PRODUÇÃO E TEORES DE PROTEINA BRUTA DA AVEIA CV. IAPAR 61 SOB DOSES DE NITROGÊNIO Fernanda Paula Badicera [Bolsista PIBIC/ Fundação Araucária] 1, Adalberto Luiz de Paula [orientador] 2, Suelen Maria Eisnfeld 1, Julio Cezar Machado 1, Rasiel Restelatto 3, Laércio Ricardo Sartor [Colaborador] 2 1 Alunos do curso de Zootecnia da UTFPR, Campus Dois Vizinhos 2 Coordenação de aagronomia da UTFPR, Campus Dois Vizinhos 3 Aluno do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da UTFPR, Campus Dois Vizinhos Campus Dois Vizinhos Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Estrada p/ Boa Esperança, km 04, CEP 85660-000. Dois Vizinhos - PR. ferbaldicera@hotmail.com; adalbertolpaula@utfpr.edu.br; laerciosartor@utfpr.edu.br Resumo - A utilização de pastagens hibernais é uma excelente alternativa para a alimentação dos bovinos. O objetivo deste trabalho foi avaliar a produção e a qualidade nutricional da aveia IAPAR 61 utilizada para a alimentação animal, em função da adubação nitrogenada. O presente trabalho foi desenvolvido na área experimental da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Dois Vizinhos, utilizando a aveia IAPAR61, sob doses de 0, 40, 80, 120, 160, 200 e 240 kg de N ha-1, aplicadas essas doses 1/3 na semeadura e 2/3 em cobertura, após o primeiro e terceiro cortes, em doses iguais. Para a produção de forragem, quando se aplica a formula da máxima eficiência produtiva a dose de 243 kg N ha -1 foi a que apresentou a maior produção de MS da Aveia IAPAR 61, para a PB ouve um aumento proporcional na qualidade da forragem até a dose de 219 kg ha -1 de N. Palavras-chave: Alimentação animal; Pastagens hibernais; Proteína bruta.. Abstract - The use of cool season forage is an excellent alternative for feeding cattle. The aim of this study was to evaluate the production and nutritional quality of oats cv. IAPAR 61 used for animal feed, depending on nitrogen fertilization. This work was developed in the experimental area of the Federal Technological University of Paraná, Campus Dois Vizinhos, using oats IAPAR61 under level of 0, 40, 80, 120, 160, 200 and 240 kg ha -1 of N, applied these doses 1/3 at sowing and 2/3 in coverage after the first and third cuts in equal doses. For forage production, when applying the formula of maximum productive efficiency dose of 243 kg ha -1 of N was the one with the largest DM production Oats IAPAR 61 for PB hear a proportional increase in forage quality by the dose of 243 kg ha -1 of N. Keywords: Crude protein; Feed; Cool season forage. INTRODUÇÃO A pecuária brasileira tem como base as pastagens formadas por gramíneas. A utilização dessas forragens na alimentação dos bovinos destaca-se por ser de baixo custo. Mas isso depende de um bom manejo da cultura, da correção do solo para manter todos os nutrientes disponíveis à planta.
Sendo que na Região Sul do Brasil há alta produtividade de forragem na estação da primavera e do verão, decorrente da alta incidência de chuvas, temperatura elevada e alta luminosidade nesses períodos, o que não ocorre no outono e inverno, com isso, tem-se a necessidade do cultivo de espécies anuais de inverno no período do vazio forrageiro, com função de fornecer forragem aos animais, proteger o solo, e também produzir palhada para o cultivo de grãos no verão, em sistema de integração lavoura-pecuária [3]. A aveia (Avena strigosa),é uma forrageira de clima temperado e subtropical, anual e que possui bom perfilhamento. Além disso, apresenta excelente valor nutritivo, podendo chegar até 26% de proteína bruta nos primeiros pastejos, com boa palatabilidade e digestibilidade (60% a 80%) [1]. Essa forragem não apresenta restrição ao pastejo dos animais, adapta-se bem a várias condições de solo, suporta estresse hídrico e geadas, mas não tolera baixa fertilidade, excesso de umidade e temperaturas altas. Além disso, responde muito bem à adubação, principalmente com nitrogênio e fósforo. A utilização da adubação nitrogenada na aveia pode proporcionar um acréscimo de 80 a 130% na produção de matéria seca, além do índice de área foliar que melhora a qualidade da forragem [4] também provoca efeitos significativos no número de perfilho por planta, devido ao uso de sementes de maior qualidade fisiológica provocando aumento da emergência consequentemente no número de perfilho por m 2, resultando em maior produção de matéria seca. Dessa forma, o presente trabalho objetivou avaliar a produção de forragem e os teores de proteína bruta na cultura da aveia cv. IAPAR 61 sob doses de nitrogênio. METODOLOGIA O trabalho foi desenvolvido na área experimental da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Campus Dois Vizinhos, região Sudoeste do Paraná. Esta região apresenta um clima subtropical úmido mesotérmico (Cfa) sem estação seca definida, com verão quente com temperaturas médias de 22 o C e inverno frio com temperaturas médias inferiores a 17 o C, e uma densidade pluviométrica de 2.100 mm por ano. Para o desenvolvimento do experimento foi utilizada a espécie anual de inverno Aveia IAPAR 61. O experimento foi conduzido durante os períodos de maio 2011 à setembro de 2011. O delineamento experimental utilizado foi de blocos completamente casualizados, com três repetições. As parcelas experimentais foram de 5 x 5 m, sendo o espaçamento entre as fileiras de 20 cm, com uma profundidade de semeadura entre 3 a 5 cm, as doses de N aplicadas na aveia IAPAR 61 foram: 0, 40, 80, 120, 160, 200 e 240 kg ha -1 aplicadas essas doses 1/3 na semeadura e 2/3 em cobertura, após o primeiro e terceiro cortes, em doses iguais. A coleta do material vegetal foi realizada quando a cultura atingia um tamanho ideal para pastejo, ou seja, de pelo menos 30 cm de altura. A coleta foi realizada através de corte manual a 10 cm do solo de uma área de 0,25 m 2, simulando o pastejo dos animais, o restante da área da parcela foi roçado com roçadeira mecânica, na mesma altura da amostra coletada. Foram realizadas seis simulações de pastejo ate fechar o ciclo de produção da cultura. A amostra coletada foi pesada para determinação da produção de massa verde (MV). Para as determinações bromatológicas, o material foi secado em estufa a 60 o C por 72 horas, e moído em moinho Wiley para posterior determinação dos seguintes parâmetros: massa seca (MS), teor de proteína bruta (PB) e teor de FDN, segundo o método de Weende (1984). As analises foram procedidas no Laboratório de Bromatologia da UTFPR, Campus Dois Vizinhos. A determinação da proteína bruta (PB) foi obtida a partir da matéria seca, em percentagem, determinando o nitrogênio segundo o método de Weende (1984), citado por [5]. A percentagem de proteína obtida da amostra será estimada multiplicando a percentagem de nitrogênio por 6,25, o que obterá o valor PB.
Os dados foram submetidos à análise da variância pelo programa SAS 8.1 [6]. Para os parâmetros significativos foram aplicados análises de regressão considerando os fatores como sendo de efeito quantitativo. RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante o período de coleta, que ocorreram nos meses de maio a setembro do ano de 2011 foram obtidos dados de produção de massa seca (MS) e valor nutritivo (proteína bruta) da cultura da aveia IAPAR 61. Neste trabalho serão apresentadas as produções acumuladas de MS (Figura 1) e teores de proteína (Figura 2). 7500 Produção de forragem (kg ha -1 MS) 7000 6500 6000 5500 5000 4500 4000 y = 3584,1270 + 27,2202x - 0,0673x 2 r ² = 0,85 P < 0,0001 3500 0 0 40 80 120 160 200 240 Doses de N (kg ha -1 ) Figura 1. Produção de forragem de aveia cv. IAPAR 61 sob doses de nitrogênio (0, 40, 80, 120, 160, 200 e 240 kg ha -1 de N). UTFPR Campus de Dois Vizinhos, 2012. Avaliando a figura 1, percebe-se que a quantidade de N aplicada influencia diretamente na produção de MS da aveia obtendo uma resposta quadrática (P < 0,0001), ou seja, quando se aplica 243 kg ha -1 de N é onde se atinge o ponto máxima produção de MS, após essa quantidade a produção tende a estabilizar, não respondendo mais com as doses de N aplicadas. A relação quadrática entre produção de MS e níveis de N, geralmente, são apontados em trabalhos que estudam amplos níveis do nutriente. Segundo [2], isso ocorre, após atingir um determinado nível de nutriente na planta ocorrendo crescimento máximo de produção, com isso o excesso de N pode provocar desequilíbrio entre os nutrientes na planta, consequentemente provocando diminuição na produção e gastos desnecessários com adubação.
280 260 240 PB (g kg -1 ) 220 200 180 160 y = 181,2816 + 0,6150x - 0,0014x 2 r ² = 0,81 P < 0,0001 140 0 0 40 80 120 160 200 240 Doses de N (kg ha -1 ) Figura 2. Teores de proteína bruta de aveia cv. IAPAR 61 recebendo diferentes doses de nitrogênio (0, 40, 80, 120, 160, 200 e 240 kg ha -1 de N). UTFPR Campus de Dois Vizinhos, 2012. Avaliando a figura 2, percebe-se que os teores de proteína bruta ajustaram-se a uma equação quadrática com resposta positiva da dose de N aplicada na aveia. Demonstrando que além do aumento da produtividade, o nitrogênio melhora o valor protéico da forragem, com respostas significativas até a dose de 219 kg ha -1 de N, demonstrando-se a mais eficiente com taxas de recuperação de N, sendo a que obteve maior rendimento na produção de PB. CONCLUSÕES A produção de forragem e os teores de proteína bruta da aveia preta cv. IAPAR 61 aumentam com aplicação de crescentes doses de N, com respostas até 240 kg ha -1 de N. AGRADECIMENTOS A Fundação Araucária pela concessão da bolsa de iniciação cientifica e a UTFPR, Campus de Dois Vizinhos pela disponibilidade da área experimental e laboratórios. REFERÊNCIAS [1] KICHEL, A. N.; MIRANDA, C. H. B. Uso de aveia como planta forrageira. Embrapa Campo Grande, MS, n. 45, dezembro de 2000. [2] MARTUSCELLO, Janaina Azevedo; FONSECA, Dilermando Miranda; NASCIMENTO Júnir Domicio ; et al. Características morfogênicas e estruturais do capim-xaraés submetido a adubação nitrogenada e desfolhação. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.5, p 1475-1482, 2005. [3] NICOLOSO, R.S.; LANZANOVA, M.E.; LOVATO, T. Manejo das pastagens de inverno e potencial produtivo de sistemas de integração lavoura-pecuária no Estado do Rio Grande do Sul. Ciência Rural, Santa Maria, v.36, n.6, p.1799-1805, 2006.
[4] SCHUCH, L. O. B.; NEDEL, J. L.; ASSIS, F. N.; MAIA, M. S. Crescimento em laboratório de plântulas de aveia-preta (Avena strigosa S.) em função do vigor das sementes. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, vol. 21, n.1, Pág. 229-234, 1999. [5] SILVA, D. J. Análise de alimentos: método de Weende, 1984. Viçosa, MG: 165 pág. 1990. [6] STATISTICAL ANALYSIS SYSTEM - SAS. User s guide: statistics Version 6.12, Cary: SAS Institute, 2004. (CD-ROM).