QUALIDADE BROMATOLÓGICA DO SORGO FORRAGEIRO SOB DOSES DE NITROGENIO
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- Yasmin Silva Lameira
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1 QUALIDADE BROMATOLÓGICA DO SORGO FORRAGEIRO SOB DOSES DE NITROGENIO Rasiel Restelatto 1*, Paulo Sergio Pavinato [orientador], Sidney Ortiz 1, Fernanda Paula Baldicera 2, Suelen Maria Einsfeld 2 1 Mestrandos do programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Câmpus Dois Vizinhos, Paraná. restelattor@yahoo.com.br, ortizsidney@yahoo.com.br 2 Alunas do curso de Zootecnia da UTFPR Câmpus Dois Vizinhos, bolsistas PET (Programa de Educação Tutorial) PIBIC (Entidade Financiadora da Bolsa, CNPQ/Fundação Araucária, UTFPR). *Autor para correspondência Resumo: A cultura do sorgo (Sorghum bicolor (L)), originário do centro da África e parte da Ásia, apresentou expressiva expansão nos últimos anos. Dessa forma objetivou-se com o presente trabalho avaliar os valores de FDN, FDA e digestibilidade in vitro da matéria seca da forragem produzida pela cultura do sorgo forrageiro cv. Jumbo em função das doses de nitrogênio. O trabalho foi desenvolvido na área experimental da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Câmpus Dois Vizinhos. O delineamento experimental utilizado foi de blocos completamente casualizados, com três repetições. Os tratamentos foram compostos das seguintes doses de N: ; 37,5; 75; 15; 225; 3 e 375 kg ha -1, sendo essas doses distribuídas igualmente em três aplicações, a primeira na semeadura, a segunda após o primeiro corte e a terceira após o terceiro corte. A coleta do material forrageiro produzido foi realizada com o corte manual, quando a cultura atingia uma altura média entre,7 a,8 m. Os teores médios de FDN e FDA da forragem produzida pelo sorgo forrageiro dos anos de 211 e 212 não tiveram diferença significativa através do método de variância (P>,5). Para os teores de DIVMS, a análise de variância (P <,5) indicou efeito significativo das doses de N aplicadas, sendo que em ambos os anos a dose entre 15 e 225 kg ha -1 de N, foi à que apresentou os melhores teores de DIVMS. Palavras-chave: alimentação animal, consumo de forragem, digestibilidade, fibra bruta Introdução A cultura do sorgo, originário do centro da África e parte da Ásia, apresentou expressiva expansão nos últimos anos, atingindo em 28/29 uma área plantada acima de 1,5 milhões de hectares em todo o mundo (EMBRAPA, 21). Do ponto de vista agronômico, esse crescimento ocorreu devido à cultura ter um alto potencial produtivo (grão e massa verde) e ter uma boa capacidade de suportar estresses ambientais. Apesar da grande disponibilidade de cultivares de sorgo com características que possibilitam a sua adequação às diferentes regiões e o alto potencial produtivo desta cultura, observa-se, muitas vezes, baixa e irregular produtividade (Gontijo Neto et al., 22). Nesse aspecto, considera-se que a fertilidade do solo e as baixas aplicações de fertilizantes sejam os principais fatores responsáveis pela baixa produtividade de forragem e silagem. Estas variações de produtividade podem afetar diretamente os valores nutricionais da forragem produzida. Dentre os nutrientes, o N possui papel fundamental na cultura do sorgo, por ser constituinte essencial das proteínas e interferir diretamente no processo fotossintético, pela sua participação na molécula de clorofila, tornando-se, portanto, limitante em sistema de utilização intensivo de solo. Dessa forma objetivou-se com o presente trabalho avaliar os valores de FDN, FDA e digestibilidade in vitro da matéria seca da forragem produzida pela cultura do sorgo forrageiro cv. Jumbo em função das doses de nitrogênio. 15 e 16 de Outubro de
2 Material e Métodos O trabalho foi desenvolvido na área experimental da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Câmpus Dois Vizinhos, região Sudoeste do Paraná. Esta região apresenta um clima subtropical úmido mesotérmico (Cfa) sem estação seca definida, com temperaturas acima de 22 o C no verão, e inverno com temperaturas médias inferiores a 17 o C, com índices pluviométricos de 2.1 mm por ano. Para o desenvolvimento do experimento foi utilizada a espécie anual de verão de sorgo forrageiro, cultivar Jumbo. O trabalho foi conduzido durante os períodos de novembro de 21 à abril de 211 e janeiro de 212 à abril de 212. A semeadura no primeiro ano de cultivo foi realizada no dia 19 de novembro de 21, para o segundo ano de cultivo a semeadura foi realizada no dia 3 de janeiro de 212, devido a baixas quantidades de chuvas nos meses de novembro e dezembro de 211. O delineamento experimental utilizado foi de blocos completamente casualizados, com três repetições. As parcelas experimentais foram de 5 x 5 m, sendo o espaçamento entre as fileiras de 4 cm, com uma profundidade de semeadura entre 3 a 5 cm, utilizando de 12 a 15 sementes por metro linear, totalizando uma densidade de 15 kg de semente ha -1. Os tratamentos foram compostos das seguintes doses de N: ; 37,5; 75; 15; 225; 3 e 375 kg ha -1, sendo essas doses distribuídas igualmente em três aplicações, a primeira na semeadura, a segunda após o primeiro corte e a terceira após o terceiro corte, com manejo adotado similar para os dois anos de cultivo. A coleta do material forrageiro produzido foi realizada com o corte manual da cultura, em duas linhas de cultivo em cada parcela com,5 m, equivalente a,4 m 2, quando a cultura atingia uma altura média entre,7 a,8 m. O restante do material era cortado e retirado manualmente das parcelas, para o resíduo da cultura não influenciar nos resultados posteriores, deixando um resíduo de planta com,2 m de altura para rebrote e novas coletas. Para determinação das características bromatológicas, a biomassa aérea de sorgo cv. Jumbo foi secada em estufa a 6 o C por 72 horas, até peso constante, e moído em moinho Wiley para posterior determinação dos seguintes parâmetros: Fibra detergente neutro (FDN) para calcular o teor de FDN (celulose, hemicelulose e lignina) foi utilizado o método de Van Soest (1968), descritas por Silva e Queiroz (26). Onde utilizou-se uma amostra de 2 à 3 gramas, o qual foi colocada em um saquinho, onde ficou em solução neutra por aproximadamente 1 hora com temperatura de aproximadamente 98 ºC, retirou-se e fez-se a lavagem do saquinho com água destilada e acetona. Após o processo de digestão da fibra, colocou-se os saquinho na estufa à temperatura de 15 ºC, deixando por no mínimo 8 horas, em seguida retirou-se o saquinho, pesou-se o quanto de amostra que restou no saquinho e calculou-se o teor de fibra em detergente neutro (FDN). Fibra em detergente ácido (FDA) a determinação da concentração de FDA composta quase na sua totalidade por lignina e celulose, foi dada por intermédio do equipamento ANKOM, feita pelo método seqüencial a FDN. De modo geral, seguiu-se o mesmo protocolo de determinação da FDN, sendo a FDA: O preparo da solução de FDA seguiu as recomendações propostas por VAN SOEST e descritas por SILVA e QUEIROZ (26). Digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) seguiu-se a metodologia adaptada de TILLEY & TERRY (1963) citado por SILVA e QUEIROZ (26), onde esse método acontece em duas fases, primeira fase colocou-se os saquinhos (modelo F57) com,5 gramas de amostra no equipamento da ANKON, onde o mesmo simula um rúmem artificial, após 48 horas de fermentação em ph 6,8 com líquido ruminal, o substrato ainda será fermentado por outras 24 horas por uma solução ácida ( ph entre 2,4 à 2,6) e pepsina, a qual a pepsina em 15 e 16 de Outubro de
3 ambiente ácido, tem como função desdobrar as proteínas em peptídeos mais simples após esse período retira-se os saquinhos deixa na estufa por mais 8 horas, ai sim depois pesa-se e por diferença se irá calcular a digestibilidade da forragem. A determinação dessas características foi procedida no Laboratório de Bromatologia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Dois Vizinhos. Os dados foram submetidos à análise da variância pelo programa SAS 8.1 (SAS, 24). Para os parâmetros significativos foram aplicados testes de regressão polinomial, considerando o maior grau significativo. Resultados e Discussão O FDN das pastagens é composto por lignina, celulose e hemicelulose, sendo esses carbohidratos estruturais os principais elementos que proporcionam a sustentação para as plantas, e um dos principais elementos que influenciam o consumo de MS. Os animais, em especial os bovinos, são seletivos e concentram a atividade de pastejo nas camadas de pastagem que possuem principalmente folhas, com isso os animais selecionam as folhas por serem mais acessíveis, em pastagens bem manejadas, e de menor resistência à apreensão com uma melhor qualidade. Dessa forma, a avaliação dos parâmetros botânicos, estruturais e nutricionais das pastagens pode ser utilizada de forma integrada para definição do melhor intervalo entre pastejos e melhor qualidade das pastagens. Os teores médios de FDN da forragem produzida pelo sorgo forrageiro dos anos de 211 e 212 apresentados na figura 1 não tiveram diferença significativa através do método de variância (P>,5), quando avaliados em relação às doses de N, porém pode-se perceber que no ano de 211 os teores de FDN foram maiores que os do ano de 212, essa diferença pode ter acontecido devido a ano de 211 a cultura ter sido implantada 71 dias antes, com isso a cultura teve um ciclo de pastejo maior que ao ano de 212, consequentemente no final do ciclo do ano de 211 os teores de FDN foram maiores que os do ano de 212. Oliveira et al. (21), trabalhando com a produção e extração de nutrientes de diferentes forrageiras anuais, encontraram resultados de FDN variando de 445 à 618 g kg -1, sendo que a cultura do Sorgo Sudão (aveia de verão) foi a que obteve os maiores teores de FDN (618 g kg -1 ), e a cultura do sorgo forrageiro apresentou teores médios de 569 g kg -1 de FDN. O FDA das pastagens é composto basicamente por celulose, lignina, cinzas e compostos nitrogenados, sendo que a celulose e a lignina são compreendidas como a porção menos digestível da parece celular das plantas. A fibra desempenha importante função no controle do consumo voluntário e, conseqüentemente, na ingestão de nutrientes, além de estimular um ambiente ruminal favorável ao desenvolvimento dos microorganismos responsáveis pela digestão de carboidratos fibrosos. Os teores médios de FDA da forragem produzida pelo sorgo forrageiro dos anos de 211 e 212 apresentados na figura 2, não tiveram diferença significativa através do método de variância (P>,5), quando avaliados em relação às doses de N, mostrando novamente que no ano de 212 os teores médios de FDA foram inferiores ao ano de 211, essa diferença pode ter acontecido devido ao ciclo da cultura ser maior no ano de 211, como já explicado anteriormente para os dados de FDN. Kollet et al., (26) trabalhando com três variedades de milheto na região dos cerrados do distrito federal encontrou teores médios de FDA variando de 39,8 à 345,5 g kg -1 para as idades de corte de 35 e 42 dias, 15 e 16 de Outubro de
4 respectivamente. Quando comparados os dados encontrados na literatura com os do presente trabalho, pode-se perceber que os teores de FDA do sorgo forrageiro e do milheto são semelhantes. Ter o conhecimento da digestibilidade das forragens é de extrema importância, pois por meio da digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) se pode estimar o consumo da matéria seca pelos animais. Avaliando a figura 3, pode-se perceber que a análise de variância (P<,5) indicou efeito significativo das doses de N aplicadas na DIVMS, sendo que em ambos os anos de 211 e 212 a dose entre 15 e 225 kg N ha -1, foi à que apresentou os melhores teores de DIVMS. Simili et al., (28) trabalhando com doses de N (1, 2, 3 kg ha -1 ) na cultura do Sorgo Sudão AG 251 encontraram valores de DIVMS semelhantes aos encontrados no presente trabalho, com teores médios de 718; 739; 716 g kg -1, respectivamente. Conclusão As doses de N não influenciam nos teores de FDN e FDA, porém para a DIVMS, a dose de 212 kg ha -1 de N foi a que proporcionou melhor digestibilidade no ano de 211, e para o ano de 212 a melhor digestibildidade foi na dose de 27 kg ha -1 de N. Referências COELHO, Antônio Marcos. A implantação da cultura do sorgo. Embrapa Milho e Sorgo. Sistema de Produção, 2 ISSN X Versão Eletrônica - 6ª edição set, 21. GONTIJO NETO, Miguel Marques; OBEID, José Antônio; PEREIRA, Odilon Gomes; et al. Híbridos de Sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench) Cultivados sob Níveis Crescentes de Adubação. Rendimento, Proteína Bruta e Digestibilidade in Vitro. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.4, p , 22. OLIVEIRA, Leandro Barbosa; PIRES, Aureliano José Vieira; VIANA, Anselmo Eloi Silveira; et al. Produtividade, composição química e características agronômicas de diferentes forrageiras. Revista Brasileira de Zootecnia, v.39, n.12, p , 21 KOLLET, José Luiz; DIOGO SILVA, José Mauro da; LEITE, Gilberto Gonçalves. Rendimento forrageiro e composição bromatológica de variedades de milheto (Pennisetum glaucum (L.) R. BR.). Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.4, p , 26. SILVA, Dirceu Jorge; QUEIROZ, Augusto César de. Análise de Alimentos: métodos químicos e biológicos. 3. ed. Viçosa: UFV, p. SIMILI, Flávia Fernanda; REIS, Ricardo Andrade; FURLAN, Bruna Nucci et al. Resposta do híbrido de Sorgo- Sudão à adubação nitrogenada e potássica: composição química e digestibilidade in vitro da matéria orgânica. Ciência. Agrotécnica., Lavras, v. 32, n. 2, p ,mar./abr., e 16 de Outubro de
5 78 Sorgo Sorgo 212 FDN (g kg -1 ) y = 726,77 ± 8,36 CV = 1,15 FDN (g kg -1 ) y = 694,2528 ± 8,4 CV = 1,21 Figura 1. Teores médios de FDN (g kg -1 ) nos anos de 211 e 212 da cultura do sorgo forrageiro em função das doses de nitrogênio. Sorgo 211 Sorgo 212 FDA (g kg -1 ) 46 y = 381,382 ± 13, CV = 3, FDA (g kg -1 ) y = 356,1648 ± 3,74 42 CV = 1, Figura 2. Teores médios de FDA (g kg -1 ) nos anos de 211 e 212 da cultura do sorgo forrageiro em função das doses de nitrogênio. 75 Sorgo Sorgo DIVMS (g kg -1 ) y = 529,9638 +,595x -,12x 2 r ² =,56 P <,2 Doses de N (kh ha -1 ) DIVMS (g kg -1 ) y = 68,3272 +,3234x -,78x 2 r ² =,52 P <,5 Doses N (kg ha -1 ) Figura 3. Teores médios de DIVMS (g kg -1 ) nos anos de 211 e 212 da cultura do sorgo forrageiro em função das doses de nitrogênio. 15 e 16 de Outubro de
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