOGICA DE CARNE DE FRANGO IN NATURA COMERCIALIZADA NA CIDADE DE PATOS-PB.

AVALIAÇÃO HIGIÊNICO-SANITÁRIA DE LINGUIÇAS SUÍNAS DO TIPO FRESCAL COMERCIALIZADAS NA REGIÃO DE PELOTAS-RS

PROBLEMATIZAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS: ANÁLISE DA PRESENÇA DE COLIFORMES NO LAGO DO JABUTI

TÍTULO: ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE EMBUTIDOS CÁRNEOS DO TIPO PRESUNTO COMERCIALIZADOS EM SÃO PAULO/SP

Microbiologia ambiental 30/09/201 4

André Fioravante Guerra NMP/g ou ml de Coliformes a 35 e 45 C Valença, 1ª Edição, p. Disponível em:

MONITORAMENTO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DOS SUCOS DE FRUTA COMERCIALIZADOS EM UM CAMPUS UNIVERSITÁRIO NA CIDADE DE TERESINA-PI

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE SANDUÍCHES NATURAIS COMERCIALIZADOS EM ARAPONGAS PARANÁ SILVA, M.C; TOLEDO, E

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO MINAS FRESCAL PRODUZIDOS POR PEQUENOS PRODUTORES RURAIS DO MUNICIPIO DE GUARAPUAVA E REGIÃO

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE HORTALIÇAS SERVIDAS NO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO DA UFPEL, CAMPUS CAPÃO DO LEÃO. 1. INTRODUÇÃO

Profa. Patricia Dalzoto Departamento Patologia Básica Universidade Federal do Paraná

PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE LINGUIÇA SUINA COMERCIALIZADA NO SUL DO RIO GRANDE DO SUL

Contagem de coliformes totais e coliformes termotolerantes em alimentos. Prof a Leila Larisa Medeiros Marques

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO SUSHI COMERCIALIZADO NA CIDADE DE SOBRAL-CE

ANÁLISE COMPARATIVA DA POPULAÇÃO VIÁVEL DE BACTÉRIAS LÁTICAS E QUALIDADE HIGIÊNICA INDICATIVA DE TRÊS MARCAS DE LEITES FERMENTADOS

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DAS FARINHAS DE MESA TIPO SECA COMERCIALIZADAS EM BELÉM PARÁ

AVALIAÇÃO DE COLIFORMES EM ÁGUA MINERAL COMERCIALIZADA NO MUNICÍPIO DE MOSSORÓ/RN

PROJETO DE PESQUISA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE ALIMENTOS MINIMAMENTE PROCESSADOS COMERCIALIZADOS EM SUPERMERCADOS DE MARINGÁ, PR.

Controle de qualidade na produção leiteira: Análises Microbiológicas

ANÁLISE DE COLIFORMES TERMOTOLERANTES E SALMONELLA SP. EM AMOSTRAS DE HORTALIÇAS MINIMAMENTE PROCESSADAS

Ana Paula L. de Souza, Aluna do PPG Doenças Infecciosas e Parasitarias (ULBRA); Gabriela Zimmer (Médica Veterinária);

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE MÃOS DE MANIPULADORES, MÁQUINAS DE MOER CARNE E FACAS DE CORTE, EM SUPERMERCADOS DA CIDADE DE APUCARANA- PR

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE DOCE DE LEITE COMERCIALIZADO NA CIDADE DE NOVO ITACOLOMI PR. Discentes do Curso de Ciências Biológicas FAP

CONTAMINAÇÃO MICROBIOLÓGICA EM HORTALIÇAS PROVENIENTES DE FEIRAS ORGÂNICAS DA CIDADE DE BRASÍLIA - DF

Tecnologia de processamento mínimo de beterraba Ricardo Alfredo Kluge* & Maria Carolina Dario Vitti

Estudo comparativo da couve minimamente processada e in natura, segundo aspectos de qualidade microbiológica

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE CARNE BOVINA MOÍDA COMERCIALIZADA EM LIMOEIRO DO NORTE-CE

MO cuja presença ou ausência proporciona uma evidência indireta referente a uma característica particular do histórico da amostra

Condições higiênico-sanitárias de cenouras minimanente processadas. Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, MG, Brasil (UFU- MG).

VALIDAÇÃO DO PROCESSO DE HIGIENIZAÇÃO DA ALFACE(Lactuca sativa L.) SERVIDA EM UMA UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO. 1. INTRODUÇÃO

AVALIAÇÃO DE MICRORGANISMOS INDICADORES EM MELÕES E MELANCIAS MINIMAMENTE PROCESSADOS E COMERCIALIZADOS EM SÃO PAULO, SP

AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO FÚNGICA EM ALIMENTOS DISTRIBUÍDOS NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE CAMPOS GERAIS, MINAS GERAIS.

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA EM QUEIJO MINAS FRESCAL¹

Incidência de Salmonella sp, em Queijos Tipo Minas Frescal Comercializados em Feiras Livres do DF

Instrução normativa 62/2003: Contagem de coliformes pela técnica do NMP e em placas

(83)

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE QUEIJO DE COALHO

AVALIAÇÃO HIGIÊNICO-SANITÁRIA EM AMOSTRAS INDICATIVAS DE QUALIDADE DE MORANGOS COMERCIALIZADOS EM TRÊS CIDADES DO MEIO OESTE CATARINENSE

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE CACHORROS-QUENTES COMERCIALIZADOS POR FOOD TRUCKS

Laboratório de Análise de Alimentos, Fundação Veritas, USC, Bauru, SP, Brasil. 2

VERIFICAÇÃO DA PRESENÇA DE SALMONELLA SPP EM ALIMENTOS MINIMAMENTE PROCESSADOS EM UM MUNICÍPIO DO INTERIOR DO RIO GRANDE DO SUL

Grupo: Andressa, Carla e Thalita. Sequência lógica de aplicação do sistemas de APPCC

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DA CARNE BOVINA COMERCIALIZADA IN NATURA EM SUPERMERCADOS DO MUNICÍPIO DE ARAPONGAS-PR

Universidade Federal de Pelotas/UFPel Caixa Postal CEP INTRODUÇÃO

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

Contagem Padrão em Placas. Profa. Leila Larisa Medeiros Marques

UTILIZAÇÃO DE OZÔNIO COMO SANITIZANTE DE FRUTAS: EFEITO SOB AS ANTOCIANINAS TOTAIS DA AMORA-PRETA

AVALIAÇÃO DE MICRO-ORGANISMOS INDICADORES HIGIÊNICO-SANITÁRIOS EM QUEIJOS PARMESÃO RALADOS COMERCIALIZADOS EM CAMPOS DOS GOYTACAZES RJ

QUALIDADE HIGIÊNICO-SANITÁRIA DE LANCHES COMERCIALIZADOS NO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DA UFPEL, RS

ANÁLISE DE BOLORES E LEVEDURAS EM QUEIJOS TIPO MINAS, PRODUZIDOS ARTESANALMENTE E COMERCIALIZADOS EM FEIRAS LIVRES NA CIDADE DE PELOTAS / RS.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA CELSO SUCKOW DA FONSECA

SEGURANÇA ALIMENTAR NA AVICULTURA

FACULDADE ASSIS GURGACZ FAG MARIA INEZ LAUTERT

PERFIL DA QUALIDADE DE HORTALIÇAS FORNECIDAS EM CRECHES PÚBLICAS NO MUNICÍPIO DE PATOS-PB

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA E FÍSICA QUIMICA DE PRODUTOS MINIMAMENTE PROCESSADOS COMERCIALIZADOS NA REGIÃO DE CUIABÁ-MT.

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE AMOSTRAS DE SALAME

ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE CARNE DE FRANGO COMERCIALIZADAS EM SUPERMERCADOS DE SANTA LUZIA-PB

QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DE POLPA DE FRUTAS COMERCIALIZADAS NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE, PB

Qualidade microbiológica de saladas de frutas comercializadas em três municípios do Cariri Cearense

TÍTULO: ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE ESPONJAS UTILIZADAS NA HIGIENIZAÇÃO DE UTENSÍLIOS DE COZINHA DE RESTAURANTES DO MUNICÍPIO DE ANÁPOLIS-GO

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA DO QUEIJO COALHO COMERCIALIZADO NA CIDADE LUÍS GOMES/RN.

Alves, E.N.; Henriques, L.S.V.; Azevedo, H.S.; Pinto, J.C.C.; Henry, F.C.

Hortaliças Minimamente Processadas

XI Encontro de Iniciação à Docência

Análise de coliformes totais e termotolerantes em leites in natura do comércio informal no município de Currais Novos.

PESQUISA DE SALMONELLA EM MOLHOS PRODUZIDOS E COMERCIALIZADOS EM UNIDADES DE ALIMENTAÇÃO NA CIDADE DE MONTES CLAROS MG

Análise Técnica. Segurança Microbiológica de Molhos Comercializados em Embalagens Tipo Sache: Avaliação de um Abridor de Embalagens

25 a 28 de Outubro de 2011 ISBN

XI Encontro de Iniciação à Docência

PLANO DE ENSINO EMENTA

APLICAÇÃO DE ALTA PRESSÃO EM CONSERVAÇÃO DE SALSICHA

Congresso de Inovação, Ciência e Tecnologia do IFSP

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE HIGIÊNICO-SANITÁRIA DE MIX DE SALADAS MINIMAMENTE PROCESSADAS

Transcrição:

1 26 a 29 de outubro de 2010 ISBN 978-85-61091-69-9 AVALIAÇÃO HIGIÊNICO SANITÁRIA DE ALIMENTOS MINIMAMENTE PROCESSADOS Cristiane Romanichen 1, Débora Fernanda Ziroldo 1 ; Rogério Aparecido Minini dos Santos 2 ; Louremi Bianchi Gualda de Souza 2 RESUMO: Os alimentos minimamente processados (AMP) são frutas e hortaliças, ou suas combinações, alteradas fisicamente devido ao processamento, mas que permanecem ainda em estado in natura prontas para o consumo. Estes alimentos por sua vez, apresentam uma maior taxa de deterioração se comparados ao produto inteiro, tornando-se mais susceptíveis a contaminação microbiológica. O objetivo deste trabalho foi realizar uma análise microbiológica dos AMP disponíveis nos supermercados da cidade de Maringá - Paraná. Pesquisou-se em amostras de repolho, couve, cenoura, beterraba e preparado para Yakissoba: Coliformes Totais (CT) e Coliformes Fecais (CF) pela técnica dos tubos múltiplos (Número Mais Provável NMP), Mesófilos e Salmonella sp.. Das 22 amostras analisadas, 5 (23%) apresentaram contaminação por Escherichia coli, microorganismo proveniente de contaminação fecal e 7 (32%) amostras mostraram-se contaminadas por Salmonella sp, uma das principais bactérias causadoras de enterocolites. A contagem de mesófilos foi superior a 3,48 x 10 15, não podendo ser avaliado quanto a este aspecto, devido a falta de parâmetros legais que estabeleçam valores mínimos para os mesmos. Já com relação ao NMP, este foi superior a 240/g de alimento. Todos estes aspectos microbiológicos avaliados levaram ao conhecimento da baixa condição higiênico sanitária desses alimentos, indicando a necessidade de criação de normas regulamentadoras que venham a atender as exigências mínimas para produção destes, visto que podem eventualmente, trazem riscos de saúde e insegurança ao consumidor. Palavras-chave: Coliformes; Mesófilos; Processamento Mínimo; Salmonella sp. 1 INTRODUÇÃO Segundo a International Fresh Cut Produce Association (IFPA) produtos minimamente processados podem ser definidos como frutas e hortaliças, ou suas combinações, que tenham sido fisicamente alteradas, mas que permaneçam em estado fresco. O processamento mínimo compreende as operações de seleção, classificação, pré-lavagem, fatiamento, sanitização, enxágue, centrifugação, embalagem e refrigeração, visando a manutenção do produto fresco, saudável e na maioria das vezes, pronto para o consumo (PINELI & ARAÚJO, 2006 apud CASTELLI; BLUME; RIBEIRO, 2007). Os alimentos minimamente processados (AMP), tais como frutas e hortaliças intactas, deterioram-se após a colheita devido a alterações fisiológicas. Entretanto, as lesões provocadas durante o processamento promovem a descompartimentalização celular e possibilitam o contato de enzimas e substratos, que originam modificações bioquímicas, como escurecimento, formação de odores desagradáveis e perda da textura original. Além disso, o descascamento e o corte de frutas e vegetais favorecem a 1 Acadêmicas do Curso de Farmácia do Centro Universitário de Maringá CESUMAR, Maringá Pr. Programa de Iniciação Científica Cesumar (PICC). cristianerdra@hotmail.com; debby_ziroldo@hotmail.com 2 Orientadores e Docentes do Centro Universitário de Maringá CESUMAR. louremi@cesumar.br; rogeriominini@yahoo.com.br

colonização dos tecidos vegetais por microrganismos deteriorantes e patogênicos (VAROQUAUX; WILEY, 1997 apud PINHEIRO et.al., 2005). Por omitir a etapa de processamento que visa à eliminação da carga microbiana, tais alimentos podem veicular patógenos Microrganismos patogênicos, juntamente com os deteriorantes, podem contaminar os produtos de origem vegetal por fontes diversas, principalmente quando a etapa de processamento que visa a eliminação da carga microbiana é omitida. A contaminação pode ser iniciada na fase de plantio, nos campos, quando há o contato com solo, água, fezes de animais, insetos e manipuladores; continua durante as etapas de colheita, manuseio, transporte da matéria-prima até a indústria e durante processamento, finalizando-se no preparo do produto pelo consumidor. Tais alimentos podem veicular patógenos de importância para a saúde pública, contribuindo para a ocorrência de surtos (BEAN et. al., 1997 apud VANETTI, 2002; PINELI; COELHO, 2006). Considerada a importância crescente de produtos frescos prontos para consumo no cenário nacional e internacional, nos últimos anos houve um aumento no número de surtos de infecção alimentar documentados, associados ao consumo de produtos frescos de origem vegetal, tais como os alimentos minimamente processados. Estes, durante o processamento, por permanecerem na forma in natura e sofrerem injúria, são passíveis de contaminação, tanto por agente microbiológicos, físicos e químicos, fazendo com que o alimento se torne inseguro, podendo comprometer a saúde dos consumidores. Assim, o que seria uma forma rápida de consumo, pode tornar-se alvo de preocupações, pois a contaminação, principalmente microbiológica, pode promover surtos alimentares, colocando em risco a saúde da população Mediante o exposto, foi de extrema importância avaliar microbiologicamente os AMP que estão sendo disponibilizados nos supermercados da cidade de Maringá-PR, atentando-se para as Boas Práticas de Fabricação e Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle, visando o consumo, uma vez que a população adquire estes produtos pensando na praticidade e total segurança, não se preocupando com a procedência dos mesmos. 2 MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi realizada com amostras de vegetais e hortaliças minimamente processadas disponibilizadas nos supermercados da cidade de Maringá PR, bem como nas feiras livres da cidade, totalizando 22 amostras (7 amostras de couve, 4 de cenoura, 4 de beterraba, 3 de repolho e 4 de preparado para Yakissoba). As análises microbiológicas desses alimentos foram realizadas para pesquisa de Coliformes Totais (CT) e Fecais (CF), Mesófilos e determinação de Salmonella sp.. Para as análises microbiológicas foram utilizadas 25 gramas de cada amostra, trituradas individualmente com 225ml de água peptonada, assepticamente e acondicionadas em Erlenmeyer, correspondendo à diluição 10-1, ocorrendo posteriormente, sucessivas diluições em tubo de ensaio, a partir desta, até a diluição 10 17. Tais tubos foram submetidos à incubação em estufa bacteriológica à 36 0 C por um período de 24 horas. O tubo cuja última diluição apresentou turvação, foi levado à bancada e em placas de petri, assepticamente, foi transferida uma alíquota de 1 ml para ágar PCA (Agar Padrão para Contagem). Tal técnica foi empregada para a Contagem de Mesófilos e as placas foram incubadas por 48 horas em estufa bacteriológica à 35 0 C, com posterior leitura e obtenção dos resultados em (UFC) Unidades Formadoras de Colônias por grama de alimento.

Para a determinação de Coliformes Totais e Fecais pela Técnica do NMP (Número Mais Provável), partiu-se da diluição 10-1, transferindo-se 1 ml para tubos de Caldo Lauril Sulfato de Sódio, sendo os mesmos incubados à 35 0 C em estufa bacteriológica por 24 horas. A partir do crescimento transferiu-se uma alíquota para meios seletivos: Caldo Lactosado Bile Verde Brilhante, incubando-os à 35 0 C por 24 horas e Caldo EC (Escherichia coli), incubados a 45,5 0 C em estufa por 24 horas. Posteriormente, inocularam-se as amostras em placas de Petri contendo Ágar EMB (Eosina Azul de Metileno), incubadas a 35 0 C em estufa por 24 horas. A partir das colônias isoladas obtidas, identificou-se os microrganismos presentes por meio das provas bioquímicas. Para a determinação de Salmonella spp, transferiram-se alíquotas em Caldo Selenito Cistina e Caldo Rappaport. Os tubos de Selenito partiram para incubação a 35 0 C por 24 horas e os tubos Rappaport foram submetidos à temperatura de 42 0 C de 24 a 48 horas. Posteriormente, inocularam-se em placas com meio de cultura Hektoen à temperatura de 35 0 C, obtendo-se culturas isoladas que foram identificadas por meio das provas bioquímicas. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Analisando-se a presença de Coliformes Totais e Fecais (CT e CF), 21 amostras (95%) apresentaram contagem >2400 NMP/g e 1 amostra (5%) 23NMP/g de alimento para CT. O grupo dos CT é composto por bactérias da família Enterobacteriaceae, dentre ela os gêneros Escherichia, Enterobacter, Citrobacter e Klebsiella, estando os três últimos presentes em vegetais e solo, onde persistem por tempo superior ao de bactérias patogênicas de origem intestinal como Salmonella e Shigella. A presença de CT nos alimentos não indica, necessariamente, contaminação fecal recente ou ocorrência de enteropatógenos (FRANCO; LANDGRAF, 2006). Com relação aos CF, 19 amostras (86%) apresentaram contagem >2400 NMP/g, 2 amostras (9%) 240 NMP/g e 1 amostra (5%) 93 NMP/g de alimento e 5 amostras (23%) estavam contaminadas com Escherichia coli. Segundo Pinheiro e cols. (2005) a presença de CF indica contato direto e/ou indireto com fezes, uma vez que a E. coli não faz parte da microflora normal de produtos frescos, por apresentar habitat exclusivo no intestino de homens e animais de sangue quente. Além de indicar a possível presença de enteropatógenos, várias cepas de E. coli são patogênicas ao homem. Das 22 amostras analisadas, 7 amostras (32%) apresentaram Salmonella sp, estando em desacordo com a RDC n o 12 de 2 de janeiro de 2001, que preconiza ausência deste microrganismo em 25 gramas de hortaliças frescas in natura preparados. O trabalho de Pinheiro e cols. (2005) com 100 amostras de frutos minimamente processados, mostrou 25% de contaminação por Salmonella sp. como também Tresseler e cols. (2009) que de acordo com a análise de 126 amostras, 12,7% apresentaram contaminação por Salmonella sp. Em detrimento, um estudo realizado por Prado; Ribeiro; Capuano; Aquino; Rocha; Bergamini (2008) em 70 amostras de hortaliças (alface, couve, repolho, acelga, chicória, espinafre, almeirão, rúcula, agrião) embora tenham obtido 14 amostras (20%) em desacordo com a Legislação, não detectou Salmonella sp., assim como Vitti; Kluge; Gallo; Schiavinato; Moretti; Jacomino (2004) que também registraram a ausência deste microrganismo em experimentos com beterrabas minimamente processadas. Com relação a determinação de Mesófilos, os resultados obtidos foram superiores a 3,48 x 10 15 UFC/g, havendo uma exceção apresentando 3,41 x 10 7 UFC/g. Estes resultados mostraram-se superiores aos encontrados por Vanetti e cols. (2004) através do estudo pesquisando-se mesófilos em repolhos minimamente processados, no qual

encontrou-se um valor de 10 4 UFC/g de alimento, e também por Nguyen-The e Carlin (1994) que relataram uma variação na contagem de bactérias mesófilas de 10 3 a 10 9 UFC/g em frutas e hortaliças minimamente processadas. Portanto, o elevado grau de contaminação por mesófilos evidenciado, embora não possa ser associado como risco à saúde do consumidor, por não haver identificação das espécies, indica que tais alimentos não suportariam um tempo de armazenamento longo, acarretando prejuízos econômicos. Em uma amostra analisada (4%), caracterizou-se a presença de Escherichia fergusonii, uma bactéria da Família Enterobacteriaceae que tem sido associada com uma grande variedade de infecções extra-intestinais e intestinais em humanos e animais. Contudo, apesar de indícios fortes, o grau em que o microrganismo é responsável pela identificação de patologias permanece incerto (WRAGG; RAGIONE; BEST; REICHEL; ANJUM; MAFURA; WOODWARD, 2009). Além de microrganimos patogênicos, foram encontradas bactérias do gênero Enterobacter (36%), Serratia (18%) e Klebsiella (14%), as quais são responsáveis por causar deterioração de alimentos, sendo que não há provas conclusivas quanto a patogenicidade vinculada a alimentos. Todavia, é questionável a importância desses microorganismos como agente de doença de origem alimentar. 4 CONCLUSÃO Mediante aos resultados obtidos, a amostragem apresentou-se heterogênea com relação ao isolamento de microrganismos quanto à pesquisa de Coliformes Totais e Fecais, no entanto homogênea para a quantidade do NMP/g de alimento, demonstrando grande contaminação e ultrapassando a contagem permitida pela legislação. A presença de Salmonella sp. em AMP é intrigante, demonstrando um meio propício para seu crescimento e multiplicação, embora considerado atípico. O principal reservatório deste microrganismo é o trato gastrointestinal do homem e dos animais principalmente aves e suínos, indicando que a contaminação pode ser oriunda dos manipuladores. Os vegetais minimamente processados necessitam de grande cuidados quanto à contaminação microbiológica, sendo considerado essencial que se revejam as Boas Práticas de Fabricação ou que as mesmas sejam instituídas pelas empresas que desejam obter uma inocuidade microbiológica para microrganismos patogênicos e que visam competitividade, assim como a adoção de um Programa de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), almejando atentar-se para etapas passíveis de contaminação, não somente microbiológicas, mas também de perigos (físicos e químicos) que possam estar prejudicando a qualidade de seus produtos, uma vez que tal opção de produto é cada vez mais procurada pelos consumidores. O consumidor deve estar atento à procedência do produto e, no momento do uso estar avaliando as condições sensoriais e a durabilidade dos produtos, fortemente caracterizada pela presença dos microrganismos deteriorantes, que pode ser minimizada pelas etapas corretas de processamento, bem como pelo controle de temperatura e condições de armazenamento. Tal fato é comprovado com a obtenção de apenas uma amostra analisada dentro dos padrões microbiológicos exigidos pela legislação vigente. REFERÊNCIAS

CASTELLI, R. M.; BLUME, S. I.; RIBEIRO, G. A. Bactérias patogênicas em alimentos minimamente processados, comercializados na cidade de Pelotas, RS. XVI Congresso de Iniciação Científica, 2007. FRANCO, B. D. G. M.; LANDGRAF, M. Microbiologia dos alimentos. São Paulo: Atheneu, 2006. NGUYEN-THE, C.; CARLIN, F. The microbiology of minimally processed fresh fruits and vegetables. Critical Reviews in Food Science and Nutrition. Boca Raton, v. 34, n.4, p.371-401, 1994. PINHEIRO, N. M. S.; FIGUEIREDO, E. A. T.; FIGUEIREDO, R. W.; MAIA, G. A.; SOUZA, P. H. M. Avaliação da qualidade microbiológica de frutos minimamente processados comercializados em supermercados de fortaleza. Revista Brasileira Fruticultura. Jaboticabal. São Paulo, 27, n. 1, p. 153-156. 2005. PRADO, S. de P. T; RIBEIRO, E. G. A.; CAPUANO, D. M.; AQUINO, A. L de; ROCHA, G. de M.; BERGAMINI, A. M.M. Avaliação microbiológica, parasitológica e da rotulagem de hortaliças minimamente processadas comercializadas no município de Ribeirão Preto, SP/Brasil. Revista Instituto Adolfo Lutz.São Paulo v.67.n.3, p. 221-227, 2008. TRESSELER, J. F.; FIGUEIREDO, E.A. T.; FIGUEIREDO, R.W.; MACHADO, T. F.; DELFINO, C. M.; SOUSA, P.H.M. Avaliação da qualidade microbiológica de hortaliças minimamente processadas. Ciências Agrotecnológicas, Lavras, Rio Grande do Sul, v.33, ed. especial, p.1722-1727, 2009. VANETTI, M. C. D. Aspectos microbiológicos de produtos minimamente processados. In: Seminário Internacional de Pós-colheita e processamento mínimo de frutas e hortaliças. Anais. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2002. Disponível em: <http://www.cnph.embrapa.br>. Acesso em: 26 de março de 2010. VANETTI, M. C. D.; FANTUZZI, E.; PUSCHMANN R. Microbiota contaminante em repolho minimamente processado. Ciência e Tecnologia de Alimentos. Campinas, v. 24, n. 2, p.207-211, abr/jun., 2004. VITTI, M. C.D.; KLUGE, R.A.; GALLO, C. R.; SCHIAVINATO, M. A.; MORETTI, C.L.; JACOMINO, A. P. Aspectos fisiológicos e microbiológicos de beterrabas minimamente processadas. Revista Pesquisa Agropecuária Brasileira. Brasília, v.39, n.10, p.1027-1032, out., 2004. WRAGG, P.; RAGIONE, R.M; BEST, A.; REICHEL, R.; ANJUM, M.F.; MAFURA, M.; WOODWARD, M.J. Caracterização da Fergusonii coli isoladas de animais usando uma Escherichia coli matriz gene de virulência e da cultura ensaios de adesão tecidual. Investigação em Ciências Veterinárias. v.86. fev., 2009.