Interessados: Responsáveis: José Luiz Portela Camargo - C.P.F. nº 030.623.098-49 e Eládio Vasquez Gonzalez - C.P.F. nº 517.646.



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Transcrição:

Tribunal de Contas da União Número do documento: DC-0273-30/98-1 Identidade do documento: Decisão 273/1998 - Primeira Câmara Ementa: Tomada de Contas Especial. Convênio. INAMPS. Santa Casa de Praia Grande - Ação Médica Comunitária. Aquisição de bens sem procedimento licitatório e com preços superfaturados. Resultado da aplicação financeira não utilizada no objeto do convênio. Alegações de defesa rejeitadas. Prazo para recolhimento do débito. Grupo/Classe/Colegiado: Grupo I - CLASSE II - 1ª Câmara Processo: 724.071/1994-6 Natureza: Tomada de Contas Especial Entidade: Santa Casa de Praia Grande - Ação Médica Comunitária Interessados: Responsáveis: José Luiz Portela Camargo - C.P.F. nº 030.623.098-49 e Eládio Vasquez Gonzalez - C.P.F. nº 517.646.608-20 Dados materiais: DOU de 10/09/1998 Sumário: Tomada de Contas Especial. Irregularidades na aplicação de recursos federais repassados à entidade pelo extinto INAMPS, por força do Convênio MS/INAMPS/SP nº 149/91. Citação. Elementos encaminhados insuficientes para elidir as falhas verificadas. Rejeição das alegações de defesa. Fixação de novo e improrrogável prazo para o recolhimento do débito. Relatório: Examina-se processo de Tomada de Contas Especial de responsabilidade dos Srs. José Luiz Portela Camargo e Eládio Vasquez Gonzales,

respectivamente, ex-presidente e ex-vice-presidente da entidade em epígrafe, instaurada em razão da existência de débito referente à aplicação irregular, em 17.6.1991, de Cr$ 19.200.000,00 e ao não-recolhimento, em 31.12.1991, aos cofres públicos do saldo de Cr$ 221.096,09, relativos ao Convênio MS/INAMPS/SP nº 149/91, celebrado em 6.5.1991, entre o extinto INAMPS e a Santa Casa de Praia Grande - Ação Médica Comunitária, visando à "transferência de recursos financeiros (...) para aplicação na rede de serviços, objetivando a expansão das atividades médico-assistenciais, com vistas ao bom atendimento da população, no Município de Praia Grande, através da manutenção dos serviços e ações de saúde" (fls. 6/8). 2.Foi repassada à entidade, por força do convênio acima mencionado, a importância de Cr$ 30.000.000,00 (trinta milhões de cruzeiros), em duas parcelas iguais de Cr$ 15.000.000,00 (quinze milhões de cruzeiros), em 23.5.1991 e em 14.6.1991. Com o montante repassado, foram adquiridos, sem procedimento licitatório, junto à empresa TEX-MODEL COM. DE TECIDOS Ltda., 6.058,20 m de tecido poliéster de algodão, ao preço de Cr$ 4.952,00 (quatro mil, novecentos e cinqüenta e dois cruzeiros) o metro, quando, à época, esse mesmo tecido custava no mercado Cr$ 1.800,00 (um mil e oitocentos cruzeiros) o metro, o que, considerando o desconto concedido (Cr$ 206,40), caracterizou um sobrepreço de Cr$ 19.200.000,00 (dezenove milhões e duzentos mil cruzeiros), conforme verificado pelo órgão concedente à fl. 252. 3.Os débitos apurados (Cr$ 19.200.000,00 e Cr$ 221.096,09) correspondem, respectivamente, à parcela da aquisição de tecidos considerada superfaturada e ao resultado de aplicação financeira dos recursos, não aplicado no objeto do convênio nem devolvido aos cofres do INAMPS. Parecer do Controle Interno 4.A CISET/MS certificou a irregularidade da gestão dos recursos sob exame (Certificado de Auditoria - fl. 302). Parecer da Unidade Técnica 5.Citados, respectivamente, em 23.10.1996 (fl. 315) e em 11.11.1996 (fl. 320), por intermédio dos Ofícios 544/96 e 545/96-4ª SECEX, ambos de 21.10.1996, o Sr. José Luiz Portela Camargo e o Sr. Eládio Vasquez Gonzales apresentaram, por meio de procuradores devidamente constituídos, as alegações de defesa de fls. 328/50 e 355/68. 6.Ao examinar as razões encaminhadas, o Analista responsável pela instrução do processo assim se pronunciou (fls.369/76): "... A) SR. JOSÉ LUIZ PORTELA CAMARGO: - JUSTIFICATIVAS: 7.Na qualidade de Presidente da Santa Casa de Praia Grande, o Sr. José Luiz teria sido contatado pelo Sr. Miguel Abdalla, ex-vereador da cidade, o qual teria se disponibilizado a conseguir verbas junto ao Governo Federal, visando ajudar a instituição, que se encontrava

fechada. Teria sido, então, designada reunião de Diretoria da Santa Casa, tendo o Sr. Abdalla informado que conseguiria junto ao INAMPS verba federal a 'fundo perdido', mas que estaria consignada ao fornecimento de tecidos para uso na manufatura de aventais, lençóis, fronhas etc. Na ocasião, a Diretoria teria ressaltado que a entidade necessitava de outros aparatos médicos, especialmente remédios, tendo o Sr. Abdalla reiterado que a verba se destinaria exclusivamente à aquisição de tecidos. A oferta foi aceita, já que 'toda a ajuda seria bem vinda', sendo a reunião registrada em Ata (fls. 328/29). 8.Tendo em vista o total desconhecimento pelos membros da Diretoria das regras que envolviam a liberação de recursos públicos, o Sr. Abdalla teria adotado todas as providências para a obtenção da verba, tendo levado o Convênio em mãos para assinatura do Presidente da Santa Casa, já previamente assinado pelo Ministro da Saúde e pelo Presidente do extinto INAMPS (fl. 329). 9.A Santa Casa de Praia Grande, portanto, teria sido vítima de embuste armado pelo Sr. Abdalla juntamente com servidores do INAMPS, sendo induzida a adquirir tecidos superfaturados (fls. 329/30)....... 10.Aduz, ainda, o responsável que os referidos servidores teriam direcionado o Convênio não só para a compra específica de tecidos (conforme consta do Plano de Aplicações, que não teria firmas reconhecidas por falta dos servidores do INAMPS, que não poderiam autorizar a liberação de verbas em descumprimento às normas de convênio), mas também teriam determinado a empresa da qual seriam adquiridos (empresa TEX-MODEL), deixando entender que aquela empresa seria a fornecedora 'oficial' do INAMPS. Tal fato, juntamente com o desconhecimento da exigência de licitação e dos valores praticados no mercado teriam conduzido a Santa Casa à aquisição de tecidos superfaturados de boa-fé, não tendo obtido a instituição ou qualquer um de seus dirigentes benefícios em decorrência - o que poderia ser constatado nas contas bancárias do hospital, bem como nas contas pessoais dos dirigentes, que estariam abertas para verificação (fls. 331/3). 11.A boa-fé da Santa Casa estaria atestada em correspondência enviada ao Sr. Ministro da Saúde pelo Provedor daquela instituição, Sr. Alberto Pereira Mourão, datada de 28.08.91, que teria demonstrado sua estranheza quanto ao valor pago pelos tecidos (fls. 341/42). Portanto, não haveria como responsabilizar uma entidade que por iniciativa própria havia denunciado 'a trama urdida aos anais competentes' (sic) (fl. 333). 12.O fato de os tecidos, decorridos 4 meses e 23 dias da aquisição, não terem sido utilizados, seria explicado pela interrupção do atendimento por 87 dias, em decorrência da falta de recursos, e pela enorme

quantidade adquirida, sendo o material aplicado à medida em que se fazia necessário (fl. 333). 13.Por fim, quanto ao fato de os recursos não terem sido aplicados em conta específica, alega o responsável que a Santa Casa desconhecia por completo a obrigatoriedade de se ter uma conta bancária exclusiva para o recebimento de verbas federais, vez que sempre foi orientada pelo Sr. Abdalla. Assim, teriam os recursos sido depositados em conta própria da Santa Casa por três dias, período no qual teria sido gerado 'um pequeno fruto de fundo financeiro' (fl. 332). B) SR. ELÁDIO VASQUEZ GONZALEZ: - JUSTIFICATIVAS: 14.Consoante a defesa apresentada pelo Sr. Eládio Gonzalez, ex-vice-presidente da Santa Casa de Praia Grande, a direção daquele nosocômio teria sido procurada pelo Sr. Miguel Abdalla, que teria afirmado 'ter contatos na Capital federal' (sic!) e que poderia 'obter algum tipo de ajuda financeira'. Para tanto, teria comparecido e assinado ata de reunião da Diretoria, onde teria afirmado expressamente sua intenção de conseguir verbas federais (fl. 357). 15.Em uma segunda oportunidade, o referido senhor teria comparecido a nova reunião, informando ter conseguido verbas exclusivamente para compra de tecidos, por intermédio de uma pessoa de nome 'Amorim' (cujo nome, coincidentemente, consta no verso do cheque emitido para a TEX-MODEL). Indagado sobre a possibilidade de os recursos a serem repassados poderem ser aplicados em gêneros de maior necessidade, especialmente remédios, teria mantido a consignação anterior. Tais fatos teriam sido registrados em ata. Teria afirmado, ainda, o Sr. Abdalla, que a compra dos tecidos seria executada por empresa determinada pelo INAMPS, que seria a principal fornecedora da entidade federal e estaria vinculada à liberação da verba (fl. 358). 16.A Diretoria da Santa Casa, por sua vez, por nunca ter recebido verbas públicas do origem federal e, portanto, desconhecer os trâmites a serem percorridos para a obtenção do benefício, 'acreditou na versão' (fl. 358), tendo o Sr. Abdala adotado todas as providências necessárias (fl. 360) e levado o Termo do Convênio para assinatura do então Presidente da Santa Casa em seu sítio, já previamente assinado pelo então Ministro da Saúde e pelo então Presidente do INAMPS (fl. 358). 17.É de se considerar que ao longo de sua defesa, o Sr. Eládio Gonzalez destaca, por diversas vezes o fato de a própria Santa Casa ter oficiado ao Ministro da Saúde denunciando o superfaturamento (fls. 355, 357 e 359), para cuja elucidação só teriam sido adotadas providências após matéria publicada na 'Folha de São Paulo', em 17.09.91. Instaurado Processo Administrativo Disciplinar, este teria concluído pela participação direta de funcionários do INAMPS, em conluio com o Sr. Miguel Abdalla e seu filho, Sr. Sidney Abdalla, após rastrear ligações telefônicas e audiências dentro daquele órgão. Tal conclusão estaria em

consonância com o entendimento do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. 18.Ressalta o Sr. Gonzalez que, consoante o Relatório do Processo Administrativo Disciplinar, teria ficado provado que a Santa Casa teria sido vítima de embuste praticado por servidores do INAMPS, que teriam se beneficiado, juntamente com os proprietários da TEX-MODEL, os Srs. Paulo e César Amorim, da liberação da verba condicionada à compra de tecidos (fls. 359/60). Embora o referido parecer conclua em seu item 5.3, alínea 'b', pela existência de desvio de finalidade na aquisição do tecido, o Sr. Eládio destaca que o próprio Plano de Aplicação teria estabelecido tal destinação, restando à Santa Casa 'apenas receber o pano como forma de ser beneficiada com algum tipo de ajuda do Governo Federal', não tendo possibilidade de 'dar maior abrangência ao Convênio firmado' (fl. 360). 19.Conclui, então, que a Santa Casa não teria recebido nenhuma vantagem indevida do convênio, vez que todo material foi utilizado (fls. 360/61). - ANÁLISE (tendo em vista que a defesa do Sr. Eládio Gonzalez não acrescentou informações adicionais à defesa do Sr. José Luiz Portela, procederemos à análise conjunta dos argumentos apresentados): 20.Temos que considerar, inicialmente, que os Srs. José Luiz Camargo e Eládio Gonzalez foram citados para apresentação de defesa em relação a dois débitos referentes ao mesmo Convênio: a) Cr$ 221.096,09, resultado da aplicação dos recursos no mercado financeiro; b) Cr$ 19.200.000,00, referente à compra de tecidos com superfaturamento em relação aos preços praticados no mercado. 21.Com relação ao débito relativo à aplicação financeira, apenas o Sr. José Luiz Camargo faz menção breve à sua existência, ao informar que os recursos do Convênio teriam sido depositados em conta própria da Santa Casa por três dias, período no qual teria sido gerado 'um pequeno fruto de fundo financeiro', sem, entretanto, justificar o seu não recolhimento, determinado pelo Relatório no. 29/91, da Coordenadoria de Cooperação Técnica e Controle em SP do ex-inamps (fls. 11/5). 22.É de se ressaltar que a ausência de manifestação por parte dos responsáveis não pode sequer ser justificada pelo desconhecimento, tendo em vista ter sido o então Presidente da Santa Casa notificado da necessidade de proceder à devolução dos recursos via OR no. 02/92, por intermédio do Ofício no. 521.000.0/074/92, de 24.02.92 (fl. 29, Volume I), sem, todavia, adotar providências visando sua liquidação (fl. 32,Volume I). Portanto, entendemos que deva ser atribuída aos referidos senhores a responsabilidade pelo ressarcimento daquele débito. 23.Com referência ao débito decorrente do superfaturamento, faz-se necessária análise mais acurada, que procederemos a seguir, obedecendo à ordem de argumentos apresentada pelos responsáveis.

23.1.Argumenta o Sr. José Luiz Portela que, embora o objeto constante da Cláusula Primeira do Convênio fosse mais abrangente, o Plano de Aplicações, à fl. 136, aponta especificamente a compra de tecidos. Todavia, temos que considerar que, além de o valor ali consignado divergir do termo do Convênio, o documento não está autenticado pelos signatários, podendo, em decorrência ser questionada sua validade. Ainda que fosse tido como válido, a Santa Casa não o observou, tendo em vista ter sido adquirida quantidade bem inferior à prevista (que seria de 9.652,51 metros, considerando o valor efetivamente transferido no Convênio e o preço cotado naquele Plano), a um preço superior. 23.2.Alega, ainda, o citado que a ausência de licitação decorreu, por um lado, do desconhecimento de sua necessidade, e, por outro, do fato dos representantes do INAMPS terem previamente direcionado a aquisição para a TEX-MODEL, tendo o superfaturamento sido detectado posteriormente, e comunicado de pronto ao Sr. Ministro da Saúde. A respeito desses argumentos, cabe-nos expor o que segue: a) não se pode alegar desconhecimento de norma para justificar o seu descumprimento; b) ao receberem dinheiro público, os Srs. José Portela e Eládio Gonzalez deveriam ter se cercado de todas as medidas legais e todos os cuidados necessários à sua aplicação, nos termos do art. 93, do Decreto-Lei no. 200/67, certificando-se, ao menos, da compatibilidade do preço do tecido oferecido pela TEX-MODEL com os praticados no mercado, e da efetiva necessidade da aquisição - principalmente se considerarmos, conforme afirma o Sr. Portela, à fl. 333, que o material se manteve sem uso por período considerável, por ter sido adquirido em uma 'quantidade enorme', tendo a sua utilização ocorrido à medida em que se fez necessário; c) conforme consta do depoimento do Sr. José Portela, à fl. 40, dos autos, ele efetuou a entrega dos recursos, mediante cheque, a 'um cidadão (...) se dizendo representante da firma 'TEX-MODEL' (...) que ele não sabe dizer o nome e nem o conhece...', demonstrando, assim, a falta de cuidado no uso dos recursos; d) o superfaturamento dos preços dos tecidos de fato foi detectado pelo Provedor daquele nosocômio, o Sr. Alberto Pereira Mourão, que comunicou o fato ao Sr. Ministro da Saúde, em 28.08.91, conforme consta das fls. 341/2. Todavia, analisando o referido documento, podemos observar que, ao invés de instrumento de defesa, ele acentua a responsabilidade daqueles senhores, senão vejamos: o Sr. Alberto assumiu a provedoria em 12.07.91, portanto, após a compra dos tecidos, ocorrida em 27.05 e 17.06.91 (fls. 23/5), tendo constatado que os recursos do convênio, 'assinado pela diretoria anterior', haviam sido aplicados na compra de 6.058,20 metros de tecido para confecção de lençóis, cujo preço unitário estava além do valor de mercado - 'no mínimo 100% mais caro'. Esse fato teria lhe chamado atenção pois, ao necessitar comprar tecido

para o centro cirúrgico, detectou a falta desse material em estoque, causando-lhe estranheza o fato de a entidade ter comprado mais de 6.000 metros de um único tipo de tecido, ao invés de diversificar a compra conforme a necessidade. Ao solicitar informações dos diretores da época da compra, estes teriam lhe esclarecido que os recursos do convênio teriam vindo mediante a aquisição daquele material, 'tanto que os recursos não haviam sido enviados a essa entidade', não tendo aquela Santa Casa 'direito de administrar os recursos'. Portanto, todos os fatos narrados pelo Sr. Alberto se basearam em informações que lhe foram repassadas, já que, ao que tudo indica, não os teria vivenciado - conforme depoimento do Sr. José Portela, às fls. 36, 37, verso, e 44/5, o ocupante do cargo de Provedor (previsto nos arts. 27, 28 e 36 do Estatuto da Santa Casa, às fls. 97 e 102) à época do Convênio seria o Sr. Irineu Cimatti. Assim, entendemos que a sua correspondência não possa ser tida como iniciativa póstuma da Diretoria anterior de corrigir o erro cometido, mas, antes, medida de precaução de pessoa que não desejava se envolver em compra duvidosa ocorrida antes de sua gestão. 23.3.No que se refere à não-manutenção dos recursos em conta específica, o Sr. Portela afirma desconhecer essa necessidade. Ora, ao assinar o Termo do Convênio, o responsável deveria, ao menos para sua segurança, ler o seu conteúdo, que, em sua Cláusula 2a., item II, alínea 'a', determinava a existência da conta própria do convênio como compromisso a ser assumido pelo convenente. Portanto, não podemos aceitar tal alegação....... 23.4.8.É de se ressaltar, ainda, que a TCE instaurada concluiu apenas pela responsabilidade dos dirigentes da Santa Casa - signatários do Convênio e, portanto, responsáveis pela boa e regular aplicação dos recursos - (fl. 74 e fl. 39, do Volume I), não restando provado que aqueles senhores tenham sido induzidos a adquirir tecidos superfaturados. Entendemos não ser possível acreditar em tamanha inocência por parte dos gestores daquele nosocômio, ao aceitar generosidade de terceiros tendo por base dinheiro público. A 'situação caótica' da instituição, que estava há dias sem funcionar, não justificaria a 'ausência de alternativa', alegada pelo Sr. Portela, à fl. 45, para o recebimento da suposta doação do Sr. Abdalla - tido como intermediário no caso. Os metros de tecido fornecidos não teriam o condão de pôr a instituição em funcionamento, afinal, para tanto, seriam necessários medicamentos, materiais e recursos para pagamento dos funcionários. De fato, a compra dos tecidos não teve esse efeito, pois, conforme o próprio Sr. Portela afirma em sua defesa, o 'hospital permaneceu com suas atividades interrompidas pelo prazo de 87 (oitenta e sete) dias, por absoluta falta de recursos para o atendimento da

população e, desta forma, não se teve condição de aproveitar o material por prazo razoável' (fl. 333). (...)." 7.Em conclusão, propôs a rejeição das alegações de defesa apresentadas, concedendo aos responsáveis novo e improrrogável prazo de quinze dias para o recolhimento da dívida aos cofres públicos (fl. 376). 7.A Diretora da 3ª Divisão Técnica (fl. 376) e a Secretária de Controle Externo da 4ª SECEX (fl. 377) manifestaram-se de acordo com a proposta acima transcrita. Parecer do Ministério Público 8.O Ministério Público, em parecer de fl. 378, anuiu ao encaminhamento alvitrado pela Unidade Técnica. É o relatório. Voto: Preliminarmente, necessário observar que relato o presente processo em virtude do sorteio de fl. 381, efetuado por motivo de impedimento do Ministro-Relator original do feito, Humberto Guimarães Souto, declarado mediante despacho de fl. 379. No tocante ao mérito, como fundamentadamente demonstrado no relatório supra, tendo em vista que os responsáveis, por meio da defesa apresentada, não lograram comprovar a boa e regular aplicação dos recursos federais transferidos à Santa Casa de Praia Grande - Ação Médica Comunitária, pelo extinto Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social - INAMPS, por força do Convênio MS/INAMPS/SP nº 149/91, celebrado em 6.5.1991, visando à "transferência de recursos financeiros (...) para aplicação na rede de serviços, objetivando a expansão das atividades médico-assistenciais, com vistas ao bom atendimento da população, no Município de Praia Grande, através da manutenção dos serviços e ações de saúde" (fls. 6/8). Quanto ao recolhimento dos débitos imputados aos responsáveis, em razão do disposto no parágrafo 5º da Lei nº 8.689, de 27.6.1993, com a redação dada pela Lei nº 8.896, de 21.6.1994, deverá ser efetuado em favor do Fundo Nacional de Saúde. Ante o exposto, acolho os posicionamentos uniformes da Unidade Técnica e do Ministério Público e VOTO por que o Tribunal adote a Decisão que ora submeto à 1ª Câmara. Assunto: II - Tomada de Contas Especial Relator: Marcos Vilaça

Representante do Ministério Público: Paulo Soares Bugarin Unidade técnica: 4ª SECEX Quórum: 1. Ministros presentes: Humberto Guimarães Souto (na Presidência) Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça (Relator) e o Ministro-Substituto Benjamin Zymler. 2. Ministro que alegou impedimento: Humberto Guimarães Souto. Sessão: T.C.U., Sala de Sessões, em 1 de setembro de 1998 Decisão: A Primeira Câmara, ante as razões expostas pelo Relator e com fundamento no art. 12, 1, da Lei nº 8.443/92, c/c o disposto no art. 153, 2, do Regimento Interno do TCU, DECIDE rejeitar as alegações de defesa apresentadas pelos responsáveis indicados no item 3 e fixar-lhes novo e improrrogável prazo de quinze dias, a contar da ciência desta decisão, para que, solidariamente, efetuem e comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento aos cofres do Fundo Nacional de Saúde - FNS das importâncias abaixo discriminadas, atualizadas monetariamente e acrescidas dos encargos legais pertinentes calculados a partir das datas infra-indicadas, até o efetivo recolhimento, na forma da legislação em vigor: Valor (Cr$) Data Origem 19.200.000,00 17.6.1991 compra de tecidos com superfaturamento em relação aos valores vigentes no mercado. 221.096,09 31.12.1991 resultado da aplicação dos recursos no mercado financeiro. (Decisão tornada insubsistente pela Decisão 33/2001 - Ata 06 - Primeira Câmara.)