LUIZ ANTONIO LOPES PLANEJAMENTO E GESTÃO DE PROJETOS NAS ORGANIZAÇÕES MILITARES DE SAÚDE DO EXÉRCITO BRASILEIRO Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. Orientador: Professora Sonia Dutra. Rio de Janeiro 2014
C2014 ESG Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG Assinatura do autor Biblioteca General Cordeiro de Farias Lopes, Luiz Antonio. Planejamento e gestão de projetos nas Organizações Militares de Saúde do Exército Brasileiro / Coronel Médico Luiz Antonio Lopes. - Rio de Janeiro : ESG, 2014. 53 f.: il. Orientador: Professora Sonia Dutra. Trabalho de Conclusão de Curso Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2014. 1. Planejamento. 2. Gestão. 3. Projetos. 4. Ferramentas. 5. Saúde. I.Título.
A todos aqueles que durante o meu período de formação contribuíram com ensinamentos e incentivos. A minha gratidão, em especial, às minhas queridas filhas e, amada esposa pela compreensão, como resposta aos momentos de minhas ausências e omissões, em dedicação às atividades da ESG.
AGRADECIMENTOS Aos meus professores de todas as épocas por terem sido responsáveis por parte considerável da minha formação e do meu aprendizado. Aos colegas estagiários da melhor Turma do CAEPE, pelo convívio harmonioso de todas as horas. Ao Corpo Permanente da ESG pelos ensinamentos e orientações que me fizeram refletir, cada vez mais, sobre a importância de se estudar o Brasil com a responsabilidade implícita de ter que melhorar.
Nunca servirei de minha profissão para corromper os costumes ou favorecer o crime; prometo que ao exercer a arte de curar, me mostrarei sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência. Hipócrates
RESUMO Esta monografia aborda o modelo de planejamento e gestão de projetos que está sendo aplicado nas Organizações Militares de Saúde do Exército e que tem adquirido importância cada vez mais acentuada para o administrador militar de saúde. Nos últimos anos a cobrança por resultados, eficiência e transparência por parte do gestor público tem se tornado um fator determinante na marcha para o profissionalismo na gestão em saúde. Nesse sentido, o Serviço de Saúde do Exército, desde 2009, vem passando por um processo de transformação que apresenta uma elevada demanda por projetos a serem administrados em suas Organizações Militares de Saúde. Ao pesquisarmos o modelo e a adequabilidade das ferramentas disponíveis para a Gestão de Projetos nas Organizações Militares de Saúde, nos deparamos com uma normatização genérica para todas as Organizações Militares, as Normas para Elaboração, Gerenciamento e Acompanhamento de Projetos no Exército Brasileiro (NEGAPEB). Tal normatização apresenta-se com uma redação profunda e abrangente, sendo útil para a gestão de um amplo espectro de projetos. Embora, não apresente em seu contexto uma abordagem específica para projetos na área de saúde, sua abrangência e amplitude permite que seja utilizada, desde os modelos mais simples aos mais complexos no nível estratégico, podendo inclusive, ser adaptada aos projetos da área de saúde. Cabe ressaltar, que nos últimos cinco anos, com a implementação do plano de revitalização do serviço de saúde na instituição, novas e modernas ferramentas, com características específicas para serem utilizadas na gestão de projetos em saúde, estão sendo empregadas pela Força e exigem um planejamento meticuloso, intenso e altamente especializado. Palavras-chave: Planejamento. Gestão. Projetos. Ferramentas. Saúde.
ABSTRACT This research discusses the model of planning and project management being implemented in Military Healthcare Organizations Army has become increasingly getting importance for military health care administrator. In recent years, the demand for results, efficiency and transparency by the public manager has become mandatory towards professionalism in healthcare management. Accordingly, the Army Healthcare Service, since 2009, has been undergoing a process of transformation that introduces a high demand for projects to be conducted in their Military Organizations Healthcare. While researching the model and suitability of tools available for management projects on Military Healthcare Organizations, faced with a generic standardization for all Military Organizations, Standards for Development, Monitoring and Management Projects in the Brazilian Army (NEGAPEB). Such standardization is presented with a deep and comprehensive writing that is useful for the management of a broad spectrum of projects. Despite of not bring forward a specific approach to health care projects, scope and breadth allows it to be used, from the simplest to the most complex models at the strategic level and can even be suitable to healthcare projects. It is worth highlight that in the last five years, with the implementation of the health service revitalization plan in the institution, new and modern tools, with specific features for use in health project management, are being employed by the Force and require meticulous, intense and highly specialized planning. Keywords: Planning. Management. Projects. Tools. Healthcare.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT AP AS BSC DGP D Sau EAP EB EP FUSEX GESPÚBLICA MD NEGAPEB ODG ODS Associação Brasileira de Normas Técnicas Autoridade Patrocinadora Autoridade Solicitante Balanced Score Card Departamento-Geral do Pessoal Diretoria de Saúde Estrutura Analítica do Projeto Exército Brasileiro Escritório de Projetos Fundo de Saúde do Exército Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização Ministério da Defesa Normas para Elaboração, Gerenciamento e Acompanhamento de Projetos no Exército Brasileiro Órgão de Direção Geral Órgão de Direção Setorial OMS Organizações Militares de Saúde PEE Projeto Específico do Exército PEG Programa de Excelência Gerencial PMBOK Project Management Body Of Knowledge PMI Project Management Institute PROCAP Programa de Capacitação e Atualização Profissional PRSS Plano de Revitalização do Serviço de Saúde SAMMED SIGA SIPLEX SSEX Sistema de Assistência Médica aos Militares, Pensionistas e seus Dependentes Sistema de Informações Gerenciais e Acompanhamento Sistema de Planejamento do Exército Serviço de Saúde do Exército
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...9 2 OBJETIVO...13 2.1 OBJETIVO GERAL...13 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...13 2.3 QUESTÕES DE ESTUDO...13 2.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO...13 2.5 RELEVÂNCIA DO ESTUDO...14 2.6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...14 2.6.1 Tipo de Pesquisa...14 2.6.2 Coleta de Dados...15 2.6.3 Tratamento dos Dados...15 2.6.4 Limitações do Método...16 3 DESENVOLVIMENTO...17 3.1 IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE PROJETOS...17 3.2 NORMATIZAÇÃO E INTERDEPENDÊNCIAS...17 3.3 PROGRAMA DE EXCELÊNCIA GERENCIAL...19 3.4 PLANO DE REVITALIZAÇÃO DO SERVIÇO DE SAÚDE...23 3.5 CRIAÇÃO/AMPLIAÇÃO OU REFORMA...26 3.6 ELABORAÇÃO, GERENCIAMENTO E ACOMPANHAMENTO...28 3.7 AVALIAÇÃO E DISCUSSÃO...42 4 CONCLUSÃO...47 REFERÊNCIAS...52
10 1 INTRODUÇÃO O crescente nível de exigência da sociedade em relação a administração pública, em particular, no tocante aos serviços prestados na área de saúde, a cobrança por resultados, eficiência e transparência, vem se tornando cada vez mais um fator essencial para o gestor público. Nesse contexto, o Exército Brasileiro desde 2009, vem passando por um importante processo de transformação e revitalização na área de saúde, por meio da implementação de diversos projetos e práticas gerenciais que vem se mostrando determinantes para o aperfeiçoamento e melhoria contínua da qualidade dos serviços de saúde prestados aos usuários e pacientes vinculados ao Sistema de Assistência Médica prestada aos Militares, Pensionistas e Dependentes (SAMMED), Sistema de Saúde da Instituição e ao Fundo de Saúde do Exército (FUSEX). Características e peculiaridades do gerenciamento de projetos no campo da saúde, em função da rápida evolução tecnológica, aquisição de modernos equipamentos de última geração, novos materiais, medicamentos e emprego de inovações técnicas de investigação diagnóstica e terapêutica, têm impactado cada vez mais fortemente o setor saúde, gerando possibilidades e avanços; mas por outro lado, vem acarretando dificuldades decorrente do aumento crescente dos custos financeiros, tornando o planejamento e a gestão de recursos humanos e orçamentários em saúde, extremamente complexa e constituindo-se como fator primordial para a busca incessante da excelência gerencial. Atualmente, o aumento significativo das questões referentes a gestão pública, vem gerando novas demandas, quanto à gestão de projetos a serem implementados pelos gestores do dinheiro público. Um outro aspecto a ser considerado, se deve a uma crescente exposição dos serviços envolvidos na assistência a saúde por parte da mídia, fruto de diversas falhas importantes em todo o sistema que envolve as questões da saúde no Brasil. O Serviço de Saúde do Exército, apesar de não possuir em sua estrutura administrativa e de assistência, as falhas mais comuns encontradas nos demais serviços de saúde pública, no entanto, está exposto em grande parte, a mesma legislação básica. Nesse sentido, o Serviço de Saúde do Exército está sujeito a um duplo controle, ou seja: a controles internos e externos à Força, a cobranças em relação a eficiência e níveis de qualidade assistenciais por parte de seus usuários,
11 além de estar sob risco permanente de exposição na mídia como qualquer outro órgão civil de assistência à saúde. Cumpre ressaltar ainda, que habitualmente a gestão de um projeto na área de saúde, implementado nos diversos hospitais e policlínicas militares, é de responsabilidade de um profissional de saúde militar. Tal profissional, na maior parte das vezes, não teve uma formação específica para a gestão em saúde. Evidencia-se assim, necessidade de capacitação e especialização nesta área, a fim de nortear os caminhos a serem percorridos na gestão de tais projetos. Consequente, entre outros, ao Plano de Revitalização do Serviço de Saúde do Exército, determinada em Portaria do Comandante do Exército, vários projetos na área de saúde estão sendo implementados nas atuais Organizações Militares de Saúde do Exército (OMS). Além disso, a própria evolução acelerada da tecnologia e do conhecimento na área de saúde, apresentam como resultado grande número de projetos a serem desenvolvidos nessas OMS, visando mantê-las atualizadas e em nível de ponta na condução de suas atividades. A sistematização na gestão de tais projetos, específicos da área de saúde, deve ser priorizada, visando a obtenção efetiva de resultados finais satisfatórios. Como reflexo da evolução dos métodos de gestão de projetos e processos na atualidade, espera-se da administração pública a mesma eficiência apresentada no meio privado. Para tal, é necessário que sejam fornecidas ferramentas de gestão adequadas para a correta administração de projetos dentro do serviço público. Esta exigência é mais evidente no meio militar, caracterizado pela normatização rígida de suas atividades. Espera-se, então que existam dentro do meio militar, e mais especificamente, do Exército Brasileiro, ferramentas capazes de auxiliar o gestor das Organizações Militares na execução de projetos. Consequentemente, espera-se também a existência de ferramentas específicas para a área de saúde, responsável por um volume grande de recursos financeiros e projetos dentro da Força. Faz-se necessário aqui nos questionarmos em que medida as atuais OMS do Exército, levam em conta o modelo de planejamento estratégico e gestão de projetos para a área de saúde e se as ferramentas disponíveis são suficientes e adequadas para tal gestão. Este trabalho tem como proposta, fazer um levantamento das principais ferramentas administrativas, no âmbito do Exército Brasileiro para a gestão de projetos na área de saúde, que podem ser utilizadas nessas OMS. Além disso,
12 realizaremos uma análise da adequabilidade da normatização do Exército Brasileiro, referente a gestão de projetos, e mais especificamente projetos em saúde. As crescentes exigências na gestão pública, em todos os níveis, demandam uma administração cada vez mais profissional. A correta gestão na execução de projetos em todas as áreas, e em especial na área de saúde, são um ponto importante de tal profissionalização. O alinhamento com os mais modernos e eficientes preceitos da administração pública e privada se tornam cada vez mais relevantes para o resultado final de toda a gestão em saúde. Ao realizarmos o levantamento da normatização que rege a gestão de tais projetos, verificaremos se há ferramentas adequadas que possam auxiliar os Diretores dos hospitais e policlínicas militares em suas gestões, visando o êxito em seus projetos e a adequabilidade em relação aos controles exercidos pelos órgãos competentes para tal. Para a confecção do presente trabalho devemos ter em mente algumas definições baseadas na literatura e nas normas vigentes no Exército Brasileiro. Primeiramente a compreensão que um plano, como o Plano de Revitalização do Serviço de Saúde (PRSS), é composto de uma série de programas, que reunidos irão, a longo prazo compor tal plano. Um projeto possui tempo e objetivos delimitados visando a melhoria ou instituição de determinado modo de ação ou serviço a ser prestado. A gestão de tal projeto é a realização de ações que permitam o sucesso de tal projeto, através de planejamento adequado, em todos os níveis, e durante todo o se transcurso. Em saúde, cada ramo de atividade possui peculiaridades, portanto, cada projeto deve levar em consideração inúmeros aspectos específicos. Além disso devem ser levados em consideração também, os aspectos específicos da atividade militar. Tais considerações nos faz ter em mente que ao avaliarmos as ferramentas existentes para a gestão de projetos em saúde devemos levar em consideração também o Regulamento Interno e dos Serviços Gerais, o Regulamento de Administração do Exército entre outros. Esta legislação, específica da Força Terrestre vai determinar limites das responsabilidades e das possibilidades de atuação em cada nível de chefia. Regulamenta ainda os procedimentos internos a serem considerados na execução de projetos de qualquer tipo.
13 A Diretriz para a Implantação do Plano de Revitalização do Serviço de Saúde do Exército, determinada em Portaria do Comandante da Força, estabelece diversos objetivos a serem cumpridos, por diversos órgãos do Exército Brasileiro. Sendo, atualmente, a melhor referência geral para a determinação de objetivos que regem diversos projetos em grande número de Organizações Militares de Saúde. Devemos ter em mente que as ferramentas que dispomos atualmente são meios auxiliares para a gestão de projetos. A peça mais importante de todo este complexo sistema de gerenciamento de projetos é sem dúvida nenhuma, a pessoa que administra o projeto e faz uso das ferramentas disponíveis. Embora, a gestão de recursos humanos não seja objeto deste trabalho, é sem dúvida uma peça fundamental em todo este ambiente. Nesse sentido, a capacitação do pessoal de saúde, visando a adequada utilização das ferramentas disponíveis para a gestão de projetos é um elemento decisivo para se alcançar os objetivos e o sucesso do planejamento estratégico da OMS. A gestão eficiente de projetos é diretamente dependente de múltiplos fatores. Em sua maioria, estes são passíveis de melhorias em sua eficiência. Pessoas podem ser capacitadas, sistemas de informática podem ser desenvolvidos e aperfeiçoados, normatizações podem ser criadas e revisadas. O objetivo deve ser sempre o mesmo, a eficiência. Esta eficiência, tratando-se das ferramentas a serem utilizadas para a gestão de projetos, tem seu foco no sucesso dos projetos a serem desenvolvidos e geridos. O desenvolvimento e aprimoramento das ferramentas a serem utilizadas deve ser contínuo e sempre levando em consideração as peculiaridades da administração pública e militar. Acentuada ainda mais, por todas as peculiaridades da gestão em saúde, que não faz parte da atividade-fim da instituição, tendo características completamente diversas das demais atividades militares.
14 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Levantar a existência de ferramentas administrativas (legislação, sistemas) que possam servir de modelo para a gestão de projetos na área de saúde, a serem realizados nas Organizações Militares de Saúde do Exército Brasileiro. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS a) realizar o levantamento da legislação do Exército Brasileiro, referente a gestão de projetos em geral; b) realizar o levantamento da legislação específica do Exército Brasileiro para a gestão de projetos na área de saúde; c) analisar a adequabilidade e aplicabilidade desta normatização para o Serviço de Saúde do Exército Brasileiro. 2.3 QUESTÕES DE ESTUDO: A necessidade de uma normatização específica, na área de gestão de projetos de saúde no Exército Brasileiro é evidente. Foram levantadas as Portarias, Normas e demais documentações existentes referentes ao tema, assim como foram analisadas em relação às demandas atuais do Serviço de Saúde do Exército Brasileiro (SSEx). 2.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO A pesquisa ora empreendida realizou uma análise da legislação em vigor no âmbito da administração militar, especificamente do Exército Brasileiro, referente ao planejamento e gestão de projetos, com ênfase na área de saúde, voltadas para as Organizações Militares de Saúde (OMS): Hospitais e Policlínicas Militares e pretende tão somente, apontar para alguns fatores que devam ser objeto de análise e reflexão para estudos posteriores, estando fora do escopo deste trabalho, estabelecer novos parâmetros ou propor uma nova política de saúde para a Força.
15 2.5 RELEVÂNCIA DO ESTUDO As crescentes exigências na gestão pública, em todos os níveis, demandam uma administração cada vez mais profissional. A correta gestão na execução de projetos em todas as áreas, e em especial na área de saúde, constitui-se em um ponto fundamental para o gestor que atua como dirigente de hospitais e policlínicas militares. O alinhamento com os mais modernos e eficientes preceitos de uma administração bem planejada e executada, tornam-se cada vez mais relevantes para o resultado final de toda a gestão em saúde. Ao realizar o levantamento da normatização que rege a gestão de tais projetos, busca-se verificar se há ferramentas adequadas que possam auxiliar os Diretores das Organizações Militares de Saúde em suas gestões, visando o êxito dos planejamentos e projetos executados e a adequabilidade em relação aos controles exercidos pelos órgãos competentes para tal. Uma normatização específica e condizente com as exigências atuais é ferramenta importante de apoio à gestão das Organizações Militares de Saúde. 2.6 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS A seguir, para uma melhor compreensão, é apresentada a metodologia que foi utilizada para desenvolver o trabalho, seguindo-se os seguintes tópicos: tipo de pesquisa, coleta de dados, tratamento de dados e limitações do método. 2.6.1 Tipo de Pesquisa A pesquisa foi qualitativa, uma vez que foi realizada, basicamente por meio do levantamento e análise de bibliografia. Tal bibliografia é composta pela legislação específica da Força Terrestre, além de livros, artigos e normas civis referentes à gestão de projetos na área de saúde. Quanto ao objeto este trabalho é bibliográfico pois realiza o levantamento junto à legislação, artigos e livros que possam servir como referência ao tema proposto, ou seja, planejamento e gestão de projetos na área de saúde para as Organizações Militares de Saúde.
16 Quanto aos objetivos da pesquisa, o trabalho será descritivo, pois visa levantar informações e dados existentes sobre o assunto: gestão de projetos em saúde e as ferramentas a serem utilizadas para as Organizações Militares de Saúde. Quanto aos procedimentos, o trabalho será bibliográfico pois utilizará fontes secundárias, ou seja livros, portarias do Ministério da Defesa e do Exército Brasileiro, além de normas referentes ao tema, assim como outros livros e artigos científicos referentes ao gerenciamento de projetos em saúde. 2.6.2 Coleta de Dados O trabalho foi inicialmente realizado com uma pesquisa bibliográfica da legislação e literatura específicos das áreas de administração em saúde. Foram utilizados para tal livros, manuais, revistas especializadas, artigos, anais de congressos, internet, teses e dissertações que possuam informações e dados relevantes sobre o assunto em questão. Usando os dados desse levantamento, foi realizada uma análise da normatização militar, especificamente do Exército Brasileiro, referente a gestão de projetos, planos e programas para a área de saúde empreendidos pela Força. Por fim, foi realizada uma análise comparativa das normas existentes e dos conceitos básicos na gestão de projetos de saúde preconizados pela literatura especializada. Dessa análise concluiu-se sobre a necessidade, ou não, de uma maior normatização sobre o aspecto em questão. 2.6.3 Tratamento dos Dados De acordo com a abordagem qualitativa que foi adotada no trabalho desenvolvido, foi realizada uma análise crítica da legislação e dos principais documentos levantados, tais como: o Programa e o Sistema de Excelência de Excelência Gerencial, das Normas para Elaboração, Gerenciamento e Acompanhamento de Projetos e, principalmente, o Plano de Revitalização do Serviço de Saúde do Exército, suas diretrizes e programas interligados.
17 2.6.4 Limitações do Método A metodologia escolhida para este trabalho apresenta algumas dificuldades e limitações em relação à coleta e ao tratamento dos dados. Quanto à coleta de dados, o método estará limitado à documentação relativamente escassa, no âmbito militar, referente ao tema proposto, o que determinou uma dificuldade em relação ao universo dos dados a serem avaliados. Mesmo considerando-se as limitações referidas, a metodologia escolhida foi considerada a mais adequada para que fosse alcançado os objetivos da pesquisa e obter o sucesso no desenvolvimento do trabalho proposto.
18 3 DESENVOLVIMENTO 3.1 IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE PROJETOS É um processo por meio do qual um determinado projeto é elaborado e levado a uma conclusão, após a realização de um planejamento minucioso e detalhado, sendo de fundamental importância para o desenvolvimento do mesmo. Somente podemos considerar que uma determinada instituição possui excelência na atividade que executa, quando dispõe de recursos materiais e humanos preparados e motivados, conhecimentos, habilidades, além de possuir ferramentas modernas e eficientes de gestão para implementar seus projetos. Tal afirmação se aplica também para a atividade militar. Uma gestão adequada apresentará melhores resultados em todos os níveis, tanto do ponto de vista técnico-administrativo, como operacional. Projetos bem administrados e executados terão como consequência direta e indireta uma maior efetividade na obtenção dos seus objetivos organizacionais. No tocante a efetividade de suas ações, a atividade de saúde, independentemente do meio em que é exercida, deve possuir como resultado efetivo da boa gestão de projetos, uma maior eficiência, com menores custos e resultados mais satisfatórios. Não podemos esquecer que as funções puramente administrativas referentes ao Serviço de Saúde, tendem a guardar semelhanças com outras funções administrativas associadas a outras armas ou serviços, principalmente as que atuam em atividades logísticas. São os projetos que permitirão que determinado ramo de atividade não permaneça estagnado em seus modelos de atuação. Projetos bem executados possibilitarão o desenvolvimento de capacidades técnicas, a adequação de espaços físicos e instalações, a reestruturação dos modos de atuação, dentre outros. 3.2 NORMATIZAÇÃO E INTERDEPENDÊNCIAS Ao desenvolvermos o tema proposto, partiremos de uma avaliação das demandas atuais do Serviço de Saúde do Exército Brasileiro, até a análise da norma mais abrangente e atual do Exército, em relação à gestão de projetos.
19 Faremos uma breve avaliação de algumas normas do Serviço de Saúde do Exército que possuem relação direta com a execução de projetos relacionados à Saúde, que estão sendo desenvolvidos nas Organizações Militares de Saúde da Força desde 2009. Inicialmente, abordaremos o Plano de Revitalização do Serviço de Saúde do Exército, que determina em sua concepção a necessidade da implementação de diversos projetos e programas inovadores, com preponderância técnica ou não, relacionados à necessidade de revitalizar todo o Serviço de Saúde do Exército como um todo, nos mais diversos aspectos. Em seguida, partiremos para o conteúdo das Normas para Criação e Ampliação ou Reforma de Clínicas ou Instalações em Organizações Militares de Saúde, no Âmbito do Exército. Como o próprio nome indica, tais normas estão diretamente relacionadas a realização de obras nas diversas Organizações Militares de Saúde (hospitais, policlínicas e postos médicos de guarnição), distribuídas pelo país. Demonstra explicitamente as demandas referentes a este cenário, com evidente necessidade de gerir os projetos que venham a ser realizados, balizando alguns aspectos técnicos e administrativos a serem adotados nos procedimentos que dizem respeito a este tipo de obras. Estas normas iniciais fazem claras as demandas a serem supridas por qualquer tipo de ferramenta a ser utilizada na gestão de projetos em Organizações Militares de Saúde. O suprimento destas demandas é que evidenciará a eficiência de tal ferramenta de gestão. Por fim, será feita uma exposição dos principais pontos importantes existentes nas Normas para Elaboração, Gerenciamento e Acompanhamento de Projetos no Exército Brasileiro. Estas normas são as mais recentes e disponibilizam importantes ferramentas para a gestão de projetos. A avaliação sobre sua abrangência e condições de suprir as necessidades específicas do Serviço de Saúde é o ponto principal a ser desenvolvido. Como critérios, serão utilizadas as informações fornecidas nas normas anteriores. Antes, uma breve exposição sobre o histórico do Programa de Excelência Gerencial (PEG) no Exército Brasileiro, semente que deu origem à gestão de projetos e que se aplica para qualquer tipo de administração profissional e eficiente da Força Terrestre, sendo importante ferramenta para a compreensão de toda a evolução existente e desejada neste aspecto.
20 3.3 PROGRAMA DE EXCELÊNCIA GERENCIAL Ao pesquisar o Programa de Excelência Gerencial do Exército Brasileiro (PEG), verifica-se que o mesmo surgiu a partir de um projeto elaborado pelo Estado- Maior do Exército (EME, 2003), com o objetivo de melhorar a operacionalidade da tropa e os anseios da Defesa. Tal projeto, tinha como escopo, ser um instrumento para a reorganização das atividades da Força Terrestre, sob a égide da Excelência Gerencial, tendo seus princípios sido estabelecidos a partir de diretrizes do Comandante da Força. Desde então, o Exército Brasileiro gradualmente, vem sendo submetido a importantes transformações. A preservação de seus valores históricos, sem perder o foco no processo de evolução do substrato político, econômico e social do Brasil e do mundo, cada vez mais globalizado é o alicerce que mantém a estrutura da Força. Durante tal processo de evolução, a criação do Programa de Excelência Gerencial foi definido como um Programa que possibilitasse a melhoria continuada da gestão e da operacionalidade de todo o Exército Brasileiro. Todo este processo, iniciou-se com a criação da Assessoria Especial do Gabinete do Comandante do Exército, encarregada de implantar o Programa de Excelência Gerencial (PEG). Visando o sucesso de tal ação, foram estabelecidos intercâmbios de cooperação com instituições civis, públicas e privadas, para gerar um fluxo de idéias que trouxeram à Força os primeiros conhecimentos de Balanced Score Card (BSC). Neste mesmo período, também surgiram as primeiras normatizações, dentro da Força, referentes ao tema da qualidade da gestão. Deve ser ressaltado que o objetivo do Exército Brasileiro sempre foi a implantação e difusão de tais idéias em todos os níveis da Força Terrestre. Diversas ações foram tomadas com este foco, desde então. Uma delas foi a implantação, no Exército, da metodologia de autoavaliação adotada pelo Programa de Qualidade do Serviço Público, atualmente Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização (GESPÚBLICA), oriunda do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Para tal, realizou-se uma capacitação específica para os militares, que entre outros efeitos, possibilitou uma aproximação entre o Ministério de Planejamento Orçamento e Gestão e o Exército Brasileiro.
21 A linha de ação determinada pelo Comando da Força, desde o início de todo o Programa, foi priorizar ações simples e focadas nos resultados. Estimulou-se a participação de diversas Organizações Militares em prêmios de qualidade, nos diversos âmbitos, como ferramenta de aperfeiçoamento da gestão e de alinhamento do Exército Brasileiro com as diretrizes do Governo Federal para os órgãos públicos. Diversas atividades foram desenvolvidas a partir daí, como a definição das fases de implantação do PEG e a realização das primeiras autoavaliações nas diversas OM do Exército Brasileiro. Além disso, foram incentivadas e implementadas a participação de integrantes da Força em diversos cursos na Escola de Administração Fazendária e na Escola Nacional de Administração Pública; a criação da metodologia para implantação desse programa nos Estabelecimentos de Ensino do Exército e a publicação de diversas portarias complementares referentes ao programa. Ainda em 2003, com a participação de diversos especialistas de grande capacidade e com a cooperação de diversos centros universitários e de outros órgãos públicos e empresas do meio civil, foram realizadas diversas atividades, distribuídas por todo o Brasil, visando a formação e capacitação de gestores e auditores de gestão de elevado nível para colaborarem no desenvolvimento do Programa. No mesmo ano de 2003, algumas Organizações Militares foram vencedoras de prêmios de qualidade em diferentes níveis e percebeu-se um pensamento voltado para a gestão, de uma forma mais organizada dentro da Força. Foram sendo levantadas as oportunidades de inovação e melhoria e priorizadas ações efetivas para consolidação dos Projetos de Inovação e Melhoria. Foi elaborado o Planejamento Estratégico Organizacional (PEO), com a implantação de inovações e melhorias, realizadas por meio de ações de comando, análise e melhoria dos processos existentes nas Organizações Militares, e também, por meio de projetos elaborados pelo Plano de Gestão da Organização Militar. O Planejamento Estratégico Organizacional e o Processo de Melhoria Contínua são ferramentas que, se operadas conjuntamente, permitem elevar os níveis dos resultados e partir em direção à excelência gerencial. O Processo de Melhoria Contínua é fundamentado nos princípios da excelência como liderança, estratégias, informações e conhecimento. Essas ferramentas, alinhadas com a gestão dos processos e de projetos com um sistema de medição adequado, determinou-se como sendo o Modelo de Excelência Gerencial do Exército Brasileiro.