EDUCAÇÃO NUTRICIONAL PARA ESCOLARES COMO MÉTODO PARA MODIFICAÇÃO DA PREFERÊNCIA ALIMENTAR Aline Jabur Castilho(Acadêmica/UNICENTRO), Adriana Honaiser (ICV/ UNICENTRO), Caroline Christ (Acadêmica/UNICENTRO), Marcella Carolina Moura Bolognini (ICV/ UNICENTRO), Juliana Paula Mamus(Acadêmica/UNICENTRO), Priscilla Negrão de Moura (Orientadora), e-mail: pricassita@hotmail.com. Universidade Estadual do Centro-Oeste/Setor de Ciências da Saúde Palavras-chave: Cardápio, Alimentação Saudável, Escolares, Educação Nutricional. Resumo O presente estudo teve como objetivo verificar a aceitação de alunos da educação infantil quanto a técnicas de educação nutricional, bem como verificar a modificação e aceitabilidade de cardápios. O estudo foi realizado em uma escola particular do Município de Pinhão (Paraná-Brasil). O objetivo das aulas de Educação Nutricional foi alcançado, uma vez que se percebeu notavelmente a mudança em relação às preferências alimentares. Introdução A alimentação saudável e completa é importante para a promoção da saúde, sobretudo dos organismos em fase de desenvolvimento, e para a prevenção e controle de doenças crônicas. Monteiro et al. (1995), referem que a razão entre prevalência de desnutrição e obesidade foi afetada entre 1974 e 1989. Em 1974, havia, na população infantil, mais de quatro desnutridos para um obeso e, em 1989, essa relação caiu para dois desnutridos para um obeso. Quanto à alimentação de crianças, estas merecem maior preocupação, pois necessitam de oferta equilibrada de nutrientes devido à fase de crescimento e desenvolvimento (ALBIERO; ALVES, 2007). Os hábitos alimentares de um indivíduo são adquiridos em função de aspectos que envolvem o ambiente em que a pessoa vive. Na primeira infância, as experiências determinam preferências e hábitos, gerando o comportamento alimentar (VIANNA, 2003). O comportamento na idade adulta irá depender da educação na infância, sendo assim, destaca-se que a educação direcionada às crianças poderá auxiliar nos seus hábitos alimentares (MOTTA et al., 1991). Segundo Philippi (2003), pais, educadores e profissionais da área de saúde, têm papel fundamental nos hábitos alimentares adequados, formando uma atitude coerente em relação à criança e aos alimentos. O ambiente escolar é ideal para que se realize um aconselhamento nutricional, uma vez que as crianças permanecem grande parte do dia neste local (SAUNDER; RAMALHO; LEAL, 2000; VIANNA, 2003). É de extrema
importância que a escola propicie condições para que crianças tenham acesso às informações sobre uma alimentação saudável (SAUNDER; RAMALHO; LEAL, 2000). O estudo teve por objetivo verificar a aceitação de alunos da educação infantil quanto a técnicas de educação nutricional, bem como verificar a modificação da preferência alimentar e aceitabilidade de cardápios. Materiais e Métodos O método utilizado foi o da pesquisa-ação, adaptado de Thiollent (1992), definido como uma estratégia de pesquisa, envolvendo a prestação de serviço, a observação sistemática, o diálogo com os sujeitos pesquisados, e o retorno aos sujeitos da elaboração teórica que o pesquisador faz. O estudo foi realizado em uma escola particular do Município de Pinhão (Paraná-Brasil). Na primeira etapa iniciou-se com a fase exploratória, na qual os autores permaneceram na instituição para tomar contato com o espaço, conhecendo-se também as equipes, programas e serviços prestados. Após, na segunda etapa, foi realizada a prestação de serviços, onde os pesquisadores passaram a trabalhar um período por semana na instituição, desenvolvendo atividades de educação nutricional. Nesta fase foram abordados os tipos de lanches desejados pelas crianças. Para a verificação dos resultados dos alimentos citados, estes foram agrupados conforme a pirâmide alimentar em açúcares, gorduras, leites, carboidratos e frutas. Foram realizadas em seguida atividades de Educação Nutricional como: teatro de fantoches sobre alimentação saudável, atividades individuais realizadas pelas crianças, confecção de máscaras de frutas, elaboração de salada de frutas com copos decorativos. Após as atividades de educação nutricional, novamente foi feita a elaboração do cardápio, seguindo o mesmo procedimento adotado anteriormente, podendo verificar e comparar as modificações presentes antes e depois de realizadas as atividades de Educação Nutricional. Resultados e Discussão Na elaboração do primeiro cardápio realizado pelas crianças, percebeu-se a preferência por frutas, em seguida por carboidratos, açúcares e gorduras, citados, e após o grupo dos leites. Notou-se grande aceitação no grupo das frutas e gorduras, açúcares e carboidratos. Segundo Novaes et al (2007), os hábitos inadequados podem ser observados principalmente na infância, podendo ser resultado da ingestão de grande quantidade de energia e gordura, levando a obesidade.
Na primeira abordagem às crianças, com atividades de educação nutricional, notou-se suas preferências por alimentos pouco saudáveis. No teatro de fantoches houve grande interação e, em outras atividades percebeu-se grande esforço em sua realização. No encontro posterior notouse a interação de todos, principalmente nas atividades práticas, como a elaboração da salada de frutas. As crianças possuem um aprendizado muito bom no que diz respeito à alimentação saudável, fato observado quando se questionou sobre o que elas se lembravam de terem aprendido na semana anterior. A educação para a saúde é uma ferramenta de medidas que podem induzir as atitudes da população promovendo a saúde e buscando a prevenção de doenças (NASCIMENTO E REZENDE, 1988). No último encontro, percebeu-se que as crianças assimilaram o assunto, pois durante a atividade falavam sobre alimentos saudáveis e ainda faziam questão de mostrar o que haviam trazido para o lanche. A formação de hábitos de alimentação saudável pode ser motivada através de atividades de educação nutricional que proporcionam os conhecimentos necessários para a formação dos mesmos (BOOG, 1999). Depois de terminadas as atividades de educação nutricional, os alimentos foram citados da seguinte forma nos cardápios: o grupo das frutas foi o mais citado, os carboidratos foram citados após as frutas, em seguida o grupo dos leites, merecendo destaque o grupo dos açúcares, o qual teve redução na escolha, mas ainda permaneceu na preferência de algumas crianças, e o grupo das gorduras que não foi citado por nenhuma criança.
Gráfico 1- Escolha Alimentar dos Escolares nos diferentes cardápios. O gráfico 1,compara a aplicação do cardápio antes (cardápio 1) e após as atividades de educação nutricional (cardápio 2), mostrando a escolha alimentar das crianças. Pode-se verificar através do gráfico, que após as atividades de educação nutricional realizadas, a composição dos cardápios esteve de forma diferenciada, mostrando uma maior importância aos alimentos saudáveis na segunda aplicação. Houve uma melhora significativa no segundo cardápio, visto que a qualidade ficou muito evidenciada, ressaltando que o grupo das gorduras não foi mencionado por nenhum aluno no segundo cardápio. Ramalho e Saunders (2000) consideram que a educação nutricional é essencial no desenvolvimento de técnicas que podem levar a mudanças nos hábitos alimentares. Conclusões Percebeu-se notavelmente a mudança em relação às preferências alimentares das crianças. A educação nutricional se torna cada vez mais importante para a formação dos hábitos alimentares, principalmente em crianças. A adoção de práticas educativas no meio escolar é de grande importância, principalmente nas séries iniciais, pois é nesta fase que estão sendo formados os hábitos alimentares que poderão persistir na vida adulta. Referências Albiero, K. A; Alves, F. S. Formação e desenvolvimento de hábitos alimentares em crianças pela educação nutricional. Revista Nutrição em Pauta, São Paulo, 2007, 15, 82. Boog, M.C.F. Educação nutricional em serviços públicos de saúde. Cad. Saúde Públ., Rio de Janeiro, 1999, 15, 2. Monteiro, C. A; Mondini, L; Souza, A. L. M. & Popkin, B. M. Da desnutrição para a obesidade: A transição nutricional no Brasil. In: Velhos e Novos Males da Saúde no Brasil: A Evolução do País e de suas Doenças (C. A. Monteiro, org.), pp. 247-255, São Paulo: Editora Hucitec. Motta, D.G.D.A, & Boog, M.C.F. Educação nutricional. São Paulo: IBRASA, 1991, 182. 1. Nascimento, E. S; Rezende, A. L. M. Criando histórias, aprendendo saúde. São Paulo: Cortez, 1988. 68p. Novaes, J. F; Franceschini, S. C. C; Priore, S. E. Hábitos alimentares de crianças eutróficas e com sobrepeso em Viçosa, Minas Gerais, Brasil. Rev. Nutr., Campinas, 2007, 20(6):633-642. Philippi,S. T; Cruz, A. T. R;Colucci, A. C. A. Pirâmide alimentar para crianças de 2 a 3 anos. Revista de Nutrição da PUCCAMP, Campinas, 2003, 16, 1.
Ramalho, R.A; Saunders, C. O papel da educação nutricional no combate às carências nutricionais. Revista de Nutrição. 2000; 13:11 6. Saunder, C; Ramalho, R. A; Leal, M.C. O papel da educação nutricional no combate às carências nutricionais. Revista de nutrição. São Paulo, 2000, 13. Thiollent, M; Crítica Metodológica, Investigação Social e Enquete Operária. 3 a Ed., São Paulo: Editora Polis, 1982. Vianna, A. P. S. A análise da multimídia como ferramenta auxiliar ao processo cognitivo promovido através da educação nutricional em obesos. Tese de mestrado Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2003.