ERGONOMIA DAS NOVAS TECNOLOGIAS: Saber prático e objetivação do conhecimento



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Transcrição:

ERGONOMIA DAS NOVAS TECNOLOGIAS: Saber prático e objetivação do conhecimento Francisco de Paula Antunes Lima Departamento de Engenharia de Produção - UFMG - CP 209 - CEP: 30.161-970 - Belo Horizonte/MG Ergonomics is faced with theoretical and practical problems created by introduction of new technologies in production processes. In order to master them, it s necessary to explain the essential nature of automation in general and, specifically, the recently developed information technology. The analysis of work process transformations is the key to understanding the old and new forms of automation. We can also understand the place and roles of human work in automated production systems and the new constraints over the workers. Palavras-chaves: automation, information technology, activity 1. Questões relativas à novas tecnologias Os progressos recentes da automação na indústria de processos contínuos (IPC) e em outros setores (em especial, a robotização e a informatização de serviços) suscita várias e importantes questões a respeito da natureza da tecnologia e do trabalho humano. A IPC, desde cedo baseada num fluxo ininterrupto de materiais, aparece como paradigma para o qual tendem os processos industriais que começam a superar as etapas do trabalho manual e da mecanização. Graças à robótica, as indústrias baseadas em processos discretos (mecânica, eletro-eletrônica) adquirem certas características até então consideradas exclusivas das indústrias de propriedade: diminuição do trabalho direto ou imediato, sistemas técnicos com certa capacidade de autoregulação, sistemas informatizados de programação, gestão e controle interligados e em fluxo contínuo. Esses fenômenos e transformações recentes do processo de produção, em seus aspectos técnicos e organizacionais, despertam o interesse de várias disciplinas: economia política, sociologia do trabalho, psicologia do trabalho e a ergonomia. Em que pese reconhecer as especificidades dessas diferentes disciplinas quanto às perspectivas adotadas, delimitação dos problemas, métodos e conceitos, algumas indagações comuns perpassam os debates sobre as novas tecnologias. Neste texto, pretendemos tratar precisamente dessas questões de fundo, comuns a essas diversas disciplinas, cuja apropriado esclarecimento é condição necessária para abordar problemas práticos ou de ordem empírica. As seguintes questões se nos apresentam como fundamentais para entender os termos do debate contemporâneo sobre as novas tecnologias e seus efeitos sobre o trabalho: (1) a natureza específica da automação de base microeletrônica (ou flexível) (cf, em particular, Lojkine, 1996; Bouchut et al., 1982; Moraes Neto, 1995); (2) os limites da automação, em especial das tecnologias baseadas na inteligência artificial (cf. Dreyfus, 1984 ; Winograd e Flores, 1989; Collins, 1989 e 1992; Merchiers & Pharo, 1992, entre outros); (3) as novas formas de gestão, eficiência ou racionalidade compatíveis com a nova base tecnológica (Vatin, 1987; Zarifian, 1990 e 1995; Lojkine, 1996; Freyssenet, 1996a e b); (4) o lugar e a natureza do trabalho humano nos sistemas automatizados, em especial o debate sobre a (des)qualificação (além dos autores já mencionados, esta questão foi recentemente considerada por Clot, Rocheix e Schwartz, 1992; Clot, 1994; Kern & Schumann, 1984).

Estas questões fundamentais são, evidentemente, tratadas, por cada um desses autores, e em suas respectivas disciplinas, através de uma trama conceitual e de dados empíricos tão diversos que impossibilita, aqui, qualquer análise mais detalhada. Neste texto, portanto, limitamo-nos a esclarecer de uma perspectiva teórica os aspectos gerais dessas questões, orientando-nos inicialmente por aquela que parece ter a primazia - a natureza específica da automação flexível - e, a partir daí, derivando as implicações para as outras questões quanto aos limites da automação, lugar do trabalho humano, qualificação e novas formas de racionalização e princípios de gestão. Embora, por razões de espaço, tenhamos que assumir uma perspectiva generalizante, cumpre esclarecer que os argumentos apresentados resultam de intervenções e estudos realizados a partir da perspectiva da ergonomia, cujos resultados e critérios de validação conceitual e empírica deverão futuramente ser confrontados a cada uma das perspectivas acima mencionadas. 2. A Ergonomia diante das novas tecnologias A tese central pela qual nos orientamos neste trabalho pode ser assim formulada: a fase atual de automatização do processo de produção (automação flexível, baseada em tecnologias de informação) se insere no processo geral de objetivação do processo de trabalho, dando continuidade à mecanização e à automação de base eletro-mecânica. Entretanto, nesta linha de desenvolvimento geral da maquinaria e da automação, caracteriza-se por ser uma identidade da identidade da não-identidade, isto é, a automação flexível possui diferenças específicas que permitem caracterizá-la como uma etapa qualitativamente diferente da automação eletro-mecânica. Esta particularidade advém do fato de que a automação flexível incorpora uma nova dimensão - o do processamento de informações - de natureza abstrata, sobre a qual fundamentam-se as suas virtudes de flexibilidade. Não eqüivale, contudo, à simples substituição ou eliminação do trabalho humano, mas apenas daquelas funções os atos que de certa forma se assemelham ao funcionamento das máquinas ( atos maquinais, cf Collins, 1989). O trabalho humano guarda, assim, em caráter de exclusividade, outras funções que, longe de constituírem-se apenas em um último reduto inacessível aos sistemas técnicos informatizados/automatizados, algo como um resíduo ainda não automatizável, passam a desempenhar um papel essencial na racionalização desses processos intensivos em tecnologia. A atividade humana, de natureza subjetiva, adquire mais relevância, na medida mesma em que os atos maquinais do corpo e do espírito são objetivados em um sistema técnico. Em termos mais práticos, na medida em que o controle do processo baseado no tratamento de informações passa a ser incorporado ao dispositivo técnico, ganham relevância as atividades propriamente humanas: a interpretação do sentido e significado de eventos singulares e imprevistos que interrompem o fluxo do processo; a gestão de interrelações complexas; a definição de estratégias globais e sua atualização com a tomada de decisão em tempo real, atribuindo valores e critérios de eficácia do sistema; a melhoria contínua a partir da aprendizagem com erros e falhas cada vez mais raros e complexos, dificilmente redutíveis a modelos matemáticos ou estatísticos. Numa abordagem ergonômica clássica, as questões de natureza teórica, quando lembradas, são habitualmente consideradas e trabalhadas conforme se fazem necessárias a partir das análises empíricas. Em conformidade com esta abordagem empiricista, as questões anteriormente mencionadas são colocadas em termos de divisão de tarefas entre o homem e a máquina, como se tudo se resolvesse em regras de bom senso e admoestações aos engenheiros, sem necessidade de uma reflexão aprofundada sobre os limites entre um e outro e sobre a natureza essencial dos dois conjuntos de tarefas. (Para simplificar,

denominaremos os dois grupos de tarefas maquinais e de atividades humanas ). Neste caso, tais questões se colocam quando engenheiros, informáticos e ergonomistas se defrontam com as dificuldades encontradas na objetivação do saber prático dos trabalhadores (ou de especialistas), isto é, a transferência de saberes e conhecimentos para robôs e sistemas especialistas. Se se adota uma perspectiva pragmática, seria mera questão de tempo até que o aperfeiçoamento da técnica permita objetivar e transferir todas as atividades humanas para as máquinas. Não se põe jamais a questão de saber até onde é possível objetivar a atividade humana e quais, portanto, são os limites da automação. Sem uma reflexão sobre a especificidade da atividade humana em relação às atividades desempenhadas pelas máquinas, não se pode desenhar esses limites num duplo sentido: delinear os contornos que os separam e projetar as interfaces que facilitem a sua comunicação. Desatado esse nó górdio, será possível, reencontrando as análises e preocupações empíricas, definir orientações práticas para conceber o sistema homemmáquina. A propósito das novas tecnologias, esses limites se manifestam sobretudo em relação às possibilidades de objetivação do saber, questão já clássica entre os informáticos, partidários da inteligência artificial, e seus críticos (Dreyfus, 1984; Searle, 1984; Winograd & Flores, 1989; Collins, 1992). No campo da ergonomia, as próprias intervenções práticas que tomam como objeto a concepção e melhoria de sistemas informatizados de controle de processos contínuos defrontam-se com dificuldades que reclamam uma maior fundamentação teórica. Questões imediatas como a melhor forma de configurar uma tela de controle, a filtragem das informações apresentadas e dos alarmes, o grau de transparência das regras internas ao sistema, os conhecimentos (e finalmente o nível de qualificação) dos operadores, ainda não encontraram respostas apropriadas (para uma avaliação crítica, ver Keyser, 1988), e é provável que permaneçam assim até que outras tantas perguntas fundamentais não tenham sido respondidas. Estas por sua vez, se colocam como questões pertinentes e relacionadas aos problemas imediatos porque emergem de obstáculos práticos, cujas tentativas de superação, mais ou menos bem sucedidas, produzem uma ampla quantidade de informações que permitem fazer avançar a reflexão teórica. É neste redemoinho de problemas teóricos e dificuldades práticas que se situa a presente reflexão sobre a natureza essencial da automação flexível, valendo-se da contribuição dos estudos empíricos e conceitos desenvolvidos no campo da ergonomia e disciplinas afins. Enquanto os problemas predominantemente colocados à ergonomia estavam circunscritos ao projeto do posto de trabalho, incluindo aí as funções psicofisiológicas do trabalhador, a ergonomia dos fatores humanos ainda podia reivindicar uma certa eficácia na melhoria das condições de trabalho, notadamente nos aspectos relacionados às dimensões, posturas e esforços físicos, apresentação de informações (visibilidade, legibilidade) e manuseabilidade de comandos e controles. Nesta perspectiva tradicional, a relação homem-máquina é entendida de forma estática, ainda que sejam inclusos na concepção do posto de trabalho aspectos relacionados aos movimentos corporais (direcionamento de forças, zonas de alcance, etc.); variáveis temporais, como freqüência de movimentos, são traduzidas em parâmetros espaciais. Quando se trata, porém, de apreender as relações dinâmicas entre o indivíduo que trabalha e a situação de trabalho, ambos os termos mutáveis no tempo e no espaço, esta abordagem tradicional revela-se bastante limitada. Nesses casos, típicos das situações de trabalho criadas pelas modernas tecnologias de automação, a análise da atividade, tal como vem sendo desenvolvida pela ergonomia francofônica, encontra espaço e mostra-se rica em possibilidades.

3. Evolução do processo de trabalho Os estudos sobre a transformação do processo de trabalho, em especial aqueles oriundos da economia política, identificam uma direção evolutiva do processo de trabalho, segundo a qual se ordenam os diferentes níveis de automatização. Braverman (citando R. Bright) identifica 17 níveis de mecanização, do processo de trabalho manual aos sistemas automáticos, capazes de prever e ajustar-se para realizar a ação adequada às condições do meio ambiente. Um estudo mais recente (Bouchut et al., 1982, no qual nos baseamos para a descrição seguinte) permite, na verdade, identificar três grandes etapas de evolução do processo de trabalho (artesanal, mecanização e automatização), no interior das quais procedem-se a diferenciações de menor vulto, mas importantes para entender as formas de transição e a natureza específica de cada grande etapa. Comumente se distinguem, no processo de trabalho, uma função diretora e outra executora, interdependentes. A função diretora representa os aspectos cognitivos (conscientes) da atividade de trabalho, envolvendo a concepção, a execução das tarefas planejadas (na forma mais elementar do processo de trabalho, com auxílio de um instrumento) e a verificação do que está sendo realizado e do resultado. A execução, que pressupõe a função executora, distingue-se em função motora, que fornece a energia necessária para efetivar as transformações desejadas, e a função de trabalho propriamente dita, diretamente ligadas às transformações operadas sobre o objeto de trabalho. Mais do que fornecer uma descrição detalhada do que é o processo de trabalho, esta representação esquemática serve antes de mais nada para entender a sua evolução, que pode ser resumida como um processo crescente de objetivação das funções realizadas pelo homem (trabalho vivo), isto é, como uma transferência progressiva para o sistema técnico (trabalho morto) de certas funções inicialmente assumidas pelo homem. A objetivação não significa (e isto é fundamental para entender a natureza das formas e em que consiste a evolução do processo de trabalho) uma simples transferência de funções ou uma nova divisão de tarefas entre o homem e a máquina, escolhidas a partir de um elenco predeterminado. A objetivação de uma função é, ao mesmo tempo, a explicitação de novas funções que permaneciam adormecidas e pouco desenvolvidas nas formas primitivas do processo de trabalho. No processo de trabalho mecanizado, a operação da ferramenta (ou instrumento) é transferida para a máquina (então denominada propriamente de máquina operatriz ). Nesta etapa, pode-se reconhecer 5 fases, da manufatura à ultra-mecanização, que já prenuncia a etapa do processo de trabalho automatizado. No início, apenas as funções motrizes secundárias são mecanizadas (notadamente as fontes energéticas); a fase da mecanização real já implica um certo grau de objetivação da atividade de trabalho propriamente dita: o sistema técnico está constituído de uma unidade motora e de máquinas operatrizes. O essencial aqui é a objetivação de parte da função executora. Como dito anteriormente, a objetivação tem como contraponto a emergência de outras funções adormecidas. Neste caso, cabe ao trabalhador a função de condução do sistema técnico que mediatiza sua ação sobre o objeto. A nova função de condução implica o comando e o controle sobre a máquina, ainda exercidos pelo trabalho vivo, que deve desenvolver as qualificações correspondentes. Por isso a execução do trabalho com auxílio de uma máquina diferencia-se qualitativamente do trabalho realizado com auxílio de um instrumento. Embora tudo que caracteriza o processo de trabalho mecanizado já esteja de certa forma presente no trabalho habilidoso do artesão que manipula seus instrumentos (é preciso também saber conduzir o

instrumento que transforma a matéria-prima), estas funções ainda permanecem implícitas, encarnadas no próprio corpo do trabalhador. Por outro lado, a externalização dessas funções, quando a máquina operatriz passa a intermediar a ação sobre o objeto, não transforma a condução em algo inteiramente consciente e explícito, pois ainda permanecem, sob outras formas, as habilidades implícitas, inclusive perceptivas (percepção de indícios informais de ruído, cor, vibração, etc.). Progressivamente, estas novas funções executoras que se tornaram explícitas vão também sendo incorporadas à máquina, cuja forma mais acabada é, por exemplo, o torno automático, no qual o princípio do mecanismo já está plenamente objetivado. A extensão desse princípio (máquinas transfer, indústria têxtil, processos contínuos automáticos com base mecânica) não acrescenta mudança qualitativa, apenas prepara a passagem para a etapa posterior do processo de trabalho automatizado. A etapa do processo de trabalho automatizado identifica-se, em sua fase inicial de transição pelos processos ultra-mecanizados que se servem de sensores e telecaptores. A automatização real consiste na objetivação do princípio de regulação cibernética em circuito fechado, quando se torna possível atribuir ao sistema técnico certas funções de inspeção do trabalho que está sendo realizado (detecção e sinalização de desvios) e proceder a certas correções. Em sua fase mais desenvolvida, já foram objetivadas toda uma parte significativa da função diretora (as subfunções de comando, controle, preparação e inspeção), emergindo uma nova função diretora, que, além das atividades de concepção e de programação do sistema técnico, congrega as subfunções de supervisão e de otimação. O essencial aqui, nesta última transformação da função diretora, é a explicitação da atividade de otimação, que também assinala o limite último da automação em qualquer de suas formas. A otimação é o contraponto positivo da atividade de supervisão, negando assim que, mesmo em sistemas altamente automatizados, o homem seja um receptor ou elo passivo no ciclo de controle. Diferente da otimização (que pode ser atribuída ao sistema técnico, sobretudo com os modernos sistemas baseados na inteligência artificial), a otimação consiste em atribuir valores e princípios de avaliação ou de eficácia ao funcionamento do sistema técnico: decidir se o sistema está funcionando corretamente e, sobretudo, se poderia estar funcionando melhor. A otimização se dá nos limites de algoritmos já conhecidos (é essencialmente um trabalho morto, apesar de lidar com informações abstratas, incorpóreas); a otimação define regras e estipula valores e objetivos; qualifica o existente e permite introduzir mudanças para além do que já se conhece no momento (em termos abstratos, é o que corresponde ao aspecto criativo do trabalho humano). 4. A atividade em sistemas automatizados O sentido fundamental desta evolução, no que diz respeito ao lugar e à função do trabalho vivo, pode ser melhor compreendido se colocado em contraste com antigas e novas formas de organização do trabalho. A Organização Científica do Trabalho (OCT) concebida por Taylor caracteriza-se por ser uma tentativa intrinsecamente contraditória ao tentar objetivar o trabalho humano sem deslocar a atividade de trabalho através da introdução de máquinas. Este é o sentido fundamental dos estudos de tempos e movimentos: definir normas científicas, objetivas e ótimas, para a utilização do corpo do trabalhador (sobre a natureza do taylorismo, além do importante livro de Moraes Neto, 1988, ver Lima, 1997). Por outras razões, também no assim chamado modelo japonês, o qual, dentre outras coisas, apóia-se na organização da produção em fluxo contínuo (concretizado em determinados conceitos e técnicas: justo a tempo, autonomação, redução de estoques, troca rápida de ferramentas), a subjetividade do trabalhador passa a ser objeto de normatização. Essas características da

organização da produção enxuta torna-a extremamente susceptível a toda uma série de incidentes, os quais, devem ser prontamente respondidos pelos trabalhadores para evitar a ruptura do fluxo, que não podem mais contar com os providenciais estoques tampões, expurgados pela política do zero-estoque. Abusando um pouco do contexto histórico, poderíamos denominar esta nova forma de racionalização de taylorismo mental. Os velhos princípios se repõem aqui sob novas formas, no interior mesmo da necessária desregulação do ato de trabalhar sob os novos modelos técnico-organizacionais. Como sempre, a consciência tecnocrática apenas consegue lidar com as contradições deslocadas, sob formas e conceitos paradoxais: prega-se a padronização participativa ou mobiliza-se a inteligência dos trabalhadores, restringindo-a à solução de problemas cotidianos, enquanto se fala da necessidade de conhecer e responsabilizar-se por todo o processo (Lima, 1994). Para lidar com essas contradições deslocadas para a interioridade dos trabalhadores, é necessário reduzi-los à pura singularidade, destruindo qualquer traço autêntico da personalidade, a começar pelos laços que os unem à classe social (sindicatos, contrato coletivo, etc.), os quais, ao mesmo tempo, são substituídos por vínculos diretos com outras singularidades ( o cliente-rei, todos são iguais dentro da empresa, malgrado a divisão social do trabalho, sindicato por empresa, salário flexível, etc.). Nos processos de produção automatizados, observam-se fenômenos similares, que refletem o mesmo deslocamento do trabalho vivo e da norma que procura dominá-lo. Vimos que a evolução do processo de trabalho caracteriza-se, em suas fases atuais, pela redução do trabalho imediato, que é acompanhada pela explicitação ou externalização da função normativa. Aos homens que permanecem controlando o processo automatizado cabe determinar como o sistema deve funcionar. Um sistema automatizado/informatizado é capaz, em grande medida de se autocontrolar, uma vez que lhe foram atribuídos parâmetros de controle e limites de tolerância. Quando dotado de um sistema inteligente de controle é até mesmo capaz de decidir, dadas certas condições, que operações executar, a fim de otimizar o resultado pretendido. Contrariamente às pretensões dos informáticos e engenheiros cognitivos, não se pode assimilar a seleção de um curso de ação num espaço-problema exaustivamente descrito através de regras e estados possíveis, com o processo decisório humano, que navega sempre num ambiente de incertezas. O que de fato um sistema especialista, dito inteligente, é capaz de fazer corresponde, quando comparado ao comportamento humano, aos atos maquinais ( machine-like actions, conforme a expressão de Collins, 1992) que fazem parte de nossas ações, mas não as esgotam. Os sistemas artificiais inteligentes apenas reproduzem (ou objetivam) rotinas e procedimentos que se inserem maquinalmente em um curso da ação humana. Antes de poderem ser objetivados, já possuem as propriedades de máquinas ou dos automatismos. O homem, por assim dizer, se faz máquina, antes de alocar às máquinas o que sabe ou pode fazer. Põem-se, aqui, os limites do tratamento automático de informações. Assim como, em ações humanas, parte significativa de nosso comportamento realiza-se através de atos rotineiros, automáticos, independentes da consciência, estes atos podem ser repetidos, uma vez conhecidas as regras que os governam, por um sistema operando na forma de um controle cibernético fechado. Fica, todavia, excluído desse comportamento maquinal, a questão do sentido dos atos, dependente que é da relação consciente que os homens estabelecem com o contexto social em que vivem e com as situações hic et nunc.

Também na esfera do mundo físico, o problema do contexto se recoloca. O sistema automático de regras e estados possíveis funciona até o momento em que algo de imprevisto ocorre. Um sistema construído a partir dos princípios da inteligência artificial ainda não consegue lidar com eventos imprevisíveis ou rupturas (Winograd & Flores, 1989), situações que, na maior parte das vezes, não exigem mais do que o nosso senso comum. Quando se pretende formalizar ou objetivar o senso comum verifica-se que se trata de uma regressão ao infinito, pois toda a nossa cultura, amálgama da história social e individual, faz parte da matriz que educa tantos os nossos cinco sentidos quanto o senso comum. A menos que se crie uma máquina capaz de compartilhar com os homens a sua filogênese e a sua ontogênese, não há como reproduzir o comportamento humano em sua integralidade. São precisamente os aspectos não maquinais do comportamento que permanecem como atributos exclusivos da atividade viva: a gestão de situações complexas (Winograd e Flores, 1989: 250); a atribuição consciente de valores (ou otimação cf. Bouchut et al., 1982); a elaboração de estratégias globais e colocação de finalidades; o senso de oportunidade que permite criticar o plano estabelecido, aproveitando-se de circunstâncias e imprevistos para melhorar o funcionamento posterior e/ou minimizar eventuais perdas; aprendizagem contínua a partir da reflexão sobre os erros cometidos, aprofundando e sistematizando cada vez mais o diagnóstico das causas. Diante da complexidade intensiva e extensiva dos novos sistemas produtivos, uma outra característica coloca um limite intransponível aos sistemas artificiais inteligentes: a intercompreensão (Searle, 1987; Collins, 1992). Nenhum trabalhador, por mais experiente ou bem formado que ele seja (inclusive os engenheiros e técnicos), diante da divisão técnica do trabalho entre distintas especialidades e da complexidade crescente dos sistemas técnicos, consegue dominar teórica e praticamente todas as habilidades e conhecimentos necessários para controlar um processo, diagnosticar e corrigir falhas, sem falar em sua concepção e programação. Mais e mais, os sistemas técnicos são mantidos através de uma atividade coletiva, fundada em um saber distribuído e em um trabalho cooperativo. Daí a tendência a se falar, atualmente, na necessidade de organizar e gerir sistemas complexos com base em uma racionalidade comunicativa (cf, em especial, os trabalhos de Zarifian, 1990, 1993 e 1995). O diagnóstico de uma pane em um sistema complexo, por exemplo, quando envolve circunstâncias que fogem ao conhecimento formalizado, pressupõe a articulação de vários conhecimentos (produção, manutenção, qualidade, compras), mesmo que as suas condições de possibilidade (trabalho cooperativo, implicação pessoal, diálogo, intercompreensão) ainda não sejam encontradas nas empresas, submetidas às formas capitalistas de controle. 5.Conclusão: atividade humana, temporalidade e formalização Certamente um dos aspectos da atividade humana que não pode ser atribuído aos automatismos é a capacidade do trabalhador estabelecer uma relação consciente com o processo em curso, antecipando-se à ocorrência de fatos diversos: (1) determinadas conseqüências e efeitos de ações e decisões tomadas aqui e agora, (2) fatos que poderão decorrer do funcionamento atual das instalações, que se manifestam na forma de tendências de evolução de certos parâmetros; (3) ocorrência de eventos futuros prováveis, isto é decorrentes da confluência de certas tendências do processo. O trabalho caracteriza-se precisamente por instituir uma dinâmica temporal entre passado, presente e futuro, que constitui uma das diferenças específicas do comportamento humano: a atividade humana define-se tanto pela finalidade que a anima e a orienta, como pela capacidade de reconhecer de forma consciente a causalidade dos fenômenos que procura

controlar e submeter à sua vontade, procedendo, quando necessário, a correções de rumos e redefinição de objetivos. Esta dialética de finalidade e causalidade constitui o marco intransponível dos sistemas automáticos, que, quanto muito, conseguem reproduzir apenas a estrutura rígida da relação meios-fins, sem manter a capacidade adaptativa (facultada pela consciência), própria ao comportamento humano. O que, em definitivo, diferencia a atividade humana da regulação automática (por mais complexa e sofisticada que esta seja) não é a estrutura meios-fins (de certa forma reproduzida pela mais simples malha de controle, como um termostato), mas a dinâmica sem fim que dá a riqueza a esta estrutura do comportamento humano, caracterizado pela flexibilidade, adaptabilidade, desenvolvimento e aperfeiçoamento das formas de regulação. Se se quer descrever de forma exaustiva um ação, não bastaria definir suas variáveis espaciais e enunciar todos os fatos que a instruem assim como as regras que ela segue. Quanto ao nosso saber, vimos que não é possível traduzi-lo inteiramente em regras explícitas, sob pena de regressão ao infinito. Se nos interessamos à ação, uma outra variável comportamental se torna crucial: o tempo. Toda ação comporta uma certa organização dinâmica, que tampouco pode ser reduzida a um conjunto definido e definitivo de regras. Uma seqüência dada de operações ainda não é uma organização dinâmica da atividade que permita preservar a sua vitalidade interior. O sentido do momento, enquanto pressuposto que funda uma descoberta ou diagnóstico, não está dado pela seqüência de atos passados ou futuros, precisamente porque significa a possível introdução de uma outra direção a ser dada ao processo em curso. Por isso, permanece um ato apenas possível de ser efetivado pelos homens, tal como ocorre com a sensibilidade (socializada) ao contexto de uma conversação (Collins, 1992:273). Também em relação ao mundo material, quando se faz, ex post, a descrição das variáveis através das quais se pretende representar o comportamento de um sistema técnico, todos os eventos aparecem como necessários e previsíveis, isto é, como se correspondessem a um conjunto predefinido de leis e relações físicas. Esta é uma visão profundamente arraigada no espírito do engenheiros, que lidam sempre com representações e modelos formais e matemáticos dos processos físicos que tentam controlar. Entretanto, esses processos também possuem uma dinâmica própria, cujas relações entre componentes e características temporais são eventualmente discrepantes dos modelos previstos. Em todo processo de transformação, é evidente, o tempo é também uma variável intrínseca e determinante de sua evolução. Talvez seja, entretanto, uma das variáveis menos controladas. Não apenas os engenheiros, como todos os tecnólogos, compartilham esta visão do tempo como medida controlável a priori, concepção que é a mesma do racionalismo moderno, tal como transparece na epistemologia tradicional e também em algumas descrições do que seria a atividade científica. Em verdade, confunde-se o relato de como se fez uma descoberta (uma vez que ela já foi realizada e não no curso de sua realização efetiva), como se a descrição do passado em termos de regras pudesse servir para prever o futuro: nós podemos descrever o passado do mundo, mas não é a mesma coisa que descobrir como é o mundo (Collins, 1992:174). Todo o nosso senso comum parece, também, estar contaminado por essa idéia do tempo recortado à maneira das horas do relógio. Ora, é precisamente onde se requer uma ruptura com o tempo passado, quando ocorrem eventos imprevistos e incidentes, que entra em jogo a inventividade humana e sua capacidade de reagir de forma criativa. Não há como, nesses momentos de descoberta, enquadrar a dinâmica temporal da atividade num tempo

seqüencial e mensurável, redutível a coordenadas comportamentais determinadas, e isto não por uma questão de princípio, relacionada a uma suposta rebeldia da intuição humana a qualquer forma de controle, mas sim pela própria natureza do tempo em seu sentido histórico: em que se põe uma ruptura com o que até então se colocava como passado e como presente. BIBLIOGRAFIA BRAVERMAN, H. (1981) Trabalho e capital monopolista. Rio de Janeiro, Zahar, 1981. CLOT, Y. (1994)..Le travail sans l homme?. Paris, La Découverte. CLOT, Y.; ROCHEIX, J-Y. & SCHWARTZ, Y. (1990) Les caprices du flux. Vigneux, Matrice. COLLINS, H. M. (1989) Expert systems and the science of knowledge. In: Bijker; Hugues & Pinch. The social construction of technological systems. Cambridge, MIT Press, 1989. COLLINS, H. M. (1992). Experts Artificiels. Paris, Seuil. DREYFUS, H. (1979). What Computers Can t do. The Limits of Artificial Intelligence. New York, Harper & Row. FREYSSENET, M (1992b). "Formas sociais de automatização e esperiências japonesas". In: Hirata, H. (org). Sobre o modelo japonês. São Paulo, EDUSP, 1993. FREYSSENET, M. (1992A) Processus et formes sociales d automatisation: le paradigme sociologique. Sociologie du Travail. 4/92:469-496, 1992. KERN, H. & SCHUMANN, M. (1984). La fin de la division du travail? Paris, Editions de la Maison des Sciences de L'Homme, 1989. KEYSER, V. (1988). De la contingence à la compléxité: l évolution des idées dans l étude des processus continus. Le Travail Humain. 51(1):1-18. 1988. LIMA, F.P.A. (1994). Medida e desmedida: padronização do trabalho ou livre organização do trabalho vivo. Produção, n o especial, 1994, pp 3-17. LIMA, F.P.A. (1997) Ergonomia e prevenção da LER: limites e possibilidades. In: Lima; Araújo & Lima (1997). LER: dimensões ergonômicas e psicossociais. Belo Horizonte, Health, 1997. LOJKINE, J. (1996). A revolução informacional. São Paulo, cortez. MERCHIERS, J & PHARO, P. (1992) Eléments pour um modèle sociologique de la compétence d expert. Sociologie du Travail. 1/92:47-63. MORAES NETO, B. (1995) Microeletrônica e produção industrial: uma crítica à noção de <<Revolução generalizada>>. Textos para discussão 24, UNESP, Araraquara, set/1995. MORAES NETO, B. (1989). Marx, Taylor e Ford: as forças produtivas em discussão. São Paulo, Brasiliense, 1989 SEARLE, J. (1984). Mente, Cerébro e Ciência. Lisboa, Edições 70, 1987 VATIN, F. (1987). La fluidité industrielle, Paris, Méridiens Klincksieck, 1987. WINOGRAD & FLORES (1986). L intelligence artificielle en question. Paris, PUF, 1989. ZARIFIAN, P. (1993). Quels modèles d'organisation pour l'industrie européenne?. Paris, L'Harmattan. ZARIFIAN, P. (1990). La Nouvelle Productivité. Paris, l Harmattan, ZARIFIAN, P. (1995). Le Travail et l événement. Paris, L Harmattan.