O coração como fonte embolígena: não basta realizar ecocardiograma transesofágico. É preciso ser bem feito

Documentos relacionados
VALVOPATIAS E ENDOCARDITE INFECCIOSA CORRELAÇÕES HEMODINÂMICAS E ANATÔMICAS

Desmistificando a ecocardiografia

TROMBOEMBOLISMO PULMONAR EMERGÊNCIAS AÓRTICAS. Leonardo Oliveira Moura

Leia estas instruções:

DR. CARLOS ROBERTO CAMPOS INSUFICIÊNCIA MITRAL (I.M.I)

Alterações Circulatórias Trombose, Embolia, Isquemia, Infarto e Arterosclerose

CURSO NACIONAL DE RECICLAGEM EM CARDIOLOGIA - REGIÃO SUL - 20 a 24 de setembro de 2006 TRATAMENTO DAS VALVOPATIAS. Dr. Luiz Eduardo K.

Curso de Reciclagem em Cardiologia ESTENOSE VALVAR AÓRTICA

As principais valvulopatias cardíacas cirúrgicas são representadas principalmente pelas alterações patológicas das válvulas Mitral, Tricúspide e

ETIOLOGIA: DEFINIÇÃO: A EMBOLIA É UM PROCESSO DE OCLUSÃO TOTAL OU GR. "ÉMBOLO" = TAMPÃO, ROLHA; E "EMBOLEÉ" = IRRUPÇÃO

Disfunções valvares. Prof. Dra. Bruna Oneda 2013

Índice Remissivo do Volume 31 - Por assunto

O Coração como Fonte Emboligênica: Não Basta Realizar Ecocardiograma Transesofágico. É preciso ser bem feito.

DIAGNÓSTICOS PARA ENCAMINHAMENTO VIA CROSS PARA TRIAGEM NO INSTITUTO DO CORAÇÃO

PROVA DO PROGRAMA DE RM DE ECOCARDIOGRAFIA

Aterosclerose. Aterosclerose

- termo utilizado para designar uma Dilatação Permanente de um. - Considerado aneurisma dilatação de mais de 50% num segmento vascular

Desafios clínicos cardiológicos: Um doente com hipoxémia

Sistema Circulatório. Aparelho Circulatório Aparelho cárdio-vascular. Sistema Vascular Sistema Cárdio-Vascular. Angiologia

Este material visa informar os pontos fortes da realização destes exames na clínica/hospital, de forma a contribuir ao profissional da saúde a ter um

INDICAÇÃO CIRÚRGICA X VALVULOPATIA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CONCURSO PÚBLICO

Sumário. Hipertransparência Radiológica. Embolia pulmonar. De causa pleural Pneumotórax De causa pulmonar

Exame basal e estendido do coração fetal / Iconográfico

SISTEMA CIRCULATÓRIO PROF.ª LETICIA PEDROSO

CURSO NACIONAL DE RECICLAGEM EM CARDIOLOGIA- SBC FLORIANÓPOLIS, SETEMBRO ESTENOSE MITRAL. Miguel De Patta- Florianopolis-SC

Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação Fisiopatologia em Clínica Médica, Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP, para obtenção do título

INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA

Aulas Multimídias Santa Cecília. Profª Ana Gardênia

Estudo Hemodinâmico e Angiocardiográfico Normal. Renato Sanchez Antonio

NEWS artigos CETRUS Ano III - Edição 18 - Março/2011

Letícia Coutinho Lopes 1

Consenso SOCESP-SBC sobre Ecocardiografia

Programação Preliminar do 71º Congresso Brasileiro de Cardiologia

INSUFICIÊNCIA AÓRTICA (I.A.O)

DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

MEDIASTINO MEDIASTINO MEDIASTINO MÉDIO MEDIASTINO MÉDIO. Conceito. Limites Divisão. Conteúdo: pericárdio coração

10 Imagem e posicionamento do paciente 10 Transdutor e plano de corte 12 Posicionamentos do exame 14 Quatro abordagens do coração

Livro Eletrônico Aula 00 Fisioterapia Cardiovascular - Curso Regular para Prefeituras (Fisioterapeuta)

Anatomia do Coração. - Indução pelo endoderme - Mesoderme esplâncnico (região cefálica) 1º dos grandes sistemas que começam a funcionar

Problemas Cardiovasculares. Aspectos anatômicos e fisiológicos na UTI

ROTINA DO EXAME DE ECODOPPLER COLOR

DISFUNÇÕES HEMODINÂMICAS

Embolia e a Doença Orovalvar: a Importância da Ecocardiografia

CRITÉRIOS DE ADEQUAÇÃO DE ECOCARDIOGRAMAS (POR INDICAÇÃO)

Atividade Física e Cardiopatia

SOPROS CARDÍACOS NA INFÂNCIA

I Diretriz. de resonância e tomografia cardiovascular da sociedade brasileira de cardiologia sumário executivo

AUSCULTAÇÃO CARDÍACA. Estetoscópio de René Laennec. Faculdade de Medicina do Porto Serviço de Fisiologia

Tratamento. Percutâneo das cardiopatias congênitas. Dr. Luiz Carlos Giuliano (SC)

MCDT evaluation of aortic root and aortic valve prior to TAVI. What is optimal imaging point in the cardiac cycle?

Conteúdo ONLINE. Temas. Duração. Professor: Wilson Mathias Jr. Professor: Wilson Mathias Jr. Professor: Wilson Mathias Jr.

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS DEPARTAMENTO DE BIOMEDICINA E FARMÁCIA SISTEMA CIRCULATÓRIO

FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE CARDIOLOGIA UNIDADE DE ENSINO INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL / DISTRITO FEDERAL

Estratificação de risco cardiovascular no perioperatório

Formação Avançada em Ecocardiografia Lisboa e Porto Das 14h30 às 20h00

Pericárdio Anatomia e principais patologias

METODOS DE IMAGEM PARA DIAGNÓSTICO

UNIVERSIDADE DE SÃOPAULO FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIA

PRODUÇÃO TÉCNICA DESENVOLVIMENTO DE MATERIAL DIDÁTICO OU INSTRUCIONAL FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU- UNESP. Programa de PG em Medicina

Normatização dos Equipamentos e Técnicas de Exame para Realização de Exames Ecocardiográficos

SISTEMA CIRCULATÓRIO I: CORAÇÃO

São Paulo, 10 de Novembro de 2014.

Disciplina Embriologia Humana FAMEMA

DR. CARLOS ROBERTO CAMPOS ENDOCARDITE INFECCIOSA (E.I.)

Curso Nacional de Reciclagem em Cardiologia da Região Sul Florianópolis Jamil Mattar Valente

Cardiologia. Prof. Claudia Witzel

AULA-10 FISIOLOGIA DO SISTEMA CARDIOVASCULAR

Kit do Cidadão. De que falamos quando falamos de coração? spc.pt

CONSÓRCIO PÚBLICO DA MICRORREGIÃO DE SAÚDE DE

Paulo Donato, Henrique Rodrigues

Aula prática nº8. O coração. 1. Anatomia radiográfica do coração (frente e perfil do tórax) 10 A e B

XIV Reunião Clínico - Radiológica Dr. RosalinoDalazen.

Estudo Radiológico do Tórax

FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR

XVI Reunião Clínico - Radiológica. Dr. RosalinoDalasen.

Trombose. Prof. Dr. Halbert Villalba

FORMATAÇÃO DO POSTER E AVALIAÇÃO DA APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS

DESENVOLVIMENTO CARDIOVASCULAR PROFª ME. TATIANE DA SLVA POLÓ

Exame Cardiovascular Limites da Região Precordial

Anatomia II. Coração e Vasos

Avaliação segmentar na ecocardiografia com estresse físico

E NTENDENDO A SUA DOENÇ A

Anatomia Sistêmica Cardiovascular

Atlas de Eletrocardiograma

Angina Estável: Estratificação de Risco e Tratamento Clínico. Dr Anielo Itajubá Leite Greco

AVCI NA FASE AGUDA Tratamento clínico pós-trombólise. Antonio Cezar Ribeiro Galvão Hospital Nove de Julho

Coração Vasos sanguíneos: artérias veias capilares Sangue: plasma elementos figurados: Hemácias Leucócitos plaquetas

ANATOMIA DO ENVELHECIMENTO


SISTEMA CARDIOVASCULAR. Fisiologia Humana I

PÓS S ASTRO 2011 LINFOMA DE HODGKIN. Lívia Alvarenga Fagundes. Médica radioterapeuta do Instituto Mário M. Penna / Hospital Luxemburgo BH

Plano de aula 02/05/2016. Radiografia de Tórax O que não posso deixar de ver!!

Programação Científica do Congresso 10 de setembro, quarta-feira

PS 60 PROFISSIONAL DE SERVIÇOS ASSISTENCIAIS IV (Perfusionista) Pág. 1

Ministério da Saúde Secretaria de Atenção à Saúde PORTARIA Nº 505, DE 28 DE SETEMBRO DE 2010

Angiotomografia Coronária. Ana Paula Toniello Cardoso Hospital Nove de Julho

RESULTADOS DOS TEMAS LIVRES CARDIO PERNAMBUCO 2016 APRESENTAÇÃO PÔSTER

Transcrição:

O coração como fonte embolígena: não basta realizar ecocardiograma transesofágico. É preciso ser bem feito Lueneberg ME, Monaco CG, Ferreira LDC, Silva CES, Gil MA, Peixoto LB, Ortiz J. Rev.Bras.Ecocard 2003;2:13-24

AVCI 5-13% - < 45 anos 40% - sem doença cerebrovascular oclusiva 15-20% - fonte cardioembólica

Embolia Trombos em AE, AAE ou VE Contraste espontâneo AE Aneurisma septo atrial FO pérvio Veg Strands fibrinosos valva mitral Placas ateromatosas arco aórtico e aorta ascendente Êmbolos associados a próteses Tumores cardíacos

ETE Imagens com melhor resolução Proximidade com estruturas Transdutores com freqüência mais alta Visibilizar regiões não acessíveis ao ETT

Apêndice atrial esquerdo Detecção trombos AE/AAE (ETE) Sensibilidade 90-95% Especificidade 95-100% Corte basal transversal Corte longitudinal 2 câmaras > 30 graus Forma triangular Musculatura pectínea Recesso fibroso

Trombos Ecodensos Móveis ou sésseis Superfície irregular Acinzentada AE, contraste espontâneo FA (5-10% RS, sem doença mitral) 5-17% embolia sist trombos AE

Apêndice atrial esquerdo Análise da velocidade de fluxo do AAE Doppler pulsado a ± 1cm orifício do AAE Valor nl 46 ± 18 cm/s (RS) Maior risco vel < 25 cm/s FA vel < 20 cm/s + contraste esp FA não valvular, que sofreram CV e tenham velocidades altas do fluxo do AAE - > chance de manter RS

Contraste Espontâneo Resultado de fluxo sangüíneo extremamente lento. Preditor trombos Transdutores alta freqüência Ganho (aumentado) Movimento redemoinho AE, AAE, AD, VE ou AO DESC

Septo Atrial Corte basal longitudinal (90-120º) Corte transversal 4 câmaras Eventos embólicos: FO pérvio Aneurisma septo inteatrial Hipertrofia lipomatosa

Forame Oval Pérvio 25% população Não fusão septo primum com septo secundum Isquemia cerebral FO pérvio Tamanho FO, grau separação septo primum com septo secundum, número microbolhas (repouso/manobras) Mobilidade > 6,5mm FO > 2,0mm

Aneurisma do septo intetatrial Deslocamento da membrana da fossa oval do septo inteatrial, que deve ser superior a 11mm em relação ao plano do septo atrial. Associado a CIA ou FO pérvio em até 80% dos casos. 3 8% ETE Formação de trombo dentro aneurisma Espessura > 5mm

Strands da valva mitral Estruturas filamentares, pequenos, aderidos à face atrial da valva, com movimentação independente da mesma. Alterações degenerativas do folheto

Tumores Metastáses cardíacas 2-20% neo malignas (neo mama/pulmão) Mixoma 80% AE Conteúdo heterogêneo Localização pedículo Mobilidade Envolvimento valva mitral

Fibroelastomas Papilares 7-8% tu cardíacos benignos + comum: lado esquerdo, < 1cm > 60 anos Deposição plaquetas -> trombos

Endocardite Fenômenos embólicos 22 a 50% casos 65% - SNC ETT x ETE - especificidade 98 a 100% sensibilidade 44 a 60 88 a 100% Veg massas lobuladas ou amorfas, acinzentada, pouca refletividade, normalmente em local de fluxo turbulento, móveis.

Endocardite Tamanho > 10mm Valva mitral Não regressão durante tratamento clínico

Ateromatose Aorta Torácica ETE exame de escolha Corte transgástrico rotação anterior (180º) e subir lentamente ajustar a profundidade. Arco aórtico 20 cm Gravidade: espessura, presença ulceração, calcificação, elementos móveis. 33% AVCI ou embolia periférica

Graduação da Gravidade das 1. Intima normal Placas Aórticas 2. Espessamento de até 2mm sem fazer protrusão para o interior do vaso. 3. Placas de ateroma inferior a 4mm com ou sem cálcio. 4. Placas de ateroma com espessura acima de 4mm, com ou sem cálcio. 5. Placas de qualquer tamanho,com elementos móveis ou ulceração, com ou sem cálcio.

Placas Aórticas Alto risco de embolização: Protrusão para o interior da luz do vaso > 4mm espessura Sem calcificação Ulceradas Elementos móveis ou pequenos coágulos

Prolapso da valva mitral Próteses valvares

Indicações para realização de ecocardiograma em pacientes com embolia central ou sistêmica (ACC/AHA) Classe I Pacientes de qualquer idade com oclusão aguda de uma artéria principal, visceral ou periférica Pacientes < 45a com evento cerebrovascular Paciente > 45a com quadro neurológico sem evidência de doença cerebrovascular ou outra etiologia evidente Pacientes no qual a definição do tratamento depende do resultado do eco

Indicações para realização de ecocardiograma em pacientes com embolia central ou sistêmica (ACC/AHA) Classe IIa Pacientes com suspeita de doença embólica e com doença cerebrovascular de significância questionável Classe IIb Pacientes com quadros neurológicos e com doença cerebrovascular intrínseca de importância suficiente para causar um evento embólico