IV Congresso Sudeste de Ciências do Esporte. XII Congresso Espírito-Santense de Educação Física. Vitória, ES - 18 a 21 de setembro de 2012

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Transcrição:

GINÁSTICA: UMA EXPERIÊNCIA NOVA, QUE É ANTIGA Fernanda Mendes Franco (CEFD/UFES) Resumo: O presente trabalho relata a experiência vivenciada com o conteúdo ginástico desenvolvido na disciplina de estágio supervisionado com alunos do 9 ano do EMEF Experimental de Vitória UFES, em 2010. A Ginástica é um tema por demais relevante, mas que foi esquecida pelos profissionais da Educação Física escolar. Assim, este estudo busca mostrar que é possível trabalhar com esse conteúdo e que é interessante para os alunos. A Ginástica é um conteúdo por demais relevante, mas que foi esquecida pelos profissionais da Educação Física (EF) escolar. É muito raro uma escola que trabalha com esse tema. De acordo com Soares Até hoje, nos programas brasileiros, se evidencia a influência da calistenia e do esportivismo, ginástica artística ou olímpica, o que pode explicar o fato de a ginástica ser cada vez menos praticada nas escolas. A falta de instalações e aparelhos no estilo "olímpico" desestimula o professor a ensinar ginástica (SOARES, 1992, p. 54). Podemos confirmar esse fato quando analisamos a produção acadêmica nessa área. Por exemplo, nos anais do V Fórum Internacional de Ginástica Geral (GG) que ocorreu em Campinas em 2010, dos 37 artigos apresentados apenas 12 tinham como foco a ginástica na EF escolar e dos vinte relatos de experiência apenas dois eram no âmbito da EF escolar. Esses dados foram comprovados através de verificação feita através do resumo dos textos publicados nos anais dessa edição do fórum para investigar quais falavam da ginástica na EF escolar. Esses anais foram a fonte na qual foi feita a busca do que se tem escrito na área sobre o tema. No passado as aulas de EF eram resumidas a ginástica e agora são basicamente os esportes. Muitos alunos concluem a educação básica sem nunca terem tido contato com a ginástica, podemos observar isso quando chegamos a um curso de graduação em EF e nos deparamos com alunos que nunca fizeram a ginástica antes. Dessa forma, o objetivo geral desse trabalho é mostrar que é possível trabalhar com a ginástica na escola e que os alunos gostam. Assim, será abordado um plano de intervenção que deu certo com o conteúdo ginástico na EF escolar e mostrar como um deficiente físico pode participar ativamente das aulas de ginástica. Esse projeto de GG foi desenvolvido com a turma do 9º ano do ensino fundamental da EMEF Experimental de Vitória UFES. Foi realizado por estagiários do 6º período do curso de EF do Centro de EF (CEFD) da UFES, no segundo semestre de 2010. O plano

foi desenvolvido em 10 aulas, cada aula com duração de 50 min, sendo uma aula por semana. Participaram da intervenção 25 alunos entre 14 e 15 anos de idade. Entre os alunos uma cadeirante. Para realização deste trabalho, primeiro, foi feita uma observação da turma durante três aulas, depois foi elaborado e efetivado um plano de intervenção. Através dos registros e observações foram coletados dados para compreender se é possível a inserção ou não desse conteúdo nas aulas de EF. O plano A oportunidade de realizar esse plano de intervenção deve-se a disciplina de estágio supervisionado no ensino Fundamental no 2º ciclo. Foi um estágio repleto de desafios, surpresas e sucessos. O primeiro desafio foi fazer aulas bem dinâmicas que o professor regente tanto enfatizou que deveria ser. A escolha em trabalhar GG ocorreu antes de sabermos que nos depararíamos com essa questão da inclusão e vimos não como um empecilho e sim como o 2º desafio, pensar em como incluir uma cadeirante nas atividades. Não seria uma tarefa fácil. Assim que soubemos que teríamos uma aluna deficiente física na nossa aula pensamos em desistir das aulas de ginástica, pois não seria possível incluí-la. Mas decidimos trabalhar com a ginástica mesmo com essa situação. Apenas tivemos que pensar um pouco mais, buscar possibilidades e estímulos, mas no decorrer do processo já podíamos ver os resultados dos nossos esforços. De início, foi necessário entender que para ser efetivada a inclusão a pessoa com deficiência física (ou outra deficiência) não precisa fazer exatamente a tarefa como as outras pessoas normais, mas é preciso que o professor adéque a atividade para que ela participe dentro das suas possibilidades. É preciso lembrar que nem sempre ela vai fazer tudo, há atividades que talvez não tenha como ela fazer e não podemos limitar que os outros não façam porque ela não consegue. Esse tema foi escolhido, pois se pode entender a ginástica, mais especificamente a GG, como uma forma particular de exercitação onde, com ou sem uso de aparelhos, abre-se a possibilidade de atividade que provocam valiosas experiências corporais, enriquecedoras da cultura corporal das crianças, em particular, e do homem, em geral. Com isso, foi trabalhado esse conteúdo porque se tinha a pretensão de aumentar a gama de conhecimentos dos alunos visto que eles só trabalhavam com as modalidades esportivas: futsal, vôlei, handebol e basquete. Sem contar que foi uma forma de fazer com que meninos e meninas desempenhem as atividades juntos, sem distinção de gênero, já que nessa escola eles são divididos. Uma das características da GG é o trabalho em grupo o que fortalece a prática da coletividade, pois o caráter não competitivo, propicia a participação de todos, independentemente de suas características como classe social, habilidade e capacidade motora, vivência, diagnóstico de saúde, etc. [...] Quando não existe competição, a comparação, o enaltecimento de um participante em detrimento de outro, todos podem participar dentro de suas possibilidades, seus limites,

suas vivências, suas potencialidades, e seus ideais. (TOLEDO, TSUKAMOTO E GOUVEIA, 2009, p.44). A Ginástica também está presente como conteúdo no currículo escolar da Secretaria de Educação do Estado do Espírito Santo (SEDU). Na cartilha da SEDU, consta que a EF perpassa pela compreensão de uma disciplina relacionada com as produções culturais, que envolvem aspectos lúdicos, estéticos e éticos, compreendendo-a como prática pedagógica que tem como tema a cultura corporal humana jogos, dança, esportes, ginásticas, manifestações culturais (folclóricas) e dramatizações. (SEDU, 2009, p. 113). Conceituar a GG não é uma tarefa fácil já que mesmo entre os pesquisadores da área não há um consenso. Dessa forma, busco apenas apontar suas principais características: não é uma ginástica de competição, ela tem caráter demonstrativo. É voltada para o divertimento, alegria, prazer. Não tem regras rígidas. É possível criar e integrar todas as pessoas. Não possui um limite de idade, podem participar de crianças a idosos. Nem limites de participantes, tanto que tem apresentações que ocorrem em campos de futebol para que caibam todos os integrantes. Trabalha a coletividade e a inclusão, mesmo pessoas com alguma deficiência podem participar, como, cadeirantes, cegos, entre outros (TOLEDO, TSUKAMOTO E GOUVEIA, 2009). Envolve ginástica artística (GA), ginástica rítmica (GR), ginástica acrobática, teatro, dança, música, folclore, entre outros. Os aparelhos utilizados são os mais variados como o pára-quedas, e não convencionais, por exemplo, galões de água, cabos de vassoura, o que a imaginação permitir. É bastante comum utilizar os materiais reciclados, feitos pelos próprios integrantes. É marcada pela diversidade de formas e estilos. Devido as suas características é a mais indicada para se trabalhar na EF escolar. Nesse contexto, os objetivos com esse trabalho era que os alunos tivessem contato com novas possibilidades corporais; que vivenciassem os movimentos da Ginástica, que é uma prática corporal pouco explorada nas escolas; conhecessem a ginástica como um elemento corporal presente nas aulas de EF; e mesclar a questão de gênero na turma. Um dos objetivos da EF é Possibilitar ao educando o conhecimento das diferentes manifestações da cultura corporal nos seus aspectos educativos, lúdicos e técnicos (SEDU, 2009, p.115). Os conteúdos desenvolvidos nas aulas foram: GA, GR, ginástica acrobática, trampolim acrobático e composição coreográfica (CC). As aulas foram marcadas pela realização dos movimentos, iniciada com aquecimento e demonstração do movimento, em seguida os alunos executavam. Na aula de GR houve primeiro, uma experimentação livre dos aparelhos e em seguida uma vivência mais orientada. Houve aula expositiva na qual se falou um pouco sobre a história da ginástica e suas modalidades, e vídeos, a fim de mostrar algumas CC para que eles desmistifiquem o olhar sobre essa prática. Para vivenciarem mais esse universo visitaram a sala de ginástica do CEFD. Conheceram e experimentaram os aparelhos de

GA e o trampolim acrobático. Como forma de avaliação a turma foi dividida em dois grupos e eles tiveram que criar uma CC sintetizando tudo que foi visto no decorrer das intervenções. No início muitos eram tímidos, mas com o decorrer das aulas superaram essa condição e participaram efetivamente. A aluna com deficiência física participou efetivamente das aulas, tanto que nos surpreendeu quando na 5ª aula, ela fez o avião. Foi o ápice da aula. Os alunos ficaram envolvidos e encantados com as atividades, principalmente os meninos, o que foi outra surpresa. Segundo o código, a GR é essencialmente feminina, mas, sabese que em alguns países da Europa e Ásia, com destaque para o Japão, é praticada também por homens, com algumas variações. No ambiente escolar, a vivencia da GR para ambos os sexos pode ser muito motivante e diferenciada, pois os meninos, culturalmente são estimulados somente para a prática de esportes coletivos com bola ou de esportes individuais de lutas ou do Atletismo. [...] A vivência destes fundamentos pelo público masculino é a oportunidade para quebrar a concepção de que a Ginástica, em especial a Rítmica é coisa de menina (TOLEDO, 2009, p. 144). No princípio, quando os alunos perguntavam se seria futebol era como se eles não gostassem das nossas aulas. Mas foi percebido que havia interesse, que eles tinham motivação, o que era preciso era sistematizar melhor as conexões entre as atividades, mostrar a importância da ginástica, utilizar objetos para chamar a atenção deles. Nesse momento foi dado um salto nas aulas. O resultado foi visto melhor quando um dos alunos, retornando a escola após nossa aula na sala de ginástica do CEFD, disse que a aula tinha sido quase melhor que o futebol. Na aula que sucedeu um feriado só havia 11 alunos e os estagiários decidiram rolar a bola. Resolveram dar o tão querido futebol. Nesse momento compreenderam que às vezes rolar a bola e fazer a vontade do seu aluno é gratificante e pode enriquecer (ajudar) o seu trabalho. Para comemorar o gol faziam movimentos da ginástica e foram bem criativos. Os recursos utilizados na escola foram: quadra esportiva, colchonetes, arco, bola, fita, maças, corda e som. É preciso salientar que a escola não possuía os aparelhos de GR então para que os alunos pudessem vivenciar foi pego emprestado com o CEFD/UFES. No dia da aula expositiva foi utilizado o data-show e em um encontro os alunos foram visitar a sala de ginástica do CEFD/UFES. A visita ao CEFD e o empréstimo dos aparelhos são para possibilitar uma vivência mais ampla aos educandos, pois Os materiais, equipamentos e instalações, são importantes e necessários para o fazer das práticas corporais das aulas de

Educação Física em qualquer perspectiva que o professor se paute (SEDU, 2009, p.116). Para ponderar como o conteúdo era absorvido pelos alunos as avaliações realizadas foram: formativa, no qual foi observado o envolvimento e a participação dos alunos durante o processo. A somativa, quando ao final fizeram uma CC para sistematizar tudo que foi desenvolvido nas aulas. Além disso, houve a produção de um breve relato por eles sobre as aulas. A CC foi imprescindível, pois a fase de demonstração é um momento importante na produção do conhecimento da GG, pois mostra a força do trabalho coletivo, a autossuperação das dificuldades tanto pessoais (timidez, medo da exposição), como coletivas (dificuldades de relacionamento entre pessoas do grupo, inclusão de pessoas com necessidades especiais na coreografia, etc). Além disso, apresenta-se como um momento de avaliação geral do que foi produzido pelos alunos e pelo docente (SILVA, 2011, p. 52). Considerações finais Trabalhar a ginástica nas aulas EF não é tão comum no século XXI, momento em que os esportes permanecem no topo, mas já foi muito utilizada antes. Não foi uma tarefa fácil realizar esse projeto, além de trabalhar um conteúdo que eles não estavam acostumados tinha-se a preocupação em incluir uma deficiente física. O mais gratificante de fazer um trabalho docente decente, com empenho e vontade é o resultado que se alcança, pode-se perceber com os relatos dos alunos que os objetivos com as aulas foram atingidos. Foi uma oportunidade de desmistificar conceitos sobre essa atividade. Pode-se notar que houve uma mudança de visão a respeito da ginástica e que o que conheciam se resumia ao que se via na televisão, ou seja, conhecia apenas a ginástica competitiva. Na escola essa visão tem de ser diferente e sem medo de errar pode-se dizer que foi alcançado isso com essas intervenções. Ficou comprovado que é possível trabalhar com esse tema sim, e isso deve partir do professor, ele tem de estar disposto a trabalhar. Aliás, é dever do professor estimular o aluno a participar das aulas, a apresentar novos conteúdos para que os alunos aumentem a gama de conhecimentos e a tornar as aulas mais interessantes e produtivas. Acredito que os alunos gostaram de trabalhar com esse tema, de conhecer mais sobre essa prática que não é explorada nas escolas e que os alunos têm o direito de conhecer essa prática que faz parte do universo de conteúdos que a EF abarca. Foi um sucesso o conjunto das aulas, foram alcançados os objetivos, e os alunos manifestaram que gostaram. O professor deve saber como estimular os alunos e isso foi buscado para realização desse projeto. Comprovou-se que é possível trabalhar com a ginástica sim na EF escolar. Tudo é fruto do compromisso, da vontade, da responsabilidade. Poder contribuir para enriquecer com a cultura do aluno é simplesmente magnífico. É o professor realmente cumprir o seu dever de educador.

Referências FÓRUM INTERNACIONAL DE GINÁSTICA GERAL, 5., 2010, Campinas. Anais... Campinas, SP: FEF / UNICAMP, 2010. Espírito Santo (Estado). Secretaria da Educação Guia de implementação / Secretaria da Educação. Vitória: SEDU, 2009. SILVA, P. C. da C. Conhecimento e metodologia do ensino da ginástica. Vitória: UFES, Núcleo de Educação Aberta e a Distância, 2011. SOARES, C. L. et al. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992. TOLEDO, E.; TSUKAMOTO, M. H. C.; GOUVEIA, C. R. Fundamentos da ginástica geral. In: In: NUNOMURA, m; TSUKAMOTO, M. H. C. Fundamentos das ginásticas. Jundiaí: Fontoura, 2009, p. 23-49. TOLEDO, E. Fundamentos da ginástica rítmica. In: In: NUNOMURA, M; TSUKAMOTO, M. H. C. Fundamentos das ginásticas. Jundiaí: Fontoura, 2009, p. 143-172.