INVESTIGANDO OS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DOS PROFESSORES DE MATEMÁTICA DAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE PÚBLICA DO ESTADO DO PARANÁ



Documentos relacionados
CRENÇAS DE PROFESSORES E ALUNOS ACERCA DO LIVRO DIDÁTICO DE INGLÊS NO ENSINO FUNDAMENTAL DO 6º AO 9º ANOS DO MUNICÍPIO DE ALTOS PI

PCN - PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS

PROCESSO DE AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO ESCOLAR EM EDUCAÇÃO QUÌMICA: Em busca de uma nova visão

Ministério da Educação Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas em Educação - INEP CONCEITO PRELIMINAR DE CURSOS DE GRADUAÇÃO

DIRETRIZES PARA ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DE GRADUAÇÃO DO CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

INCLUSÃO NO ENSINO DE FÍSICA: ACÚSTICA PARA SURDOS

Apresentação da disciplina

PALAVRAS-CHAVE Formação Continuada. Alfabetização. Professores. Anos Iniciais.

O PROCESSO DE AVALIAÇÃO DAS CRIANÇAS NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL

D e p a r t a m e n t o d e C i ê n c i a s E x p e r i m e n t a i s G r u p o CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO Ano letivo de 2013/2014

Simulado do Enem. Manual de Sensibilização e de Aplicação Orientações Gerais para a Escola

DISCUTINDO MATEMÁTICA NO CONTEXTO DA INCLUSÃO

GRUPO AVALIAÇÃO PAE 2 Semestre/2015

Assunto: Solicitação de alteração da Organização Didática do Câmpus Charqueadas

O ENSINO NUMA ABORDAGEM CTS EM ESCOLA PÚBLICA DE GOIÂNIA

PLANO DE ENSINO PROJETO PEDAGÓGICO: 2010

Reforço em Matemática. Professora Daniela Eliza Freitas. Disciplina: Matemática

PLANO DE ENSINO PROJETO PEDAGÓGICO: 2010

CAPÍTULO II DA NATUREZA E DOS OBJETIVOS

Aula Ensino: planejamento e avaliação. Profª. Ms. Cláudia Benedetti

GERÊNCIA DE ENSINO Coordenação do Curso de Licenciatura em Letras Português/Inglês CONCURSO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO PPP III CIRCUITO 9

ARQUITETURA E URBANISMO

INTEGRAR ESCOLA E MATEMÁTICA

Trabalho 001- Estratégias oficiais de reorientação da formação profissional em saúde: contribuições ao debate. 1.Introdução

Universidade Estadual do Centro-Oeste Reconhecida pelo Decreto Estadual nº 3.444, de 8 de agosto de 1997

Planejamento de Ensino na. Residência Multiprofissional. em Saúde

CAPACITAÇÃO PRÁTICA DO USO DO GEOPROCESSAMENTO EM PROJETOS

FORMAÇÃO INICIAL PARA A DOCÊNCIA E EDUCAÇÃO ESPECIAL: O QUE PENSAM OS ESTUDANTES

GUIA DO PROFESSOR SHOW DA QUÍMICA

ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO

Agrupamento de Escolas Oliveira Júnior Cód CRITÉRIOS GERAIS DE AVALIAÇÃO EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR, ENSINOS BÁSICO e SECUNDÁRIO

PARA PENSAR O ENSINO DE FILOSOFIA

Nome do autor para contato Escola Município / Estado Conteúdo Série Relato

PROJETO NÚCLEO DE ESTUDOS DE ENSINO DA MATEMÁTICA NA FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA GRUPO DE ESTUDOS CRONOGRAMA II ORIENTAÇÕES GERAIS

AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC S) NO ENSINO SUPERIOR: O CASO DE UM CURSO DE DIREITO EM MINAS GERAIS

FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO. Número de aulas semanais 1ª 2. Apresentação da Disciplina

PLANO DE ENSINO PROJETO PEDAGÓGICO 2010

INFORME PARA ADESÃO DAS REDES MUNICIPAIS

PLANEJAMENTO ACADÊMICO. Carga Horária: Presencial Distância Total PROFESSOR (A): MAT. SIAPE

AVALIAR NUMA PERSPECTIVA FORMATIVA: o que pensam e o que fazem os professores do ano II do ensino fundamental?

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

LIVRO DIDÁTICO E SALA DE AULA OFICINA PADRÃO (40H) DE ORIENTAÇÃO PARA O USO CRÍTICO (PORTUGUÊS E MATEMÁTICA)

PPP - Identificando os desafios, para transformar a realidade. Palavras - chave: Projeto Político Pedagógico, Intervenção, Reestruturação.

A FLUÊNCIA TECNOLÓGICA NA EXECUÇÃO DO PAPEL DE TUTORIA*

Utilizando o Modelo Webquest para a Aprendizagem de Conceitos Químicos Envolvidos na Camada de Ozônio

Funções Assegurar a racionalização, organização e coordenação do trabalho Docente, permitindo ao Professor e Escola um ensino de qualidade, evitando

CRITÉRIOS GERAIS DE AVALIAÇÃO DOS ALUNOS DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS VERGÍLIO FERREIRA

TÍTULO: A ARTE COMO PROCESSO EDUCATIVO: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA DO TEATRO NUMA ESCOLA PÚBLICA.

O SOFTWARE R EM AULAS DE MATEMÁTICA

Curso de Especialização em EDUCAÇÃO INFANTIL, ESPECIAL E TRANSTORNOS GLOBAIS

A INFLUÊNCIA DO LIVRO DIDÁTICO DE GEOGRAFIA NA PRÁTICA DOCENTE

LOUSAS DIGITAIS COMO RECURSO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA ESCOLA IDES EM PICUÍ-PB.

COMUNICADO n o 003/2012 ÁREA DE HISTÓRIA ORIENTAÇÕES PARA NOVOS APCNS 2012

FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Luciano João de Sousa. Plano de aula

CRITÉRIOS GERAIS DE AVALIAÇÃO Ano letivo

PRODUÇÃO CIENTÍFICA DOS PESQUISADORES DA UEL, NA ÁREA DE AGRONOMIA: TRABALHOS PUBLICADOS EM EVENTOS DE 2004 A 2008.

CAPÍTULO II DOS OBJETIVOS DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO

A FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL. Silvia Helena Vieira Cruz

ENSINO SUPERIOR E REFORMULAÇÃO CURRICULAR

INTRODUÇÃO FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: REVISÃO DA LITERATURA... 21

MESTRADO ACADÊMICO. 1. Proposta do programa

Compreender os conceitos fundamentais e a terminologia no âmbito da contabilidade de custos;

Escola Superior de Educação Instituto Politécnico de Bragança. Mestrado em: Animação Artística

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO AMAPÁ CÂMPUS MACAPÁ

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA

A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO NA EDUCAÇÃO INFANTIL E A FORMAÇÃO DA CRIANÇA

Plano de Ensino. Identificação. Câmpus de Bauru. Curso null - null. Ênfase. Disciplina A - Metodologia da Pesquisa em Arte

A criança de 6 anos, a linguagem escrita e o ensino fundamental de nove anos

Metodologias de Ensino para a Melhoria do Aprendizado

CONCEPÇÕES E REFLEXÕES A CERCA DO CAMPO DE ESTÁGIO EM GEOGRAFIA: UM ESTUDO DE DUAS SÉRIES DO ENSINO FUNDAMENTAL

R E S O L U Ç Ã O. Fica aprovado, conforme anexo, o Regulamento de Monitoria para os cursos de graduação das Faculdades Integradas Sévigné.

Universidade Federal de Juiz de Fora. Faculdade de Engenharia. Manual de Orientações Básicas

Avaliação Qualitativa de Políticas Públicas

Boas situações de Aprendizagens. Atividades. Livro Didático. Currículo oficial de São Paulo

PRODUÇÃO E AVALIAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO

PROGRAMA da Certificação Internacional em Integração Sensorial

O QUE É E O QUE OFERECE?

Cursos Educar [PRODUÇÃO DE ARTIGO CIENTÍFICO] Prof. M.Sc. Fábio Figueirôa

COMISSÃO PRÓPRIA DE AVALIAÇÃO DA FACULDADE ARAGUAIA

PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR DISCIPLINA: GEOGRAFIA ENSINO FUNDAMENTAL

SISTEMÁTICA DE ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

Palavras-chave: Paulo Freire. Formação Permanente de Professores. Educação Infantil.

O PLANEJAMENTO DOS TEMAS DE GEOGRAFIA NA ORGANIZAÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA

O PROFESSOR DE APOIO NO PROCESSO DE INCLUSÃO ESCOLAR: UMA ANÁLISE ACERCA DA LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE RONDÔNIA CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DA INFÂNCIA E JUVENTUDE E DA DEFESA DOS USUÁRIOS DOS SERVIÇOS DE EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

SALA DE APOIO À APRENDIZAGEM DE PORTUGUÊS PARA OS 6ºS ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL: ESPAÇO COMPLEMENTAR DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

Plano Integrado de Capacitação de Recursos Humanos para a Área da Assistência Social CAPACITAÇÃO CONSELHEIROS MUNICIPAIS.

AVALIAÇÃO DA ESCOLA EM TEMPO INTEGRAL POR PROFESSORES DO PROJETO MAIS EDUCAÇÃO NO MUNICÍPIO DE ALAGOA NOVA- PB.

Autor: Profª Msª Carla Diéguez METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA

FORMAÇÃO DE PEDAGOGOS E DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA NA MODALIDADE EAD EM MG: O FOCO NO ENSINO E NA APRENDIZAGEM

LENTE DE AUMENTO: UM OLHAR SOBRE O COTIDIANO DA ESCOLA

INFORMAÇÃO PROVA FINAL DE EQUIVALÊNCIA À FREQUÊNCIA CIÊNCIAS NATURAIS Abril de 2015

UFRN/CCSA DCC CONSTRUINDO O SEU TCC PASSO A PASSO

OS SABERES NECESSÁRIOS PARA ENSINAR MATEMÁTICA UTILIZANDO VÍDEO AULA COMO RECURSO DIDÁTICO

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE BENAVENTE

Interdisciplinar II Módulo CST: GESCOM

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES

Transcrição:

INVESTIGANDO OS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DOS PROFESSORES DE MATEMÁTICA DAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE PÚBLICA DO ESTADO DO PARANÁ Marlisa Bernardi de Almeida marlisabernardi@yahoo.com.br Luciana Del Castanhel Perón lucianaperon@hotmail.com Ricardo Desidério rickdesiderio@hotmail.com Luciana Rissato luciana.rissato@hotmail.com Resumo Este trabalho objetivou investigar os instrumentos de avaliação utilizados pelos professores de Matemática das séries finais do Ensino Fundamental da Rede Pública do Estado do Paraná, bem como outras questões importantes que se referem às práticas avaliativas presentes no processo de ensino e aprendizagem. A opção pelo estudo qualitativo possibilitou analisar as respostas dos questionários aplicados a professores e alunos desse nível de ensino, procurando categorizá-las e associá-las a um referencial teórico adequado a cada análise feita. Os resultados demonstraram que as provas escritas individuais têm sido ainda o instrumento mais amplamente utilizado nas tarefas avaliativas, mas outros instrumentos já estão se fazendo presentes nas práticas avaliativas dos professores pesquisados. Palavras-chave: Avaliação da Aprendizagem; Instrumentos de Avaliação; Professores e Alunos. Introdução A função nuclear da avaliação, de acordo com Luckesi (2002), é ajudar o aluno a aprender e o professor a ensinar, determinando também quanto e em que nível os objetivos 552

estão sendo atingidos. Para isso, é necessário o uso de instrumentos e procedimentos de avaliação adequados. Sob esta perspectiva, foi que nos interessou investigar os instrumentos mais utilizados pelos professores em suas práticas avaliativas. Procedimentos metodológicos A metodologia de pesquisa adotada foi a pesquisa de campo, através de um estudo exploratório de cunho qualitativo. Participaram do estudo, doze docentes da Rede Pública do Estado do Paraná, sendo no mínimo dois e no máximo cinco de cada uma das seguintes regiões do estado: norte (Londrina e Maringá), centro-oeste (Laranjeiras do Sul) e oeste (Medianeira), que atuam na disciplina de Matemática nas séries finais do Ensino Fundamental. Quanto aos discentes, participaram igualmente doze alunos da rede pública estadual das mesmas regiões acima citadas, os quais estão cursando as séries finais do Ensino Fundamental e são discentes dos professores ora pesquisados. Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram questionários abertos aplicados a professores e alunos. Para proceder à análise qualitativa das informações obtidas, utilizou-se a Técnica de Análise de Conteúdo, proposta por Bardin (1979). Fizemos também uma análise quantitativa das categorias que emergiram da préanálise e da exploração do material. Os dados quantitativos foram complementares, mas possibilitaram a caracterização do grupo de professores o que facilitou a categorização das respostas. Discussão e resultados Através da análise das respostas, podemos perceber a presença dos seguintes instrumentos: - provas (orais, escritas, individuais, em duplas): 100%; - trabalhos (individuais, em duplas): 100%. 553

pesquisados. Estes dois instrumentos apareceram em todas as respostas dos professores Algumas respostas evidenciam claramente isso: P2: Avalio através de provas orais, provas individuais ou em duplas. Como também através de trabalhos individuais ou em dupla. P7: Trabalhos em duplas ou individuais com a ajuda do professor, provas individuais. P12: Através de trabalhos escritos em duplas, de provas escritas individuais, de provas orais. Os outros instrumentos citados foram: - atividades em sala de aula: 42%; - tarefas e caderno: 16%. As respostas abaixo mostram estes instrumentos, mas sempre associados aos outros: provas e trabalhos, os quais são comumente utilizados: P9: Provas, trabalhos, atividades em sala de aula. P6: Prova escrita, trabalhos em grupo e individual, tarefas de casa e atividades em sala de aula. P4: Atividades em sala de aula e para casa, trabalhos e atividades em duplas, provas escritas e orais e organização das atividades no caderno. Estes outros instrumentos: atividades em sala, tarefas e caderno; apareceram em pouquíssimas respostas, o que revela que os professores ainda mantém a tradicional forma de avaliar: através de provas e trabalhos. Entretanto, é possível observar algumas nuances de mudanças: provas orais, trabalhos em duplas, provas em duplas. Em relação aos instrumentos de avaliação, os alunos também foram questionados e estes confirmaram o que os professores colocaram, sendo possível agrupá-los em quatro categorias: - provas (avaliação: termo usado por alguns alunos como sinônimo para prova): 100%; - trabalhos: 100%; - atividades extras e domiciliares: 100%; - organização do caderno: 33%. 554

As respostas a seguir ilustram o reconhecimento dos alunos da utilização, na disciplina de Matemática, destes instrumentos pelo professor: A5: Sou avaliado oralmente em sala de aula, também através de tarefas de casa, com provas e trabalhos. A7: Sou avaliado por provas, participação nas atividades de sala e trabalhos com base nos conteúdos aplicados. A8: Provas, trabalho individual, trabalho em grupo, atividades. Consideramos um avanço esta variedade de instrumentos de avaliação usados pelos professores, pois o educador que faz uso de instrumentos de avaliação diversos para, ao longo de um período, acompanhar o ensino-aprendizagem, é diferente daquele que se restringe a dar uma prova ao final do período. Salientamos, entretanto, que esta diversidade de instrumentos de avaliação se deve também à exigência da LDB 9394/96, no artigo 24, capítulo V, bem como ao processo nº 091/99, deliberação nº 007/99, do Estado do Paraná, que obriga, de certa forma, os professores a utilizarem mais de um meio de aferição a seus alunos. Luckesi (2002) enfatiza a importância dos instrumentos e critérios, pois a avaliação não poderá ser praticada sob dados inventados pelo professor, este por sua vez deverá ter clareza dos objetivos de sua prática avaliativa, dos instrumentos que irá utilizar e dos critérios que serão analisados para cada instrumento. Salienta, ainda, que o critério deve ser utilizado como exigência de qualidade e não como forma de autoritarismo do professor para com o aluno. Outro perigo é de os critérios não serem formulados previamente e sim no decorrer da própria avaliação. Segundo Luckesi (2002), na avaliação da aprendizagem a análise mais formalizada de resultados acompanha a aplicação de um instrumento e dá sequência a replanejamentos e orientações para os alunos Desse modo, o educador de hoje, deve repensar acerca dos seus critérios de avaliação, acerca da necessidade de construir políticas e práticas que considerem a diversidade e que estejam comprometidas com o sucesso e não com o fracasso escolar. Para isso, faz-se necessário um retorno às formas pelas quais a avaliação foi planejada. Conforme salienta Hoffmann (1991, p. 9), [...] quaisquer práticas inovadoras 555

desenvolver-se-ão em falso se não alicerçadas por uma reflexão profunda sobre concepções de avaliação /educação [...]. Considerações finais Conscientes de que não existem respostas prontas e acabadas, procuramos respeitar e analisar cuidadosamente as respostas obtidas. Não pretendendo esgotar os estudos sobre avaliação, procuramos, na medida do possível, fazer uma análise cautelosa, apoiada na literatura citada, e sem a pretensão de apontar soluções para a prática da avaliação. Acreditamos que seria no mínimo incoerente listar uma série de aspectos negativos que se constituem como implicações no processo avaliativo. Todavia, não foi esse nosso intuito. O confronto das respostas obtidas, dos professores e alunos pesquisados, com a literatura especializada, da qual tivemos acesso, permitiu apenas fazer considerações a respeito da avaliação escolar. De acordo com a literatura, o processo de avaliação da aprendizagem inclui a obtenção contínua de dados quantitativos e qualitativos acerca da extensão e natureza da aprendizagem do aluno. Assim, todas as informações disponíveis sobre o desempenho acadêmico são úteis tanto para professores quanto para alunos porque subsidiarão o julgamento do valor dos resultados e a tomada de decisões relativas aos progressos e às dificuldades que podem ocorrer durante o processo de ensino e aprendizagem. Este ajuizamento de valor dos resultados de aprendizagem depende do conceito que o professor tem do processo de avaliação, que, por sua vez, determina o que e como ele avalia. Deste modo, as possibilidades de mudanças nas práticas de avaliação requerem a compreensão pelo professor de que os diversos modelos de ensino e aprendizagem implicam abordagens de avaliação diferenciadas. Mudar muitas vezes é um processo penoso, já que procedimentos e atitudes avaliativas tradicionais e inadequadas para o tempo em que vivemos se encontram profundamente enraizados nos professores e alunos. No entanto, cabe aos professores acreditarem, apesar dos inúmeros obstáculos, que é possível realizar no cotidiano escolar uma avaliação da aprendizagem, com ênfase na tomada de decisões, para garantir o sucesso do aluno e, consequentemente, da prática pedagógica do professor. Pois toda resposta ao processo de aprendizagem, seja certa ou errada, é um ponto de chegada, por 556

mostrar os conhecimentos que já foram construídos e absorvidos, e um novo ponto de partida para um recomeço, possibilitando novas tomadas de decisões. Referências BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1979. BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm Acesso em 18 de novembro 2007. HOFFMANN, J. Avaliação Mito & Desafio, uma perspectiva construtivista. Porto Alegre: Mediação, 1991. LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar. 14. ed. São Paulo: Cortez, 2002. 557