LÂMINA ÓTIMA FÍSICA E DOSES DE CÁLCIO PARA A CULTURA DO MILHO IRRIGADO
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1 LÂMINA ÓTIMA FÍSICA E DOSES DE CÁLCIO PARA A CULTURA DO MILHO IRRIGADO SILVEIRA, A.L. da 1 ; SANTANA, M.J. de 2 ; REIS, H.P.O. dos 3 ; BARRETO, A.C. 2 1 Estudante de Engenharia Agronômica do IFTM- Uberaba, bolsista FAPEMIG, amandaagronomia@gmail.com. 2 Prof. IFTM- Uberaba, marciosantana@iftriangulo.edu.br; barreto@iftriangulo.edu.br; 3 Estudante de Zootecnia do IFTM -Uberaba, bolsista PIBIC/IFTM. RESUMO O objetivo do atual trabalho foi determinar a lâmina ótima física e a dose de cálcio para o híbrido de milho 30F90 (utilizado para silagem). O experimento foi conduzido no setor de Olericultura do IFTM Uberaba. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial de 4x4, sendo testados quatro doses de cálcio (0 mg dm -3, 75 mg dm -3, 150 mg dm -3 e 225 mg dm -3 ) e quatro níveis de reposição de água (70%, 100%, 130% e 160% da evapotranspiração diária), com quatro repetições. O manejo da irrigação seguiu conforme o método de drenos. Diariamente foram coletados dados de tensão de água no solo, bem como dados para estimar a evapotranspiração. Foram avaliadas massa seca e verde 90 dias após semeadura (DAS). Dentre os resultados pode-se concluir que aos 90 DAS a reposição estimada que proporcionou maior média de massa seca foi de 113,6% com um dose de cálcio ótima de 109,5 mg dm -3. A lâmina que proporcionou a maior massa seca foi de aproximadamente 639 mm. Palavras-chave: manejo irrigação, nutrição mineral, Zea mays. INTRODUÇÃO O milho (Zea mays) pertencente à família Poaceae é uma das mais importantes culturas utilizadas na alimentação animal, possuindo um ciclo curto, com alto potencial produtivo sendo muito cultivada no Brasil. Uma das formas de sua utilização é como silagem (ou volumoso) (SILVA et al., 2000). Conforme Silva et al. (2000) o milho é cultivado em climas que variam desde a zona temperada até a tropical, durante o período em que as temperaturas médias diárias são superiores a 15 C e livres de geadas. No Sudeste do Brasil o cultivo do milho em sucessão a grandes culturas, tem se mostrado uma alternativa para os agricultores, permitindo o aproveitamento de áreas irrigadas ou na entressafra. Ainda conforme os mesmos autores quando se refere a produção de matéria seca, a cultura do milho apresenta alta eficiência na utilização de água. É também uma cultura muito exigente em nutrição balanceada. Dentre os tratos culturais o manejo da irrigação e a nutrição se tornam elementos cruciais no desenvolvimento dessa cultura. Dentre os nutrientes o cálcio exerce um papel importante na condução dessa cultura. Para Silva et al., (2001) o período de maior exigência
2 de água é na fase de embonecamento ou pouco após do mesmo. O consumo de água durante o cultivo pode variar até 3 vezes dependendo do estádio da cultura e variar em magnitude não diferente em função da época do ano. A combinação desses fatores pode proporcionar erros acima de 600% com relação ao total de água aplicado e intervalo de irrigações, caso nenhuma estimativa seja feita para essas determinações. De acordo com Faquin (2005) o cálcio é absorvido pelas raízes como Ca 2+ na solução do solo e é transportado unidirecionalmente pelo xilema, via corrente transpiratória, das raízes para a parte aérea. As reações de troca no xilema são muito importantes para o movimento ascendente do cálcio na planta. A taxa de redistribuição do Ca é muito pequena devido sua concentração no floema ser muito baixa. Para Furtini Neto et al., (2001) sob menor disponibilidade de cálcio no solo, com o cultivo de espécies muito exigentes, a disponibilidade pode depender da difusão que por sua vez necessita de uma quantidade de água no solo adequada. Ainda segundo os mesmos autores sob condições mais úmidas e com baixa taxa de transpiração, ou baixo teor de água no solo, são comuns sintomas de deficiência de Ca. A deficiência de Ca é rara sob condições de campo, exceto no caso de culturas com exigências especiais. O Ca é transportado unidirecionalmente pelo xilema, via corrente transpiratória, das raízes para a parte aérea. As reações de troca no xilema são muito importante para o movimento ascendente do Ca na planta: o Ca 2+ é deslocado dos sítios de troca por outros cátions. A taxa de redistribuição do Ca é muito pequena devido sua concentração no floema ser muito baixa. A maior parte do Ca do tecido vegetal está em formas insolúveis em água. Sabe-se que são poucos os trabalhos que evidenciam a interação cálcio suplementar e lâmina de água aplicada ao solo. São necessários estudos que evidenciem a necessidade dos diversos nutrientes e a relação com a aplicação de água no solo. Diante do exposto o atual trabalho teve como objetivo determinar a lâmina ótima física e a dose de cálcio para o híbrido de milho 30F90 (utilizado para silagem). MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em uma casa-de-vegetação localizada no setor de Olericultura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Uberaba, MG. O solo utilizado foi caracterizado como um Latossolo Vermelho distrófico, ao qual foi peneirado e adicionado calcário para a correção da acidez. A densidade do solo média foi obtida após adicioná-lo ao recipiente (vaso de polietileno) obtendo-se um valor de 0,98 g cm -1. A cultivar empregada foi o híbrido 30F90 da empresa Pioneer. O experimento foi conduzido em um delineamento inteiramente casualizado (DIC) com quatro repetições, sendo empregado um esquema fatorial de 4 x4, constituído por quatro níveis de reposição de água no solo (70%, 100%, 130% e
3 160% da evapotranspiração diária) e quatro doses de cálcio aplicadas ao solo (0 mg dm mg dm -3, 150 mg dm -3 e 225 mg dm -3 ). O emprego das doses de cálcio foi baseado na indicação de Malavolta (1980) que sugere a aplicação de 75 mg dm -3 de cálcio em experimentos com recipientes. Cada parcela foi constituída de um vaso de polietileno com capacidade para 14 dm 3. O solo foi coletado em uma área de barranco (evitando possíveis contaminações) próxima ao IFTM/Uberaba. O mesmo foi peneirado e colocado nos vasos de polietileno. O início do experimento foi caracterizado por elevar a umidade do solo dos vasos à capacidade de campo. A adubação de condução foi baseada na recomendação de Malavolta (1980), fornecendo os nutrientes nas seguintes doses, em mg dm -3 : N = 300; P = 200; K = 150; Ca = 75; Mg = 15; S = 50; B = 0,5; Cu = 1,5; Fe = 1,5; Mn = 3,0; Mo = 0,1 e Zn = 5,0. Os volumes de água de reposição para cada vaso foram obtidos a partir de um percentual (relativo a cada tratamento) da quantidade de água evapotranspirada diariamente; para isso instalaram-se em três vasos dos tratamentos 100%Ca 1, drenos de coleta da água de percolação, para a estimativa da evapotranspiração e do balanço de água no solo pela Equação 1 (GERVÁSIO et al., 2000). A reposição de água foi feita manualmente, todos os dias, com auxílio de uma proveta graduada. ET = I D (1) em que, ET é a água evapotranspirada diária (ml); I é a quantidade de água aplicada (ml); D é a quantidade de água drenada (ml). Foram instalados a 0,2 cm de profundidade três tensiômetros para medidas da tensão de água no solo. As leituras foram realizadas por meio de um tensímetro de punção. Aos 90 DAS foram obtidas as massas seca e verde da cultura. RESULTADOS E DISCUSSÕES As lâminas aplicadas para os níveis de reposição respectivamente foram de: 388,16 mm; 538,97 mm; 688,92 mm e 840,46 mm. Os valores médios de tensão de água no solo para os tratamentos de reposição de 70%, 100%, 130% e 160% foram respectivamente de 15,07 kpa; 9,48 kpa; 6,29 kpa e 4,57 kpa. Sabe-se que a tensão de água no solo ótima varia de solo e local. Na literatura são encontrados valores de 33 kpa (ANTONINI et al., 1997) e 40 kpa (GUERRA et al., 1997), mas para a maioria dos solos o valor adotado é de 10 kpa. A umidade na capacidade de campo do solo do experimento foi de 0,25 g g -1 com uma tensão média de 9,21 kpa. Dessa forma, a tensão média que aproximou da indicada a manter a capacidade de campo foi a do tratamento 100%.
4 Tensão de água no solo (kpa) Dias após semeadura 70% 100% 130% 160% Figura 1. Tensões de água no solo registradas durante a condução do experimento. O consumo de água pelas plantas está representado na Figura 2. Houve uma tendência de aumento do consumo de água após os 60 dias de cultivo. Consumo de água (mm) Dias após semeadura 70% 100% 130% 160% Figura 2. Consumo de água nos diferentes tratamentos. A análise de variância revelou efeito estatístico para reposição e doses de cálcio em massa verde e seca aos 90 DAS. Para Guimarães (1988) o déficit hídrico ocasiona murchamento das plantas, prejudicando sua fisiologia. Por outro lado, lâminas excessivas provocam um ambiente com falta de aeração para as plantas, bem como favorecem a disseminação de doenças e perdas de nutrientes por lixiviação. Massa verde y = -0,0133x 2 + 2,877x + 179,84 R 2 = 0, Reposição de água (%) Figura 3. Massa verde aos 90 DAS em função da reposição de água.
5 Massa verde y = -0,0012x 2 + 0,2636x + 312,54 R 2 = 0, Doses de cálcio(mg dm -3 ) Figura 4. Massa verde aos 90 DAS em função das doses de cálcio. y = -0,0213x 2 + 4,841x - 115,84 R 2 = 0,997 Massa seca Reposição de água (%) Figura 5. Massa seca aos 90 DAS em função da reposição de água. Massa seca y = -0,001x 2 + 0,2189x + 152,95 R 2 = 0, Doses de cálcio(mg dm -3 ) Figura 6. Massa seca aos 90 DAS em função das doses de cálcio. Tabela 1. Equações, doses ótima de cálcio e reposição ótima observadas aos 90 DAS. Fontes de MV 90DAS MS 90DAS variação Equação Ótimo físico Equação Ótimo físico Reposição y= -0,0133x 2 + 2,877x + 179,84 Doses de cálcio y= -0,0012x 2 + 0,2636x + 312,54 108% y= -0,0213x 2 + 4,841x 115,84 109,8 mg dm -3 y= -0,001x 2 + 0,2189x + 152,95 113,6% 109,5 mg dm -3 Propôs-se determinar a lâmina ótima física (proporcionou maior eficiência da massa seca das plantas) conforme Figura 7. Após igualar a primeira derivada da equação a zero (0) notou-se uma lâmina ótima de aproximadamente 639 mm.
6 Massa seca y = -0,0008x 2 + 1,0229x - 151,53 R 2 = 0, Lâminas (mm) Figura 7. Massa seca aos 90 DAS em função das lâminas de reposição. CONCLUSÕES 1) A cultura do milho cultivar 30F90 é sensível tanto ao déficit quando ao excesso de água de irrigação; 2) Aos 90 DAS a reposição estimada que proporcionou maior média de massa seca foi de 113,6% com uma dose de cálcio ótima de 109,5 mg dm -3. 3) A lâmina ótima física foi de 639 mm. AGRADECIMENTOS A FAPEMIG e ao IFTM pelas bolsas cedidas aos estudantes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTONINI, J.C.A. ; GUERRA, A.F.; SILVA, D.B.; RODRIGUES, G.C. Efeito da tensão de água no solo e da densidade de plantas sobre a produtividade do milho. In: EMBRAPA. Centro de Pesquisa Agropecuária dos Cerrados (Planaltina, DF). Relatório técnico anual, 1991 a Planaltina, p FAQUIN, V. Nutrição mineral de plantas. Curso especialização em Fertilidade do solo e nutrição de plantas no agronegócio. Lavras: UFLA/FAEPE, 183 p FURTINI NETO, A.E.; VALE, F.R.; RESENDE, A.V.; GUILHERME, L.R.G.; GUEDES, G.A.A. Fertilidade do solo. Curso especialização em Fertilidade do solo e nutrição de plantas no agronegócio. Lavras: UFLA/FAEPE, 252 p GERVÁSIO, E.S., CARVALHO, J.A., SANTANA, M. J. de. Efeito da salinidade da água de irrigação na produção da alface americana. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, PB. UFPB. v.4, n1, p , 2000.
7 GUERRA, A.F.; ANTONINI, J.C.A.; SILVA, D.B.; RODRIGUES, G.C. Manejo de irrigação e fertilização nitrogenada para a cultura do milho. In: EMBRAPA. Centro de Pesquisa Agropecuária dos Cerrados (Planaltina, DF). Relatório técnico anual, 1991 a Planaltina, 1997b. p GUIMARÃES, C. M. Efeitos fisiológicos do estresse hídrico. In: ZIMMERMANN, M. J. O.; ROCHA, M.; YAMADA, T. Cultura do feijoeiro: fatores que afetam a produtividade. Piracicaba, Associação Brasileira para Pesquisa da Potassa e do Fosfato, p MALAVOLTA, E. Elementos de nutrição mineral de plantas. São Paulo: Editora Agronômica Ceres, p. SILVA, E.L.; PEREIRA, G.M.; CARVALHO,J.A.; VILELA, L.A.A.; FARIA, M.A. Manejo de irrigação das principais culturas. Curso especialização em Sistemas pressurizados de irrigação. Lavras: UFLA/FAEPE, 89 p
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