A POLÍTICA COMO MATÉRIA DA EDUCAÇÃO EM PLATÃO Marco Aurélio Gomes de Oliveira 1. Solange Raquel Richter 2. Márcio Danelon 3. Resumo: Este trabalho tem como objetivo apresentar algumas reflexões sobre a constituição da pólis grega formulada por Platão em A República sobre o papel da educação para o desenvolvimento e manutenção da cidade-estado. A relevância deste estudo se apresenta na investigação de uma das matrizes epistemológicas que influenciam diretamente o pensamento moderno, principalmente no que diz respeito à concepção de Estado e de Educação. Para tanto, realizamos um estudo sobre o diálogo platônico A República que discutem a formação do Estado ideal e, conseqüentemente o modelo de educação almejado para a consolidação desta pólis. A partir dos estudos realizados sobre Platão, é possível estabelecer alguns questionamentos com os próprios modelos de Estado e de educação instituídos hoje em nossa sociedade contemporânea. Palavras- chave: Educação grega; política. Formação da polis. Platão. Inicialmente o estudo sobre Platão nos instigou a entender como era pensada e organizada a cidade-estado na Grécia Antiga. Diante disso, nos deparamos com outros questionamentos, tais como: as relações sociais entre as classes, as relações educativas e políticas, questões estas que serão desenvolvidas ao longo do texto. Neste sentido, o presente trabalho tem como objetivo compreender e problematizar como se configura essa teia de relações no âmbito da pólis grega. Para tanto, realizamos um estudo bibliográfico tendo como referência principal o diálogo platônico A República que discute a formação do Estado ideal e, conseqüentemente o modelo de educação almejado para a consolidação desta pólis, uma vez que, para Platão a educação é essencial, devido o seu caráter eminentemente político, portanto, ela deve ser assegurada e organizada pelo Estado como um bem público. 1 Graduando do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Uberlândia. marcoaurelioufu@yahoo.com.br. 2 Graduanda do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Uberlândia. solangeufu@yahoo.com.br. 3 Professor adjunto da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia. danelon@faced.ufu.br.
2 O cenário que se avizinha de Platão em meados do século IV. A.C constituía-se num momento de crise da democracia ateniense, concomitante à emergência de governos tiranos que desvirtuavam os objetivos da política na busca pelo bem-comum. A proposta platônica de um Estado ideal finalizado em A República reflete, tanto a crítica do filósofo a sua época, como a constituição de um Estado justo. Nesta proposta, o papel desempenhado pela educação é primordial na organização desse Estado. Mais do que isso, a educação é, em Platão, política, não somente porque passa a ser tarefa do Estado, mas, principalmente porque a educação é propedêutica do Estado. Segundo Kohan: A educação em A República não resiste à tentação de apropriar-se da novidade dos novos, é tentação de fazer da educação uma tarefa eminentemente política e da política o sentido final de uma educação (...) Educação para a politizar os novos, para fazê-los participantes de uma pólis que se define, previamente para eles. As relações entre política e educação são carnais: educa-se a serviço de uma política a um só tempo em que a ação política persegue, ela mesma, fins educativos. (Kohan, 2003, p. 58-59). Na leitura platônica, o momento de decadência da cultura grega reflete, ao mesmo tempo, a decadência do homem grego, marcadamente, para Platão, individualista. Esse individualismo acarreta uma mistura bastante comprometedora entre bem comum (pólis) e o bem individual (político: aquele que habita a pólis). Nesse caso, é pelo individualismo que o bem individual confunde-se ao bem público, sobrepondo-o, inclusive. Para Platão, a maneira de reverter esse individualismo na pólis é por meio da educação. Em outras palavras, a educação forma homens virtuosos que constituirão uma cidade virtuosa, com um governo virtuoso. Esse é o papel político da educação, ou melhor, a educação é uma questão de Estado na filosofia de Platão. Emerge, nesse contexto, uma educação das virtudes em A República, ou seja, diante da constatação da fragilidade da natureza humana marcada pelo desejo e sensibilidade, Platão propõe uma educação para o exercício das virtudes. No livro IX d A República, Platão delineia este aspecto patológico da condição humana referindo-se aos desejos mais extravagantes: (...) a parte bestial e selvagem, empanturrada de comida ou de bebida, estremece e, depois de ter sacudido o sono, parte em busca da satisfação dos maus pendores. Tu sabes que em tais casos ela ousa tudo, como se fosse desembaraçada e livre de toda vergonha e de toda prudência. Não receia tentar, em pensamento, unir-se à sua mãe ou a quem quer que seja, homem, deus ou animal, envolve-se em qualquer 2
3 tipo de crime e não deixa de ingerir nenhuma espécie de alimento. Numa palavra, não há loucura nem imprudência de que não seja capaz. (Platão, 1997, p. 291-292). Essa parte bestial e selvagem seria responsável pela degradação do ideal político da pólis e da realização da dimensão racional do homem. Diante dessa realidade, a educação das virtudes torna-se condição de possibilidade para a fundação de um Estado justo. A virtude surge como a capacidade ou a excelência que pertença ao homem. O homem virtuoso deve adequar, nesse caso, suas ações e seus desejos às virtudes por ele operadas. No caso de Platão, as virtudes cardeais sabedoria, prudência, temperança e justiça proporcionam a formação de homens virtuosos para a vida pública. Remonta aqui, novamente, o papel político da educação: se o homem possui desejos propensos ao mal, é pela educação das virtudes, já na infância, que se criarão às condições de possibilidade do home virtuoso: (...) contudo, se tais temperamentos fossem disciplinados logo na infância e se cortassem as más influências dos maus pendores, que são como pesos de chumbo, que aí se desenvolvem por efeito da avidez, dos prazeres e dos apetites da mesma espécie, e que fazem a vista da alma se voltar para baixo; se, libertos desse peso, fossem orientados para a verdade, esses mesmo temperamentos vê-la-iam com a máxima nitidez (...) (Platão, 1993, p. 230) A educação, pensada por Platão, seria responsável pela constituição de uma cidade virtuosa (justiça, temperança, piedade, coragem e prudência), com função de relembrar o individuo do conhecimento que foi perdido no ato do nascimento. Logo, para alcançar esta pólis ideal necessita-se de uma educação que desenvolva as aptidões dos futuros cidadãos para exercer uma determinada função neste espaço, assim, A educação é, portanto, a arte que se propõe este fim, a conversão da alma, e que procura os meios mais fáceis e mais eficazes de operá-la; ela não consiste em dar a vista ao órgão da alma, pois que este já o possui; mas como ele está mal disposto e não olha para onde deveria, a educação se esforça por levá-lo à boa direção (Platão, 1973, p. 111). Esta educação trabalhará com o cidadão formando-o para cidadania, isto é, de acordo com suas aptidões, cada um exercerá uma função que é de suma importância para a manutenção da pólis. Mas, para que essas funções ocorram devidamente, os educandos devem dominar e praticar a mais importante das virtuosidades, segundo Platão, a justiça, que consiste em reter apenas os bens que nos pertencem como próprios e exercer apenas a nossa própria função (idem, p.219). 3
4 A justiça somente será alcançada diante ao bom desempenho da educação, pois esse sentimento de pertença a pólis é de suma importância para o bem comum. Nesse caso, a justiça aparece como a virtude aglutinadora da vida política, ou seja, da vida na pólis. O homem justo é aquele que desempenha bem a sua função dentro da pólis. Nesse contexto, a justiça aparece sob o binômio individual/coletiva, ou seja, a justiça para consigo mesmo emerge quando o sujeito realiza aquilo que a educação descobriu como sendo sua aptidão: ser justo consigo mesmo é fazer aquilo que sua alma está apta em realizar. Por outro lado, a justiça remete ao coletivo quando todos fazem aquilo que são capazes, ou seja, cada classe de cidadão desempenhando bem sua aptidão, fazendo da pólis um lugar harmonioso. Essa justiça conduzirá todo o Estado à felicidade já que todos desempenharão bem suas funções e aptidões. Nesse caso, a justiça seria o caminho que conduz o ser humano à felicidade na medida a harmonia estará presente em sua própria alma, além de na pólis toda. Revela-se aqui, de fato, o caráter organicista da política platônica: o Estado, precisando de três funções básicas para sua constituição, a justiça é alcançada quando todos e cada um desempenhar bem sua função. Ressalta-se aqui, que é pela educação que se forma o sujeito para uma função determinada, ou seja, aquela para o qual ele está apto. A partir do mito dos três metais, segundo o qual, um Deus revestiu a alma de cada homem com um tipo específico de metal: ouro, prata ou bronze. Os que nasceram com a alma revestida de bronze, a sua aptidão está para as atividades manuais; os que nasceram com a alma revestida de prata, estão aptas para o manuseio de armas e os revestidos de ouro, estão aptos para a atividade racional. É a partir desse mito que Platão concebe as funções básicas para a existência da pólis. Dentro de uma mesma cidade teríamos três tipos de funções diferentes: o trabalho manual, o qual caberia produzir os bens materiais necessários a sobrevivência da pólis no que diz respeito à alimentação, a vestimentas, ou seja, aos serviços básicos. Os guerreiros teriam a tarefa de proteger e salvaguardar a pólis e os legisladores de organizar e planejar as leis da pólis. Tais funções seriam determinadas de acordo com suas aptidões naturais. Para a descoberta da aptidão de cada alma, a criança recebia a educação necessária para esse fim. A educação era ministrada a partir três níveis de ensino, o primeiro nível corresponde à idade de 7 aos 18 anos, no qual se trabalha com a música e a ginástica: (...) foi pela ginástica e pela música que os formamos de início. (Platão, 1993, p. 233). A ginástica tem a função de educar o corpo para o exercício da racionalidade. A música neste modelo educacional, por sua vez, desempenha um papel de desenvolver um raciocínio lógico racional, uma vez que trabalha com a harmonia e a melodia, ambas com características de ordenar as 4
5 idéias e as ações, já que temos o ideal das coisas e para isso é importante que cada instrumento seja utilizado de forma correta para que possamos nos aproximar deste dito ideal. A ginástica tem a função de preparar o corpo para que este adquira uma condição necessária de ascensão da alma, pois esta se encontra aprisionada neste mundo físico e imperfeito, e por meio da música, o corpo desenvolverá o ritmo e o condicionamento corporal necessário para o bom desenvolvimento da educação. Segundo Platão, aquêle que mistura com mais beleza a ginástica à música e as aplica na melhor medida à própria alma, aquêle, diremos nós mui justamente, é perfeito músico e perfeito harmonista, muito mais do que regula entre si as cordas de um instrumento (Platão, 1973. p. 187). A esta educação ministrada através da ginástica e da música, soma-se a educação matemática que, segundo Platão, deve acompanhar todo o processo formativo, desde a infância: Assim, deverão ser ensinadas aos nossos alunos desde a infância a aritmética, a geometria e todas as ciências que hão de servir de preparação para a dialética, mas este ensino deverá ser ministrado de maneira a não haver constrangimento. (Platão, 1993, p. 251). Ao termino desta etapa são realizados testes para mudança de estágios, os aptos prosseguiriam para o segundo nível. Aqueles que não demonstrassem tais aptidões estariam preparados para desempenhar as funções do trabalho manual. Esta educação ministrada no primeiro nível é propedêutica para o segundo, que corresponde aproximadamente de 18 a 20 anos, e será desenvolvida a educação militar que consiste na formação dos guerreiros, soldados da pólis. Tal educação terá como base, a justiça, a coragem e a temperança, nesse sentido os jovens guerreiros serão preparados para além de dominarem técnicas de guerras e valores morais. O terceiro nível se dá dos 20 aos 50 anos de idade, somando estudos da dialética e da filosofia: (...) ao atingir os cinqüenta anos, os que tiverem se saído bem destas provas e se tiverem distinguido em tudo e de toda maneira, no seu agir e nas ciências, deverão ser levados até o limite e forçados a elevar a parte luminosa da sua alma ao Ser que ilumina todas as coisas. Então, quando tiverem vislumbrado o bem em si mesmo, usa-lo-ão como um modelo para organizar a cidade, os particulares e a sua própria pessoa, cada um por sua vez, pelo resto da sua vida. (Platão, 1993, p. 255). A dialética, para Platão é a conclusão suprema dos nossos estudos, que não há outro acima dela e, também, que acabamos com as ciências que é preciso aprender. (Platão, 1993, p. 249). 5
6 A escolha daqueles que irão receber os estudos da dialética é de suma importância na constituição do Estado, na medida em que a escolha de alguém cuja alma não está apta para a dialética (alma de bronze ou de prata) poderá acarretar um governo tirano, egoísta em que não é o mais sábio que governa, assim, Devemos dar predileção aos mais determinados e corajosos e, na medida do possível, aos mais formosos. Também é necessário procurar não só o de caráter nobre e forte, mas também pendões adequados à educação que lhes queremos ministrar. (Platão, 1993, p. 249). São características daqueles que estão aptos para a educação dialética a acuidade para as ciências e facilidade para o aprendizado (...) da memória, de uma disciplina inquebrantável e do amor inconteste ao trabalho (Platão, 1993, p. 249). Além dessas, o educando na dialética deve ter temperança, coragem e grandeza da alma e, por fim está apto para a educação dialética aqueles cujo espírito tem capacidade de síntese (Platão, 1993, p. 252). Nesta etapa da educação, a dialética se apresenta como conhecimento indispensável para a ascensão do indivíduo ao mundo inteligível, uma vez que, já foi aprendida ao longo do processo educativo outras ciências (matemática, aritmética, geometria) cujo objetivo eram de desenvolver no indivíduo o raciocínio lógico que proporcionaria a este exercer em sua plenitude o exercício da dialética. Segundo Platão, a dialética é um método que busca alcançar o conhecimento verdadeiro e absoluto do Bem, do Justo e do Belo. O primeiro passo inicia-se pela ironia, que tem por finalidade desconstruir o que está constituído no mundo sensível, isto é, eliminar as opiniões e as hipóteses daquilo que temos como sendo verdades na realidade material sobre as coisas e os objetos. Chegaremos a esta finalidade por meio do diálogo entre os indivíduos que reconhecerão a sua própria ignorância diante do mundo em que habitam. A partir do momento em que o indivíduo reconhece sua ignorância e tem a necessidade de superar as contradições que estão postas, inicia um caminho de volta à suas origens no sentido de rever o momento em que errou, para a partir daí se buscar o caminho da verdade absoluta. Essa trajetória em busca da verdade no interior do ser caracteriza-se pela maiêutica, isto é, a arte de trazer a luz ou arte do parto. Este percurso descrito acima é caracterizado por Platão como sendo o movimento ascendente da dialética, no qual o indivíduo alcança a Idéia do Bem. 6
7 Se um homem não pode, separando-a de todas as outras, definir a idéia do bem e, como num combate, abrir passagem através de todas as objeções, tomando a peito fundamentar as provas, não sôbre a aparência, mas sôbre a essência; se não puder avançar através de todos êsses obstáculos, à fôrça de uma lógica infalível, não dirás de um tal homem que êle não conhece o bem em si, nem qualquer outro bem, mas que, se apreende algum fantasma do bem, apreende-o pela opinião e não pela ciência, que passa a vida presente em estado de sonho e sonolência, e que, antes de acordar neste mundo, irá dormir ao Hades o derradeiro sono? (...) Mas se um dia devesses criar efetivamente essas crianças, que estás criando e formando na imaginação, não lhes permitirias, suponho, se fôssem destituídas de razão, como as linhas irracionais, governar a cidade e resolver os assuntos mais importantes (Platão, 1973, p. 134). Após esta ascensão ao mundo das idéias por meio da dialética, o indivíduo tem que cumprir mais um movimento no processo dialético para o seu exercício em sua plenitude máxima, que se caracteriza pelo movimento descendente. Este movimento parte do principio que, o indivíduo que detém as idéia supremas das coisas, deva retornar ao mundo sensível para direcionar os seus semelhantes pela busca interna do conhecimento de sua própria natureza por meio da educação, logo, o educador também deverá ter uma formação dialética. Neste sentido, o estudo sobre a dialética se faz necessário para o alcance do conhecimento verdadeiro das idéias puras. Segundo Platão, (...) quando o homem intenta, pela dialética, sem o auxílio de nenhum sentido, mas por meio da razão, atingir a essência de cada coisa, e não se detém até que tenha apreendido pela só inteligência a essência do bem, êle alcança o têrmo do inteligível, assim como o outro, há pouco, alcançava o têrmo do visível (Platão, 1973, p. 131). Considerações Finais A partir dos estudos realizados sobre Platão, mais precisamente sobre a formação do Estado ideal e do modelo educacional, é possível estabelecer algumas reflexões com os próprios modelos de Estado e de educação instituídos hoje em nossa sociedade conteporrânea. Com relação ao Estado, podemos observar que o modelo platônico tinha como premissa o domínio da sabedoria e da racionalidade pelos governantes para que estes desempenhasse com plenitude a sua função principal, cuidar e zelar do bem público. Nos dias atuais esta condição posta por Platão seria importante para o nosso cenário político? Para Platão, a função principal do governante, o cuidado e o zelo do bem público, no sentido de assegurar a todos os cidadãos da pólis o direito à educação e a proteção do 7
8 Estado. No modelo atual de Estado são assegurados e garantidos tais direitos básicos de sobrevivência da população brasileira? Platão foi um dos primeiros pensadores a conceber a educação como dever do Estado e, portanto, um bem público a serviço da população para a formação do cidadão pertencente da pólis. Este modelo de educação era organizado em três etapas, a primeira de 7 aos 18 anos, a segunda dos 18 aos 20 anos e a última etapa dos 20 aos 50 anos de idade como expostas anteriormente. Diante dessa organização de ensino, qual o grau de semelhança com o atual sistema de ensino brasileiro (ensino fundamental, ensino médio e educação superior) e sua relação com as funções sociais? Portanto, este estudo sobre a A República nos traz alguns apontamentos a respeito da influência que a filosofia platônica exerceu, e ainda exerce, sobre as concepções e modelos de Estado e educação na sociedade contemporânea. Neste sentido, constatamos a importância de um aprofundamento no estudo dos pensadores clássicos da filosofia. Referências bibliográficas PLATÃO. A República. São Paulo: Abril Cultural, 1993. coleção Os Pensadores.. A República. São Paulo: Divisão Européia do Livro. 2. ed. v. 1. 1973.. A República. São Paulo: Divisão Européia do Livro. 2. ed. v. 2. 1973. KOHAN, Walter. Infância. Entre educação e filosofia. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. TEIXEIRA, Evilázio Francisco Borges. A educação do homem segundo Platão. São Paulo: Paulus. 1999. 8