DOR PÓS- OPERATÓRIA. Avaliação da qualidade da analgesia em Cirurgia Ortopédica no Hospital da Prelada. Mestrado Integrado em Medicina 2011/2012

Documentos relacionados
ria: Por Que Tratar? Can Dr. Daniel Volquind TSA/SBA

INCIDÊNCIA DE NÁUSEAS E VÓMITOS NO PÓS-OPERATÓRIO EM PEDIATRIA

Idosos Ativos, Idosos Saudáveis

Analgesia Pós-Operatória em Cirurgia de Grande Porte e Desfechos

Se é possível cuidar, recuperar e integrar as pessoas internadas, dependentes com incapacidade funcional, sem a ENFERMAGEM DE REABILITAÇÃO?

Propriedades psicométricas da versão Portuguesa do Adolescent Pediatric Pain Tool (APPT/PT)

QUESTIONÁRIO SOBRE TRATAMENTO DA DOR AGUDA PÓS-OPERATÓRIA

Anestesia para cirurgia ambulatorial na criança

I PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E ATUALIZAÇÃO EM ANESTESIOLOGIA E DOR DA SARGS ANESTESIA PEDIÁTRICA: PODEMOS REDUZIR A MORBIMORTALIDADE?

Telefonema de Acompanhamento Pós-alta à Criança e Família. A Luz Acompanha-te!

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM FRENTE ANESTESIA GERAL

MEDICINA PÓS OPERATÓRIA UNIDADE DE DOR AGUDA

Resiliência e burnout em trabalhadores de enfermagem

Propriedades psicométricas da versão Portuguesa do ADOLESCENT PEDIATRIC PAIN TOOL

Diretor Dr. Mesquita Dois anos de experiência de hernioplastias inguinais em ambulatório com ProGrip

TRATAMENTO DA DOR PÓS OPERATÓRIA. Vernot Garcia Matabula MD. Interno 3º ano Data 08/11/2017

Anexo da Política de Anestesia e Sedação

1 - Projeto de Intervenção Serviço de Ortopedia ULSN Unidade de Macedo de Cavaleiros.

Áquila Lopes Gouvêa Enfermeira da Equipe de Controle de Dor Instituto Central do Hospital das Clínica da Faculdade de Medicina da USP

ESTUDO RETROSPETIVO: AVALIAÇÃO DE ENFERMAGEM DO UTENTE SUBMETIDO A PROCEDIMENTO ENDOSCÓPICO COM SEDAÇÃO/ANESTESIA GERAL

Que importância para os indicadores de resultado? A campanha da OMS Cirurgia Segura, salva vidas

A toda a minha família e amigos que, cada um com a sua particularidade, me foi relevante e importante com todo o seu carinho e apoio emocional.

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DAS QUEDAS EM CRIANÇAS INTERNADAS EM HOSPITAL PEDIÁTRICO

QUESTIONÁRIO. Sou Enfermeira, presentemente a realizar o Mestrado em Ciências da dor na

ESTUDOS AVANÇADOS EM ANESTESIOLOGIA REGIONAL

Cuidados Paliativos no AVC em fase aguda

CULTURA DE SEGURANÇA: PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL DE ENSINO

Noroeste. 1 Enfermeiro. Especialista em Oncologia Clínica. Docente do Curso de Enfermagem da Faculdade

Análise da Revisão Cochrane: Alta Hospitalar Precoce para Hospitalização Domiciliária. Cochrane Database Syst Rev. 2017;6:CD

Perceção das crianças e pais sobre a qualidade de vida durante o tratamento oncológico

Profilaxia antibiótica em cirurgia

Cuidados em Fim de Vida numa USF

Resultados Sensíveis aos Cuidados de Enfermagem de Reabilitação na Artroplastia Total do Joelho

AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO E DA QUALIDADE APERCEBIDA PELOS UTENTES DO CHMA 2016 RELATÓRIO DETALHADO

UNIDADE DE ORTOGERIATRIA DO CENTRO HOSPITALAR GAIA/ESPINHO. Rafaela Veríssimo 23 de Novembro de 2017

TUDO ISTO EXISTE TUDO ISTO É TRISTE TUDO ISTO É DOR.

Estudo Compara Efeitos da Morfina Oral e do Ibuprofeno no Manejo da Dor Pós- Operatória

Análise Crítica da Monitorização com Índice Biespectral

BURNOUT NOS ENFERMEIROS DA UNIDADE DE DESABITUAÇÃO DE COIMBRA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO ATENDIMENTO FONOAUDIOLÓGICO DE PACIENTES TRATADOS DO CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO

REABILITAÇÃO NUM PERCURSO HOSPITALAR - Fratura da Extremidade Proximal do Fémur

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO LABORATÓRIO DE ANÁLISE DO TRABALHO

AVALIAÇÃO DOS DOENTES COM SUSPEITA CLÍNICA DE TEP COM RECURSO A ANGIO-TC Estudo retrospectivo

Projeto de candidatura

Workshop Atenção! Mais Carga não. Universidade do Minho, Azurém, 31 de Outubro de 2007

Produção e gestão hospitalar: o caso das ciências laboratoriais

NT NATS HC UFMG 51/2015

COMUNICAÇÃO ENTRE A EQUIPE DE ENFERMAGEM / PACIENTES / FAMILIARES EM UTI: uma revisão bibliográfica.

O Sistema de Triagem de Manchester e a avaliação da pessoa com dor

Fabiane Silva de Oliveira. O Impacto das Quedas na Qualidade da Assistência do Idoso Hospitalizado: uma revisão da literatura

[José Manuel Boavida Director do Programa Nacional para a Diabetes]

AVALIAÇÃO DA DOR DE PACIENTES EM PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO 1

RETALHOS ÂNTERO-LATERAL DA COXA E RETO ABDOMINAL EM GRANDES RECONSTRUÇÕES TRIDIMENSIONAIS EM CABEÇA E PESCOÇO

A INTERVENÇÃO HUMOR EM ENFERMAGEM NUM SERVIÇO DE ORTOPEDIA: ESTRATÉGIAS E BENEFÍCIOS

Lisboa, 25 de Novembro de 2016

Avaliação do desempenho: como comparar os resultados

4.2. Psicologia social da música Preferência musical, motivação e emoção Preferência musical e personalidade...

Ana Fernanda Yamazaki Centrone Enfermeira Centro de Oncologia e Hematologia Hospital Albert Einstein

Surgical or Transcatheter Aortic Valve. Replacement in Intermediate Risk Patients

Introdução: O transplante renal é a melhor forma de substituição da função. renal em termos de esperança de vida e qualidade de vida.

1. Legislação em vigor sobre acessibilidade aos cuidados de saúde. Portaria n.º 95/2013. D.R. n.º 44, Série I de

Trombose Associada ao Cancro. Epidemiologia / Dados Nacionais

KEY WORDS: Palliative care. Nursing care. Professional training.

Produção científica em língua portuguesa: padrão de citação e avaliação dos indicadores de citação atuais de revistas biomédicas de língua portuguesa

PROJECTO EM ORTOGERIATRIA

Mário Tadeu Waltrick Rodrigues Anestesiologista TSA / SBA. Pós Graduado em Terapia da Dor Universidade de Barcelona

APLICAÇÃO DE UM PROGRAMA EDUCATIVO NA CAPACITAÇÃO DO DOENTE ONCOLÓGICO COM DOENÇA AVANÇADA/CUIDADOR PARA A GESTÃO DA DOR EM DOMICÍLIO

Proposta de Estágio Opcional de. Anestesiologia em Dor Aguda

Camila Ap. Marques Faria de Melo Kíssila Brito Fiszer

Cirurgia colorretal esraeurope.org/prospect 1

Hernioplastia em ambulatório: resultado de 228 próteses auto-aderentes

Prémio Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa MSD em Epidemiologia Clínica

ESCLEROSE AMIOTRÓFICA LATERAL: um protocolo para assistência de enfermagem na UTI

Projeto Cirurgia Segura Salva Vidas

Índice. Índice... ii Sumário... iii Abstract... v

Comitê de Desenvolvimento

Colégio de Anestesiologia

Cirurgia Segura-TIME OUT em Sala Operatória (SO)

DECLARAÇÃO DE CONFLITO DE INTERESSES

Modelo Preditivo da readmissão hospitalar não planeada aos 30 dias num Departamento de Medicina

HISTERECTOMIA LAPAROSCÓPICA

CENTRO HOSPITALAR DO MÉDIO AVE, EPE AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO E DA QUALIDADE APERCEBIDA PELOS UTENTES DO CHMA 2014 RELATÓRIO RESUMIDO


A TODOS O MEU CARINHO E AGRADECIMENTO!

Questionário GERAÇÃO SAUDÁVEL: ANÁLISE ESTATÍSTICA

AVALIAÇÃO DE ATIVIDADE DE GRUPO DE ANESTESIA PARA CIRURGIA ORTOPÉDICA

PENSAMENTO. O desejo de ir em direção ao outro, de se comunicar com ele, ajudá-lo de forma eficiente, faz nascer em nós uma imensa

ÍNDICE LISTA DE QUADROS... III LISTA DE TABELAS... V LISTA DE ANEXOS... VII AGRADECIMENTOS... IX RESUMO... XI INTRODUÇÃO...1

Formulário de acesso a dados do Registo Nacional de Doentes Reumáticos da SPR

ULS Matosinhos, EPE - Hospital Pedro Hispano

COLECISTECTOMIA LAPAROSCÓPICA EM AMBULATÓRIO

Transcrição:

DOR PÓS- OPERATÓRIA Avaliação da qualidade da analgesia em Cirurgia Ortopédica no Hospital da Prelada Mestrado Integrado em Medicina 2011/2012 Autora: Inês Manpô Sousa Machado Leite Correio electrónico: leite.inesms@gmail.com Orientador: Dr. José Manuel Soares Malheiro Romão Co- orientador: Dr. Edgar Ribeiro Lopes

ÍNDICE GLOSSÁRIO DE ABREVIATURAS... 3 RESUMO... 4 ABSTRACT... 5 INTRODUÇÃO... 7 OBJETIVOS... 10 MATERIAL E MÉTODOS... 10 ANÁLISE ESTATÍSTICA... 11 RESULTADOS... 13 INFERÊNCIA ESTATÍSTICA... 18 DISCUSSÃO... 20 LIMITAÇÕES DO ESTUDO... 23 INVESTIGAÇÃO FUTURA... 24 CONCLUSÃO... 25 AGRADECIMENTOS... 26 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 27 ANEXO I... 30 ANEXO II... 34 2

GLOSSÁRIO DE ABREVIATURAS AG Anestesia Geral AO Artroscopia do Ombro BSA Bloqueio subaracnoideu Bloq. - Bloqueio Correção Hallux-Valgus Hallux DP Desvio padrão EN Escala numérica PONV Post-operative nausea and vomiting (Naúseas e Vómitos pós-operatório) PRN Pro re nata PTA- Prótese total da anca PTJ Prótese total do joelho PTO Prótese total do ombro SOS - Resgate SIGLAS DGS Direção Geral de Saúde HP Hospital da Prelada IASP Associação Internacional dos Estudos da Dor 3

RESUMO Introdução: O controlo da dor pós-operatória melhorou muito nas últimas décadas. No entanto, vários estudos publicados demonstram que esse controlo nem sempre é adequado, constituindo um importante fator de morbilidade e de aumento do tempo de internamento, provocando grande desconforto ao doente e com impacto nos resultados obtidos. Objetivos: O objetivo do presente estudo foi a avaliação da dor pós-operatória de doentes submetidos a cirurgia ortopédica (cirurgia de Correção Hallux-Valgus, Prótese de Joelho, Anca e Ombro, e Artroscopia de Ombro) em regime de internamento no Hospital da Prelada. Métodos: A amostra do estudo é constituída por 229 doentes internados no Hospital da Prelada, no período de 15 de Abril a 15 de Julho de 2011, com idade superior a 18 anos, sujeitos às cirurgias mencionadas acima. Foram retiradas informações demográficas através do processo dos doentes. De seguida procedeu-se a uma avaliação e registo da intensidade da dor utilizando a Escala Numérica, a Escala de Satisfação com a analgesia e a Qualidade Subjetiva do Sono (no recobro imediato, alta do recobro e às 2, 6, 12, 24, 36 e 48 horas do pós-operatório) Resultados: Os resultados obtidos indicaram que a incidência da dor não estava relacionada com o tipo de procedimento (p-value > 0,05). Registaram-se relatos consideráveis de dor às primeiras 12 horas pós-cirurgia para o procedimento Hallux e às 24 horas pós-cirúrgicas para os procedimentos Prótese Total do Joelho e Anca. Constatou-se todavia que foram poucos os doentes a necessitar de medicação SOS, sendo que o recurso à medicação em SOS foi mais evidente entre as 2h e as 12h nos três procedimentos. No que diz respeito à qualidade de sono dos doentes os registos foram maioritariamente positivos (boa e muito boa). Conclusão: Conclui-se que no Hospital da Prelada o controlo da dor é feito corretamente, minimizando o impacto que esta tem nos doentes. Os resultados deste estudo mostram que a 4

avaliação da intensidade da dor não se encontra diretamente relacionada com quaisquer das outras variáveis presentes no estudo. Palavras-chave: Dor; dor aguda pós-operatória; avaliação da dor; escala numérica; qualidade subjetiva do sono. Postoperative Pain: Evaluating the quality of analgesia in orthopedic surgery at Hospital da Prelada ABSTRACT Introduction: Postoperative pain control has improved greatly in recent decades. However, various studies show that this control is not always appropriate, presenting itself as an important factor of morbidity and increased length of hospitalization, causing great discomfort to the patient and impact on the end results. Objectives: The aim of this study was to evaluate postoperative pain of patients undergoing orthopedic surgery (Hallux-Valgus correction surgery, total knee, hip and shoulder replacement and shoulder arthroscopy) as inpatient in Hospital da Prelada. Methods: The study was performed at Hospital da Prelada, from April 15 to July 15 2011. The population was 229 patients, with more than 18 years, subject to the operations mentioned above. Demographic information was taken from the hospital files. Then we proceeded to an evaluation and record of pain intensity using the Numeric rating Scale, the Satisfaction Scale and the Subjective Quality of Sleep (admittance at recovery room, discharging from recovery room and at 2, 6, 12, 24, 36 and 48 hours after surgery). 5

Results: The results show no clear correlation between pain and the procedure that the patient underwent (p-value > 0.05). Patients stated that considerable pain was felt in the first 12 hours after the Hallux procedure, and 24 hours after surgery there were pain reports for Total Knee and Hip Prosthesis procedures. Furthermore, we noted that few patients required the PRN medication. However, when needed, it was most frequent between 2 and 12 hours posoperative, in the three procedures mentioned above. Regarding the quality of sleep, data was generally positive amongst patients (good and very good). Conclusion: We can conclude that at Hospital da Prelada the treatment of pain has good results, hence minimizing its impact on inpatients. Additionally, the results conducted in this study show that the intensity of pain felt is not directly correlated with any of the other variables analyzed in this study. Keywords: pain; pain assessment; acute postoperative pain; numeric rating scale; subjective quality of Sleep *Artigo indexado à Revista do Clube de Anestesia Regional (CAR). 6

INTRODUÇÃO A dor, mesmo sendo um fenómeno universal é singular, único e pessoal sendo que cada indivíduo lhe atribui uma intensidade e significado próprio 1. A IASP (International Association for the Study of Pain) define a dor como sendo uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a um dano tecidular real ou potencial, ou descrita em termos da existência de um tal dano, demonstrando que a dor apresenta um componente subjetivo. A Joint Comission on Acreeditation of Health Care Organizations e a National Pharmaceutical Council Inc., em 2001, afirmou que todos os anos 25 milhões de pessoas sofrem de dor aguda devido a cirurgia 2. Em 2003, a Universidade de Chicago realizou um estudo a nível nacional sobre a experiência de dor pós-operatória. Os resultados apresentados indicam que 80% dos doentes submetidos a cirurgia tiveram dor pós-operatória, sendo que 86% deles experimentaram dor moderada, severa ou extrema. Concluíram que os pacientes com dor pós-operatória continuam a ser sub-tratados 3. No entanto, embora tenha vindo a existir uma melhoria no controlo da dor, existem vários estudos publicados que demonstram alguma inadequação desse controlo. Este é assim, um importante fator de morbilidade e de aumento do tempo de internamento, provocando grande desconforto ao doente e impacto no resultado final do tratamento 4. O alívio da dor após procedimentos cirúrgicos continua a ser um grande desafio. Ao alívio da dor tem sido dada elevada importância pelos profissionais e pelas autoridades de saúde, sendo a analgesia peri-operatória um dos principais focos de melhoria 5,6,7,8. Atualmente, a utilização de técnicas anestésicas loco-regionais tem vindo a ganhar relevância devido aos excelentes resultados conseguidos. 7

Em vários países, foi recomendada a implementação de unidades funcionais para a melhoria do controlo da dor pós-operatória. As unidades funcionais devem ser uma estrutura multidisciplinar, que envolve anestesistas, cirurgiões, enfermeiros, fisioterapeutas e, eventualmente, outros especialistas. Neste contexto organizacional, o anestesista deve desempenhar um papel fundamental como coordenador da equipa responsável pelo tratamento da dor aguda, devido ao seu conhecimento específico de tratamento da dor aguda e fisiopatologia. A implantação deste tipo de organização pode melhorar o controlo da dor em departamentos cirúrgicos e parece ser capaz de reduzir a frequência de eventos adversos, como náuseas e vómitos. Não existindo um modelo/fórmula ideal de organização destes serviços especializados, deverá ser realizada uma adaptação às necessidades e oportunidades locais. No que diz respeito a uma análise custobenefício, existem alguns dados positivos relativamente a estes serviços, quando usados em combinação com protocolos de recuperação avançada. Contudo, as estratégias de integração dos serviços especializados e técnicas de reabilitação multimodais e programas específicos devem ser mais investigados numa escala maior 9,10,11,12. A avaliação da dor tem como principais objetivos a identificação da existência de queixa e a caracterização da experiência dolorosa, devendo para tal ser utilizado um instrumento específico. No entanto, ainda se encontram algumas falhas dos profissionais na identificação da presença de dor, ou mesmo negligência no seu tratamento, levando ao alívio inadequado. Assim, é importante que as avaliações sejam feitas e registadas de modo sistemático, utilizando-se escalas específicas para a caracterização e medição da dor 13. Em junho de 2008 a Direção Geral de Saúde (DGS) emitiu uma Circular Normativa onde equipara a dor a 5º sinal vital. Desde então, passou a ser considerada como boa prática e obrigação clínica o registo e avaliação regular da intensidade da dor, em todos os serviços prestadores de cuidados de saúde, tal como já acontece com os outros quatro sinais vitais (temperatura corporal, pressão arterial, frequência respiratória e frequência cardíaca). Esta visão 8

da dor como o 5º sinal vital, a sua subjetividade, o direito e dever do controlo da dor e o tratamento diferenciado da dor foram os princípios orientadores do Programa Nacional de Controlo da Dor 14. Os instrumentos utilizados, devem ser de compreensão simples para o doente e capazes de lidar com as variações da dor 15. Alguns desses instrumentos avaliam apenas a intensidade da dor. Contudo, há outros que avaliam a dor de uma forma multidimensional, incluindo fatores sensoriais, afetivos e emocionais 16. 9

OBJETIVOS No estudo realizado o objetivo foi a caracterização demográfica dos doentes, avaliação da dor pós-operatória de doentes submetidos a cirurgia ortopédica (Correção Hallux-Valgus (Hallux), Prótese de Joelho (PTJ), Anca (PTA) e Ombro (PTO), e Artroscopia do Ombro (AO) e o grau de satisfação dos doentes relativamente à analgesia. MATERIAL E MÉTODOS O presente estudo consistiu na observação de uma amostra de indivíduos adultos em período pós-operatório. A amostra foi composta por 229 doentes, com idade superior a 18 anos submetidos a cirurgias ortopédicas mencionadas anteriormente, em regime de internamento no Hospital da Prelada (HP) durante o período de 15 de Abril de 2011 a 15 Julho de 2011. A avaliação e registo da intensidade da dor, foi efectuada pelo enfermeiro/a, no período pósoperatório (no recobro imediato, alta do recobro e às 2, 6, 12, 24, 36 e 48 horas do pósoperatório) em ambiente de enfermaria. Esta avaliação foi feita com o doente em repouso e em movimento. A dor foi caracterizada usando a escala numérica. As escalas numéricas consistem numa série de números que variam de zero a 10, com as extremidades representando ausência e a pior dor possível. Assim, o doente escolheu o número que melhor quantificava a intensidade da sua dor 14,17,18,19. A escala utilizada para medir o grau de satisfação com a analgesia, foi a seguinte: 0 sem opinião; 1 nada satisfeito; 2 pouco satisfeito; 3 satisfeito; 4 muito satisfeito. Em relação à avaliação subjetiva do sono na primeira noite, foi quantificada com os seguintes 10

valores: 0 sem opinião; 1 muito má; 2 má; 3 boa; 4 muito boa. Tanto a escala do grau de satisfação com a analgesia, como a escala de avaliação subjetiva do sono, foram criadas específicamente para o presente estudo. O protocolo referente ao estudo em consideração foi devidamente aprovado pelos Conselhos Científico e Pedagógico do Mestrado Integrado em Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar/Centro Hospitalar do Porto Hospital Santo António, instituições integradas na Universidade do Porto, Porto, Portugal. Análise estatística Efetuou-se uma análise estatística descritiva, utilizando distribuições de frequência, médias e desvios-padrão para caracterizar a população participante. A intensidade de dor foi agrupada da seguinte forma: 0 (sem dor), 1-3 (dor ligeira); 4-7 (dor moderada); >7 (dor forte). Foram utilizados métodos não paramétricos: coeficiente de correlação ρ de Spearman (r S ) e teste do χ2 de Pearson. As variáveis referentes à dor foram recodificadas em duas categorias: 0 - sem dor e 1 - com dor. O coeficiente de correlação de Spearman, avalia a intensidade da relação entre duas variáveis, sendo o resultado interpretado da seguinte forma 20 : Varia entre -1 e 1. Perto de 0 (zero) significa que as variáveis não estão correlacionadas. Para valores perto de 1 ou de -1, existe uma forte correlação entre as duas variáveis. Valores negativos significam que, à medida que uma variável aumenta, a outra diminui. 11

Relativamente ao χ2 de Pearson, quando as condições de aproximação da distribuição do teste à distribuição χ2 não se verificaram, usaram-se os resultados do teste exato, que são consonantes com a simulação de Monte Carlo. Foi utilizado o teste χ2 de Pearson com a correção da continuidade, visto tratarem-se de tabelas de contingência 2x2. Nas situações em que tabelas do tipo 2x2 não puderam ser aplicadas, usou-se o teste alternativo de Fisher. Considerou-se um nível de significância (probabilidade de erro de tipo 1) de 0,05 em todas as análises inferenciais. Os dados obtidos foram codificados e armazenados numa base de dados do programa de análise estatística IBM SPSS Statistics 20 (IBM Corporation). 12

RESULTADOS Os dados relativos às características demográficas da população em estudo segundo os procedimentos cirúrgicos Correção de Hallux-Valgus, Prótese total do joelho (PTJ) e Prótese total da anca (PTA), encontram-se na Tabela I. Tabela I - Caracterização demográfica da população em estudo Procedimento Hallux PTJ PTA Género Masculino 4 (7,0%) 18 (18,4%) 35 (47,3%) Feminino 53 (93,0%) 80 (81,6%) 39 (52,7%) Idade (anos) Média (±DP) 55,2 (13,20) 68,5 (7,83) 68,6 (9,38) Mínimo 21 48 46 Máximo 79 86 92 Total 57 98 74 13

Na Tabela II, estão apresentados os dados relativos à existência ou não de co-morbilidades, a técnica anestésica utilizada, a aplicação ou não de protocolo anestésico/analgésico e se foi feita alguma profilaxia de Post-operative nausea and vomiting (PONV), nos procedimentos cirúrgicos em estudo. Tabela II - Existência de co-morbilidades, técnica anestésica utilizada, aplicação ou não de protocolo anestésico/analgésico e se foi feita alguma profilaxia de PONV 14

Relativamente à avaliação da dor em repouso e em movimento, são apresentados nas Tabela III e IV, respetivamente, os registos obtidos, nos momentos considerados neste estudo. Os casos desconhecidos, não foram incluídos nas tabelas. Tabela III Registo da intensidade da dor dos doentes em repouso 15

Tabela IV Registo da intensidade da dor dos doentes em movimento 16

A Tabela V apresenta o número de doentes que fizeram medicação de resgate para cada procedimento cirúrgico. Tabela V Número de doentes com necessidade de medicação SOS Foi ainda avaliado o grau de qualidade de sono na 1ª noite pós-cirurgia (Tabela VI). Tabela VI Qualidade subjetiva de sono 17

Inferência Estatística Na Tabela VII, está apresentada a dependência da incidência da dor com o tipo de procedimento cirúrgico (Hallux, PTJ, PTA) efetuado. Para esta análise selecionaram-se os momentos, alta do recobro, as 12 e 24 horas seguintes à cirurgia com o doentes em repouso e em movimento. Os resultados da aplicação do teste, encontram-se na Tabela VII. Tabela VII Relação da incidência da dor com o tipo de procedimento cirúrgico Variável p-value EN (repouso) Alta Recobro 1,000 EN (repouso) 12h 0,541 EN (repouso) 24h 0,434 EN (movimento) Alta Recobro 0,604 EN (movimento) 12h 0,084 EN (movimento) 24h 0,086 Foram analisadas as relações entre a intensidade de dor mais elevada e outras variáveis, nomeadamente o género e a existência de co-morbilidades. Relativamente ao género, verificou-se que apenas nos indivíduos sujeitos a PTA, houve correlação entre a maior intensidade de dor e o género, às 36h pós-cirurgia, tendo sido o género feminino o que apresentou a intensidade de dor mais alta (p-value = 0,001 < 5%). 18

Se tivermos em consideração a existência de co-morbilidades, estas também não influenciaram significativamente a intensidade de dor mais elevada relatada. Apenas se verificou alguma relação no procedimento Hallux e PTJ, nas 2 (p-value = 0,047 < 5%) e 12h (p-value = 0,040 < 5%) seguintes à cirurgia, respetivamente. Finalmente, para os três procedimentos determinamos os coeficientes de correlação de Spearman para medir a associação entre a intensidade de dor mais alta com o índice de satisfação às 48h pós-cirurgia e a idade. O teste foi apenas aplicado para os valores no qual fizesse sentido o seu cálculo. Os valores obtidos relativos à associação da intensidade de dor mais alta com o índice de satisfação às 48h pós-cirurgia e a idade foram muito baixos. Indica-nos uma associação quase nula entre as variáveis. A maior associação verificada foi entre a Satisfação e a intensidade de dor mais alta às 48h pós-cirurgia para o procedimento PTJ (r S = -0,383). O sinal menos indica que quanto maior é a dor, menor é a satisfação. 19

DISCUSSÃO Ao longo do estudo, temos vindo a referir que a dor a que estão sujeitos os doentes submetidos a grandes cirurgias está, ainda, longe de ser controlada. No entanto, esta não foi, a conclusão a que chegámos através do nosso estudo. Verificamos que a maioria dos doentes não apresentava dor ou tinha dor ligeira. O número de doentes que referiram dor moderada ou forte foi bastante baixo. De acordo com alguns estudos, os enfermeiros responsáveis por registar o nível de dor dos doentes poderão ter tendência para modificar o nível de dor referido pelo doente, sugestionados pelo comportamento do mesmo 21. Adicionalmente, é realçado que os enfermeiros só registam os níveis de dor, porque a isso são obrigados, não os refletindo necessariamente na prática clínica 22. Foi possível observar durante a execução do presente estudo certos comportamentos por parte dos enfermeiros que podem ter influenciado na fiabilidade dos resultados. Entre eles destaca-se o pouco tempo despendido na explicação do modo de funcionamento da escala de caracterização da dor em uso (escala numérica), o que poderá diminuir a sua validade. Uma questão importante que se coloca, é se existe realmente falta de conhecimento por parte dos profissionais de saúde no que diz respeito ao controlo da dor ou, se este conhecimento existe é mal ou simplesmente não é integrado na prática clínica 22. Esta falta ou má aplicação de conhecimento pode dever-se muitas vezes ao facto dos enfermeiros adaptarem o seu comportamento profissional à cultura da equipa em que estão inseridos 23,24. Este fato vem realçar a importância da formação na área da dor não se focar apenas em aspetos cognitivos mas também organizacionais 24. 20

No estudo, verificámos que na maioria dos doentes não foi feita profilaxia de PONV, o que pode influenciar o resultado final da avaliação. Estudos observacionais têm confirmado que a dor mal controlada associada a PONV pode atrasar a alta pós-cirurgia 25,26,27. Analisando os resultados obtidos em relação à intensidade da dor do doente em repouso e em movimento, verifica-se que estes não apresentam grandes discrepâncias, podendo concluir-se que o controlo de dor realizado foi eficaz. Apesar de na maioria dos momentos de avaliação a intensidade de dor relatada ter sido predominantemente, sem dor ou dor ligeira, verificou-se que alguns doentes reportaram uma intensidade moderada/forte de dor no período inicial pós-cirurgia. No estudo, mesmo considerando que o controlo da dor foi adequado, no procedimento Hallux às primeiras 12 horas do período pós-cirúrgico existiu uma percentagem considerável de doentes que relataram dor e às 24 horas pós-cirúrgicas existiram relatos para os procedimentos PTJ e PTA. Para alguns doentes, este período foi mais alargado, prolongando-se até 48 horas após a intervenção. Tal não aconteceu nos doentes de Hallux, por ser uma patologia de ambulatório, com tempos de internamento inferior a 24 horas. Na literatura existente, e à semelhança dos resultados aqui obtidos, é indicado que os doentes submetidos a cirurgias ortopédicas experienciam dor pós-operatória moderada a intensa considerando as primeiras horas pós-cirúrgicas as mais severas diminuindo de intensidade ao longo do internamento. Cirurgias ortopédicas, especialmente nos membros inferiores, estão associadas com dor pós-operatória de intensidade moderada a intensa, elevando a morbilidade dos pacientes 28,29. Em relação à necessidade de medicação de resgate, verificamos pelos resultados presentes na Tabela V que poucos foram os doentes a necessitar dela, sendo que o recurso à medicação em SOS foi mais necessário entre as 2h e as 12h pós-cirurgia nos três procedimentos. Analisamos 21

também, pelos resultados relativos à intensidade da dor (repouso/movimento), que a intensidade da dor não tem correlação com a administração medicação SOS. O recurso a medicação SOS, por vezes, não corresponde necessariamente a um relato de dor mais elevado e vice-versa, realçando uma vez mais o caráter subjetivo da dor e dificuldade existente na avaliação da mesma. No que diz respeito à qualidade de sono dos doentes os registos foram maioritariamente positivos (boa e muito boa) nos três procedimentos. Os estudos existentes afirmam que o tipo de cirurgia pode ser considerado como uma forma independente de prever a dor pós-operatória. Da inferência estatística realizada, pudemos constatar que a incidência da dor não estava relacionada com o tipo de procedimento, p-value > 0,05. Ao longo do nosso trabalho, verificámos que a grande maioria dos doentes se mostrou satisfeita com o grau de analgesia. No entanto, não deixa de ser paradoxal que os doentes se sintam satisfeitos quando, ao mesmo tempo, continuam a relatar dor. No presente estudo, à semelhança de outros estudos este fator pode demonstrar que não existe uma correspondência direta entre a satisfação e a intensidade da dor. Pensa-se que esta contradição pode estar relacionada com as características do doente, a sua relação com elementos da equipa médica responsável pelo seu acompanhamento, a sua aceitação da inevitabilidade da dor ou mesmo a frequência com que expressavam a sua dor 30,31. No entanto, hoje em dia, a satisfação em relação ao grau de analgesia é utilizada como uma medida de qualidade institucional e não exclusivamente como um indicador de qualidade do controlo da dor 32. O grau de satisfação do doente deve ser interpretado de forma cuidadosa, e se for utilizado como parâmetro de avaliação, deverá ser associado a outros indicadores de qualidade de controlo da dor 22 : recurso reduzido a medicação de resgate, mobilização e recuperação funcional precoce, baixa incidência de efeitos colaterais relacionados com a terapia analgésica ou escassez dela, 22

contributo para regime de alta precoce e autosuficiência nos cuidados de higiene, e por fim minimização de reinternamento por queixas de dor ou da incidência da cronificação da dor. Embora tenham sido recolhidos dados relativamente as cirurgias do ombro realizadas, não foi possível efetuar qualquer análise estatística, e obter conclusões, por escassez de amostra (n=17). Limitações do estudo Este estudo apresenta algumas limitações: 1. Aquela que se pode considerar como a mais importante será o tamanho da amostra; Este tamanho da amostra impossibilitou efetuar correlações de algumas variáveis e obter resultados com significado estatístico. 2. A equipa de avaliação/registo ser demasiado grande. 3. Falhas no registo de informação de vários itens do questionário que motivou a consulta exaustiva de processos clínicos. 4. Registos coincidiam com períodos de repouso: doentes a dormir não seriam incomodados A utilização da escala numérica por si só já acarreta limitações tais como: a necessidade de recorrer a pensamento abstrato, que pode ser complicado em doentes mais idosos; a frustração que a utilização de números para quantificar a dor provoca nalguns doentes. 23

Investigação Futura Numa análise futura é essencial que se aumente a amostra a analisar, para assim se poderem validar os resultados obtidos e mesmo conseguir realizar novas correlações que não puderam aqui ser observadas. Outra ação importante será a utilização de novos métodos de recolha de dados para tentar obter uma taxa de respostas mais elevada e coerente. Será também interessante a aplicação de outras escalas e formas de classificação da dor para observar a sua influência na medida da intensidade da dor. Generalização a todos os procedimento cirúrgicos destes métodos de avaliação e registo da dor pós-operatória. Reflexão sobre os dados obtidos neste estudo, para a elaboração de estudos comparativos, prospectivos, de preferência com ensaios clínicos randomizados para a avaliação e introdução de novos modelos de eficaz terapia analgésica. 24

CONCLUSÃO Através de uma análise atenta dos resultados obtidos neste estudo podemos constatar que, num âmbito global, a intensidade da dor não se encontra diretamente relacionada com quaisquer das outras variáveis presentes no estudo (procedimento, idade, co-morbilidades, e outros), exceto no procedimento PTA. Ás 36 horas pós-cirurgia verificou-se correlação entre a intensidade de dor mais alta e o género feminino (p-value = 0,001). A subjetividade da dor muitas das vezes impossibilita os profissionais de saúde de efetuarem corretamente o seu trabalho objetivo de avaliação e registo da intensidade da dor. Não obstante, é de salientar que a avaliação do controlo da dor no HP nestas patologias demonstrou resultados muito satisfatórios, comprovando que este estabelecimento têm preocupação no tratamento da dor. Esse controlo deverá ainda tornar-se mais eficaz através da introdução de melhorias organizacionais no serviço, nomeadamente a implementação de novos protocolos anestésicos/analgésicos, monitorização periódica de resultados e reforçando a inclusão das equipas de enfermagem neste tratamento. Podemos concluir que um bom controlo da dor é bastante importante para o bem-estar dos doentes e que independentemente da sua correta avaliação e registo, qualquer doente tem o direito ao tratamento da mesma. A dor inadequadamente controlada pode conduzir a maus resultados físicos e psicológicos tanto para doentes como para as suas famílias. Por vezes, doentes que tendo vivido uma experiência de inadequado controlo da dor, podem ficar relutantes a procurar cuidados médicos para outros problemas de saúde 33. 25

AGRADECIMENTOS Ao Dr. José Manuel Soares Malheiro Romão (Centro Hospitalar do Porto Hospital de Santo António, Porto, Portugal), meu orientador de tese de mestrado, pela disponibilidade prestada, pelo voto de confiança e pelo optimismo e entusiasmo constantes ao longo deste percurso. Ao Dr. Edgar, meu co-orientador, pela cooperação, apoio constante, disponibilidade e sugestões dadas desde o início deste projeto, por quem tenho grande apreço. Ao Dr. Varejão Pinto, Diretor clínico do Hospital da Prelada, que tornou possível a execução prática deste projeto. A todo o corpo clínico e de enfermagem do Serviço de Anestesiologia e de Ortopedia do Hospital da Prelada (Porto Portugal) que muito contribuíram para a realização deste trabalho e por toda a ajuda prestada. Ao Dr. Germano A. Cardoso, co-autor do projeto de avaliação de dor desenhado no Hospital da Prelada, estou muito grata pelo contributo prestado à elaboração deste trabalho. Á Carla Santos, secretária do Serviço de Anestesiologia, pela inestimável ajuda na recolha e organização de dados informatizados incluindo nos processos clínicos. À Drª Luísa Maia, pela constante disponibilidade e apoio ao nível da análise estatística do presente estudo. Aos doentes, que se disponibilizaram a responder aos questionários, e sem os quais esta tese não teria sido possível e não faria sentido. 26

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Fleming M. Dor sem nome: pensar o sofrimento. 2003. [2] The Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations, The National Pharmaceutical Council. "Pain: Current Understanding of Assessment, Management, and Treatments. 2001. [3] Apfelbaum, JL et al. Postoperative pain experience: results from a national survey suggest postoperative pain continues to be undermanaged. Anesthesia analgesia. 2003;97: 534-540. [4] Caseiro JM. A organização da analgesia do pós-operatório. Biblioteca da Dor. 2004. [5] Ballantyne JC, Carr DB, deferranti S, et al. The comparative effects of postoperative analgesic therapies on pulmonary outcome: cumulative meta-analyses of randomized, controlled trials. Anesth Analg 1998;86:598 612. [6] Rodgers A, Walker N, Schug S, et al. Reduction of postoperative mortality and morbidity with epidural or spinal anaesthesia: results from overview of randomised trials. BMJ 2000;321:1 12. [7] Kehlet H, Holte K. Effect of postoperative analgesia on surgical outcome. Br J Anaesth 2001;87:62 72. [8] Beattie WS, Badner NH, Choi P. Epidural analgesia reduces postoperative myocardial infarction: a meta-analysis. Anesth Analg 2001;93:853 8. [9] Kehlet H, Wilmore DW. Multimodal strategies to improve surgical outcome. Am J Surg 2002;183:630-4. [10] White P F, Kehlet H, Neal MJ, Schricker T, Carr DB. The role of the anesthesiologist in fast-track surgery:from multimodal analgesia to perioperative medical care. Anesth Analg 2007;104, 6:1380-96. [11] Jaeschke R, Jankowski M, Brozek J, Antonelli M. How to develop guidelines for clinical practice. Minerva Anestesiol 2009;75:504-8. 27

[12] Rawal N. Organization, function, and implementation of acute pain service. Anesthesiol Clin North America 2005;23:211-25. [13] Pimenta CAM et al. Controle da dor no pós-operatório. Rev. Esc. Enferm. USP. 2001; 35(2):180-183. [14] Direção-Geral da Saúde. Programa Nacional de Controlo da Dor. 2008. [15] Kazanowski MK, Laccetti MS. Dor Fundamentos Abordagem Clinica Tratamento. 2005. [16] Sousa FAEF, Pereira LV, Cardoso R, Hortense P. Escala multidimensional de avaliação de dor (EMADOR). Rev. latinoam. enferm. 2010;18(1):03-10. [17] Practice guidelines for acute pain management in the perioperative setting: an updated report by the American Society of Anesthesiologists Task Force on Acute Pain Management Anesthesiology. 2012;116(2):248-73. [18] Gagliese L, Weizblit N, Ellis W, Chan VW. The measurement of postoperative pain: a comparison of intensity scales in younger and older surgical patients. Pain. 2005;117(3):412-20. [19] DeLoach LJ, Higgins MS, Caplan AB, Stiff JL. The visual analog scale in the immediate postoperative period: intrasubject variability and correlation with a numeric scale. Anesthesia and analgesia. 1998;86(1):102-6. [20] Pestana MA, Gageiro J N. Análise de dados para ciências sociais -A complementaridade do SPSS. 2008;5 [21] Rømsing J, Sonnergaard J, Hertel S, Rasmussen M. Postoperative Pain in Children: Comparison Between Ratings of Children and Nurses. Journal of Pain and Symptom Management 1996;11(1):42-46. [22] Anderson KO, Mendoza TR, Valeroo N, et al. Minority cancer patients and their providers: Pain management attitudes and practice. Cancer 2000;88:1929-1938. [23] Twycross, A. Children s nurses post-operative pain management practices: An observational study. International Journal of Nursing Studies 2006;44:869-881. 28

[24] Byrne A, Morton J, Salmon P. Defending against patients' pain. A qualitative analysis of nurses' responses to children's postoperative pain. Journal of Psychosomatic Research 2001;50:69-76. [25] Pavlin DJ, Chen C, Penazola DA, et al. Pain as a factor complicating recovery and discharge after ambulatory surgery. Anesth Analg 2002;97(2):627 34. [26] Strassels SA, Chen C, Carr DB. Postoperative analgesia: economics, resource use, and patient satisfaction in an urban teaching hospital. Anesth Analg 2002;94:130 37. [27] Mattila K, Toivonen J, Janhunen L, et al. Postdischarge symptoms after ambulatory surgery: first-week incidence, intensity, and risk factors. Anesth Analg 2005;101:1643 50. [28] Imbelloni LE. Bloqueio 3 em 1 para analgesia pós- operatória. Rev Bras Anestesiol, 1999;49:412. [29] Tarkkila P, Tuominen M, Huhtala J et al. Comparison of intrathecal morphine and continuous femoral 3-in-1 block for pain after major knee surgery under spinal anaesthesia. Eur J Anaesth, 1998;15:6-9. [30] Santos EM, Pimenta CAM. Contradições entre o relato de dor pós-operatório e a satisfação do doente com analgesia. Revista Brasileira de Cancerologia. 2000:46(1):93-104. [31] Dawson R, Spross JA, Jablonski ES, et al. Probing the paradox of patients satisfaction with inadequate pain management. Journal of pain and symptom management. J Pain Symptom Manage. 2002;23(3):211-20. [32] Gordon DB, Dahl J, Miaskowski C, et al. American pain society recommendations for improving the quality of acute and cancer pain management. Arch Intern Med. 2005; 165:1574-1580. [33] Bair MJ, Kroenke K, Sutherland JM, et al. Effects of depression and pain severity on satisfaction in medical outpatients: analysis of the Medical Outcomes Study. J Rehabil Res Dev 2007;44(2):143-52. 29

ANEXO I 30

31

32

33

ANEXO II 34

35