COLABORAÇÃO. Revisão das Regras internas de funcionamento e das Regras de funcionamento/atendimento das creches para os pais



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Transcrição:

PREFEITURA MUNICIPAL DE MOCOCA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO SEÇÃO DE EDUCAÇÃO INFANTIL SEGMENTO: CRECHE (0 A 3 ANOS) CURRÍCULO EDUCAÇÃO INFANTIL CRECHE - 0 a 3 anos O homem visto como um ser histórico, se torna humano em função de ser social, pois ele é um conjunto de suas relações sociais. Vivendo em sociedade o homem produz, reproduz e é produto da cultura e se desenvolve pela mediação da educação. MARISA LAMBARDOSSI FINARDI MOCOCA/SP 2001-2008 1

PREFEITO MUNICIPAL DE MOCOCA APARECIDO ESPANHA DIRETORA DO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO MARIA ISABEL GERALDO CALIÓ ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA EDUCAÇÃO INFANTIL CRECHE 0 A 3 ANOS MARISA LAMBARDOSSI FINARDI 2

COLABORAÇÃO Revisão da Proposta Pedagógica e do Projeto Conhecer Professora Diana Aparecida Cassemiro Professora Fátima Maria Delfino Professora Ivana Marques Biajoti Professora Maria Nilza de Castro Geraldo Professora Mônica Elisa Monteiro Professora Raquel Santolin Professora Rosana Ecilda Dias Professora Rosilda Aparecida Maurício Professora Tatiana Oliveira de Carvalho Orientadora Pedagógica: Marisa L. Finardi Revisão das Regras internas de funcionamento e das Regras de funcionamento/atendimento das creches para os pais Diretora Cláudia Helena Spina Altomani Diretora Cláudia Manzini Dreibi Diretora Eraceli Codógno Diretora Giselle Maria Gonçalves Diretora Idalina Marques Vilas Boas Diretora Leonilda Destro Chagas Diretora Márcia Divina Zanetti Diretora Rita Maria Cotrin Martinelli Diretora Silvana Marques Bernardes Orientadora Pedagógica: Marisa L. Finardi Assistente de Direção do Departamento de Educação: Luciene Castelli Zeferino Parte Nutricional das rotinas Nutricionista: Sandra Sampaio Piegas ESPECIAL Todos os funcionários (de todas as Creches) que participaram no processo de formação das crianças e da História que vem sendo construída nas Creches Municipais de Mococa Creche Archibald Rehder Creche Sílvia Helena Dias Soares Creche José Manuel Luchesi Creche Lúcia Seixas Pinto Tia Lúcia Creche Maria Belomo Zanetti Creche Madre Carmem de Jesus Salles Creche Lýdia Pereira Lima Taliberti Creche Olga Raimundo Vieira Guerra Creche Yvette Olyntho Rehder 3

No Brasil, com a nova LDB, de 1996, finalmente menciona a creche dentro do sistema de Educação Infantil, para atendimento da criança de zero a três anos, completando-se com a educação pré-escolar, que visa à criança de quatro a seis anos e define a educação infantil como sendo a primeira etapa da educação básica, tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade; estabelecendo o vínculo entre o atendimento e a educação. A inserção da educação infantil na educação básica, como sua primeira etapa, é o reconhecimento de que a educação começa nos primeiros anos de vida e é essencial para o cumprimento de sua finalidade, afirmada no Art.22 da Lei: a educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. 4

CURRÍCULO EDUCAÇÃO INFANTIL - CRECHE - 0 A 3 ANOS INDICE 1. Apresentação 8 2. Introdução 9 3. A Educação Infantil na Legislação 10 4. Fundamentação Legal 11 4.1. Considerações 4.2. Diretrizes 5. Fundamentação Filosófica 15 6. Fundamentação Psicológica 16 7. Fundamentação Pedagógica 18 8. Fundamentação Teórica 19 9. Função da Educação Infantil 21 10. Os dez aspectos de uma Educação Infantil de qualidade 23 11. Histórico da Expansão das Creches no Brasil 27 12. Um pouco da nossa história 29 13. Funcionamento das Creches Municipais nos dias de hoje 37 13.1. Relação das Creches de Mococa 13.2. Quadro de pessoal 13.3. Função de cada um dentro da escola: papel e responsabilidades 13.4. Jornada de Trabalho 13.5. Matrícula 13.5.1. Modelo de ficha de matrícula 13.6. Questionário a ser respondido pelos pais 13.6.1. Ficha de identificação da criança para o professor 13.6.2. Ficha de identificação para a Secretaria 5

13.7. Regras de funcionamento/atendimento das creches 13.8. Estrutura Operacional 13.8.1. Grupamentos 14. O espaço da creche Que lugar é este? 58 15. Objetivos Gerais da Educação Infantil Creche/0 a 3 anos 65 15.1. Objetivos específicos 16. O Perfil do Professor da Criança de 0 a 3 anos 67 16.1. O papel do professor em cada fase do desenvolvimento 17. Convivendo com a Criança de 0 a 3 anos 80 18. Berçário/Maternal 82 18.1. Estimulação 19. Brincadeira é Coisa Séria 86 20. Proposta Pedagógica e seus Eixos Norteadores 97 20.1. Organização de espaços e tempos 20.2. Organização do trabalho pedagógico 21. Formação Pessoal e Social 103 21.1. Identidade e Autonomia 21.1.1. Objetivos 21.1.2. Conteúdos (conhecimentos e habilidades) 21.1.3. Sugestões de Atividades 21.1.4. Recursos materiais 22. Conhecimento de Mundo 107 22.1. Movimento 107 22.1.1. Objetivos 22.1.2. Conteúdos (conhecimentos e habilidades) 22.1.3. Sugestões de atividades 22.1.4. Recursos materiais 22.1.5. Orientações metodológicas 22.2. Artes Visuais 112 22.2.1. Objetivos 22.2.2. Conteúdos (conhecimentos e habilidades) 22.2.3. Sugestões de Atividades 22.2.4. Recursos materiais 22.2.5. Orientações metodológicas 22.3. Música 119 22.3.1. Objetivos 22.3.2. Conteúdos (conhecimentos e habilidades) 22.3.3. Sugestões de Atividades 22.3.4. Recursos materiais 6

22.3.5. Orientações metodológicas 22.4. Linguagem Oral e Escrita 126 22.4.1. Objetivos 22.4.2. Conteúdos (conhecimentos e habilidades) 22.4.3. Sugestões de Atividades 22.4.4. Recursos materiais 22.4.4. Orientações metodológicas 22.5. Natureza e Sociedade 134 22.5.1. Objetivos 22.5.2. Conteúdos (conhecimentos e habilidades) 22.5.3. Sugestões de Atividades 22.5.4. Recursos materiais 22.5.5. Orientações metodológicas 22.6. Pensamento Lógico-Matemático 142 22.6.1. Objetivos 22.6.2. Conteúdos (conhecimentos e habilidades) 22.6.3. Sugestões de Atividades 22.6.4. Recursos materiais 22.6.5. Orientações metodológicas 23. Planejamento na Creche 148 23.1. Concepção de criança 23.1.1. A criança construindo conhecimento 23.2. Educar, cuidar e brincar 23.3. Metodologia 23.4. Adaptação 23.5. Projeto Conhecer 23.6. Rotina na Creche 23.6.1. O papel do educador em cada momento da rotina 23.7. A sala de aula 23.8. Documentação pedagógica 24. Pedagogia de Projetos 207 25. Avaliação 213 26. Relação Família e Creche 217 27. Ética, Valores e Atitudes 218 28. Bibliografia 219 29. Relação dos livros, apostilas e textos usados na Formação de 2001 a 2008 pela Orientação Pedagógica 225 30. Sugestões de materiais: CDs e DVDs para crianças 241 Conclusão 246 7

1. APRESENTAÇÃO A formação do cidadão hoje, precisa acompanhar as transformações sociais, políticas e econômicas para conviver com a complexidade do mundo moderno. E, sem dúvida, compete à educação acompanhar o desenvolvimento do país e se adequar às suas exigências, sob pena de deixar de exercer sua principal função de preparar o aluno para a vida. Consciente desta importância, para o desenvolvimento da criança, de uma base sólida, que deve começar a se sedimentar desde os seus primeiros momentos de vida, passo às mãos de todos os profissionais envolvidos no trabalho da educação infantil este currículo, que é o resultado do trabalho desenvolvido durante os anos de 2001 à 2008 junto às crianças, pais, professores, diretores e comunidades das unidades escolares de 0 a 3 anos. Este currículo servirá para direcionar e reorganizar o fazer pedagógico, devendo ser lido e discutido visando a eqüidade em todo o Município nesta modalidade de ensino. Tendo em vista a melhoria da produtividade do sistema de ensino nesta faixa etária. Montar um currículo para as escolas de educação Infantil de 0 a 3 anos implica resgatar as concepções de mundo,de homem e de educação que subjazem à escola que temos e que queremos contextualizando-as sobre as condições históricas, políticas e sociais onde a prática educacional se concretiza. O reconhecimento do valor da educação nessa fase de desenvolvimento do ser humano se evidencia, a partir do momento em que os estudiosos do assunto concluíram que a educação infantil objetiva não apenas cuidar, mas educar as crianças. Tentar compreender a escola e a trama das relações que definem o seu papel nos remete à visão de mundo que direciona essas mesmas relações e esse mesmo papel. É importante ressaltar que este documento é fruto de discussões e reflexões sobre a ação pedagógica, enriquecidas pela prática de cada envolvido na formação destas crianças de 0 a 3 anos nos anos de 2001 a 2008. Espero que este currículo represente como um instrumento democrático resultado de um trabalho articulado entre as ações de educar, cuidar e brincar, possibilitando o desenvolvimento de uma Educação Infantil de qualidade. Que ele possa atender às expectativas de todos que trabalham com esta faixa etária e promova, nas crianças, a integração de seus aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos e sociais, sob o prisma de um desenvolvimento global e o respeito às suas especificidades. Marisa Lambardossi Finardi Orientadora Pedagógica/ Educação Infantil Creche 0 a 3 anos 8

2. INTRODUÇÃO Decorrente da significativa e crescente participação da mulher no mercado de trabalho, fez-se necessário reorganizar a estrutura familiar, buscando-se alternativas que proporcionassem às crianças de zero a três anos um atendimento de qualidade fora da família. O desenvolvimento da ciência moderna e da tecnologia nos fez conhecer mais profundamente as crianças, uma vez que numerosas investigações demonstram que a infância é uma etapa decisiva na formação do indivíduo. Daí a importância do papel ativo e criativo do adulto no sentido de propiciar estímulos favoráveis ao desenvolvimento integral da criança. Ao iniciar sua trajetória de vida, as crianças têm direito a saúde, amor, aceitação e segurança, que constituem um forte alicerce para suportar as fases posteriores de desenvolvimento. Assim sendo, surge uma nova concepção de creche-ambiente de educação e cuidados - que sinaliza para a fundamental importância de que a este espaço, anteriormente direcionado somente aos cuidados para com a criança, atribua-se um papel educativo complementar junto às famílias. As famílias, as instituições e a sociedade como um todo são responsáveis pela infância e realizam ações que se complementam. Em momento algum, uma substituirá a outra, pois são de grande importância para a Educação Infantil. As instituições cada vez mais vão se tornando importantes como realizadoras dos direitos das famílias, das mulheres e das próprias crianças como uma exigência da vida social. Com a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9394/96), através da qual a Educação Infantil recebeu destaque, inexistente nas legislações anteriores, impôs-se a necessidade do estabelecimento de proposta curricular norteadora do atendimento em creches e pré-escolas com vistas a assegurar a qualidade dos serviços prestados. O Currículo se reveste de grande importância como norteador da ação pedagógica voltada para o desenvolvimento físico, motor, cognitivo, emocional, lingüístico e social da criança de 0 a 3 anos e pretende contribuir para o planejamento, desenvolvimento e avaliação das práticas educativas em execução no interior destas instituições de ensino voltadas para Educação Infantil de 0 a 3 anos, plena de êxito e alegria, culminando com aprendizagem satisfatória e significativa das crianças. 9

3. A EDUCAÇÃO INFANTIL NA LEGISLAÇÃO A Constituição Federal de 1988, no art. 208, inciso IV, e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9.349, de 20 de dezembro de 1996, no art.4º, inciso IV, garantem como dever do estado o atendimento às crianças em creche e pré-escola; a Constituição Federal afirma também, no art. 211, 2º, que os Municípios atuarão, prioritariamente, no Ensino Fundamental e na Educação Infantil. O Estatuto da criança e do adolescente, Lei Federal nº 8.069/90, em seus artigos 53 e 54, consagra as crianças a partir de zero ano como sujeitos de direito. A Lei Federal nº 9.394, na Seção II, da Educação Infantil, artigos 29,30 e 31, estabelece a Educação Infantil como a primeira etapa da Educação Básica, define as faixas etárias e o processo de avaliação. Destaca, em seu artigo 11, inciso V, dentre as incumbências dos Municípios, oferecer a Educação Infantil em creches e pré-escolas e, com prioridade, o ensino Fundamental (...). Art. 29 A Educação Infantil, 1ª etapa da Educação Básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até 6 anos de idade em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Art. 30 A Educação Infantil será oferecida em: I- Creches ou entidades equivalentes para crianças de até 3 anos de idade. II Pré-escolas para crianças de 4 a 6 anos de idade. Art. 31 Na Educação Infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao Ensino Fundamental. A LDBEN, em seu art. 89, assevera que as creches e pré-escolas existentes, ou que venham a ser criadas deverão, no prazo de três anos, a contar da publicação desta Lei, integrar-se ao respectivo sistema de ensino. O Conselho Nacional de Educação, pela Resolução CNE/CEB nº 1, de 7 de abril de 1999, e pelo Parecer CNE/CEB nº 22/98, instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil afirmando que as Propostas Pedagógicas das escolas de Educação Infantil devem respeitar os fundamentos norteadores: a) Princípios Éticos da Autonomia, da Responsabilidade, da Solidariedade, e do Respeito ao Bem Comum; b) Princípios Políticos dos Direitos e Deveres de Cidadania, do Exercício da Criticidade e do Respeito à Ordem Democrática; c) Princípios Estéticos da Sensibilidade, da Criatividade, da Ludicidade e da Diversidade de Manifestações Artísticas e Culturais. 10

4. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL 4.1. Considerações Destaca-se na Constituição (art. 205) que a educação é direito de todos e, por inclusão, também das crianças de zero a seis anos. Segundo o artigo 208, O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de (...) atendimento em creche e préescola às crianças de zero a seis anos de idade. A Constituição ampliou significativamente o que a CLT, de 1942, já consagrara como direito das mulheres trabalhadoras: contarem com espaço e horário na jornada de trabalho para a amamentação de seus filhos. O artigo 7º, inciso XXV, estabelece como direito dos trabalhadores urbanos e rurais a assistência gratuita aos filhos e dependentes entre zero e seis anos de idade em creches e pré-escolas. A expressão Educação Infantil aparece pela primeira vez na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB - sancionada em dezembro de 1996. Recebe um destaque inexistente nas legislações anteriores, sendo tratada numa seção específica. É definida como a primeira etapa da Educação Básica, tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até seis anos de idade. A Lei também estabelece que a Educação Infantil será oferecida em creches, para crianças de até 3 anos de idade, e em préescolas, para crianças de quatro a seis anos. Portanto, a distinção entre creches e préescolas é feita exclusivamente pelo critério de faixa etária, sendo ambas instituições de Educação Infantil, com o mesmo objetivo desenvolvimento da criança, em seus diversos aspectos. A LDB afirma ainda que a ação da Educação Infantil é complementar à da família e à da comunidade, o que implica em papel específico das instituições desse segmento, diferente do da família, no sentido de ampliação das experiências e conhecimentos da criança, seu interesse pelo ser humano, pelo processo de transformação da natureza e pela convivência em sociedade. A nova LDB, capítulo V, artigo 58, 3º, insere na Educação Infantil a oferta da Educação Especial:... dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. Resultado da pressão exercida por diversos grupos sociais surge, então, o ECA Estatuto da Criança e do Adolescente Lei 3069, cujo artigo 54, inciso IV, enfatiza a Educação Infantil como dever do Estado. Pode-se considerar esses marcos legais como avanços no reconhecimento do direito da criança à educação nos seus primeiros anos de vida, também é necessário considerar os desafios impostos para o efetivo atendimento desse direito, que podem ser resumidos em duas grandes questões: do acesso e da qualidade do atendimento. A garantia, a expansão e a melhoria da qualidade da Educação Infantil exigem a integração entre as instâncias federal, estadual, distrital e municipal na articulação das políticas e dos programas destinados à criança. A real inserção das creches e pré-escolas no sistema educacional, conforme prevê a LDB, depende da definição de normas e 11

diretrizes pelos Conselhos de Educação, para o que é imprescindível um conhecimento da situação da área. A conquista da cidadania plena, da qual todos os brasileiros são titulares, supõe, entre outros aspectos, o acesso à Educação Básica, constituída pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio. Visando atingir os objetivos vinculados à fase desencadeadora da educação formal, iniciada pela Educação Infantil, foram propostas orientações básicas para sua condução, elencadas sob a forma de princípios norteadores. É assegurado pela Constituição de 1988 o atendimento da criança em creche e préescola como um dever do Estado e direito da criança. Esse atendimento também é enfatizado no Estatuto da Criança e Adolescente de 1990 e reafirmado pela Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 promulgada em dezembro de 1996. A Lei de Diretrizes e Bases, Título III, do Direito à Educação e do Dever de Educar,art. 4º, inciso IV afirma que: O dever do Estado com a educação escolar pública será efetivada mediante a garantia de (...) atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade, tanto as creches para crianças de zero a três anos como a pré-escola, para as de quatro a seis anos, são consideradas instituições de Educação Infantil, diferenciando-se pela idade da criança atendida. Conforme estabelece a LDB no título V, capítulo II, seção II, art. 29, a Educação Infantil é considerada a primeira etapa da educação básica, tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade. O Título IV trata da Organização da Educação Nacional, art. 11 inciso V: estabelece que: Os municípios incumbir-se-ão de: (...) oferecer a Educação Infantil em creches e préescolas. Também o art. 9º, inciso IV afirma que: A União incumbir-se-á de (...) estabelecer,em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a Educação Infantil (...) que nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar a formação básica comum. Também no título IX. Das disposição Transitórias, art. 89, estabelece que as creches e pré-escolas existentes, ou que venham a ser criadas deverão no prazo de três anos, a partir da publicação desta lei integrar-se aos respectivos sistemas de ensino. A Proposta também está respaldada nas Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil estabelecidas na Resolução CEB nº 1/99 e nos Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil que define as linhas norteadoras da ação educativa. 4.2. Diretrizes I Educar e cuidar de crianças de zero a três anos supõe definir previamente para que isto será feito e como se desenvolverão as práticas pedagógicas, visando à inclusão das crianças e de suas famílias em uma vida de cidadania plena. 12

Para que isso aconteça de forma satisfatória é importante que as Propostas Pedagógicas de Educação Infantil definam-se a respeito dos seguintes princípios norteadores: a) Princípios Éticos da Autonomia, da Responsabilidade, da Solidariedade e do Respeito ao Bem Comum; b) Princípios Políticos dos Direitos e Deveres de Cidadania, do Exercício da Criticidade e do Respeito à Ordem Democrática; c) Princípios Estéticos da Sensibilidade, da Criatividade, da Ludicidade, da Qualidade e da Diversidade de Manifestações Artísticas e Culturais. As crianças pequenas e suas famílias devem encontrar, nas escolas de Educação Infantil, ambiente físico e humano, por intermédio de estruturas e funcionamento adequados, que propicie experiências e situações planejadas intencionalmente, de modo a democratizar o acesso de todos aos bens culturais e educacionais que proporcionam uma qualidade de vida mais justa, equânime e feliz. Ao iniciar sua trajetória na vida, as crianças têm direito à saúde, ao amor, à aceitação e segurança, à confiança de sentir-se parte de uma família e de um ambiente de cuidados e educação. II As instituições de Educação Infantil deverão explicitar o reconhecimento da importância da identidade pessoal dos alunos, suas famílias, professores e outros profissionais e a identidade de cada unidade educacional e de seus respectivos sistemas. Porque influem as crianças pequenas mais do que em qualquer outra etapa da vida, definindo suas identidades, tão cruciais para a inserção numa vida de plena cidadania, é de fundamental importância que propostas pedagógicas contemplem e acatem as identidades de crianças e suas famílias em suas diversas manifestações, sem exclusões devidas a gênero masculino ou feminino, às múltiplas etnias presentes na sociedade brasileira, às diversidades religiosas, econômicas, culturais e às peculiaridades no desenvolvimento em relação às necessidades especiais de educação e cuidados, como é o caso de deficientes de qualquer natureza. III As instituições de Educação Infantil devem promover, em suas práticas de educação e cuidados, a integração entre os aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos, lingüísticos e sociais da criança, entendendo que ela é um ser total, completo e indivisível. Desta forma, ser, sentir, brincar, expressar-se, relacionar-se, mover-se, organizar-se, cuidar-se, agir e responsabilizar-se são parte do todo de cada indivíduo que, desde bebê, vai gradual e articuladamente aperfeiçoando esses processos nos contatos consigo próprio, com as pessoas ou coisas e com o ambiente em geral. IV Ao reconhecer as crianças como seres íntegros, que aprendem a ser e conviver consigo próprias, com os demais e com o próprio ambiente de maneira articulada e progressiva, as propostas pedagógicas devem buscar a interação entre as diversas áreas do conhecimento e os aspectos da vida cidadã, transmitindo conteúdos básicos para a constituição de conhecimentos e valores. Portanto, educar e cuidar constituem as preocupações básicas dentro da proposta curricular, as quais devem articular-se num contexto em que cuidados e educação se 13

realizem de modo prazeroso, lúdico, onde as brincadeiras espontâneas, o uso de materiais, os jogos, as danças e cantos, as comidas e roupas, as múltiplas formas de comunicação, expressão, criação e movimento, o exercício de tarefas rotineiras do cotidiano e as experiências que ligam o conhecimento dos limites e alcance das ações de crianças e adultos estejam contemplados. V As propostas pedagógicas para a Educação Infantil devem organizar suas estratégias de avaliação por meio do acompanhamento e registro de etapas alcançadas nos cuidados e na educação para crianças de zero a seis anos, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental, como afirma a Lei 9.394/96, Seção II, artigo 31. Esta medida é fundamental para qualificar as propostas pedagógicas para as crianças de zero a três anos. Os objetivos serão diferentes para os distintos níveis de desenvolvimento e de situações específicas, considerando-se os estados de saúde, nutrição e higiene das crianças. No entanto, é por meio da avaliação, entendida como instrumento de diagnose e tomada de decisões, que os educadores poderão verificar a qualidade de seu trabalho e das relações com as famílias das crianças. Para Machado (2004), o caráter pedagógico da Educação Infantil não está na atividade em si, mas na postura do adulto frente ao trabalho que realiza. Assim sendo, o documento produzido, a partir das concepções e experiências possibilitam instruir as ações educativas dos profissionais de Educação Infantil, cujo trabalho deve ser intencional e sistematizado, comprometido com a integridade e o desenvolvimento das crianças. O esforço não está em adaptar as orientações a um único padrão de instituição de ensino, mas apontar direções que possam se adequar a cada realidade escolar. Logo, tanto o presente documento quanto o projeto educativo de cada instituição compõem propostas curriculares que devem ser abertas, flexíveis e constantemente atualizadas. É preciso que os educadores tenham uma intenção educativa, organizem o ambiente onde atuam e planejem as situações de aprendizagem, quer seja sozinhos, com seus pares, ou envolvendo a participação das crianças. Sendo assim, mais importante do que a definição de áreas de conhecimento, está a compreensão acerca do mundo infantil. Isto significa que a criança deve ser o foco de todo o trabalho pedagógico para a tomada de decisões, planejamento, execução e avaliação das ações educativas desenvolvidas na escola. Portanto, é função do professor de Educação Infantil mediar o processo de ensino e aprendizagem, propondo atividades e lançando desafios ajustados às características, potencialidades, expectativas, desejos e necessidades infantis. Em função disso o caráter avaliativo deve ser a criança em relação a si mesma, de modo que o educador observe, registre e reflita continuamente, de maneira diagnóstica e processual, sobre tudo o que ocorre com cada uma, para que essa avaliação oriente as decisões pedagógicas, especialmente acerca de quais atividades poderão favorecer uma aprendizagem mais prazerosa e significativa para o desenvolvimento infantil, em seus aspectos individual e social. 14

5. FUNDAMENTAÇÃO FILOSÓFICA Diversas tendências pedagógicas marcaram a tradição da educação brasileira: a tradicional, renovada e a tecnicismo. Desde o início dos anos 80, assistimos a uma grande mobilização dos educadores na busca de uma educação crítica, a serviço das transformações sociais, políticas e econômicas, com o intuito de superar as desigualdades sociais e promover o exercício da cidadania. Hoje a educação visa à adequação dos conteúdos para a participação ativa e crítica do cidadão na sociedade. Para tanto, faz-se necessário que as práticas pedagógicas e sociais das escolas provoquem a reconstrução crítica do pensamento e da ação na sala de aula. Daí a necessidade das atividades desenvolvidas serem envolventes e dinâmicas, proporcionando ao aluno a interação e a construção do conhecimento. Através da interação em diferentes situações, a criança irá se apropriando das idéias previamente estabelecidas e adequadas ao seu contexto social. O processo de construção de aprendizagens significativas requer da criança uma intensa atividade interna, pois consiste em estabelecer relações entre o que a criança já sabe e aquilo que é novo. Em suma, a Educação Infantil como a 1ª etapa da Educação básica e direito constitucional da criança e da família, deve ser ofertada com padrões de qualidade. Aspectos Filosóficos A Educação Infantil numa visão sociocultural tem por finalidade favorecer o desenvolvimento infantil nos aspectos motor, emocional, intelectual e social contribuindo para que a interação e convivência na sociedade seja produtiva e marcada por valores de solidariedade, liberdade, cooperação e respeito. (Política Nacional de Educação MEC 1994) O pressuposto filosófico presente no Currículo passa pelo pensamento dialético, no qual conhecimento é construído a partir da interação sujeito e objeto, na intermediação das diferentes linguagens e na ação pedagógica do professor, em busca do conhecimento das reais condições sócio-afetivas e intelectuais de cada criança. Tendo em vista que o principal objetivo da educação é formar cidadãos autônomos, considerar a Educação Infantil em direção à autonomia significa conceber as crianças como seres com vontade própria, que pensam e são capazes de construir o seu saber. Autonomia é, portanto, a capacidade de se conduzir e tomar decisões, levando em conta regras, valores e as perspectivas pessoais e do outro. A criança nesta faixa etária, atravessa a fase da heteronomia, em que ela respeita regras e valores que vêm de fora, ou seja, de um adulto. E, a partir da interação adultocriança, em busca da maturidade, ela compreende que as regras são passíveis de discussões e reformulações, o que leva Constance Kamii a afirmar que a essência da autonomia é que as crianças tornem-se aptas a tomar decisões por si mesmas (...), levando em consideração os fatores para agir da melhor forma para todos (1996). É necessário que o professor compreenda os modos próprios de as crianças se relacionarem, agirem, sentirem, pensarem e construírem conhecimentos, a fim de direcionar suas ações, não esquecendo os limites essenciais do ambiente e o que ela tem internamente como: afetividade, conhecimento, sociabilidade, etc. 15

6. FUNDAMENTAÇÃO PSICOLÓGICA A Criança / Desenvolvimento e Aprendizagem A Educação Infantil pode ter um significado particularmente importante, quando se fundamenta numa concepção de criança como cidadã, como pessoa em processo de desenvolvimento, como sujeito ativo da construção do conhecimento. Pensar o significado de ser criança não é tarefa fácil num contexto tão diversificado e contraditório como é a sociedade contemporânea, isto porque trabalhar a concepção de criança numa perspectiva histórica demanda compreendê-la como fruto das relações sociais de produção que engendram as diversas maneiras de ver a criança e produzem a consciência da especificidade da infância, portanto a concepção de criança varia em decorrência da sociedade onde ela é concebida. A criança com quem trabalhamos é entendida como um ser social e histórico que necessita ser respeitada e valorizada nas instituições de Educação Infantil. Ela não é um vira-ser: ela é desde sempre uma pessoa, um ser pensante, pulsante, que tem o direito de viver com plenitude cada instante de sua vida. É um ser completo, que faz parte de uma sociedade com determinada cultura e possui, em relação ao mundo que a cerca, uma atividade que poderia ser definida como um diálogo constante. Nessa atitude de busca de relações e de formulação de hipóteses sobre a essa realidade, a criança se desenvolve intelectualmente e afetivamente. Apreendendo a realidade, interagindo nela, transformando-a, a criança se desenvolve, transforma-se, constrói conhecimentos e amplia sua consciência (GARCIA, 1993). Piaget nos seus estudos demonstrou que existem formas de perceber, compreender e se comportar diante do mundo, próprias de cada faixa etária, isto é, existe uma assimilação progressiva do meio ambiente que implica uma acomodação das estruturas aos dados do mundo exterior. Para ele, a criança estabelece interações com o meio físico e com os objetos do meio físico, onde essas interações são importantes porque contribuem para o desenvolvimento do pensamento, pois o que está em jogo é a construção do conhecimento científico, onde o professor permite que a ação pedagógica aconteça numa relação de maior intimidade intelectual com as crianças em cada momento do desenvolvimento e de suas condições de pensamento. Assim, a criança constrói e reconstrói continuamente as estruturas que a tornam cada vez mais apta ao equilíbrio. Para Vygotsky, a criança é um ser ativo, que age sobre o mundo e estabelece interações com o meio e com os adultos, tendo em conta as características sociais e culturais. O meio cultural é mediador do processo de desenvolvimento por estar em jogo a construção do conhecimento social. As teorias fornecem instrumentos que contribuem para a formulação de uma pedagogia de orientação construtivista e sociointeracionista, onde a aprendizagem é vista como um processo realizado, construído por cada pessoa, à medida que age, física ou mentalmente, sobre as coisas que estão no mundo. Um processo no qual o indivíduo adquire conhecimentos, habilidades, valores e atitudes a partir desse contato com a realidade, o meio ambiente e as outras pessoas. Essa construção inclui os conhecimentos prévios e a contribuição ativa do aluno. Por acreditar nas possibilidades e no potencial que toda criança tem, devem se oferecer condições favoráveis para que ela se desenvolva de maneira natural e equilibrada, sem imposições autoritárias, ansiedade, medo e dependência, permitindo-se o seu desenvolvimento harmônico e integral. Não oportunizar a ela o direito de imaginar, criar, explorar, descobrir, construir, ser livre, participativa e criativa é negar-lhe sua condição de ser humano com capacidades e potencialidades a serem desenvolvidas, para que possa crescer como cidadã com direitos reconhecidos. 16

Os pressupostos psicológicos definidos no Currículo podem ser assim expressos: atividade como fator de aprendizagem e desenvolvimento; aproveitamento dos conhecimentos prévios; o desafio apresentado pelos conteúdos, a adequação dos conteúdos ao nível de desenvolvimento e a interação como fatores de promoção da aprendizagem. 17

7. FUNDAMENTAÇÃO PEDAGÓGICA Vendo a criança como um ser íntegro e sujeito de sua história e em consonância com o estabelecido na Resolução nº 1/99/CEB, que fixa as Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil, toma-se como princípios pedagógicos norteadores do currículo o respeito à identidade da criança, a interdisciplinaridade, a contextualização, o respeito às diversidades e a inclusão. Com base nestes princípios, busca-se incorporar, de maneira integrada, às ações de educar, o cuidar e o brincar, associando estas funções a padrões de qualidade que visem inserir a criança no seu contexto social, ambiental e cultural. Educar, portanto, significa propiciar situações de cuidado, brincadeiras e aprendizagem, orientadas de forma integrada, visando ao desenvolvimento das capacidades de relação com o outro, atitudes de aceitação, respeito, confiança, como também possibilitar o acesso ao conhecimento da realidade social e cultural. Educar envolve, ainda, o desenvolvimento das capacidades de conhecimento e das potencialidades, corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas. Neste currículo, os cuidados com as crianças ganham outra amplitude e sentido, pois, ao cuidar das crianças pequenas, o professor deve observar e conhecer suas necessidades para que o seu trabalho atinja objetivos em relação à preservação da vida e ao desenvolvimento das diversas capacidades infantis. Para que isto ocorra, suas atitudes e procedimentos devem basear-se no conhecimento específico do desenvolvimento lógico, emocional e intelectual da criança. Cuidar da criança é, acima de tudo, dar atenção a ela como pessoa que está em crescimento, compreender sua singularidade e interessar-se sobre o que ela pensa, sente e sabe de si e do mundo, visando ampliar seus conhecimentos e habilidades, para que, aos poucos, torne-se independente e autônoma. Através das interações sociais, a criança, gradativamente, vai construindo sua identidade pela imitação e/ou oposição e vai diferenciando-se dos outros. A origem da identidade está no grupo de pessoas com quem a criança convive e interage desde o início da vida, sendo a família o seu primeiro grupo de socialização. A criança participa de outros universos sociais, como festas populares de sua cidade ou bairro, igreja, feira onde tem outras experiências, somando-se a uma série de valores, crenças e conhecimentos que já traz. Ao entrar na escola, a criança alarga suas experiências devido à convivência com outras crianças e com os adultos de origens e hábitos culturais diversos, etnia diferente e conhecimentos de outras realidades distantes. A diversidade deve ser tratada de forma a ajudar as crianças a valorizarem suas características étnicas e culturais, e não contribuir para a formação de preconceitos. O modo como cada criança é recebida pelo professor e pelo grupo tem grande impacto na formação de sua personalidade e de sua auto-estima, até porque sua identidade está em construção, pois ela possui, como qualquer criança, competências próprias para interagir com o meio. A atitude de aceitação é positiva para todas as crianças, visto que aprenderão sobre a diferença e a diversidade que constituem o ser humano e a sociedade, portanto a escola cumpre o seu papel socializador, à medida que propicia o desenvolvimento da identidade das crianças, por meio da aprendizagem diversificada e realizada em situações de interação. 18

8. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O currículo da creche está apoiado nas concepções de homem, sociedade e cultura dentro da perspectiva histórico-cultural, tendo-as como ponto de partida para a estruturação do quadro curricular Embasando essas concepções, temos as contribuições de alguns teóricos, trazendo aspectos relevantes para o entendimento e compreensão das relações entre desenvolvimento e aprendizagem, da importância da relação interpessoal e da afetividade no processo educativo, da relação cultura e educação, ajustada às situações de aprendizagem e das características da atividade mental construtiva do aluno em cada momento de sua escolaridade. As visões de mundo e os projetos educacionais desses teóricos, implícita ou explicitamente, estão voltados à emancipação humana, à democracia, à igualdade social, à ruptura com modelos sociais excludentes e segregacionistas. Entre eles destacam-se Anísio Teixeira (discípulo de Dewey, pensador, político e administrador da educação) e Darcy Ribeiro (antropólogo, ensaísta, romancista e político) que lutaram em defesa da escola pública e da educação como direito de todos. Anísio Teixeira implantou a primeira escola pública de tempo integral,-a Escola-Parque, em 1950, em Salvador BA. Tal concepção de educação inspirou Darcy Ribeiro, na década de 1980, na criação dos CIEPs Centros Integrados de Educação Pública (escolas em tempo integral ), direcionados principalmente à população de baixa renda do Estado do Rio de Janeiro.Colaborou ainda com o Governo Federal na condução pedagógica dos CIACs, hoje CAICs, readaptação da proposta dos CIEPs. Também dão suporte ao embasamento teórico das concepções da Creche, profissionais da psicologia. Entre eles, Jean Piaget, psicólogo suíço, com seus estudos sobre como o indivíduo constrói o conhecimento, e advinda desses estudos, a contribuição da psicolingüista Emília Ferreiro, indicando o processo de como a criança constrói a escrita. Lev Vygotsky, psicólogo russo, entra como nosso grande referencial, quando lançamos mão de seus estudos sobre como acontece a aprendizagem. Nessa perspectiva teórica, este autor centra suas discussões na importância mais do processo que do produto em termos de aprendizagem. Para ele, a aprendizagem acontece nas interações com o meio social e, dessa forma, ela alavanca o desenvolvimento do indivíduo. Temos então uma teoria que, para além da genética, dá o peso maior do desenvolvimento do ser, na cultura. Somos partidários da idéia de que a cultura e o meio têm papel crucial na constituição do indivíduo. Ainda dentro da psicologia, recorremos a Henri Wallon, psicólogo francês, com sua teoria sobre a psicogênese da pessoa completa, ou seja, a visão do indivíduo como ser monista (único), possuidor de razão e emoção. Antes do surgimento dessa idéia, o homem era entendido como ser dualista, dividido entre razão e emoção. De seus estudos, adotamos a concepção de afetividade como um refinamento das emoções, que acontece nas relações do sujeito com o meio. E é proveniente dessa teoria também a afirmação que afetividade e aprendizagem caminham juntas, num processo indissociável. Portanto, seguindo essa linha, nossa crença corrobora uma prática pedagógica que, entendendo a afetividade como processo de construção subjetiva do indivíduo, tenha a preocupação de um fazer planejado e sistematizado, cujo objetivo seja o êxito do aluno em termos de aprendizagem. Paulo Freire deixou-nos grande legado no sentido do trabalho crítico com educação, abordando a questão da consciência emancipadora do sujeito, desenvolvida através da reflexão. Outra questão fundante de sua obra é a importância do papel do professor, e a importância desse profissional estar em constante reflexão sobre sua prática, revendo 19

seus saberes e fazeres. Em seu trabalho como educador, ele desenvolveu o método que priorizava o conhecimento da realidade do aluno para depois, a partir dos dados obtidos, elaborar material que permitisse um trabalho de alfabetização que possibilitasse aprendizagem com reflexão, gerando alfabetização com significado. Para ele, ninguém se universaliza a partir do todo, e sim de um local. Assim sendo, trabalhar a partir da realidade do aluno para que ele reflita sobre aspectos relevantes a sua vida e seja agente transformador dessa realidade, é uma de nossas metas. Embora muitos outros teóricos permeiem nossos estudos, reflexões e práticas pedagógicas, os grandes pilares da estrutura deste currículo são os estudiosos citados anteriormente. Baseado nestas idéias, propomos um currículo interdisciplinar e por eixos. O conhecimento historicamente construído pela humanidade, abordado de maneira interdisciplinar pelos eixos do currículo da Educação Básica, permitem que a aprendizagem aconteça de forma significativa, contemplando os aspectos cognitivos, afetivos,emocionais, sociais, culturais. Rompe-se com a idéia de linearidade do desenvolvimento e entende-se que ele acontece em espiral,em um processo contínuo de aprendizagem. 20

9. FUNÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL A Educação Infantil constitui uma etapa educativa de caráter não obrigatório. Esse é um dos motivos pelo qual é comum se encontrar crianças no primeiro ano de escolaridade, em fase de adaptação à vida escolar, convivendo com outras crianças que já vivenciaram essa experiência e que já alcançaram uma série de aprendizagens proporcionadas pela educação institucionalizada. A experiência escolar inicial pode ser determinante para a vida escolar de um indivíduo, através de tudo o que a Educação Infantil proporciona às crianças: a maneira como vivenciam essa etapa educativa, os tipos de aprendizagem que realizam e os tipos de relações que estabelecem com as outras crianças e com os adultos. Desse modo, é prioritário considerar as especificidades e necessidades infantis para atender as suas singularidades, integrando as funções de educar, cuidar e brincar e estabelecendo parceria com a família. Cabe à escola da Educação Infantil manter acessível o diálogo e a participação dos pais na vida escolar das crianças, garantindo o seu apoio nas ações educativas. A parceria e a cumplicidade entre pais e escola, são elementos de um processo de construção de um conhecimento mútuo e contribuem para aprimorar o trabalho desenvolvido. Em relação às instituições que atendem outras etapas de ensino, além da Educação Infantil, torna-se de fundamental importância compreender as diferenças entre as funções de cada uma delas, fazendo-as constar na elaboração e efetivação dos seus projetos educacionais. Nesse sentido, Rocha (2003) comenta que o Ensino Fundamental tem uma função historicamente construída, visando aprendizagens específicas para o domínio de conhecimentos básicos; por outro lado, a função da Educação Infantil é de complementaridade à educação da família, tendo como objeto as relações educativas que se estabelecem na socialização escolar. A autora enfatiza que não se pode cometer o equívoco de pensar que o conhecimento e a aprendizagem não se apresentam no âmbito da Educação Infantil, visto que a construção de conhecimentos ocorre em relação estreita e diretamente vinculada aos processos constitutivos da criança: expressividade, afetividade, socialização, nutrição, sexualidade, movimento, linguagem, brincadeira, e fantasia. Rocha também explica que não é objetivo final da Educação Infantil o conteúdo escolar, uma vez que ele está intrinsecamente presente nas múltiplas relações estabelecidas ou experienciadas pela criança com o meio natural e social, consigo mesma, com as outras crianças e adultos. Dessa forma, na instituição de Educação Infantil a criança tem a oportunidade de se tornar cada vez mais independente, segura e capaz de construir sua autonomia através de decisões e iniciativas pertinentes à sua idade. Nesse contexto, ao conviver com outras crianças e adultos, ela aprende a lidar com as frustrações e limites, a expor o que pensa e sente e a definir suas preferências, fortalecendo a sua auto-estima, o respeito por si e pelos outros. É preciso considerar, no trabalho pedagógico das instituições escolares, que as crianças têm necessidades físicas e emocionais imprescindíveis à construção de vínculos afetivos, os quais se consolidam através das demonstrações sinceras de afeto e atenção às características individuais, concorrendo para sentirem-se especiais e respeitadas. Não se admite mais uma Educação Infantil sem vida. Como educar crianças sem permitir que elas possam expressar seus sentimentos? [...] É preciso que professores (adultos) e crianças aprendam juntos a perceber e a respeitar 21

os sentimentos dos outros. Uma creche ou uma pré-escola sem sentimentos é uma instituição morta (Marinho, 2001, p. 55). Na abordagem educativa para a primeira infância é fundamental compreender as múltiplas, subjetivas e fascinantes linguagens das crianças. Para tanto, o educador precisa estar atento ao que elas dizem, pensam ou sentem, procurando auscultá-las, mesmo que elas ainda não saibam falar, buscando compreender o universo infantil, promovendo experiências e desafios que as façam progredir e, principalmente, permitindo-se aprender com elas. É igualmente preciso esclarecer que a Educação Infantil não tem obrigação de garantir que a criança esteja alfabetizada ao final desta etapa de ensino. O que se explicita no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) é a necessidade de se oferecer condições para que a criança possa aprender a ler e a escrever, através de sua participação em situações que envolvam práticas sociais de letramento. Diante disso, é função da Educação Infantil pensar a própria criança, considerando seus processos singulares, presentes em diferentes culturas e contextos sociais, suas capacidades físicas, cognitivas, estéticas, éticas, expressivas e emocionais, proporcionando um ambiente rico em interações e situações de desafios, no qual ela amplia gradativamente a compreensão acerca de si mesma e do mundo. Lembre-se, ainda, que as crianças desenvolvem suas capacidades de maneira heterogênea, em ritmos e intensidades diferentes; apesar dessa diversidade, a educação tem como função criar condições para que todas elas possam ter o desenvolvimento de suas potencialidades. O desenvolvimento infantil pleno e a aquisição de conhecimentos acontecem simultaneamente e caminham no sentido de construir a autonomia, a cooperação e a atuação crítica e criativa. 22

10. OS DEZ ASPECTOS DE UMA EDUCAÇÃO INFANTIL DE QUALIDADE A importância de cada um dos aspectos mencionados deriva do seu conteúdo, não da sua posição na lista, ou seja a ordem não é importante. 1-Organização dos espaços A Educação infantil possui características muito particulares no que se refere à organização dos espaços:precisa de espaços amplos,bem diferenciados,de fácil acesso e especializados(facilmente identificáveis pelas crianças tanto do ponto de vista da sua função como das atividades que se realizam nos mesmos). Também é importante que exista um espaço onde possam ser realizadas tarefas conjuntas de todo o grupo:como dramatizações. O espaço acaba tornando-se uma condição básica para poder levar adiante muitos dos outros aspectos.as aulas convencionais com espaços indiferenciados são empobrecidos e tornam impossível(ou dificultam seriamente)uma dinâmica de trabalho baseada na autonomia e na atenção individual de cada criança. 2-Equilíbrio entre a iniciativa infantil e trabalho dirigido no momento de planejar e desenvolver as atividades Diferentes modelos de Educação infantil insistem muito na necessidade de deixar espaços e momentos ao longo do dia nos quais cada criança vai decidir o que fazer.autonomia que é combinada com períodos de trabalho dirigido destinados a abordar as atividades da rotina. A necessidade de garantir o equilíbrio deve ser garantido. O planejamento em nenhuma situação pode desconsiderar o valor educativo da autonomia e da iniciativa própria das crianças.mas ao mesmo tempo,as professoras também precisam considerar e garantir momentos nos quais o trabalho esteja orientado para o desenvolvimento das competências específicas. 3-Atenção privilegiada aos aspectos emocionais Não apenas porque nesta etapa do desenvolvimento os aspectos emocionais desempenham um papel fundamental,mas porque,além disso,constituem a base ou a condição necessária para qualquer progresso nos diferentes âmbitos do desenvolvimento infantil.tudo na Educação infantil é influenciado pelos aspectos emocionais:desde o desenvolvimento psicomotor,até o intelectual,o social e o cultural. A emoção age,principalmente,no nível de segurança das crianças,que é a plataforma sobre a qual se constroem todos os desenvolvimentos.ligado à segurança está o prazer,o sentir-se bem,o ser capaz de assumir riscos e enfrentar o desafio da autonomia,poder assumir gradativamente o princípio de realidade,aceitar as relações sociais,etc. Já a insegurança provoca medo,aumenta a tendência a condutas defensivas,dificulta a disposição de assumir os riscos inerentes a qualquer tipo de iniciativa pessoal,leva a padrões de relacionamentos dependentes,etc. Do ponto de vista prático,a atenção à dimensão emocional implica a ruptura de formalismos excessivos e exige uma grande flexibilidade nas estruturas de funcionamento.requer também que sejam criadas oportunidades de expressão emotiva(de maneira que as crianças,mediante os diversos mecanismos expressivos,vão reconhecendo cada vez mais as suas emoções e sendo capazes de controla-las gradativamente). 23

4-Utilização de uma linguagem enriquecida Todos somos conscientes de que a linguagem é uma das peças-chave da educação infantil.é sobre a linguagem que vai sendo construído o pensamento e a capacidade de decodificar a realidade e a própria experiência,ou seja,a capacidade de aprender. É preciso,então,criar um ambiente no qual a linguagem seja a grande protagonista:tornar possível e estimular todas as crianças a falarem;criar oportunidades para falas cada vez mais ricas através de uma interação educador(a)-criança que a faça colocar em jogo todo o seu repertório e superar constantemente as estruturas prévias. Explicar o que vai ser feito,contar o que foi feito,descrever os processos que a levaram ao resultado final(como e para que),estabelecer hipóteses(por que),construir fantasias,relatar experiências,etc.qualquer oportunidade é boa para exercitar a linguagem.mas exercitá-la não é o suficiente;a idéia fundamental é aperfeiçoa-la,buscar novas possibilidades de expressão(vocabulário mais preciso,construções sintáticas mais complexas,dispositivos expressivos e referências cada vez mais amplas,etc.)neste sentido,a interação com os educadores(as) é fundamental. 5-Diferenciação de atividades para abordar todas as dimensões do desenvolvimento e todas as capacidades Embora o crescimento infantil seja um processo global e interligado, não se produz nem de maneira homogênea nem automática. Cada área do desenvolvimento exige intervenções que o reforcem e vão estabelecendo as bases de um progresso equilibrado do conjunto. A dimensão estética é diferente da psicomotora, embora estejam relacionadas. O desenvolvimento da linguagem avança por caminhos diferentes dos da sensibilidade musical. A aprendizagem de normas requer processos diferentes dos necessários para a aprendizagem de movimentos psicomotores finos. Sem dúvida, todas essas capacidades estão vinculadas (neurológica, intelectual, emocionalmente), mas pertencem a âmbitos diferentes e requerem, portanto, processos (atividades, materiais, orientações, etc.) bem diferenciados de ação didática. Isso, obviamente, não impede que diversas dessas atividades especializadas estejam reunidas em uma atividade mais global e integradora: em um jogo podemos incorporar atividades de diversos tipos; num projeto reúne muitas atividades diferenciadas, etc. 6-Rotinas estáveis As rotinas desempenham, de uma maneira bastante similar aos espaços, um papel importante no momento de definir o contexto no qual as crianças se movimentam e agem. As rotinas atuam como as organizadoras estruturais das experiências cotidianas, pois esclarecem a estrutura e possibilitam o domínio do processo a ser seguido e, ainda, substituem a incerteza do futuro (principalmente em relação às crianças com dificuldade para construir um esquema temporal de médio prazo) por um esquema fácil de assumir. O cotidiano passa, então, a ser algo previsível, o que tem importantes efeitos sobre a segurança e a autonomia. Contudo, além desse aspecto sintático das rotinas (a organização das atividades), elas possuem também outras dimensões que precisam ser destacadas. É muito importante analisar o conteúdo das rotinas. No fundo, elas costumam ser um fiel reflexo dos valores que regem a ação educativa nesse contexto; se reforçamos rotinas baseadas na ordem ou no cumprimento dos compromissos, ou na revisão-avaliação do que foi realizado em cada fase, ou no estilo de relação criança-adulto, etc., estaremos reforçando, no fundo, esses 24

aspectos sobre os quais as rotinas são projetadas. Isso nos permite ler qual é a mensagem formativa de nosso trabalho. 7-Materiais diversificados e polivalentes Uma sala de aula de Educação Infantil deve ser, antes de mais nada, um cenário muito estimulante, capaz de facilitar e sugerir múltiplas possibilidades de ação. Deve conter materiais de todos os tipos e condições, comerciais e construídos, alguns mais formais e relacionados com atividades acadêmicas e outros provenientes da vida real, de alta qualidade ou descartáveis, de todas as formas e tamanhos, etc. Costuma se dizer que uma das tarefas fundamentais de um professor(a) de Educação Infantil é saber organizar um ambiente estimulante e possibilitar às crianças que assistem a essa aula terem inúmeras possibilidades de ação, ampliando assim, as suas vivências de descobrimento e consolidação de experiências (de aprendizagem, afinal). Os materiais constituem uma condição básica para que os aspectos expostos nos itens 3, 4 e 5 sejam possíveis. 8-Atenção individualizada a cada criança Pensar que é possível dar atenção a cada criança de maneira separada durante todo o tempo é uma fantasia. Ainda mais em contextos, no qual uma única professora atende a um grupo de 15-20 alunos(as) por sala de aula. No entanto, mesmo que não seja possível desenvolver uma atenção individual permanente, é preciso manter, mesmo que seja parcialmente ou de tempos em tempos, contatos individuais com cada criança. É o momento da linguagem pessoal, de reconstruir com ela os procedimentos de ação, de orientar o seu trabalho e dar-lhe pistas novas, de apoiá-la na aquisição de habilidades ou condutas muito específicas, etc. Embora seja mais cômodo, do ponto de vista organizacional, trabalhar com todo o grupo de uma vez só (todos fazendo a mesma coisa), tal modalidade é contraditória a este princípio. A atenção individualizada está na base da cultura da diversidade. É justamente com um estilo de trabalho que atenda individualmente ás crianças que poderão ser realizadas experiências de integração. 9-Sistemas de avaliação, anotações, etc.; que permitam o acompanhamento global do grupo e de cada uma das crianças Uma condição importante para o desenvolvimento de um programa profissional de educação Infantil é a sistematização do processo em seu conjunto. É preciso ter uma orientação suficientemente clara e avaliar a cada passo se está havendo um avanço em direção aos propósitos estabelecidos. Não se trata de coisificar as intenções educativas, nem tampouco de formalizar o processo. Trata-se, sim, de saber o que se quer (idéia geral) e quais são as grandes linhas do processo estabelecido para alcançá-lo. Trata-se, além disso, de superar a idéia de que não basta ter boa vontade, um pouco de intuição e capacidade para improvisar experiências e jogos. Todas essas coisas são competências inestimáveis de todo bom educador(a) infantil. Mas será preciso também ter a capacidade de planejar e avaliar os processos e a forma como cada uma das crianças vai progredindo no seu desenvolvimento global. Os diferentes modelos de Educação Infantil costumam ser acompanhados por seus próprios instrumentos de acompanhamento, destinados a registrar processos e resultados visando a que sua análise posterior permita incorporar os reajustes que forem necessários, 25

tanto no que se refere à atenção a alunos(as) concretos como no que se refere à modificação de algumas das atividades do grupo. Há, no mínimo, dois tipos de análise que devem ser realizadas: -a análise do funcionamento do grupo em seu conjunto. Esta consideração tem relação com o desenvolvimento do programa ou projeto educativo, com o funcionamento dos dispositivos montados (espaços, materiais, experiências) e com a atuação do próprio docente; -a análise do progresso individual de cada criança. Apesar das limitações impostas pelo tempo disponível e pela quantidade de crianças que devem ser atendidas parece fundamental fazer um acompanhamento individualizado de cada aluno(a) mesmo que seja através de constatações periódicas. 10-Trabalho com os pais e as mães e com o meio ambiente (escola aberta) Embora muitas vezes a escola possua uma capacidade de ação limitada pelo espaço e pelo tempo, é muito importante que se tenha a participação dos pais na escola. Essa participação enriquece o trabalho educativo que é desenvolvido na escola (a presença de outras pessoas adultas permite organizar atividades mais ricas e desenvolver uma atenção mais personalizada com as crianças), enriquece os próprios pais e mães (vão sendo conhecidos aspectos do desenvolvimento infantil, descobrindo características formativas em materiais e experiências, inclusive o jogo, conhecendo melhor os filhos, aprendendo questões relacionadas com a forma de educar) e enriquece a própria ação educativa que as famílias desenvolvem depois em suas casas (ou como podem continuar em casa as atividades iniciadas na escola). Também os professores(as) aprendem muito com a presença dos pais e das mães, ao ver como eles enfrentam os dilemas básicos da relação com crianças pequenas. Haveria muito mais a dizer em relação à abertura ao ambiente, pois o meio social, natural, cultural, etc., é um imenso salão de recursos formativos. Alguns desses recursos são especializados (museus, monumentos, bibliotecas, etc.) e incorporam-se como material ampliado para as experiências formativas. Outros constituem elementos comuns da vida das crianças; ao incorporá-los ao trabalho formativo. O que fazemos é facilitar o cumprimento de um dos objetivos básicos da educação Infantil: que as crianças conheçam cada vez melhor o seu meio de vida e tornem-se donas do mesmo para ir crescendo com autonomia. 26

11- HISTÓRICO DA EXPANSÃO DAS CRECHES NO BRASIL A demanda por creches, bem como a respectiva resposta dos Sistemas de Ensino, são fenômenos comuns a diversos países. Vários fatores contribuem para a expansão da Educação Infantil no mundo entre os quais se destacam o avanço do conhecimento científico sobre o desenvolvimento da criança, a participação crescente da mulher trabalhando fora de casa, a consciência social sobre o significado da infância e o reconhecimento, por parte da sociedade, sobre o direito da criança à educação em seus primeiros anos de vida. Do nascimento da primeira creche às atuais houve uma sensível mudança de conceito, em razão do qual se ampliaram seus objetivos e responsabilidades junto à criança. É importante conhecermos esta evolução e transformação para entendermos os conceitos e preconceitos que envolveram e nortearam as expectativas a respeito do que seria fazer pela infância. Em meados dos anos 60, crianças de diferentes grupos sociais eram submetidas a contextos de desenvolvimento diferentes e desiguais nas famílias, nas creches e préescolas. Enquanto as crianças pobres eram atendidas em creches, com propostas que partiam de uma idéia de carência e deficiência, as mais abastadas eram colocadas em ambientes estimuladores, tendo processo dinâmico de viver e se desenvolver. Depois da segunda metade da década de 70, aumenta a reivindicação popular por creches nos grandes centros urbanos. Elas adquirem novas conotações e tornam-se um direito do trabalhador. Tal solicitação é encabeçada pelos movimentos populares e pelos movimentos feministas dessa época. Os resultados desses movimentos foram o aumento significativo de creches geridas pelo poder público e a participação das mães no trabalho ali desenvolvido. Mais tarde, culminando com a Constituição de 1988, que por meio do artigo 227 coloca a criança e o adolescente como prioridade nacional, discute-se com maior rigor o papel social da creche. A Constituição a reconhece como uma instituição educativa, um direito da criança, uma opção da família e um dever do Estado. Tal concepção muda a visão de creche: ela deixa de ser apenas um lugar de cuidados assistencialistas para ser também um espaço de crescimento e desenvolvimento integral da criança. Assim, a creche tem sido cada vez mais reivindicada por um número crescente de famílias de diferentes camadas sociais. Daí a urgência em responder as questões envolvidas no desenvolvimento de crianças e de como promovê-lo, para garantir um atendimento de qualidade. Pressupõe-se hoje que o ambiente ideal de creche seja um local onde se incorpore a preocupação em cuidados e de segurança básica onde ocorra o desenvolvimento infantil integral, sem submeter precocemente as crianças a um modelo escolar rígido. 27

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