EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA VARA CÍVEL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CRICIÚMA SC



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Transcrição:

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA VARA CÍVEL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CRICIÚMA SC Processo nº 2008.72.04.002973-0 Petição nº /2012 O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, pelo procurador da República ao final assinado, vem perante Vossa Excelência, nos autos em epígrafe, expor e requerer o que segue: I VOLTA REDONDA 767/770). Ciente do requerimento de Licença Ambiental de Operação (LAO) (fls. Nos dias 09 e 10.08.2012, o MPF realizou vistoria na área VOLTA REDONDA, que está em fase de monitoramento ambiental, produzindo o Relatório de Vistoria nº 039/2012, que ora é apresentado a Vossa Excelência. 1

Em síntese, a recuperação está se desenvolvendo satisfatoriamente. No entanto, há necessidade de algumas ações de manutenção na área, que foram assim resumidas no relatório de vistoria: [ ] A cobertura vegetal mostrou-se satisfatória, apresentando índices de 100% em todos os pontos amostrados, com exceção de um ponto, que apresentou 95%, cobertura também satisfatória (Imagem 02). Vale ressaltar que sobre o depósito de rejeito há espécies arbustivas (Imagem 03), mesmo estas não sendo pivotantes, o ideal é realizar o manejo por meio da retirada das mesmas. [ ] No momento da vistoria foram possíveis de serem constatadas três áreas alagadas, ou seja, com acúmulo de água, uma no ponto E: 651.089 N: 6.841.078; outra próxima à estrada que corta a área, em virtude, provavelmente, de o dreno que inicia neste ponto, sob a estrada, encontrar-se com cota mais alta que a superfície do terreno no local, ponto E: 650.161 N: 6.841.434 (Imagem 13), e outra próxima ao último ponto amostrado, na área das antigas bacias decantação (Imagem 14). O talude na parte noroeste da área, onde a empresa pretende utilizar futuramente como operacional, hoje faz parte do passivo, necessitando, portanto, ser revegetado e ainda receber demais trabalhos técnicos de estabilização, juntamente como uma avaliação da sua atual inclinação (cogitando, inclusive, a hipótese de suavização) para garantir uma condição estável (Imagem 07). Necessita-se, também, da introdução de vegetação nos taludes sul e oeste da área lavrada a céu aberto para propiciar um ganho em estabilidade, contudo, tal ação deve ser executada com certa cautela, visto que há inclinação verticalizada neste pequeno trecho, o que dificulta o estabelecimento das espécies vegetais, sendo que a melhor alternativa é avaliar as espécies que se adaptam a tais tipos de situação. 2

Além disso, os pontos com processo erosivo, nas margens do curso d'água presente na área lavrada a céu aberto, necessitam ser corrigidos e revegetados (Imagem 10). II SANTA ROSA ÁREA 02 No dia 05.09.2012, o MPF e o DNPM realizaram vistoria na área SANTA ROSA ÁREA 02, produzindo o Relatório de Vistoria nº 040/2012, que ora é apresentado a Vossa Excelência. relatório de vistoria: As constatações da equipe de vistoria foram assim sintetizadas no Dos 13 pontos de amostragem em que foi aderido a camada argilosa, 8 pontos apresentaram espessura superior ou equivalente a 35 cm, sendo que eventualmente um destes (Ponto 04) apresentou uma mínima espessura de argila com fragmentos de rejeitos próximo aos 30 cm (Imagem 02), porém não tendo continuidade. Em 3 pontos não foi possível dar continuidade ao furo por trado manual em virtude de ser impenetrável, provavelmente por causa da presença de estéreis de cobertura, uma vez que esta área foi lavrada a céu aberto. O ponto que apresentou problemas foi o Ponto 09, o qual localiza-se na APP e apresentou rejeito em 60 cm de espessura, sobre o solo natural. Com relação ao material de revestimento, apresentou condições de textura bastante argilosa, com boa plasticidade na maioria dos pontos. [ ] Possui, a faixa de APP foi implantada com a introdução de mudas de espécies nativas, consorciadas entre secundárias e primarias. Como condição comum as espécies introduzidas, pode-se constatar um bom desenvolvimento vertical, associado a trato silviculturas como tutoramento e coroamento (Imagem 07 e 08). O recobrimento efetivo do solo é realizado por gramíneas rasteiras, as quais no momento não apresentavam indícios de sufocamento às 3

espécies nativas. Como ressalva na APP, deve-se citar o Ponto 09, o qual após 60 cm de perfuração em material de textura argilosa, houve a ocorrência de uma camada de rejeito carbonoso sobre solo natural (Imagem 09). [ ] Área de 9,7 ha, apresentando-se recuperada, necessitando apenas de algumas correções. Com relação aos taludes, a empresa deve avaliar a estabilidade dos quais são provenientes dos antigos cortes da lavra céu aberto que, inclusive, estão apresentando desplacamento (Imagem 06). Assim, torna possível e execução de alternativas para evitar este processo. Outra questão a ser analisada é a quebra ocorrida no final da escadaria presente na APP, o que está causando acúmulo de material de alvenaria no curso d'água, bem como, prejudicando o escoamento das águas de montante e causando alterações no talude do curso d'água. No ponto que apresentou problemas de erosão no talvegue do curso d'água deverá ser estabilizado e introduzido vegetação rasteira (Imagem 10). Além disso, é necessária a manutenção da vegetação nas margens das drenagens construídas em meia cana, pelo fato de poder prejudicar o escoamento de águas pluviais na seção planejada (Imagem 11). E, na APP, a ocorrência de rejeitos carbonosos deve ser investigada quanto a dimensões de sua abrangência, por meio de ensaios (sondagem) ao longo de toda a faixa de APP. Caracterizadas as extensões, deve-se proceder a remoção específica do material carbonoso no ponto, evitando ao máximo a entrada de maquinário, principalmente se esta dimensão for submétrica. O relatório de vistoria aponta para a ocorrência de um problema grave, qual seja, a presença de rejeitos na área de preservação permanente (APP), contrariando frontalmente o item 3.2 dos Critérios para recuperação ou reabilitação de áreas degradadas pela mineração de carvão revisão 04. 4

III SÃO ROQUE Conforme o Termo de Acordo Judicial (TAJ) de fls. 93/96, a CARBONÍFERA CRICIÚMA S/A deveria ter concluído a recuperação da área degradada SÃO ROQUE, até 31.12.2011. E esta recuperação deveria ser feita de acordo com os Critérios para recuperação ou reabilitação de áreas degradadas pela mineração de carvão, judicialmente homologados. Pois bem, em 19 e 20.07.2012 realizou-se a vistoria prevista na Cláusula 7ª do referido Termo de Acordo Judicial. O respectivo relatório da vistoria (Relatório nº 047/2012) é ora apresentado a Vossa Excelência. Infelizmente, a empresa ré não recuperou a contento esta área. O relatório de vistoria aponta, minuciosamente, os problemas encontrados na área. Os principais são os seguintes: trechos não revegetados; taludes não revegetados; taludes muito íngremes, com trechos onde já ocorre escorregamento de solo, obstruindo parcialmente o canal de drenagem; muitas mudas de espécies arbóreas mortas e não repostas, na área de preservação permanente (APP); ausência de coroamento das mudas arbóreas; presença de sulcos erosivos; presença de vários pontos de acúmulo de água, com drenagem insuficiente; não recuperação dos pontos de rebaixamento e surgência de água ácida em duas propriedades lindeiras Srs. Nereide e Reinaldo. Sobre este último aspecto cabe destacar que, ainda que a recuperação destes trechos nas propriedades vizinhas não tenha constado do projeto de recuperação da área SÃO ROQUE, a CARBONÍFERA CRICIÚMA S/A deve 5

proceder a tal recuperação. Isto porque a sentença que aqui se executa é clara a determinar que as empresas carboníferas devem recuperar todos os danos ambientais provocados por suas atividades. No mesmo sentido, o 1º da Cláusula 3ª do TAJ diz claramente que o tamanho das áreas degradadas, constante na tabela do caput, é apenas referencial, sendo que a CARBONÍFERA CRICIÚMA S/A assume a responsabilidade de recuperar toda a área efetivamente degradada, ainda que seja maior, em hectares, do que o tamanho referido no caput. E não há dúvida que o dano ambiental nestas propriedades tem a mesma causa da lagoa ácida surgida nas proximidades e agora recuperada. Isto é, todos estes três rebaixamentos foram causados por subsidência da mina operada pela CARBONÍFERA CRICIÚMA S/A no subsolo da área. Logo, está presente o nexo de causalidade. No ponto, consta do relatório de vistoria, verbis: No dia 20/09/12 ainda foram vistoriadas duas propriedades rurais próximas à área da lagoa ácida. A vistoria foi acompanhada pelos respectivos proprietários, Srs.Nereide e Reinaldo, os quais relataram que o rebaixamento de seus terrenos foi contemporâneo à formação da lagoa ácida, sendo tais depressões causadas pela mesma mina subterrânea ali existente, explorada pelo método de recuperação de pilares. Corroboram seus relatos o fato de que tais depressões no terreno são reconhecíveis nas imagens de satélite como anômalas à morfologia natural (Imagem 22), ambas apresentam exudação perene de água (surgência), encontram-se artificialmente drenadas e suas águas são visivelmente contaminadas a julgar pela formação de hidróxidos de ferro no leito (Imagem 23) e margens e pela alteração na vegetação, mais perceptível na propriedade do Sr.Reinaldo Cipriano, onde as águas inibem o desenvolvimento mesmo das gramíneas mais resistentes à acidez (Imagem 24). As vazões de água surgente são drenadas por canais mantidos por seus proprietários (Imagens 25 e 26). O desnível aproximado entre a superfície remanescente e o centro das depressões é de 2,5 metros. A extensão em área das depressões são bastante semelhantes entre si e podem ser estimadas a partir da atribuição de um formato 6

circular com raio de 90 metros resultando em área de 0,6 ha cada. Assim sendo, deve ser aplicada a multa prevista no 3º da Cláusula 7ª do Termo de Acordo Judicial, fixada em R$ 10.000,00 (dez mil reais) por hectare, por mês de atraso. Considerando os critérios para graduação de multas estabelecidos pelo Grupo Técnico de Assessoramento (GTA), tem-se o seguinte cálculo da multa, por mês de atraso: Subárea Hectares Desconto Valor (R$) Fora de APP: ausência de sistema de drenagem, solo e vegetação Fora de APP: ausência de vegetação APP: ausência de vegetação 4,60 40% (Fase 1 concluída) 27.600,00 18,60 90% (Fase 2 concluída) 18.600,00 0,40 75% (Fase 1 concluída) 1.000,00 23,60 47.200,00 Considerando que entre a data em que as obras deveriam estar concluídas 31.12.2011 e a data da vistoria 20.07.2012 transcorreram 6,65 (seis vírgula sessenta e um) meses, a multa soma R$ 313.651,61 (trezentos e treze mil e seiscentos e cinquenta e um reais e sessenta e um centavos). Por fim, cabe destacar que o cálculo da multa não está levando em consideração os trechos não recuperados nas propriedades vizinhas. Se isto fosse considerado, a multa seria ainda maior. 7

IV REQUERIMENTOS Pelo exposto, o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL requer: a) a juntada dos relatórios de vistoria anexos; b) que seja aplicada a multa prevista no 3º da Cláusula 7ª do Termo de Acordo Judicial de fls. 93/96, pela não recuperação da área degradada SÃO ROQUE, no montante de R$ 313.651,61 (trezentos e treze mil e seiscentos e cinquenta e um reais e sessenta e um centavos), referente ao período de 31.12.2011 a 20.07.2012; c) que a CARBONÍFERA CRICIÚMA S/A seja intimada para: ci) judicial correspondente; no prazo de 5 (cinco) dias, depositar o valor da multa na conta cii) no prazo de 5 (cinco) dias, informar um novo prazo para conclusão das obras de recuperação da área SÃO ROQUE, inclusive no tocante aos rebaixamentos e surgência de água ácida nas duas propriedades vizinhas, ressalvado que a multa continuará fluindo até a completa conclusão da obra, de acordo com os Critérios para recuperação ou reabilitação das áreas degradadas pela mineração de carvão, judicialmente homologados; ciii) no prazo de 30 (trinta) dias, comprovar que implantou as medidas de manutenção na área VOLTA REDONDA, indicadas no Relatório nº 039/2012, que incluem: remoção das espécies arbustivas que incidem sobre o depósito de rejeitos; correção das drenagens; estabilização dos taludes; realização de tratos silviculturais nas APPS; e correção dos processos erosivos; 8

civ) no prazo de 30 (trinta) dias, comprovar que implantou as medidas corretivas na área SANTA ROSA ÁREA 02, indicadas no Relatório nº 040/2012, que incluem: remoção de todos os rejeitos da APP; estabilização dos taludes; correção das drenagens; e correção dos processos erosivos. Criciúma, 2 de outubro de 2012. DARLAN AIRTON DIAS Procurador da República 9