O AUMENTO DO SALÁRIO MÍNIMO E O SEU IMPACTO NAS CONTAS MUNICIPAIS 1

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Transcrição:

O AUMENTO DO SALÁRIO MÍNIMO E O SEU IMPACTO NAS CONTAS MUNICIPAIS 1 Resumo Todos os municípios brasileiros, a exemplo do que tem ocorrido nos últimos anos, sofrerão o impacto do reajuste do salário mínimo em suas contas. Mais do que isso: algumas centenas de prefeituras provavelmente estarão na contingência de terem que descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) devido ao aumento do salário mínimo de R$ 415,00 para R$ 465,00 (reajuste de 12,05%). De um lado, temos a Constituição Federal, que determina em seu artigo 7º, inciso IV, que é direito de todos os trabalhadores receberem salário mínimo determinado pelo governo. De outro lado, temos a LRF, que limita os gastos com pessoal e seus encargos, uma despesa sabidamente expressiva nas contas de qualquer prefeitura. O Município, pelo art. 20, inciso III, da LRF, não pode gastar, com o seu pessoal, mais do que 60% 2 da sua Receita Corrente Líquida (RCL) 3. De acordo com as estimativas da área técnica da Confederação Nacional de Municípios (CNM), o número de municípios que compromete 60% ou mais da sua RCL com despesas de pessoal aumentará de 103 para 130, ou seja, aumento de 27, depois do reajuste do salário mínimo. Além disso, o número de municípios que gasta entre 55% e 60% da RCL, a chamada faixa prudencial, pulará de 447 para 511. Ou seja, ao todo, 118 prefeituras serão atingidas de forma a ultrapassar o limite máximo ou limite prudencial da lei fiscal. 1 Estudo realizado em março de 2009. 2 Foi utilizado o limite de 60% porque não foi possível separar o gasto de pessoal com legislativo. Lembrando que limite com pessoal do legislativo é de 6%, enquanto que com executivo é de 54%. 3 Total das receitas tributárias, contribuições e outras receitas correntes e das transferências recebidas (incluso o FPM, Fundeb, SUS e convênios), menos algumas deduções, como é o caso da contribuição previdenciária dos servidores.

Mudança: Limite máximo = 103 + 27 = 130 Limite prudencial = 447 27 + 91 = 511 Para estimar esses efeitos, utilizamos os dados de balanço orçamentário do Finbra 2007 (Finanças do Brasil Dados Contábeis dos Municípios) e as quantidades de funcionários públicos com remuneração de até um salário mínimo do Relatório RAIS 2008, do Ministério do Trabalho. A partir dos números do Finbra, encontramos uma RCL total de R$ 234,5 bilhões e uma despesa com pessoal de R$ 103,6 bilhões, ou seja, 44,2% da RCL. Nessa amostra, existem 103 municípios com gasto acima dos 60% e 447 entre 55% e 60%, com alto risco de ultrapassar o limite máximo. Com os quantitativos de servidores do RAIS 2008 (511,9 mil funcionários ganhando até um salário mínimo) e sabendo que o aumento do salário mínimo foi de R$ 50, estimamos que as prefeituras terão um gasto adicional de R$ 373 milhões por ano. Esse aumento atingirá um total de 4.820 municípios, sendo 118 deles em perigo perante a LRF. Para reduzir essas despesas, os prefeitos serão forçados a demitir servidores não-estáveis e suspender quaisquer planos de reajuste salarial ou de contratação de novos servidores, correndo o risco ainda de ter suspenso o repasse de transferências voluntárias se, depois de dois quadrimestres, os porcentuais de gasto não foram reconduzidos para patamar abaixo do limite da LRF.

Além da uma maior despesa com servidores que recebem um salário mínimo, as administrações municipais enfrentarão, sem dúvida, o desafio adicional de lidar com pressões salariais do restante dos seus servidores, aqueles que percebem mais que um salário mínimo. Em resumo, os prefeitos, além de terem que demitir pessoal, piorando ainda mais a prestação de serviços à comunidade (limpeza pública, saúde, educação, etc.), poderão perder recursos na forma de transferências voluntárias. Quadro de funcionários do poder público municipal que recebem até 1(um) salário mínimo Dos 5.281 municípios de nossa amostra, segundo informações do Relatório RAIS de 2008, elaborado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, existem 511.929 funcionários das prefeituras do país que recebem até 1(um) salário mínimo. A maioria concentrada nos Estados do Ceará, Bahia e Pernambuco. Do total, uma pequena parte (28.285) recebe até ½ salário mínimo. Veja tabela 1, a seguir, com as quantidades por estado de funcionários que recebem até 1(um) salário mínimo.

Tabela 1 - Funcionários que recebem até 1 salário mínimo UF Até 1/2 Salário Mínimo de 1/2 à 1 Salário Mínimo Total % AC 17 945 962 0,2% AL 19 22.516 22.535 4,4% AM 16 9.846 9.862 1,9% AP - 365 365 0,1% BA 1.533 65.178 66.711 13,0% CE 18.367 58.369 76.736 15,0% DF - - - 0,0% ES 41 5.023 5.064 1,0% GO 226 14.974 15.200 3,0% MA 319 41.558 41.877 8,2% MG 1.899 42.249 44.148 8,6% MS 50 2.710 2.760 0,5% MT 94 2.775 2.869 0,6% PA 543 24.541 25.084 4,9% PB 173 32.303 32.476 6,3% PE 1.013 50.542 51.555 10,1% PI 112 21.966 22.078 4,3% PR 226 7.967 8.193 1,6% RJ 193 10.440 10.633 2,1% RN 583 19.988 20.571 4,0% RO 45 2.642 2.687 0,5% RR - 549 549 0,1% RS 176 4.674 4.850 0,9% SC 184 6.506 6.690 1,3% SE 174 12.348 12.522 2,4% SP 2.239 12.598 14.837 2,9% TO 43 10.072 10.115 2,0% BR 28.285 483.644 511.929 100% Aumento do salário mínimo e o limite de gasto com pessoal da LRF Os valores para os gastos municipais com pessoal do ano de 2008 foram estimados com base nos dados de 2007, relatados no Finbra 2007, acrescido do crescimento apresentado pelas respectivas capitais de cada estado, no comparativo entre período de jan-out de 2007 e jan-out de 2008, segundo 5 Relatório Resumido da Execução Orçamentária de 2008, divulgado pela STN. Mesmo procedimento foi adotado para estimativa da Receita Corrente Líquida (RCL) de 2008, com base no calculo para 2007, realizado a partir do Finbra 2007. Com tais estimativas encontramos uma RCL total de R$ 235 bilhões e uma despesa com pessoal de R$ 104 bilhões, ou seja, 44,2% da RCL. Dessa forma vemos que em média os municípios brasileiros estão com uma folga em relação ao limite imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que é de

um gasto máximo com pessoal de 60% da RCL. Atualmente, dentro da nossa amostra, existem 103 municípios acima do limite estabelecido pela lei e 447 dentro da chamada faixa prudêncial, entre 55% e 60% da RCL, que sinaliza os municípios com alto risco de descumprirem a lei. Tendo por base as quantidades de funcionários com remuneração de até 1(um) salário mínimo, apresentadas na tabela 1, e que o aumento imposto pelo governo federal no salário mínimo foi de R$ 50, estimamos que as prefeituras terão um gasto de R$ 373 milhões a mais para estes 511,9 mil funcionários. Esse aumento de despesa irá fazer com que 27 municípios que se encontravam dentro do limite prudêncial, ultrapassem o limite legal de 60%. A única forma destes municípios da amostra não desrespeitarem a LRF, será diminuindo outras despesas com pessoal, ou seja, realizando demissões, já que pela legislação trabalhista do país, salários não podem ser reduzidos. Também com o impacto do aumento do salário mínimo o número de municípios dentro do limite de risco será de 511, um aumento de 14,3%. Na tabela 2 a seguir temos, por estado, dentro da nossa amostra, o número de municípios acima do limite máximo de gasto com pessoal e dentro da faixa prudencial, antes e depois do impacto do aumento do salário mínimo. Também por estado é apresentado o impacto sobre a folha de pagamento da elevação de R$ 50 do mínimo. Os Estados que antes do aumento apresentam mais municípios com gastos de pessoal acima do limite de 60% são Paraíba, Pernambuco e São Paulo. Bahia é o estado que com o impacto sofre maior aumento percentual do número de municípios acima do limite.

Tabela 2 - Municípios com gasto crítico em pessoal UF No limite prudêncial Acima LRF Impacto (R$) No limite prudêncial c/ % aumento Acima LRF c/ impacto % aumento AC - - 715.125 - - AL 1-16.894.125 2 100,0% - AM 7 2 7.390.500 8 14,3% 2 AP 2-273.750 3 50,0% - BA 36 4 49.458.375 43 19,4% 7 75,0% CE 1-50.664.375 1 - DF - - - - - ES 3 1 3.782.625 3 1 GO 8 2 11.315.250 9 12,5% 3 50,0% MA 17 2 31.288.125 19 11,8% 3 50,0% MG 65 5 32.398.875 68 4,6% 6 20,0% MS 3-2.051.250 3 - MT - - 2.116.500 - - PA - - 18.609.375 - - PB 83 31 24.292.125 98 18,1% 41 32,3% PE 79 29 38.286.375 90 13,9% 37 27,6% PI 17 3 16.516.500 25 47,1% 4 33,3% PR 28 1 6.060.000 29 3,6% 1 RJ 12 3 7.902.375 12 4 33,3% RN 10 2 15.209.625 15 50,0% 2 RO - - 1.998.375 - - RR 4 2 411.750 4 2 RS 11 4 3.571.500 11 4 SC 5-4.948.500 6 20,0% - SE 8 3 9.326.250 11 37,5% 4 33,3% SP 38 8 10.288.125 39 2,6% 8 TO 9 1 7.570.125 12 33,3% 1 BR 447 103 373.339.875 511 14,3% 130 26,2% Consideramos que essa estimativa do impacto do aumento do salário mínimo nas contas municipais com base nos dados do Finbra 2007, nos relatórios orçamentários de 2008 e nos dados do relatório RAIS 2008 do Ministério do Trabalho, subestima em muito o real impacto. Isso porque, em primeiro, o universo analisado representa uma amostra dos municípios, segundo porque a análise não engloba todas as indexações da folha de salários municipais ao salário mínimo. Segundo levantamentos da CNM e do BNDES, na grande maioria dos municípios das Regiões Norte e Nordeste, acima de 60% da folha de pagamento correspondem a funcionários que recebem até um salário mínimo. A partir desse dado, é possível conhecer a dimensão do problema com que esses prefeitos estarão se defrontando, a partir da vigência do novo valor do salário mínimo nacional. Por exemplo, ao tomarmos por base um número bem menor para a média nacional, supondo que 40% da folha de pagamento dos municípios brasileiros correspondem a funcionários com rendimento diretamente vinculado ao salário mínimo, temos que um aumento de 12,05% no mínimo, representaria uma elevação

da folha de pagamento de 4,8%. Retornando a nossa amostra, esse porcentual representaria cerca de R$ 5 bilhões, valor muito maior que a estimativa de R$ 373 milhões apresentada anteriormente. Considerações Finais Além da uma maior despesa com servidores que recebem um salário mínimo, as administrações municipais enfrentarão, sem dúvida, o desafio adicional de lidar com pressões salariais do restante dos seus servidores, aqueles que percebem mais que um salário mínimo. Em resumo, os prefeitos, além de terem que demitir pessoal, piorando ainda mais a prestação de serviços à comunidade (limpeza pública, saúde, educação, etc.), deixarão de receber recursos na forma de transferências voluntárias, naqueles casos que não conseguirem reduzir a despesa para o limite, no prazo fixado, que é de oito meses. Sendo assim, a CNM sugere ao Congresso Nacional que além de procurar uma saída orçamentária para as contas da União que serão afetadas pelo aumento do salário mínimo, busque criar um fundo de compensação para os Municípios e evite a ocorrência de dupla penalização, no sentido de municípios que além de serem obrigados a ampliar seus gastos com pessoa, ainda percam transferências do governo federal por descumprirem a LRF. Brasília, março de 2009. Confederação Nacional de Municípios Área de Estudos Técnicos