NewsLetter Boletim Científico ano 6 julho 05 nº37 Biológica & Soluções Cardiovascular Eletromecânica Endovascular Oncologia PRÓTESE VALVULAR ORGÂNICA BIOLÓGICA PORCINA Aparecida de Fátima Giglioti, PhD Vladimir D. A. Ramirez 3 Gilberto Goissis, PhD Domingo M. Braile, MD, PhD Química fatima@braile.com.br Biomédico vladimir@braile.com.br 3 Professor Doutor, Farmacêutico-Bioquímico ggbiotech@terra.com.br Professor Doutor, Cirurgião Cardíaco domingo@braile.com.br Braile Biomédica Ind. Com. Repres. Ltda São José do Rio Preto, SP, Brasil Introdução As doenças que acometem as válvulas cardíacas causam importantes danos à saúde, comprometendo as atividades do sistema circulatório, prejudicando a qualidade de vida do paciente. Dentre essas enfermidades está a estenose aórtica, responsável por () até 60% de mortes, principalmente idosos. A estenose aórtica atinge cerca de 3% da população acima de 70 anos de idade. O padrão ouro no tratamento é a intervenção cirúrgica, com substituição da valva nativa por uma bioprótese, sendo classificado como procedimento de alta complexidade. Dentre as próteses disponíveis, existem as válvulas mecânicas, que necessitam a administração de anticoagulantes por toda a vida do paciente, e as válvulas biológicas que, como problema a longo prazo (cerca de 5 anos em média), apresenta a deterioração de seus folhetos, sendo necessária nova operação para () troca da válvula.
A PRÓTESE VALVULAR é um dos dispositivos biológicos para tratamento da estenose aórtica. Diversos estudos relatam a qualidade dessa bioprótese, ressaltando o baixo teor de calcificação, a resistência à fadiga mecânica e a dispensabilidade de (3) anticoagulantes. Além disso, há uma incidência muito baixa de tromboembolismo e mortalidade tardia encontrados nos estudos de seguimento dos pacientes submetidos ao tratamento com este tipo de produto. De acordo com Davila e colaboradores (978), a válvula porcina é superior à prótese valvular mecânica (3) quando em posição mitral ou tricúspide, além de possuir uma alta durabilidade. Maluf e colaboradores (000) afirmam que a válvula porcina é eficiente na correção da tetralogia de Fallot, possuindo () resultados satisfatórios a médio prazo. Considerando que uma das principais causas de deterioração das biopróteses orgânicas é a calcificação, a PRÓTESE VALVULAR é submetida a tratamento específico (vide abaixo) para amenizar a incidência de tal fenômeno, aumentando-lhe a durabilidade e diminuindo a necessidade de novas intervenções. Indicação A P R Ó T E S E VA LV U L A R BRAILE BIOMÉDICA (Figura ) é indicada para substituição da valva mitral, aórtica, tricúspide ou pulmonar. Fabricação São confeccionadas em suporte de poliacetal flexível, recoberto por delgada película de material orgânico, sobre o qual são montadas as cúspides. Um anel de aço inoxidável 36, grau médico, inserido na base do s u p o r t e, r e f o r ç a a s u a consistência e permite identificar a posição da válvula no paciente por simples exame radiológico. São fornecidas nos diâmetros 9,, 3, 5, 7, 9, 3, 33 e 35 mm, em solução de formaldeído %, n ã o p i r o g ê n i c a, c o m a esterilidade garantida por procedimento validado. Figura. PRÓTESE VALVULAR ORGÂNICA BIOLÓGICA PORCINA.
Processamento e Tratamento Anticalcificante O processo de fabricação da PRÓTESE VALVULAR é realizado dentro dos padrões exigido pela BPF-ANVISA e atende a ISO 385, com controle de qualidade baseado na avaliação de suas propriedades físicas e integridade histológica, desde a coleta das valvas porcinas até o final de seu processamento. As lacínias da válvula porcina, após o processamento com glutaraldeído (GA), são submetidas a um tratamento oxidante desenvolvido pela Braile Biomédica para redução das ligações poliméricas de GA e grupos aldeídicos livres presentes (Figura ), que comprovadamente contribuem na calcificação das (5) biopróteses valvulares pós-implante. Figura. Representação esquemática da reação do glutaraldeído (GA) com cúspide de válvula porcina (I) com indicação de ligações cruzadas de GA polimérico e grupos aldeídicos livres (II) seguido da oxidação destes grupos (III). A eficácia deste tratamento é comprovada pela significativa redução da calcificação observada para o (6) pericárdio bovino (PB) submetido ao mesmo processo, tanto em subcutâneo de ratos quanto em (7) ovelhas. Os índices de calcificação observados foram inferiores a 5 µg Ca/mg de tecido seco, comparando-se muito favoravelmente em relação a outros procedimentos anticalcificantes descritos na (8-) literatura e utilizados na fabricação de válvulas processadas com GA. Em subcutâneo de ratos, os índices de calcificação de biopróteses fabricadas com valvas porcina e PB tratados apenas com GA (,3) sem tratamentos anticalcificantes são elevados e maiores que 00 µg Ca/mg de tecido seco. 3
Performance Hidrodinâmica Ensaios de performance hidrodinâmica foram realizados em atendimento à Norma Técnica ISO 580:005/(R) 00 - Cardiovascular Implants - Cardiac Valve Prostheses (Tabela ) para avaliação dos seguintes parâmetros: Área Efetiva do Orifício (AEO): área interna da válvula, em cm, que abre efetivamente durante o ciclo cardíaco, sob fluxo e pressão constantes; Gradiente de Pressão Médio (ÄP): gradiente de pressão transvalvar, dado em mmhg; Fração de Regurgitação: volume, em porcentagem, que retorna durante o fechamento da válvula (soma dos volumes de fechamento e vazamento), em relação ao débito cardíaco. Tabela. Requisitos de performance hidrodinâmica requeridos pela ISO 580:005/(R) 00. Parâmetro Posição Aórtica/Mitral Diâmetro da Válvula (mm) 9 5 3 AEO (cm ) Fração de Regurgitação (%) 0,70,0,80 0 0 Os resultados do comportamento destes parâmetros para válvulas de 9, 5 e 3 mm estão ilustrados na Figuras 3, e 5. Área Efetiva do Orifício (cm ) 3,5 3,5,5 0,5 0 70 80 90 00 0 0 Figura 3. Área efetiva do orifício (AEO) para PRÓTESE VALVULAR de 9, 5 e 3 mm de Diâmetro 9 Diâmetro 5 Diâmetro 3,0 Gradiente de Pressão Médio (mmhg) 0,0 8,0 6,0,0,0 0,0 70 80 90 00 0 0 Diâmetro 9 Diâmetro 5 Diâmetro 3 Figura. Gradiente de pressão médio (ÄP) para PRÓTESE VALVULAR de 9, 5 e 3 mm de
7,0 Fração de Regurgitação (%) 6,0 5,0,0 3,0,0,0 0,0 70 80 90 00 0 0 Figura 5. Fração de regurgitação para PRÓTESE VALVULAR de 9, 5 e 3 mm de Diâmetro 9 Diâmetro 5 Diâmetro 3 (,5) Estes resultados são concordantes com dados obtidos anteriormente, de acordo com a Norma Técnica ANSI/AAMI/ISO 580:996 (ANS). A utilização clínica da VÁLVULA PORCINA BRAILE BIOMÉDICA, após aprovação do Ministério da Saúde para comercialização no Brasil, iniciou-se em 990, sendo que já foram produzidas mais de 50 mil unidades dentro dos padrões de qualidade que caracterizam os produtos da Braile Biomédica. Referências. Otto CM, Lind BK, Kitzman DW, Gersh BJ, Siscovick DS. Association of aortic-valve sclerosis with cardiovascular mortality and morbidity in the elderly. N Engl J Med. 999;3(3):-7.. Hammermeister K, Sethi GK, Henderson WG, Grover FL, Oprian C, Rahimtoola SH. Outcomes 5 years after valve replacement with a mechanical versus a bioprosthetic valve: final report of the Veterans Affairs Randomized Trial. J Am Coll Cardiol. 000;36():5-8. 3. Davila JC, Magilligan DJ, Lewis JW. Is the Hancock Porcine Valve the Best Cardiac Valve Substitute Today? Ann Thorac Surg. 978; 6():303-36.. Maluf MA, Braile DM, Silva C, Catani R, Carvalho AC, Buffolo E. Reconstruction of the Pulmonary Valve and Outflow Tract with Bicuspid Prosthesis in Tetralogy of Fallot. Ann Thorac Surg. 000;70:9-97. 5. Schoen FJ, Levy RJ. Calcification of tissue heart valve substitutes: Progress toward understanding and prevention. Ann Thorac Surg. 005;79(3):07-80. 6. Relatório Final TECAM RL855/00 -.0, 3 de Setembro de 0. Metodologia de Referência: "A Pratical Guide to ISO 0993-6: Implant Effects" (ISO 0993-6, 007); OECD Guidelines for testing of chemicals - "Guidance Notes for Analysis and Evaluation of Repeat- Dose Toxicity Studies. 3, (000) TECAM. 7. Taniguchi FP, Maizato MJ, Ambar RF, Pitombo RN, Leiner AA, Moreira LF, Cestari IA, Stolf NA. In vivo study of lyophilized bioprostheses: 3 month follow-up in young sheep. Rev Bras Cir Cardiovasc. 0, 7(), 59-9. 8. Shen M, Kara-Mostefa A, Chen L, Daudon M, Thevenin M, Lacour B, Carpentier A. Effect of ethanol and ether in the prevention of calcification of bioprostheses. Ann Thorac Surg. 00;7(5 Suppl):S3-6. 9. Carpentier-Edwards PERIMOUNT Pericardial Pericardial Bioprosthesis Model 6900 Mitral, Summary of Safety and Effectivenes Data. 0-8. 0. Pettenazzo E, Valente M, Thiene G. Octanediol treatment of glutalaldehyde fixed bovine pericardium: Evidence of anticalcification efficacy in the subcutaneous rat model. Eur J Cardiothorac Surg. 008;3():8-.. Pathak CP, Adams AK, Simpson T, Phillips RE Jr, Moore MA. Treatment of bioprosthetic heart valve tissue with long chain alcohol solution to lower calcification potential. J Biomed Mater Res. 00;69():0-.. Levy RJ, Schoen FJ, Flowers WB, Staelin ST. Initiation of mineralization in bioprosthetic heart valves: Studies of alkaline phosphatase activity and its inhibition by ACl3 or FeC3 preincubations. J Biomed Mater Res. 99;5(8):905-35. 3. Schoen FJ, Levy RJ. Tissue heart valves: Current challenges and future research perspectives. J Biomed Mater Res. 999;7():39-65.. Yoshioka SA, Goissis G, Araujo RB, Ramirez VDA, Godoy MF, Braile DM. Hydrodynamic performance of bioprosthetic heart valves of bovine pericardium crosslinked with glutaraldehyde acetals. Rev Bras Eng Biomed. 999;5(-):5-0. 5. Braile DM, Godoy MF, Souza DRS, Oliveira APML, Leal JC, Araujo RB, Goissis G. In vitro comparative study between bovine pericardial and porcine bioprosthesis. Braz J Cardiovasc Surg. 996;():70-3. INDÚSTRIA, COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA Av. Pres. Juscelino K. de Oliveira, 505 CEP 509-50 - São José do Rio Preto-SP - Brasil Telefone 7 36-7000 Fax 7 36-700 SAC 0800707050 Other countries: phone 55-7-36-7000 5