Propaganda Eleitoral. Eduardo Buzzinari Ribeiro de Sá 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ESPÉCIES DE PROPAGANDA POLÍTICA



Documentos relacionados
Você pode contribuir para eleições mais justas

Pode. Alto-falantes ou amplificadores de som. Pode

Orientações sobre PROPAGANDA ELEITORAL

Orientações sobre PROPAGANDA ELEITORAL

PROPAGANDA ELEITORAL

PROPAGANDA ELEITORAL

A Propaganda Institucional e as Eleições de Randolpho Martino JúniorJ

QUESTÕES SOBRE A PROPAGANDA ELEITORAL

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador VALDIR RAUPP

Propaganda Eleitoral

Informações para o dia da eleição

PHS SP. 1º Curso de Marke.ng Polí.co. II - Aspectos Legais da Campanha

Prefácio 11 Introdução 13

Seção I Das disposições preliminares

RESOLUÇÃO Nº. INSTRUÇÃO Nº CLASSE 12ª - DISTRITO FEDERAL (Brasília).

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

PHS SP. 1º Curso de Marke.ng Polí.co. I - Aspectos Legais da pré- campanha

Você está recebendo a Cartilha Eleitoral 2014, elaborada pela Abert para orientar a conduta do radiodifusor durante o período eleitoral.

1. As eleições do PEDEX 2011 serão realizadas em todo o Paraná no dia 28 de agosto de 2011 das 9 às 17 horas.

ROTEIRO PARA PESQUISAS ELEITORAIS

Deputada Estadual Vanessa Damo LEI DA ENTREGA COM HORA MARCADA - SP

ELEIÇÕES 2012 CAMPANHA ELEITORAL

RESOLUÇÃO Nº CLASSE 19 BRASÍLIA DISTRITO FEDERAL

LEI DOS PARTIDOS POLÍTICOS (Lei n /95)

Resolução TSE n ( ) Capítulo VII artigos 33 a 48

Cooperativismo E eleições

Sumário APRESENTAÇÃO DA COLEÇÃO APRESENTAÇÃO NOTA À TERCEIRA EDIÇÃO NOTA À SEGUNDA EDIÇÃO DIREITO ELEITORAL...

ELEIÇÕES 2012: PROPAGANDA ELEITORAL: Conheça as formas permitidas e não permitidas

MANUAL DO CANDIDATO Eleições 2014 Propaganda Eleitoral O Que Pode e o Que não Pode

O SR. NELSON MARQUEZELLI (PTB - sp) pronuncia o. seguinte discurso: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados,

AMAJUM. No próximo dia 7 de outubro, o povo brasileiro retorna às urnas, desta vez para escolher prefeitos, vice-prefeitos e vereadores.

RESOLUÇÃO Nº 6/2013 (ELEIÇÕES-IBDFAM) ADITIVO

RESOLUÇÃO Nº INSTRUÇÃO Nº CLASSE 19 BRASÍLIA DISTRITO FEDERAL

Pesquisas Eleitorais Res. TSE nº /15 Lei nº /2013.

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

Propaganda Eleitoral: A Propaganda Subliminar e outras Formas de Publicidade de Aparente Cunho Institucional 1

MEDIDA: RESPONSABILIZAÇÃO DOS PARTIDOS POLÍTICOS E CRIMINALIZAÇÃO DO CAIXA 2

Inelegibilidade: A Questão das Doações de Campanha nas Eleições 2010

INSTRUÇÃO Nº CLASSE 19 BRASÍLIA DISTRITO FEDERAL

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

A mais um CURSO realizado pela

RESOLUÇÃO Nº TÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS

Calendário Eleitoral Eleições Municipais

Processo Eleitoral para Coordenação do Diretório Acadêmico do Curso de Gastronomia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel)

SICOOB NOSSACOOP Cooperativa de Economia de Crédito dos Empregados das Instituições de Ensino e Pesquisa e de Servidores Públicos Federais de Minas

CURRICULUM VITAE ESCOLARIDADE. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Porto Alegre. ATUAÇÃO PROFISSIONAL - ATUAL

CONARQ OGU AGOSTO

Eleições Municipais Propaganda

Prestação de Contas Eleitoral. Flávio Ribeiro de Araújo Cid Consultor Eleitoral

Prefeitura Municipal de São Francisco do Conde publica:

REGULAMENTO NORMATIVO DA ELEIÇÃO DO DIRETOR DE SAUDE DO TRABALHADORDO SINDSEMP. Sindicato dos Servidores Municipais de Petrolina

Regulamento de Criação e Funcionamento dos Grupos de Trabalho da Sopcom

LEI , DE 29 DE DEZEMBRO DE

LIVRO VIII DA ÁREA ELEITORAL

Regulamento Interno da Associação dos Bolseiros de Investigação Científica

COMISSÃO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA, COMUNICAÇÃO E INFORMÁTICA PROJETO DE LEI N.º 5.735, DE 2013

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Instituto Federal de Educação,Ciência e Tecnologia de Brasília Campus Riacho Fundo

AGEOS Associação Gaúcha de Obras de Saneamento. Giovani Agostini Saavedra Saavedra & Gottschefsky Advogados Associados

Federação Portuguesa de Columbofilia. Regulamento Eleitoral

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 2ª Câmara de Coordenação e Revisão

O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercício do cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA

ELEIÇÕES PARA A DIRETORIA E PARA O CONSELHO FISCAL DA AFBNB REGULAMENTO ELEITORAL

REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES Vice-Presidência do Governo Emprego e Competitividade Empresarial Direção Regional de Organização e Administração Pública

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA 7.ª revisão 2005 (excertos) Princípios fundamentais. ARTIGO 10.º (Sufrágio universal e partidos políticos)

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

CONSELHO TUTELAR E AS MODIFICAÇÕES PROPORCIONADAS PELA LEI n /2012.

3. PROCESSO: CONCEITO E FINALIDADE Processo eleitoral e seu caráter público Processo coletivo... 28

Processos da Assessoria de Comunicação

RESOLUÇÃO Nº 005/2015

INTRODUÇÃO AO CURSO DE MARKETING ELEITORAL

FORUM PERMANENTE DA AGENDA 21 LOCAL DE SAQUAREMA REGIMENTO INTERNO. CAPITULO 1-Da natureza, sede, finalidade, princípios e atribuições:

RESOLUÇÃO INSTRUÇÃO Nº 127 CLASSE 19ª BRASÍLIA DISTRITO FEDERAL. Relator: Ministro Arnaldo Versiani. Interessado: Tribunal Superior Eleitoral.

CAPÍTULO II: DA COMISSÃO ELEITORAL

Carta de Serviços aos Cidadãos

TEMAS DA REFORMA POLÍTICA

RESOLUÇÃO Nº INSTRUÇÃO Nº CLASSE 12ª - DISTRITO FEDERAL (Brasília).

RESOLUÇÃO TSE DAS DOAÇÕES

Glossário. Assembleia de Voto É o local onde o eleitor vota, ou o conjunto de cerca de eleitores que a integram.

As oportunidades de utilização do SMS no marketing político

Licitações de Agências de Publicidade Lei nº /2010

DIREITO ADMINISTRATIVO

EDITAL DESAFIO. Conferência Mapa Educação

RADIODIFUSÃO EDUCATIVA ORIENTAÇÕES PARA NOVAS OUTORGAS DE RÁDIO E TV

RESOLUÇÃO Nº 04, DE 10 DE JUNHO DE 2015, DA COMISSÃO ELEITORAL.

ZERAR A SUA CONTA DE SUPERMERCADO TODO MÊS!

Conceitos gerais. Corrupção ato ou efeito de corromper podridão adulteração suborno prevaricação

COMO USAR SMS ADDITIONAL TEXT EM UMA CAMPANHA ELEITORAL?

Reforma Política Democrática Eleições Limpas 13 de janeiro de 2015

NORMAS ELEITORAIS PARA OS MEMBROS DA CIPA

Programa Amigo de Valor FORMULÁRIO PARA APRESENTAÇÃO DE PROPOSTA DE APOIO PARA O DIAGNÓSTICO MUNICIPAL DA SITUAÇÃO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

Programa Local de Responsabilidade Social de Ferreira do Alentejo

Regulamento Eleitoral da Real Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Vizela. ARTIGO 1º 1- Os membros dos órgãos sociais da Real

REGIMENTO INTERNO DO SECRETARIADO NACIONAL DA MULHER

REGULAMENTO ELEITORAL

Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul Sistema de Comunicações da Justiça Eleitoral. Manual do Usuário

LEI Nº /2013 A LEI ANTICORRUPÇÃO. S e m i n á r i o r e a l i z a d o n o F e l s b e r g A d v o g a d o s e m 0 5 / 0 2 /

REGULAMENTO ESPECÍFICO (apenas modalidade 5)


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PROMOTOR ELEITORAL DA CIRCUNSCRIÇÃO ELEITORAL DE JARAGUÁ DO SUL SANTA CATARINA.

Transcrição:

Série Aperfeiçoamento de Magistrados 7 Curso: 1º Seminário de Direito Eleitoral: Temas Relevantes para as Eleições de 2012 Propaganda Eleitoral 85 Eduardo Buzzinari Ribeiro de Sá 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS Propaganda, em termos genéricos, define-se como o conjunto de técnicas de divulgação de ideias, com caráter informativo e persuasivo, cujo objetivo consiste em influenciar a opinião pública. Por meio da propaganda, busca-se tornar as pessoas propensas a aceitar uma determinada ideia ou tomar uma decisão. A propaganda eleitoral é a forma de difusão e divulgação da ideologia e dos programas dos candidatos e seus respectivos partidos políticos. Sua base legal resta contida nos artigos 240 a 256 do Código Eleitoral e artigos 36 a 58-A da Lei nº 9.504/1997. Um dos princípios basilares do processo eleitoral é o que assegura tratamento isonômico entre os candidatos aos cargos públicos eletivos, evitando que o abuso do poder político e/ou econômico possa influenciar no resultado do pleito. Para atender a tal desiderato, fixou-se um momento único para que cada candidato possa dar início à divulgação de suas ideias e projetos de governo: a data de 6 de julho do ano da eleição, conforme previsto no art. 36 da Lei nº 9.504/1997. ESPÉCIES DE PROPAGANDA POLÍTICA A propaganda política, segundo o Professor José Jairo Gomes, pode ser classificada como propaganda partidária, intrapartidária, eleitoral e institucional. 1 Juiz de Direito do TJERJ.

86 Série Aperfeiçoamento de Magistrados 7 Curso: 1º Seminário de Direito Eleitoral: Temas Relevantes para as Eleições de 2012 A propaganda partidária consiste na divulgação da ideologia do partido político com o fim de captar novos filiados. Sua base legal é assegurada pelos artigos 45 a 49 da Lei Orgânica dos Partidos Políticos. Nessa modalidade de propaganda, não é permitida a participação de pessoas não filiadas, tampouco a divulgação de propaganda de candidatos. A propaganda intrapartidária, a outro turno, consiste na divulgação das ideias dos pré-candidatos que possuem a intenção de disputar cargos eletivos para angariação de votos dos demais filiados na respectiva convenção partidária. Deve ser realizada de 10 a 30 de junho do ano eleitoral, sendo vedada a utilização de rádio, televisão, outdoor e internet. É permitida, por outro lado, a afixação de faixas e cartazes em local próprio da convenção, com mensagem aos convencionais. A propaganda eleitoral, por sua vez, diz respeito às ações desenvolvidas pelos candidatos para obter a adesão dos eleitores às suas candidaturas e conquistar seus respectivos votos. Sua veiculação, como já mencionado, somente é permitida a partir do dia 6 de julho do ano da eleição. A propaganda institucional, por fim, é aquela feita pelo Poder Público, com verbas próprias, destinada à prestação de contas de suas atividades perante a população de forma transparente, proba e fiel. Tem por finalidade precípua a divulgação das realizações da Administração e a orientação dos cidadãos sobre assuntos de seu interesse. PROPAGANDA ELEITORAL EXTEMPORÂNEA Como já asseverado alhures, o art. 36 da Lei nº 9.504/1997 fixou um momento único para que cada candidato possa dar início à divulgação de suas ideias e projetos de governo: a data de 6 de julho do ano da eleição. Tal se deu para assegurar o tratamento isonômico entre os candidatos aos cargos públicos eletivos, evitando que o abuso do poder político e/ou econômico possa influenciar no resultado do pleito. Caso algum candidato divulgue qualquer forma de propaganda antes dessa data, será a mesma caracterizada como extemporânea ou antecipada e, portanto, ilícita, por subverter o ideal de isonomia que deve

Série Aperfeiçoamento de Magistrados 7 Curso: 1º Seminário de Direito Eleitoral: Temas Relevantes para as Eleições de 2012 87 nortear o processo eletivo. Com efeito, a antecipação da propaganda cria desigualdade entre os candidatos na medida em que favorece o candidato que desrespeita as normas jurídicas e quase sempre serve de camuflagem para o abuso do poder econômico e/ou político. Compete à Justiça Eleitoral coibir essa prática ilegal, por meio da aplicação das multas previstas na legislação específica. O procedimento é iniciado por representação ou reclamação oferecida pelo Ministério Público Eleitoral ou pelos partidos políticos prejudicados até a data da realização do pleito. PROPAGANDA ELEITORAL CRIMINOSA Algumas das principais modalidades de propaganda eleitoral criminosa são a utilização de símbolos, frases e imagens de órgãos públicos, a corrupção eleitoral por captação ilícita de sufrágio e o crime de boca de urna. A corrupção eleitoral é crime previsto no art. 299 do Código Eleitoral e consiste em dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita. A pena cominada para a prática é de reclusão até quatro anos e pagamento de cinco a quinze dias-multa. É de se observar que a mercantilização de votos rende ensejo à propositura da ação de captação ilícita de sufrágio prevista no art. 41-A da Lei nº 9.504/1997, cujas sanções são de multa e cassação do registro ou do diploma. O crime de boca de urna, por sua vez, resta previsto no art. 39, 5º, III da Lei nº 9.504/1997 e consiste na divulgação de qualquer espécie de propaganda no dia da eleição. A punição cominada é de detenção de seis meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período e multa no valor de cinco mil a quinze mil UFIR. PROPAGANDA ELEITORAL COM ABUSO DO PODER ECONÔMICO E/OU POLÍTICO

88 Série Aperfeiçoamento de Magistrados 7 Curso: 1º Seminário de Direito Eleitoral: Temas Relevantes para as Eleições de 2012 É o tipo de propaganda em que o candidato pessoalmente ou por meio de terceiros age de modo a desequilibrar a igualdade entre os participantes e extrapola os limites do financiamento privado das campanhas eleitorais. É importante destacar que basta ser a conduta potencialmente lesiva para desequilibrar o pleito. Não há necessidade de se constatar o aumento do número de votos nas urnas ou que o candidato favorecido tenha saído vitorioso. Não se exige, portanto, o resultado material do abuso para que haja punição. A título de exemplo de condutas que criam desequilíbrio entre os candidatos, destacam-se aquelas dispostas nos artigos 24 e 73 da Lei º 9.504/1997, tais como o apoio em verba de caixa dois de empresas concessionárias de serviço público, publicidade em larga escala de instituições religiosas, publicidade de clubes esportivos e organizações não governamentais que recebam recursos públicos, entre outras. As sanções previstas são de cassação de registro, inelegibilidade e, na ação de impugnação ao mandato eletivo ou no recurso contra a diplomação, é cabível a cassação do diploma e a anulação do mandato eletivo. PROPAGANDA ELEITORAL POR MEIO DA INTERNET O assunto desperta as mais variadas polêmicas e constitui um grande desafio da atualidade para o Poder Judiciário. A Lei n 12.034/2009 buscou disciplinar o tema, ao menos, em linhas gerais. A propaganda virtual foi autorizada por meio de sítios criados pelo candidato ou partido político, por meio de mensagens eletrônicas enviadas a endereços previamente cadastrados, por meio de blogs, redes sociais, sítios de mensagens instantâneas e assemelhados, cujo conteúdo será de responsabilidade do candidato ou partido político. No tocante ao envio de mensagens eletrônicas, a lei vedou expressamente a venda de cadastros de endereços. Assim como vedou a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga (art. 57-A da Lei n 9.504/1997). Verifica-se que a lei não contemplou a restrição de boca de urna, no tocante à limitação de prazo de 48 horas antes e 24 horas depois das

Série Aperfeiçoamento de Magistrados 7 Curso: 1º Seminário de Direito Eleitoral: Temas Relevantes para as Eleições de 2012 89 eleições para a veiculação de propaganda pela internet. O assunto não encontra orientação unânime na doutrina. Existe a limitação, contudo, no que se refere à possibilidade de veiculação de propaganda em sítios de pessoas jurídicas ou em sítios oficiais de órgãos e entidades da Administração Pública direta ou indireta. OUTRAS FORMAS DE PROPAGANDA ELEITORAL É permitida a colocação de bonecos, cavaletes, cartazes, mesas de distribuição de material de campanha e bandeiras ao longo das vias públicas, desde que móveis e não dificultem o bom andamento do trânsito de pessoas e veículos. A respectiva colocação e retirada deve se dar entre seis e vinte e duas horas. Em bens particulares, a veiculação de propaganda não depende de licença ou autorização, desde que as faixas, cartazes ou pinturas não excedam a medida de 4m², ficando vedado, evidentemente, qualquer tipo de pagamento em troca do espaço cedido para essa finalidade. A propaganda em bens particulares deve ser, portanto, gratuita e espontânea. A distribuição de material gráfico, caminhada, passeata, carreata ou carro de som é permitida até as vinte e duas horas do dia que antecede o pleito. A utilização de trios elétricos e a realização de showmícios, por sua vez, é proscrita pelo art. 39, 10 da Lei nº 9.504/1997. Já a propaganda por meio da imprensa escrita se submete às restrições do art. 43 do mesmo diploma legal, havendo o limite de dez anúncios por veículo e do espaço de 1/8 de página de jornal e de 1/4 de página de revista ou tablóide. Caracterizado o abuso do poder econômico, é cabível a representação do art. 22 da Lei de Inelegibilidades. CONSIDERAÇÃO FINAL O Direito Eleitoral, na medida de sua dinamicidade, exige do operador do direito a aplicação da lei de modo a manter a unidade e coerência do processo eleitoral, interpretando as normas de acordo com os princípios

90 Série Aperfeiçoamento de Magistrados 7 Curso: 1º Seminário de Direito Eleitoral: Temas Relevantes para as Eleições de 2012 que lhe servem de fundamento. Isso porque, quando nos referimos a direitos políticos, o objeto do Direito se distancia da esfera particularizada do indivíduo para, expandindo seu campo de incidência, refletir-se em toda a coletividade.