Relatório de Atividades 2017 Das contas O exercício de 2017 terminou com um saldo positivo de 190 052,52, valor muito acima do previsto, em grande parte, devido à não concretização de despesas orçamentadas e ao aumento das receitas, como adiante se evidencia. Do lado das receitas, o desvio em alta é não só consequência direta das valorizações remuneratórias observadas no ano de 2017 que, à data da elaboração do orçamento SINCTA 2017, não haviam sido cautelarmente consideradas mas também devido ao ganho obtido com a participação de resultados prevista contratualmente no seguro de Vida SINCTA/Açoreana relativo ao ano de 2016. Na rubrica Fornecimentos e Serviços, em resultado do aumento da sinistralidade, foi necessário atualizar o prémio do seguro de saúde SINCTA/Multicare. Foi assim sido renegociado um aumento de 20% de modo a poder garantir a manutenção das coberturas relativas ao ano anterior. O valor em baixa na rubrica Advogados e Contencioso, reflete apenas os custos fixos inerentes à assessoria jurídica uma vez que não foram, em 2017, concluídos os processos judiciais em curso previstos - em particular, as ações interpostas pelo SINCTA contra a NAV e CGA, bem como a arbitragem que envolve SINCTA e Futuro relativamente à não compensação da CES por parte do Fundo de Pensões - daqui resultando a ausência à semelhança dos anos anteriores, nesta fase, dos encargos orçamentados para a totalidade das ações. Do lado das despesas, na rubrica Atividade Sindical verifica-se uma diminuição do valor face ao ano transato uma vez que não se realizou, em 2017, o Encontro Nacional de Controladores cuja organização é bienal. O aumento nas rubricas Deslocações\Despesas de Representação da Direção e Perdas de Remuneração da Direção resulta da crescente participação dos membros do SINCTA na sua atividade sindical e do maior envolvimento e participação, face a 2016, dos membros pertencentes ao Conselho Fiscal. Importa realçar que as ausências por Atividade Sindical dos membros do Conselho Fiscal não são abrangidas pelo Acordo Empresa NAV/SINCTA, pelo que os mesmos são ressarcidos pelo SINCTA do valor retirado pela NAV à sua retribuição mensal decorrente da não prestação do trabalho. Apesar das valorizações remuneratórias dos funcionários do SINCTA aprovada pela Direção de acordo com a inflação (0,6%), a devolução de remunerações devido a ausência por baixa originou uma diminuição do valor gasto em Custos com Pessoal relativamente ao ano 1
anterior. A rubrica de Correções relativas a períodos anteriores reflete a devolução de quotas efetuada a um associado, consequência de um erro de cobrança indevida prolongado no tempo. O valor apresentado na rubrica Crédito a curto prazo / Fornecedores reflete o ressarcimento da participação de resultados contratualmente acordada no seguro de Vida SINCTA/Açoreana relativo a 2016 no valor de 67 707,53. Finalmente de referir que, do lado do Passivo, a rubrica Outras Contas a Pagar abrange não só a quotização do SINCTA a transferir para a APCTA relativa aos anos de 2016 e 2017 mas também, como é norma, a necessária provisão contabilística referente a remunerações por férias dos funcionários administrativos do SINCTA. Neste sentido, deve o SINCTA, no decorrer do ano de 2018, proceder à regularização do valor acumulado em dívida com a APCTA de modo a evitar afetar negativamente a estabilidade financeira da Associação. Em suma, a situação financeira do SINCTA continua sólida, com um aumento das disponibilidades e apresentando resultados positivos pelo quinto ano consecutivo, permitindolhe desenvolver a sua atividade sindical sem reservas e no melhor interesse dos associados. Factos Relevantes Os últimos anos têm obrigado a bastante atividade sindical e 2017 não foi excepção. O ano transato teve grande atividade motivada por diversos dossiês de âmbito nacional e europeu. Neste último, os grandes temas foram o ataque ao direito à greve, patrocinado pela Airlines for Europe e apoiado pela Comissão Europeia, assim como a necessidade de rever o plano de desempenho nacional devido às alterações de pressupostos. No que toca ao quadro nacional podemos relevar o facto do SINCTA ter necessitado novamente de trabalhar quer para a nomeação de um Presidente do Conselho de Administração da NAV, quer demonstrando a importância da decisão estratégica que é a escolha do novo sistema ATM, nomeadamente para o cumprimento dos objetivos governamentais de ampliar a capacidade do sistema aeroportuário de Lisboa. Já a nível interno temos de referir a concretização da segunda reunião de quadros e a grande renovação na Direção que as eleições trouxeram. Não podemos ainda deixar de fora os diversos alertas que a Direção lançou relativamente ao egoísmo e à cegueira autodestrutiva que alguns CTA assumiram ao aderir ao projeto de formação em Espanha, que tanto impacto tem tido nos nossos colegas espanhóis. Atividade Sindical O ano de 2017 ficou marcado principalmente pelas eleições do SINCTA, que decorreram de 24 a 27 de Julho. A única lista a concorrer (Lista A) foi proposta pela direção cessante que se apresentou com um objetivo de fortalecer a união da classe e preparar o futuro dos Controladores de Tráfego Aéreo em Portugal. 2
Os resultados do enorme crescimento de tráfego verificado em 2017 possibilitaram a negociação para a reposição de um ano de congelamento de anos transatos em que os CTA ficaram sem progressão na carreira. 2017 ficou ainda marcado pela demissão do Presidente do Conselho de Administração da NAV Portugal em Setembro. O SINCTA demonstrou a sua preocupação relativamente à ausência de interlocutor com a Tutela e na sequência da pressão efetuada deu-se a nomeação de um novo Presidente do Conselho de Administração da NAV Portugal em Novembro. Fundos de Pensões Relativamente ao Fundo de Pensões NAV/SINCTA de Benefício Definido e Fundo de Pensões NAV/SINCTA de Contribuição Definida, estivemos em todas as reuniões trimestrais de apresentação de resultados por parte da Entidade Gestora, tendo feito os considerandos que melhor defendem os nossos associados. Os resultados anuais de gestão de ambos os fundos passam agora a estar disponíveis para consulta no site www.sincta.pt. Internacional O SINCTA, em 2017, continuou empenhado na frente internacional. Através da ATCEUC, da ETF ou inclusivamente em nome próprio, o sindicato português acompanhou os desenvolvimentos no âmbito do Céu Único Europeu (SES): RP2 e RP3, SESAR e EASA, entre outros. Com especial relevo no curto prazo, o SINCTA seguiu de perto a submissão, por parte do Estado Português, do pedido de revisão do Plano Nacional de Performance para o segundo período de referência (RP2). Este período, que se iniciou em 2015 e que termina no final de 2019, assistiu a um significativo crescimento de tráfego, acima do limite de alerta previsto no enquadramento legal do SES, o que permitiu que a NAV promovesse uma revisão do Plano Nacional de Performance, de forma a equilibrar custos, receitas e capacidade disponível. No final 2017 aguardava-se ainda a aprovação do pedido nacional por parte das instâncias europeias, o qual deverá chegar algures durante o ano de 2018. Ainda no âmbito do Sistema de Desempenho, o SINCTA seguiu atentamente a nova constituição do PRB (Performance Review Body - responsável por assistir a Comissão Europeia na definição de objetivos de desempenho e acompanhamento dos planos nacionais) e a preparação para o período de referência vindouro (RP3). A nova legislação com vista ao quinquénio 2020-2024 foi abordada preliminarmente pela Comissão Europeia, com discussão no Single Sky Committee (SSC), tanto ao nível dos novos regulamentos para os Sistemas de Desempenho e de Tarifação, bem como para o novo regulamento que estabelece e define o próximo gestor europeu de rede (Network Manager). 3
O SINCTA participou como habitualmente nas reuniões semestrais da ATCEUC, realizadas em Varsóvia (Polónia) e Odessa (Ucrânia), e nas reuniões do grupo ATM da ETF que decorreram em Madrid (Espanha), Bruxelas (Bélgica) e Florença (Itália). Através de um diálogo cada vez mais construtivo entre ambas as organizações representativas do sector da aviação europeu, em particular dos CTA, e para o qual muito tem contribuído o SINCTA, foi possível chegar a posições conjuntas relativamente à futura regulamentação para a operação de Torres Remotas, à nova regulamentação base da EASA e ainda tomar medidas contra o ataque da Airlines for Europe (A4E) devido aos delays ATM. Há ainda a sublinhar a campanha Our Rights, Your Safety - ação contra a pretensão da Comissão Europeia de limitar o direito à greve dos CTA europeus através da opinião ATM Service Continuity - na qual o SINCTA esteve bastante ativo, inclusive apelando aos seus membros que assinassem a petição respetiva. As nossas relações com a USCA e o PROSPECT (sindicatos espanhol e inglês, respetivamente) continuam estáveis e boas, com convites de ambos para as suas conferências anuais. Estivemos representados na conferência da nossa congénere espanhola, no passado mês de Novembro. Lamentavelmente, e por impossibilidade de agenda, este ano não nos foi possível comparecer na conferência do sindicato inglês. Comunicação e Imagem A comunicação é um meio fundamental para a Direcção do SINCTA, de modo a promover um bom fluxo de informação tanto para o exterior como para o interior da classe, promovendo uma imagem moderna e especializada para os diferentes stakeholders, bem como, procurando minimizar as dificuldades associadas à dispersão geográfica dos diversos órgãos de Controlo de Tráfego Aéreo. Na sequência destes objectivos, a Direção promoveu a renovação da página institucional do SINCTA, através de uma área pública e uma área privada, exclusiva para associados, bem como, a reestruturação de conteúdos. Neste âmbito, desenvolveu-se uma Newsletter mensal com informação atual sobre as atividades levadas a cabo pela Direção em diversas áreas de atuação, com o objetivo de manter os associados sempre atualizados dos temas mais prementes para a classe. Por fim, para melhor responder às necessidades dos associados em termos de pedidos de facilidades de passagens, a Direção desenvolveu uma plataforma eletrónica para registo e processamento dos pedidos de facilidades de passagens. Organizações conjuntas Em 2017 foi organizado em conjunto com a APCTA uma sessão de informação para os media, com a participação de cerca 10 jornalistas de vários órgãos de comunicação social, de 4
modo esclarecê-los sobre o Controlo de Tráfego Aéreo em Portugal e sensibilizá-los para as questões e desafios que se colocam atualmente à gestão de tráfego aéreo no nosso país e na Europa. Esta ação resultou na publicação de diversos artigos nos meios de comunicação sobre a nossa área de negócio e pontos críticos (ex. novo sistema e ausência de presidente do Conselho de Administração da NAV). Processos Judiciais O passado ano de 2017 assistiu a alguns desenvolvimentos neste âmbito, sendo de destacar a conclusão das audiências de julgamento do Tribunal Arbitral do processo movido pelo SINCTA contra a FUTURO no âmbito da Contribuição Extraordinária de Solidariedade (CES) não comparticipada por esta aos nossos associados reformados. As alegações finais serão entregues no início de 2018 e espera-se uma decisão final, e não passível de recurso, até Maio deste ano. Ainda a destacar, há as decisões finais para dois dos processos de impugnação judicial da liquidação oficiosa de IRS, promovida pela Autoridade Tributária e Aduaneira, relativamente a vários dos nossos associados reformados, em resultado do recebimento da Indemnização por Desvinculação Contratual. Uma das decisões foi favorável, a outra desfavorável, sendo que, à falta de uniformidade das decisões, é prematuro retirar ilações sobre o sentido de futuras ações. A ação interposta pelo SINCTA contra a CGA, quanto ao não pagamento dos subsídios de férias e de Natal de 2012 aos aposentados, continua o seu caminho nos tribunais. Depois de em 2016 haver sido tomada a decisão que o SINCTA não teria legitimidade para representar os seus associados para defesa de interesses individuais, o SINCTA havia interposto recurso para um tribunal superior (Tribunal Administrativo Central do Sul), alegando inconstitucionalidade da decisão do primeiro tribunal. A decisão veio a ser conhecida em 2017, tendo sido desfavorável ao SINCTA. Porém, optámos por colocar uma reclamação para o Supremo Tribunal Administrativo, o qual nos veio a dar razão, sendo que a ação será agora apreciada diretamente pelo Supremo Tribunal Administrativo. Outra ação ainda pendente de desenvolvimento é a que foi interposta pelo SINCTA contra a NAV, no que diz respeito aos cortes salariais de 2012. Lisboa, 27 de Março de 2018 A Direção 5