Ementa e Acórdão Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 10 05/03/2013 PRIMEIRA TURMA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 547.286 RIO GRANDE DO SUL RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI AGTE.(S) :CLECI NAIMAYER CERONI ADV.(A/S) : DANIEL D'ALÓ DE OLIVEIRA E OUTRO(A/S) AGDO.(A/S) :INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - IPERGS PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL EMENTA Agravo regimental no recurso extraordinário. Contribuição dos servidores para o custeio de serviços de saúde. ADI nº 3.106/DF. Impossibilidade de continuidade da prestação do serviço sem o pagamento. Fundamento autônomo não atacado (Súmula nº 283/STF). Distinção pretendida. Impossibilidade. Matéria infraconstitucional. Revolvimento do contexto fático probatório (Súmulas nºs 279 e 280/STF). 1. O Plenário desta Corte, ao apreciar o RE nº 573.540/MG-RG, cuja repercussão geral havia sido reconhecida, Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJe de 11/6/10, decidiu que falece aos estados-membros competência para a criação de contribuição compulsória ou de qualquer outra espécie tributária destinada ao custeio de serviços médicos, hospitalares, farmacêuticos ou odontológicos prestados aos seus servidores. 2. Como bem assentado no acórdão recorrido, o que se discute desde a exordial não é a compulsoriedade da contribuição, mas, sim, o seu não pagamento com a permanência da prestação do serviço. Pleito que colide com o entendimento da Corte, consubstanciado no julgamento do RE nº 573.540/MG, no qual foi bem delineado que os serviços somente serão prestados àqueles que, voluntariamente, aderirem ao plano, inexistindo, pois, direito subjetivo à sua fruição independentemente do pagamento da contribuição. documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 3683793.
Ementa e Acórdão Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 10 4. Premissas fáticas e legais estabelecidas no acórdão recorrido. Impossibilidade de, na instância atual, se verificar a natureza da contribuição, se previdenciária ou de assistência à saúde (serviços médicos, hospitalares, odontológicos e farmacêuticos), tendo em vista as Súmulas nºs 279 e 280 da Corte. 5. Agravo regimental não provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Turma do, sob a Presidência do Senhor Ministro Luiz Fux, na conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos, em negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Brasília, 5 de março de 2013. MINISTRO DIAS TOFFOLI Relator 2 documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 3683793.
Relatório Inteiro Teor do Acórdão - Página 3 de 10 05/03/2013 PRIMEIRA TURMA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 547.286 RIO GRANDE DO SUL RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI AGTE.(S) :CLECI NAIMAYER CERONI ADV.(A/S) : DANIEL D'ALÓ DE OLIVEIRA E OUTRO(A/S) AGDO.(A/S) :INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - IPERGS PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL RELATÓRIO O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI (RELATOR): Cleci Naimayer Ceroni interpõem agravo regimental contra decisão em que neguei seguimento ao recurso extraordinário, com a seguinte fundamentação: Vistos. Cleci Naimayer Ceroni interpõe recurso extraordinário, com fundamento na alínea a do permissivo constitucional, contra acórdão da Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, assim ementado: AÇÃO DECLARATÓRIA CUMULADA COM PEDIDO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO. DIREITO PREVIDENCIÁRIO. DESCONTO ASSISTENCIAL. CONSTITUCIONALIDADE DO DESCONTO. Era devido no patamar de 2% sobre a parcela mensal da pensão, em favor do IPERGS, forte no disposto no art. 42, alínea 'o', da Lei 7672/82, o desconto assistencial à saúde. Apenas o desconto de natureza previdenciária do inativo e pensionista é que restou proibido pela nova ordem constitucional introduzida pela EC n.º 20/98, sendo que recentemente, com a EC n.º 41/03, novamente tornou- documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 3683790.
Relatório Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 10 se possível, observado o piso salarial de imunidade, conforme posição do STF no julgamento de ADINs. Sendo assim, não há falar, na espécie, em ilegalidade do desconto procedido na pensão da autora, pois tem este natureza exclusivamente assistencial à saúde. E a assistência à saúde é apenas um dos pilares da seguridade social, que também está assentada na assistência social e na previdência social. Caráter não-obrigatório, contudo, do referido desconto, podendo o servidor (ativo, inativo) e pensionista postular sua sustação. Nestes casos, contudo, perderá o direito aos benefícios correspondentes. Não sendo esta, entretanto, a pretensão deduzida na inicial, mas sim de sustação da contribuição, continuando a usufruir dos benefícios correspondentes ao plano, a demanda improcede. APELAÇÃO DESPROVIDA (fl. 70). Alegam os recorrentes violação dos artigos 1º, inciso III, 5º, inciso XX, 149 da Constituição Federal. Sustenta a inconstitucionalidade da cobrança de contribuição previdenciária de 2% para o custeio da assistência médicohospitalar prestada pela Associação Cruz Azul de São Paulo. Contra-arrazoado (fls. 368 a 374), o recurso extraordinário (fls. 347 a 361) foi admitido (fls. 376/377). Decido. A irresignação não merece prosperar. Observo que a ora recorrente aduz ser pensionista e, portanto, não sujeita a contribuição previdenciária prevista na Lei do Estado do Rio Grande do Sul. Tal insurgência destoa do decidido pelo tribunal de origem, que decidiu sobre o desconto relativo a contribuição assistencial à saúde, conforme sobressai da fl. 74 dos autos. Como tal fundamento não foi atacado nas razões do recurso extraordinário, incide na espécie a súmula 283 da corte que assim dispõe, in verbis: É inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão 2 documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 3683790.
Relatório Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 10 recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles. Nesse sentido, anote-se: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PROCESSUAL. RAZÕES EXTRAORDINÁRIAS QUE NÃO SE INSURGEM CONTRA TODOS OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO RECORRIDA. É inadmissível o recurso extraordinário quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o recurso não abrange a todos eles. Súmula 283/STF. Agravo regimental não provido (RE nº 408.184/MG-AgR, Primeira Turma, Relator o Ministro Eros Grau, DJ de 30/9/05). EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. FUNDAMENTO INFRACONSTITUCIONAL NÃO RECORRIDO. CONHECIMENTO DO EXTRAORDINÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. VÍCIOS NO JULGADO. INEXISTÊNCIA. É inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o recurso não abrange a todos eles. Matéria expressamente esclarecida no acórdão recorrido. Vícios no julgado. Inexistência. Embargos de declaração rejeitados (RE nº 162.926/SP-AgR-ED, Segunda Turma, Relator o Ministro Maurício Corrêa, DJ de 4/4/03). Mesmo que assim não fosse, o Tribunal a quo acompanhou o entendimento do, ao restringir o âmbito da decisão sobre a impossibilidade de utilização dos serviços de saúde sem que ocorram os descontos da contribuição para saúde como contraprestação. Na ocasião do julgamento do RE 573.540/MG, em que a matéria teve sua 3 documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 3683790.
Relatório Inteiro Teor do Acórdão - Página 6 de 10 repercussão geral reconhecida, restou bem delineada essa questão pelo Ministro Gilmar Mendes. Transcrevo trechos elucidativos: Não há dúvida, portanto, de que os termos saúde e previdência retratam realidades distintas. Por conseguinte, revela-se infundada a tese segundo a qual a expressão regime previdenciário também englobaria os serviços médicos, hospitalares, odontológicos e farmacêuticos prestados pela autarquia previdenciária estadual. (...) Nesse ponto, convém esclarecer que a criação de planos de saúde pelos entes federativos não se afigura, a priori, inconstitucional. Como bem salientado pelo Ministro Eros Grau no voto que proferiu na ADI 3.106, a inconstitucionalidade reside apenas na compulsoriedade da contribuição instituída para o financiamento desses planos de saúde, no empdo vocábulo compulsoriamente no 5º do art. 85 da Lei Complementar/2002. Em outras palavras, a Constituição não autoriza os Estados-membros a instituir, para o custeio de serviços de saúde, exação que possua natureza tributária, cujo pagamento seja exigido a todos os servidores independentemente da voluntária adesão ao plano. Por outro lado, não há óbice constitucional ao oferecimento desses serviços, pelo Estado, aos seus servidores, desde que a adesão e a contribuição não sejam compulsórias. Convém esclarecer, também, que os serviços somente serão prestados àqueles que, voluntariamente, aderirem ao plano, inexistindo, pois, direito subjetivo à sua fruição independente do pagamento da contribuição. Ressalte-se que o termo contribuição, nesse contexto, não é mais entendido em sua acepção jurídico-tributária. Diante de todos esses argumentos, conclui-se que os 4 documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 3683790.
Relatório Inteiro Teor do Acórdão - Página 7 de 10 Estados-membros possuem competência apenas para a instituição de contribuição voltada ao custeio do regime próprio de previdência de seus servidores. Falece-lhes, portanto, competência para a criação de contribuição ou de qualquer outra espécie tributária destinada ao custeio de serviços médicos, hospitalares, farmacêuticos e odontológicos prestados aos seus servidores. Ademais, não há óbice constitucional à prestação, pelos Estados, de serviços de saúde a seus servidores, desde que a adesão a esses planos seja facultativa (grifos nossos). Por fim, quanto à restituição de indébito tributário verifico ser imprescindível a análise da legislação infraconstitucional, de modo que eventual ofensa à Constituição Federal seria apenas indireta, tornando-se incabível a via extraordinária. Para corroborar tal entendimento, ressalto que no plenário virtual em 26/5/11, ao julgar o RE 633.329 de relatoria do Ministro Cezar Peluso, a Corte entendeu pela ausência de repercussão geral dessa matéria, por possuir natureza infraconstitucional. Ante o exposto, nos termos do artigo 557, caput, do Código de Processo Civil, nego seguimento ao recurso extraordinário. Sustenta a agravante que a contribuição em discussão não tem natureza assistencial à saúde, mas que se trata de contribuição previdenciária, o que fundamentaria a restituição do desconto efetuado pela autarquia. É o relatório. 5 documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 3683790.
Voto - MIN. DIAS TOFFOLI Inteiro Teor do Acórdão - Página 8 de 10 05/03/2013 PRIMEIRA TURMA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 547.286 RIO GRANDE DO SUL VOTO O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI (RELATOR): A irresignação não merece prosperar. Conforme expresso na decisão agravada, a recorrente aduz ser pensionista e, portanto, não se sujeitar à contribuição previdenciária prevista na Lei do Estado do Rio Grande do Sul. Tal insurgência destoa da decisão do tribunal de origem concernente ao desconto relativo à contribuição assistencial à saúde, conforme sobressai da fl. 74 dos autos. Como tal fundamento não foi atacado nas razões do recurso extraordinário, incide na espécie a Súmula nº 283 da Corte. Mesmo que ultrapassado esse óbice, o Plenário desta Corte, ao apreciar o RE nº 573.540/MG-RG, Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJe de 11/6/10, cuja repercussão geral foi reconhecida, decidiu que falece aos estados-membros competência para a criação de contribuição compulsória ou de qualquer outra espécie tributária destinada ao custeio de serviços médicos, hospitalares, farmacêuticos ou odontológicos prestados aos seus servidores. Todavia, como bem assentado no acórdão recorrido, o que se discute, desde a exordial, não é a compulsoriedade da contribuição, mas, sim, o seu não pagamento com a permanência da prestação do serviço. Observe-se: Assim, é incompreensível a pretensão deduzida na inicial, pois sem a contribuição correspondente, com a dedução do desconto assistencial, quer continuar usufruindo dos benefícios correspondentes ao plano (fl. 72). Esse pleito não prospera, pois colide com o entendimento desta Corte, consolidado no julgamento do RE nº 573.540/MG, no qual ficou bem delineado que os serviços somente devem ser prestados àqueles que, voluntariamente, aderirem ao plano, inexistindo, pois, direito subjetivo à documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 3683791.
Voto - MIN. DIAS TOFFOLI Inteiro Teor do Acórdão - Página 9 de 10 sua fruição independentemente do pagamento da contribuição. Por fim, para ultrapassar as premissas fáticas estabelecidas no acórdão recorrido e verificar a natureza da contribuição, se previdenciária ou de assistência à saúde (serviços médicos, hospitalares, odontológicos e farmacêuticos), necessário seria o revolvimento do conjunto fático e probatório, bem como da legislação infraconstitucional, o que é vedado nesta instância recursal. Incidem, no caso, as Súmulas nºs 279 e 280 desta Corte. Ante o exposto, voto pelo não provimento do agravo regimental. 2 documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 3683791.
Decisão de Julgamento Inteiro Teor do Acórdão - Página 10 de 10 PRIMEIRA TURMA EXTRATO DE ATA AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 547.286 PROCED. : RIO GRANDE DO SUL RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI AGTE.(S) : CLECI NAIMAYER CERONI ADV.(A/S) : DANIEL D'ALÓ DE OLIVEIRA E OUTRO(A/S) AGDO.(A/S) : INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - IPERGS PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL Decisão: A Turma negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator. Unânime. Não participou, justificadamente, deste julgamento, a Senhora Ministra Rosa Weber. Presidência do Senhor Ministro Luiz Fux. 1ª Turma, 5.3.2013. Presidência do Senhor Ministro Luiz Fux. Presentes à Sessão os Senhores Ministros Marco Aurélio, Dias Toffoli e Rosa Weber. Compareceu o Senhor Ministro Teori Zavascki para julgar processos a ele vinculados. Subprocuradora-Geral da República, Dra. Cláudia Sampaio Marques. Carmen Lilian Oliveira de Souza Secretária da Primeira Turma Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticardocumento.asp sob o número 3694048