NOTÍCIAS FISCAIS Nº BELO HORIZONTE, 1º DE AGOSTO DE 2014.

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Transcrição:

http://www.bhauditores.com.br/ NOTÍCIAS FISCAIS Nº 2.879 BELO HORIZONTE, 1º DE AGOSTO DE 2014. Não existe triunfo sem perda, não há vitória sem sofrimento, não há liberdade sem sacrifício. J. R. R. Tolkien STJ NEGA LIMINAR QUE LIVRARIA TIM DE PENHORA PARA INDENIZAR CONSUMIDOR... 2 CONSELHO ANALISA USO DE ÁGIO PELA TIM... 2 TST MANDA EMBRATEL PAGAR PLR A FUNCIONÁRIO DEMITIDO... 3 NÚMERO DE ESCRITÓRIOS DEVE CRESCER SEIS VEZES COM ADVOCACIA NO SIMPLES... 4 PROJETO CRIA ATIVIDADE PARA BACHARÉIS EM BANCAS... 6 APARELHO DE AR-CONDICIONADO DE BAR NÃO PODE SER PENHORADO... 6 INCENTIVOS FISCAIS SÃO UM DOS PRINCIPAIS PONTOS DE DIVERGÊNCIAS ENTRE OS ESTADOS... 7 EQUIPARAÇÃO DE ÁGIO PROVOCA PERDA PARA AS EMPRESAS... 10 GUERRA FISCAL: O COMEÇO DO FIM?... 11

STJ nega liminar que livraria TIM de penhora para indenizar consumidor Fonte: Valor Econômico. O ministro Luis Felipe Salomão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), não concedeu liminar à operadora de telefonia TIM em processo contra um consumidor. A TIM havia pedido a suspensão do processo na Justiça do Maranhão para evitar a penhora de valores para o pagamento de indenização. O consumidor participou de promoção anunciada pela televisão durante um campeonato de futebol. O prêmio era um carro. Ele enviou SMS e recebeu confirmação pelo celular de que teria ganhado o veículo. Ao entrar em contato com a TIM para retirar o prêmio, foi informado de que deveria desconsiderar a mensagem, pois teria havido um erro. Ajuizada ação de indenização contra a TIM, a sentença foi favorável ao consumidor. Após o trânsito em julgado da sentença, a empresa entrou com ação rescisória contra a determinação de pagamento de indenização por danos materiais e morais, pois estes não teriam sido requeridos na ação. Como a rescisória foi rejeitada na segunda instância, a TIM ingressou com recurso especial no STJ, alegando que "não há previsão legal de que a eventual perda de prazo recursal obste o ajuizamento de ação rescisória". De acordo com o site do STJ, o ministro Salomão entendeu que para a concessão de efeito suspensivo a recurso especial é necessário demonstrar que a prestação jurisdicional é urgente e que o direito alegado é plausível o que não seria o caso. Conselho analisa uso de ágio pela TIM Fonte: Valor Econômico. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) começou a julgar recurso da TIM contra autuação fiscal pelo uso indevido de um ágio de R$ 600 milhões para reduzir a base de cálculo do Imposto de Renda (IR) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). O primeiro voto proferido na quarta-feira foi favorável à companhia. O julgamento, porém, foi interrompido por pedidos de vista. O ágio é gerado quando uma companhia adquire outra por um preço maior do que o de mercado, contando com uma valorização futura. A Lei nº 9.532, de 1997, permite que o ágio seja amortizado em, no mínimo, cinco anos. No caso, o ágio foi obtido por meio da compra da Tele Nordeste Celular Participações - que controlava seis empresas de telecomunicação da região - pela Bitel Participações, formada por empresas do grupo TIM no Brasil e no exterior. O negócio foi fechado na época das privatizações das empresas do setor, nos anos 90. De acordo com o processo, para a realização da operação foi instituída a empresa 1B2B Participações, que após reestruturações societárias foi extinta. Ao autuar a

TIM, o Fisco considerou que a 1B2B seria uma "empresa veículo" criada com o único objetivo de gerar ágio para reduzir a carga tributária da companhia. A TIM alega que essa foi a única forma encontrada para realizar a compra sem ferir a Lei das Sociedades Anônimas (Lei nº 6.404, de 1976) ou as instruções da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). "No caso da TIM não houve nenhum ganho adicional [com a criação de empresas]. A operação foi feita assim por razões fora do campo fiscal", afirma o advogado que representa a companhia no processo, Douglas Guidini Odorizzi, do escritório Dias de Souza Advogados Associados. Odorizzi cita que realizar a compra direta contrariaria, por exemplo, o Decreto nº 2.617, de 1998. A norma determina que a maior parte do controle de concessionárias de serviços de telecomunicação seja brasileiro. O caso começou a ser julgado pela 2ª Turma da 4ª Câmara da 1ª Seção do Carf. O relator do caso, conselheiro Carlos Pelá, votou de forma favorável à companhia. Para ele, caso fosse realizada de outra forma, a operação de compra da Tele Nordeste Celular traria o mesmo resultado à TIM. O conselheiro lembrou ainda que a possibilidade de aproveitamento de ágio foi regulamentada justamente para estimular as privatizações. "Acho pouco louvável que a União venha, depois de tantos anos, questionar a regra do jogo", afirmou. O caso foi retirado de pauta após pedidos de vista dos conselheiros Frederico Augusto Gomes de Alencar e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. O processo não tem data para voltar a julgamento, mas a turma deverá se reunir novamente entre 26 e 28 de agosto. Procurada pelo Valor, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) informou que não comentaria o julgamento. TST manda Embratel pagar PLR a funcionário demitido Fonte: Valor Econômico. Decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) determina que a Empresa Brasileira de Telecomunicações S.A. (Embratel) pague a um ex-funcionário a parcela de participação nos lucros e resultados (PLR) de forma proporcional ao período trabalhado no ano. A informação é do site do TST. Os ministros da 6ª Turma consideraram inválida cláusula de convenção coletiva que previa o recebimento da PLR somente se o empregado estivesse trabalhando em 31 de dezembro daquele ano. Dispensado após 30 anos de serviços, o empregado propôs a reclamação na Justiça para receber a parcela de 2007, não paga na rescisão contratual. O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região (SP) entendeu que, como o trabalhador foi dispensado em 18 de maio de 2007, não se enquadrava na

determinação da convenção coletiva. Porém, para o ministro relator Augusto César Leite de Carvalho, a decisão regional contrariou a Orientação Jurisprudencial (OJ) nº 390 da Subseção 1 Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) do TST. "É inválida a limitação temporal, sem previsão de recebimento proporcional da verba, disposta em norma coletiva", esclareceu o relator, com base na OJ. "A sua força de trabalho contribuiu para a produção de resultados positivos para empresa", afirma. Número de escritórios deve crescer seis vezes com advocacia no Simples Fonte: Valor Econômico. A entrada da advocacia no Simples Nacional- regime simplificado de tributação - possibilitará que milhares de profissionais se formalizem, por meio de novos escritórios. Hoje, apenas 5% dos 822 mil advogados do país integram formalmente bancas. A previsão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) é de que o número de escritórios cresça seis vezes nos próximos cinco anos, passando dos atuais 20 mil para 126 mil. O projeto de lei que amplia o Simples Nacional - ou Supersimples - foi aprovado pelo Senado Federal neste mês e deve ser sancionado no próximo dia 7. O projeto acrescenta 140 atividades econômicas ao regime diferenciado. Só indústrias de bebidas alcoólicas, tabaco e armas ficaram de fora. Além da advocacia, outras atividades que poderão ser incluídas são medicina, odontologia e psicologia. Hoje, 95% dos profissionais da advocacia trabalham por conta própria, em empresas ou outras atividades. A entrada no Supersimples, porém, incentivará a formação de novos escritórios - que pelo Estatuto da OAB (Lei nº 8.906, de julho de 1994) só pode ser instituído com pelo menos dois sócios. No regime simplificado, as bancas com faturamento até R$ 3,6 milhões poderão pagar alíquota única de 4,5% a 16,85% de tributos. Atualmente, pelo regime de lucro presumido, as sociedades de advogados têm carga tributária de, no mínimo, 11,33%, segundo Sebastião Luiz Gonçalves dos Santos, conselheiro do Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo (CRC- SP). Para chegar a esse percentual foram contabilizados o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), CSLL, PIS e Cofins. Já os advogados autônomos ficam sujeitos a alíquotas de Imposto de Renda que podem chegar a 27,5% sobre os rendimentos, feitas as deduções. Uma simulação do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) indica que, para um escritório com despesas de mão de obra de 40% e custos administrativos de 35%, o Simples seria mais vantajoso do que o regime do lucro presumido para a faixa de rendimento de até R$ 2,16 milhões. No caso, a alíquota

pelo Simples Nacional seria de 13,25%, ante 13,42% no regime de lucro presumido. A entidade também calcula que a sociedade com receita bruta anual de R$ 180 mil pagaria alíquota de 4,5% no Simples Nacional, ante uma carga tributária de 8,77% no regime de tributação pelo lucro real e 11,33% pelo lucro presumido. As alíquotas não incluem a contribuição previdenciária patronal. Para o cálculo, também deve ser levada em consideração a carga tributária de Imposto sobre Serviços (ISS) das sociedades de advogados, segundo Gustavo Brigagão, diretor de relações institucionais do Centro de Estudos das Sociedades de Advogados (Cesa). "A alíquota do Supersimples abrange todos os tributos, inclusive o ISS. Hoje, as sociedades de advogados pagam um valor fixo de ISS", diz. Para Marcus Vinicius Furtado Coêlho, presidente da OAB, o simples vai beneficiar a formalização dos jovens advogados e dos escritórios de pequena estrutura, que têm uma arrecadação menor. Ele estima que a formalização dos advogados deve seguir o que ocorreu com os contadores - até 2008 a atividade era vedada no enquadramento no Simples Nacional e, hoje, cerca de 30% dos profissionais estão formalizados. "A ampla base dos advogados brasileiros [cerca de dois terços] é formada por pessoas de rendimento inferior a R$ 180 mil", afirma o presidente da OAB. No entanto, dentre os escritórios de advocacia formalizados, só 20% têm faturamento inferior a esse montante, segundo Coêlho. Segundo levantamento da Ordem, até mesmo o governo deve ganhar em arrecadação pela ampliação da base de contribuintes e geração de empregos. A entidade estima uma geração de 424 mil novos empregos com as novas sociedades de advogados. Essa projeção da entidade usa como parâmetro o crescimento dos empregos nos escritórios de contabilidade após sua inclusão no Supersimples (62% entre 2009 e 2011). Para o presidente da Associação dos Advogados de São Paulo (AASP), Sérgio Rosenthal, a proposta, que ainda depende de sanção presidencial, colabora para a criação de novas sociedades e estimula o ingresso dos advogados e escritórios na formalidade fiscal. "Muita gente que não pagava tributo porque a carga era penosa agora pagará impostos corretamente", diz o advogado. Segundo Rosenthal, a medida não acarreta diminuição na arrecadação. "Dois efeitos virão, o aumento da arrecadação na categoria e a geração de empregos com mais sociedades de advogados", diz o advogado.

Projeto cria atividade para bacharéis em bancas Fonte: Valor Econômico. Um projeto de lei (PL) do senador Marcelo Crivella (PRB- RJ) propõe a possibilidade de atuação, em escritórios de advocacia, de bacharéis em direito. Esses profissionais atuariam como assistentes de advogados. De acordo com o texto do Projeto de Lei nº 232, de 2014, que tramita na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, o auxiliar não poderia exercer atividade típica de advogado, como dar consultas ou assinar petições. Ele realizaria apenas funções paralelas, como colher provas para instruir ações, pesquisar precedentes na internet e fornecer material de apoio para audiências. O auxiliar poderia integrar a sociedade de advogados, dentro do limite de 25% das quotas sociais. Ele seria inscrito em quadro próprio na Ordem dos Advogados do Brasil, com anuidade correspondente a 60% da regular. O papel do auxiliar, de acordo com o texto do projeto, seria o de desenvolver a "assistência técnica superior" em escritórios e departamentos jurídicos, privados ou públicos, sob a supervisão geral de advogado. Também faria a mediação, na esfera pública ou privada. Na prática, o assistente de advocacia poderia exercer todas as atividades que não estão definidas como privativas de advogado. Na justificativa do projeto, o senador Marcelo Crivella afirma que a atividade tem paradigma nos Estados Unidos, Canadá e Inglaterra. Segundo Crivella, o Brasil tem um problema que vem "se agigantando", que são os bacharéis em direito que não conseguem a aprovação no exame da Ordem Para o presidente da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, o projeto de lei cria um profissional de segunda categoria na advocacia. "Melhor do que criar um jeitinho é estudar para passar no exame da OAB", diz o advogado, acrescentando que, hoje, essas funções são exercidas nos escritórios por profissionais no começo da carreira e estagiários. Aparelho de ar-condicionado de bar não pode ser penhorado Fonte: Conjur. Aparelhos de ar-condicionado são equipamentos imprescindíveis para o funcionamento de bares e restaurantes, já que garantem o conforto da clientela. Assim, não podem ser levados à penhora, sob pena de comprometer a continuidade do negócio. A conclusão é da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, ao manter sentença que desconstituiu a penhora sobre três aparelhos para pagar dívidas tributárias com o fisco estadual. A possibilidade de livrar da penhora estes bens se necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão vem expressa no artigo 649, inciso V, do Código de Processo Civil (CPC).

Com as altas temperaturas que fazem no verão neste Estado, bem como nas baixíssimas temperaturas no inverno, retirar os aparelhos de ar-condicionado da empresa executada resultaria em uma significativa queda da clientela, o que pode acarretar o encerramento das atividades daquela, escreveu no acórdão o desembargador João Barcelos de Souza Júnior, relator da Apelação. O relator manteve, entretanto, a penhora sobre os dois aparelhos de televisão do estabelecimento devedor. Afinal, apesar de servirem para distrair a clientela da empresa, não são imprescindíveis para sua atividade e dificilmente sua ausência vai causar perda de clientes. O acórdão foi lavrado na sessão do dia 2 de julho. Incentivos fiscais são um dos principais pontos de divergências entre os estados Fonte: Portal de Notícias do Senado Federal. Na votação do Projeto de Lei Complementar (PLC) 99/2013, que altera as regras de indexação das dívidas dos estados e municípios, a Câmara dos Deputados excluiu a parte que previa a convalidação dos incentivos fiscais concedidos pelos estados para atrair investidores privados sem a aprovação por unanimidade pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), colegiado que reúne os 27 secretários estaduais de Fazenda do país. Esses incentivos foram considerados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal e há a possibilidade de a Corte editar uma súmula vinculante consolidando o entendimento quanto à inconstitucionalidade dos instrumentos da guerra fiscal. Proposta nesse sentido já foi feita pelo ministro Gilmar Mendes. A previsão é que a crise dos estados se agrave com uma eventual declaração de inconstitucionalidade de todas as leis estaduais que amparam a guerra fiscal, o que aconteceria com a súmula vinculante. Diante do clima de insegurança jurídica, empresas estariam cancelando investimentos programados nesses estados, como relatou o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Lindbergh Farias (PT-RJ). Tais riscos poderiam conduzir a um entendimento em torno da questão que divide os estados. É que a aprovação da convalidação dos incentivos fiscais foi condicionada pelo governo federal a uma reforma do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O objetivo é reduzir, nos estados, a margem para a prática da guerra fiscal, com a unificação das alíquotas interestaduais. A proposta do governo (PRS 1/2013) foi encaminhada ao Congresso Nacional no início de 2013. O projeto foi aprovado pela CAE e ainda não foi incluído na ordem do dia do Plenário em razão da resistência de parte dos estados a um novo arranjo das alíquotas interestaduais, medida acolhida pela comissão como alternativa à simples unificação.

Atualmente, as alíquotas interestaduais são de 7% nas Regiões Sul e Sudeste e de 12% nas demais. A reforma inicialmente proposta busca a unificação gradual, com a redução de um ponto por ano, até chegar a 4%, com exceção dos produtos da Zona Franca de Manaus e do gás natural, que continuariam em 12%. Entretanto, o substitutivo aprovado pela CAE modificou o projeto original do Executivo, instituindo na prática três alíquotas. São elas: 12% para gás proveniente das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e produtos da Zona Franca e de áreas de livre comércio; 4% para mercadorias que saem do Sul e Sudeste com destino a outras regiões (a partir de 2016); e 7% para produtos das demais regiões quando destinadas ao Sul e Sudeste (a partir de 2018). Nas transações entre estados de uma mesma região, conforme o substitutivo da CAE, vale a regra geral que unifica as alíquotas interestaduais em 4% a partir de 1º de janeiro de 2021. Mas todas as reduções de alíquotas seriam feitas de maneira gradual, de um ponto percentual por ano. Compensação As perdas de arrecadação que os estados viessem a ter em decorrência da redução das alíquotas prevista no PRS 1/2013 deveriam ser compensadas com a criação do Fundo de Desenvolvimento Regional e do Fundo de Compensação de Receitas, estipulada na Medida Provisória 599/2012. Na época da edição da MP, houve muitas críticas de parlamentares quanto ao uso de um instrumento provisório para disciplinar um assunto com impacto pelos próximos 20 anos, tempo estimado para os reflexos da reforma do ICMS prevista no PRS 1/2013. Devido às divergências, a medida provisória não foi votada e perdeu eficácia no primeiro semestre de 2013. O senador Paulo Bauer (PSDB-SC) apresentou então um projeto (PLS 106/2013 Complementar) que reproduz os termos da MP 599/2013. A proposta foi aprovada no fim de 2013 pela CAE por um placar apertado 12 votos contra 8 e gerou polêmica quanto à sua constitucionalidade, uma vez que a competência para criação de fundos é do Poder Executivo. Os questionamentos sobre os aspectos constitucionais também despertaram o temor de que a proposta causasse a mesma insegurança jurídica produzida pela Lei Kandir. Até 2003 a Lei Kandir garantiu aos estados o repasse de valores para compensar as perdas decorrentes da isenção de ICMS. Mas, a partir de 2004, a Lei Complementar 115 alterou essa legislação e manteve o direito de repasse, embora não fixasse o valor. Com isso, os governadores precisam negociar a cada ano com o Executivo o montante a ser repassado, mediante recursos alocados no Orçamento da União. Convalidação Quanto à convalidação dos incentivos fiscais, os senadores continuam procurando um entendimento, desta vez em torno da discussão de projeto de lei

complementar (PLS 130/2014) de autoria da senadora Lúcia Vânia (PSDB- GO). O risco de o STF aprovar uma súmula vinculante declarando inconstitucionais todos os incentivos fiscais concedidos sem aval do Confaz é cada vez mais iminente. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já se manifestou a favor da proposta de súmula vinculante apresentada pelo ministro Gilmar Mendes e relatada pelo então presidente do STF, Joaquim Barbosa. O próprio Janot esclarece a consequência prática da aprovação dessa súmula: os estados eventualmente prejudicados na guerra fiscal poderão reclamar diretamente no Supremo, alegando o descumprimento do enunciado, o que será um caminho célere para derrubar o incentivo inconstitucionalmente concedido. O senador Luiz Henrique (PMDB-SC) apresentou em 14 de julho substitutivo ao PLS 130/2014 com o objetivo de afastar o risco de inconstitucionalidade da proposta original. A fórmula encontrada pelo relator da proposta de Lúcia Vânia transfere a decisão para os estados e reduz o quórum para deliberação do Confaz, hoje dependente da unanimidade dos 27 secretários estaduais de Fazenda. O convênio para a convalidação, de acordo com o texto, pode ser assinado com votos favoráveis de dois terços das unidades federadas e um representante do Sul, outro do Sudeste e um do Centro-Oeste, mais dois do Norte e três do Nordeste. A redução vale apenas para a convalidação de incentivos fiscais, a remissão (perdão) dos créditos tributários decorrentes da guerra entre os estados e a eventual reinstituição dos benefícios. Comércio eletrônico No âmbito das discussões sobre a reforma do ICMS, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) defendeu a inclusão da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 197/2012. O texto já foi aprovado pelo Senado e tramita na Câmara dos Deputados. A PEC determina mudança no sistema de cobrança do imposto sobre operações de comércio eletrônico. A ideia é que o ICMS incidente sobre comércio eletrônico seja distribuído entre o estado remetente e o de destino das mercadorias, independentemente de o comprador ser ou não pessoa física. Atualmente, de acordo com a Constituição, caso o comprador de mercadorias pelo comércio a distância seja pessoa física (não contribuinte do ICMS), toda a arrecadação permanece no estado de origem da transação. A repartição ocorre somente quando o destinatário dos produtos contribui com o ICMS, ou seja, é pessoa jurídica. Em março, o ministro do STF Luiz Fux concedeu liminar determinando que a arrecadação do imposto deve ficar com o estado de origem da mercadoria, inclusive no chamado comércio não presencial, que inclui as transações feitas pela internet. Fux afirma que os estados não podem, diante de um cenário que lhes seja desfavorável, simplesmente instituir novas regras de cobrança de ICMS, desconsiderando a repartição estabelecida pelo texto constitucional.

Equiparação de ágio provoca perda para as empresas Fonte: DCI. A equiparação do ágio contábil ao fiscal nas operações de fusão, aquisição e cisão proposta pela Medida Provisória MP 627/13, convertida na Lei 12.973 neste ano, trouxe dentre outras obrigações para a amortização da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), a necessidade de as empresas reconhecerem os ativos identificáveis a valor justo para apuração antes do reconhecimento do ágio. Embora tenha sido criado como um benefício fiscal pelo governo, a amortização do ágio tem com a nova lei uma redução na sua base de apuração, o que aumenta a arrecadação da Receita. O custo da aquisição de investimento oriundo de participação societária passará a ser segregado entre as seguintes contas: patrimônio líquido, menos e mais-valia, que corresponde à diferença entre o valor justo do conjunto dos bens adquirido e o patrimônio líquido, e o ágio por rentabilidade futura (goodwill), que corresponde à diferença entre o custo de aquisição do investimento e o somatório dos valores de mais ou menos-valia. Para a sócia da prática tributária do Mattos Filho, Andrea Bazzo Lauletta, a dedutibilidade pode ser alterada e reduzida, entretanto, intangíveis passa a ser contabilizado para a amortização. A regra antiga tinha a possibilidade de colocar um item numa categoria que incidia menos pagamento de imposto. Essa medida foi geradora de muitos questionamentos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) sobre a correção de alocamento desses itens, disse Andrea. Ela explica que a regra antiga trazia muita instabilidade e insegurança. Embora o aproveitamento fora maior no passado, a nova obrigação traz uma segurança para o contribuinte tanto para fins contábeis como para fins fiscais. A obrigatoriedade reduz a base de apuração do ágio, uma vez que o valor da compra passou a ser contraposto ao valor justo do patrimônio líquido da investida. Fica também fixado o estabelecimento da ordem de preferência para o fundamento econômico, uma vez que, a mais-valia deve ter reconhecida sua fundamentação legal, colocando o ágio a um valor residual de compra, antes não explicado pelo patrimônio líquido da incorporada. Antes de 2007 não tinhamos uma regulamentação contábil do que fazer com a mais-valia paga. Então, o que se fazia para fins de pagamento tributário era mandar um estudo dizendo que aquela mais-valia paga era uma rentabilidade futura pelo investimento adquirido, e só poderia tomar essa mais-valia paga com

benefício tributário quando o investimento fosse realizado, afirmou o diretor de tributos da BDO, Marcelo Sanches em seminário. O especialista explica que com a previsão legal, a empresa fica obrigada a reavaliar os ativos e reconhecer aqueles não identificados, como intangíveis. Ele lembra que quando comprava-se a empresa A por um valor maior que o justo, incorporava-se o investimento e esse ágio se tornava dedutível em até 5 anos, ou dentro do estudo preparado de retorno. Se o estudo de preparo era superior ao 1/60 (5 anos) a empresa pegava à proporção, porque o Fisco não era explícito quanto ao método que a empresa deveria adotar, conta. Entretanto, segundo Sanches, a nova lei trouxe uma mudança significativa para essas operações. Esse ágio que a empresa paga deve ser classificável naquilo que realmente foi trazido para a empresa. Quando compro uma empresa compro ativo, carteira de clientes, marca, bens intangíveis. Quando faço uma aquisição de empresa tenho de saber qual valor justo daquela aquisição. O valor de maquinários, dos produtos, das licenças. Tem que ser feito esse trabalho para que se possa classificar esse bem contabilmente, avalia. A lei determina que apenas o goodwill e a mais-valia entre partes independentes serão consideradas para gerar despesas dedutíveis desde que não fique comprovada a existência de dependência societária. O comprador do bem não pode ser empresa controlada direita ou indiretamente, e o alienante não pode ser sócio, titular, conselheiro ou administrador da pessoa jurídica compradora. De acordo com a nova lei o valor da mais ou menos-valia, deverá ser baseado em laudo elaborado por perito independente que deverá ser protocolado na Secretaria da Receita Federal, ou deverá ser registrado em Cartório de Registro de Títulos e Documentos, até o último dia útil do 13º mês subsequente ao da aquisição da participação. Caso seja comprovado vícios nos laudos eles não terão eficiência, destaca Sanches. O artigo 65 da Lei 12.973/2014 dispôs expressamente que o regime do ágio previsto nos artigos 7º e 8º da Lei 9532/1997 continuaria sendo aplicado às incorporações, fusões e cisões ocorridas até 31 de dezembro de 2017, desde que as aquisições de participação societária tenham sido realizadas até 31 de dezembro de 2014. Se houver interesse em proceder incorporações para o aproveitamento da rentabilidade futura, o momento é agora, disse ele. Guerra fiscal: o começo do fim? Por Jerry Levers de Abreu para o Valor Econômico. No dia 30 de julho foi publicado o Convênio ICMS nº 70, resultado de um acordo firmado por 21 das 27 unidades federadas (20 Estados e o Distrito Federal) sobre os termos que deverão ser observados para a celebração de convênio que disponha sobre a remissão e

anistia de créditos tributários relativos a incentivos e benefícios fiscais e financeiros, vinculados ao ICMS, autorizados ou concedidos pelas unidades federadas sem aprovação do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), bem como sobre sua reinstituição. O ato é relevante e há motivos para comemoração, já que, no mínimo, traz algum progresso em relação ao tema no momento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) ameaça a publicação de uma súmula vinculante que, apesar de objetivar a resolução (ainda que parcial) dos problemas relacionados ao assunto, pode colocar ainda mais lenha na fogueira de um tema suficientemente inflamável. A pergunta que fica é: poderia a publicação do Convênio ICMS nº 70 ficar marcada como "lançamento da pedra fundamental" para resolução dos atuais problemas e insegurança jurídica enfrentados pelos contribuintes quando o tema é guerra fiscal? É cedo para dizer. De acordo com o Convênio ICMS 70, deverão ser observados os termos constantes do seu anexo para remissão e anistia de débitos de ICMS relacionados à guerra fiscal. O referido anexo constitui uma minuta de Convênio, esse sim a ser celebrado pelos Estados para regulamentação da anistia e remissão mencionadas, além da reinstituição de benefícios e incentivos fiscais e financeiros. Nos termos da minuta de Convênio, as unidades federadas deverão, em até 90 dias da produção de efeitos do Convênio de que trata a minuta: (i) publicar relação de todos os atos normativos relativos aos incentivos e benefícios fiscais e financeiros objeto de remissão/anistia; e (ii) efetuar o registro e depósito, junto à Secretaria Executiva do Confaz, da documentação comprobatória correspondente aos atos concessivos dos referidos incentivos e benefícios. Além da possibilidade de remissão e anistia, a minuta de Convênio ainda possibilita a extensão dos incentivos e benefícios por até 15 anos, a partir do ano seguinte ao da produção de efeitos do convênio a ser celebrado, dependendo do tipo de incentivo e atividade a que estiver vinculado. Outros dois aspectos bastante positivos da minuta de convênio se referem ao fato de que as unidades federadas também poderão: (i) estender a concessão dos incentivos e benefícios a outros contribuintes estabelecidos em seu território, sob as mesmas condições e nos prazos limites de que trata a minuta de convênio; e (ii) aderir aos benefícios e incentivos concedidos ou prorrogados por outra unidade federada da mesma região, enquanto vigentes. Porém, ainda há diversos desafios à frente. Alguns são relacionados à própria adesão dos Estados aos termos da minuta de convênio, já que nem todos quiseram participar. Nesse ponto, a dificuldade de se obter unanimidade dos Estados é uma questão recorrente no tema guerra fiscal. Outros desafios são relacionados à própria implementação das medidas, já que a minuta de convênio traz uma série de condicionantes, incluindo atos a serem

praticados não apenas pelo Senado Federal, mas pelas duas casas do Congresso Nacional. O caminho não é simples, pois a produção de efeitos do convênio a ser celebrado está condicionada, entre outros, à edição de resolução do Senado Federal que estabeleça a redução gradual da alíquota do ICMS nas operações e prestações interestaduais conforme anexo à minuta do convênio e promulgação de Emenda Constitucional que promova a repartição, entre o Estado de origem e de destino, do ICMS sobre operações e prestações interestaduais que destinem bens e serviços a consumidor final não contribuinte do imposto. É condicionante, ainda, a aprovação de lei complementar que disponha sobre a instituição de fundos federativos, com recursos da União, para auxílio financeiro aos Estados, Distrito Federal e Municípios para compensar perdas de arrecadação e desenvolvimento regional no valor mínimo de R$ R$ 296 bilhões. De todo modo, não se pode negar que a publicação do Convênio ICMS 70 representa um importante marco nas discussões relacionadas à guerra fiscal. Entretanto, ainda é prematuro classificá-lo como o início efetivo de uma edificação, tal como a cerimônia simbólica com origens Celta e Maçônica de colocação da pedra fundamental. O boletim jurídico da BornHallmann Auditores Associados é enviado gratuitamente para clientes e usuários cadastrados. Para cancelar o recebimento, favor remeter e-mail informando CANCELAMENTO no campo assunto para: <noticiasfiscais@bhauditores.com.br >.