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Transcrição:

Nº 600414/2016 ASJCIV/SAJ/PGR Relator: Ministro Marco Aurélio Autora: União Réu: Consulado Geral da França no Rio de Janeiro CONSTITUCIONAL E INTERNACIONAL. AÇÃO CÍVEL ORIGINÁRIA. EXECUÇÃO FISCAL CONTRA ESTADO ESTRANGEIRO. IMUNIDADE DE EXECUÇÃO. CONVENÇÕES DE VIENA DE 1961 E 1963. PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. NEGATIVA DE SEGUIMENTO. 1 Deve ser reconhecida a imunidade absoluta do Estado estrangeiro nos processos de execução fiscal, salvo renúncia expressa, tendo em vista as Convenções de Viena de 1961 e 1963. Precedentes do Supremo Tribunal Federal. 2 Parecer pela negativa de seguimento da ação. Trata-se de execução fiscal proposta pela União em face do Consulado Geral da França no Rio de Janeiro, tendo por objeto a cobrança de imposto de importação. Vieram os autos à Procuradoria-Geral da República em atenção ao despacho de 27 de maio de 2016. Esses, em síntese, os fatos de interesse.

O cerne da controvérsia diz respeito aos limites da imunidade de jurisdição de Estado estrangeiro, sobretudo em hipóteses de execução fiscal. Sobre o tema em questão, como bem evidenciado pelo Ministro CELSO DE MELLO, na decisão monocrática proferida na Ação Cível Originária 709 (DJe 30 ago. 2013), tem o Supremo Tribunal Federal adotado moderações no princípio da imunidade dos Estados acreditantes à jurisdição do Estado receptor, afastando o caráter absoluto que já foi dado à imunidade de jurisdição instituída em favor dos Estados estrangeiros. Diferenciando algumas situações, tem entendido a Suprema Corte que haverá submissão ao Judiciário brasileiro quando, tratando-se de imunidade à jurisdição de conhecimento, o Estado estrangeiro esteja atuando em relações eminentemente privadas. Atos de negócio e de gestão, quando assimilados aos dos particulares, estarão postos ao crivo da jurisdição pátria. Típica construção nesse sentido se fez nas questões de cunho trabalhista, como, por exemplo, no julgamento do Agravo Regimental no Agravo de Instrumento 139.671 (Primeira Turma, DJ 20 jun. 1995). O novo quadro normativo que se delineou no plano do direito internacional, e também no âmbito do direito comparado, permitiu que se construísse a teoria da imunidade jurisdicional meramente relativa dos Estados soberanos, de forma que tanto a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal quanto a do Superior Tribunal de Justiça consolidaram-se no sentido de reconhecer que, 2

modernamente, não mais deve prevalecer, de modo incondicional, no que concerne a determinadas e específicas controvérsias tais como aquelas de direito privado o princípio da imunidade jurisdicional absoluta, circunstância esta que, em tais situações, legitima a plena submissão de qualquer Estado estrangeiro à jurisdição doméstica do Poder Judiciário nacional. Em que pese esta moderação, que reverte conceitos anteriormente firmados, em relação especificamente ao processo de execução, estabeleceu-se firme jurisprudência na Suprema Corte no sentido de entender a imunidade de execução como prerrogativa institucional de caráter mais abrangente, ressalvada, no entanto, a hipótese excepcional de renúncia, por parte do Estado estrangeiro, à prerrogativa da intangibilidade dos seus próprios bens. Tal orientação ficou delineada nos seguintes precedentes do Plenário da Corte Suprema: ACO 522 AgR, Relator Ministro ILMAR GALVÃO, DJ 23 out. 1998; ACO 634 AgR, Relator Ministro ILMAR GALVÃO, DJ 31 out. 2002; ACO 524 AgR, Relator Ministro CARLOS VELLOSO, DJ 9 maio 2003; ACO 543 AgR, Relator Ministro SEPÚLVEDA PERTENCE, DJ 24 nov. 2006; ACO 633 AgR, Relatora Ministra ELLEN GRACIE, DJe 21 jun. 2007; ACO 645 AgR, Relator Ministro GILMAR MENDES, DJe 16 ago. 2007. Na mesma linha, o julgamento da Ação Cível Originária 623 pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, assim ementado: 3

AGRAVO REGIMENTAL EM AÇÃO CÍVEL ORIGI- NÁRIA. EXECUÇÃO FISCAL PROMOVIDA PELA UNIÃO CONTRA ESTADO ESTRANGEIRO. IMUNI- DADE DE EXECUÇÃO. CONVENÇÕES DE VIENA DE 1961 E 1963. 1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal consolidou-se no sentido de se reconhecer a imunidade absoluta do Estado estrangeiro relativamente a processos de execução fiscal, salvo expressa renúncia, em observância às Convenções de Viena de 1961 e 1963. 2. Precedentes. 3. Agravo regimental a que se nega provimento. (ACO 623 AgR, Relator Ministro EDSON FACHIN, DJe 23 nov. 2015). Os citados julgados apoiam-se na ideia de que, não obstante os temperamentos que a jurisprudência vem impondo à imunidade dos Estados estrangeiros em relação à jurisdição brasileira, continua a Suprema Corte a entendê-la absoluta em relação aos processos de execução, em decorrência do que dispõem as Convenções de Viena de 1961 e 1963 1. 1 Tais convenções foram internalizadas no ordenamento pátrio por intermédio do Decreto 61.078/67 que assim dispõe: Artigo 43º - Imunidade de Jurisdição 1. Os funcionários consulares e os empregados consulares não estão sujeitos à Jurisdição das autoridades judiciárias e administrativas do Estado receptor pelos atos realizados no exercício das funções consulares. 2. As disposições do parágrafo 1 do presente artigo não se aplicarão entretanto no caso de ação civil: a) que resulte de contrato que o funcionário ou empregado consular não tiver realizado implícita ou explicitamente como agente do Estado que envia; ou b) que seja proposta por terceiro como consequência de danos causados por acidente de veículo, navio ou aeronave, ocorrido no Estado receptor. Artigo 45º - Renúncia aos privilégios e imunidades 1. O Estado que envia poderá renunciar, com relação a um membro da repartição consular, aos privilégios e imunidades previstos nos artigos 41, 43 e 44. 2. A renúncia será sempre expressa, exceto no caso do disposto no parágrafo 3 do presente artigo, e deve ser comunicada por escrito ao 4

Destaque-se, por fim, que os Ministros desse Supremo Tribunal Federal, na esteira do exposto, têm, monocraticamente, negado seguimento a ações cíveis originárias que, como a presente, resultam de execução fiscal contra Estado estrangeiro. Nessa linha, os seguintes precedentes: ACO 800, Relator Ministro GILMAR MENDES, DJe 3 set. 2012; ACO 1.112, Relator Ministro GILMAR MENDES, DJe 4 jun. 2010; ACO 1.450, Relator Ministro EROS GRAU, DJe 29 abr. 2010; ACO 1.446, Relatora Ministra ELLEN GRACIE, DJe 27 nov. 2009; e ACO 973, Relator Ministro CEZAR PELUSO, DJ 25 maio 2007. Ante o exposto, o parecer da Procuradoria-Geral da República é pela negativa de seguimento da ação. Brasília (DF), 03 de junho de 2016. Rodrigo Janot Monteiro de Barros Procurador-Geral da República JCCR/BIAA Estado receptor. 3. Se um funcionário consular, ou empregado consular, propôr ação judicial sobre matéria de que goze de imunidade de jurisdição de acordo com o disposto no artigo 43, não poderá alegar esta imunidade com relação a qualquer pedido de reconvenção diretamente ligado à demanda principal. 4. A renúncia à imunidade de jurisdição quanto a ações civis ou administrativas não implicará na renúncia à imunidade quanto a medidas de execução de sentença, para as quais nova renúncia será necessária. 5