ICMS-SP Transferência de mercadoria entre estabelecimento de mesmo titular. 13/02/2014
Sumário Título do documento 1. Questão... 3 2. Normas apresentadas pelo cliente... 3 3. Análise da Consultoria... 4 3.1. Operação Interna e Interestadual - SP... 6 3.1.1 Operação Interna (SP)... 6 3.1.2 Operação Interestadual... 8 4. Aspecto Contábil... 8 5. Conclusão... 9 6. Informações Complementares... 9 7. Referências... 10 8. Histórico de alterações... 10 2
1. Questão Esta análise aborda o procedimento para transferência de mercadorias ICMS, assim entendidas as saídas existentes no estoque do estabelecimento remetente para o estoque de outro estabelecimento pertencente ao mesmo titular. 2. Normas apresentadas pelo cliente Temos alguns questionamentos com relação a valorização do preço dos produtos em operações de transferências entre estabelecimento de mesmo titular. No entendimento desses clientes situados no Estado de São Paulo, o preço sugerido pelo sistema é diferente do preço entendido como correto perante a legislação. Situação A: Cliente sediado no Estado de São Paulo, apresenta questionamento sobre o cálculo do preço sobre a transferência de produtos da matriz para a filial de Minas Gerais e vice-versa, argumentado que o sistema apenas oferece a opção Preço Médio ou Informado, não sendo possível adotar o valor correspondente à entrada mais recente nas operações interestaduais. Situação B: Cliente situado em território Paulista, realiza transferências dentro do Estado paulista, e entende que o valor do ICMS deva estar incluso no custo da mercadoria ao ser transferido. Citam a norma prevista no RICMS-SP/2000, art. 38 e 39: Artigo 38 - Na falta do valor a que se referem os incisos I e VII do artigo anterior, ressalvado o disposto no artigo 39, a base de cálculo do imposto é (Lei 6.374/89, art. 25, na redação da Lei 10.619/00, art. 1º, XIV): I - o preço corrente da mercadoria ou de sua similar no mercado atacadista do local da operação ou, na sua falta, no mercado atacadista regional, caso o remetente seja produtor, extrator ou gerador, inclusive de energia; II - o preço FOB estabelecimento industrial à vista, caso o remetente seja industrial, observado o disposto no 1º; III - o preço FOB estabelecimento comercial à vista, nas vendas a outros comerciantes ou industriais, caso o remetente seja comerciante, observado o disposto nos 1º e 2º. 1º - Para a aplicação dos incisos II e III adotar-se-á sucessivamente: 1 - o preço efetivamente cobrado pelo estabelecimento remetente na operação mais recente; 2 - caso o remetente não tenha efetuado venda de mercadoria, o preço corrente da mercadoria ou de sua similar no mercado atacadista do local da operação ou, na falta deste, no mercado atacadista regional. 2º - Na hipótese do inciso III, se o estabelecimento remetente não efetuar vendas a outros comerciantes ou industriais ou, em qualquer caso, se não houver mercadoria similar, a base de cálculo será equivalente a 75% (setenta e cinco por cento) do preço de venda corrente no varejo, observado o disposto no parágrafo anterior. 3
3º - Na saída para estabelecimento situado neste Estado, pertencente ao mesmo Título do documento titular, em substituição aos preços previstos nos incisos I a III, poderá o estabelecimento remetente atribuir à operação outro valor, desde que não inferior ao custo da mercadoria. Artigo 39 - Na saída de mercadoria para estabelecimento localizado em outro Estado, pertencente ao mesmo titular, a base de cálculo é (Lei 6.374/89, art. 26, na redação da Lei10.619/00, art. 1º, XV, e Convênio ICMS-3/95): I - o valor correspondente à entrada mais recente da mercadoria; II - o custo da mercadoria produzida, assim entendido a soma do custo da matéria-prima, do material secundário, da mão-de-obra e do acondicionamento, atualizado monetariamente na data da ocorrência do fato gerador; III - tratando-se de mercadorias não industrializadas, o seu preço corrente no mercado atacadista do estabelecimento remetente. Parágrafo único - A Secretaria da Fazenda, em regime especial, tendo em vista peculiaridade do contribuinte, devidamente comprovada, poderá fixar: (O 1º passa a denominar-se parágrafo único pelo Decreto 47.452 de 16-12-2002; DOE 17-12-2002; Efeitos a partir de 17-12-2002) 1 - em relação ao inciso I, que o valor da entrada mais recente da mercadoria seja obtido com base em período previamente determinado, preferencialmente dentro do mês da ocorrência do fato gerador; 2 - em relação ao inciso II, que o custo da mercadoria produzida seja o obtido com base em período determinado. 3. Análise da Consultoria Legislar sobre o ICMS é de responsabilidade de cada Estado, porém existe a Lei Complementar 87 de 1996, a qual possui as principais diretrizes do ICMS sendo válida para todos os Estados e o Distrito Federal. Cada Estado e DF têm seu Regulamento de ICMS, que trata as regras específicas a serem seguidas pelos contribuintes daquele Estado, porém não podem infringir as diretrizes constantes na Lei Complementar 87 de 1996. Art. 13. A base de cálculo do imposto é: I - na saída de mercadoria prevista nos incisos I, III e IV do art. 12, o valor da operação; II - na hipótese do inciso II do art. 12, o valor da operação, compreendendo mercadoria e serviço; III - na prestação de serviço de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, o preço do serviço; IV - no fornecimento de que trata o inciso VIII do art. 12; a) o valor da operação, na hipótese da alínea a; 4
alínea b; b) o preço corrente da mercadoria fornecida ou empregada, na hipótese da V - na hipótese do inciso IX do art. 12, a soma das seguintes parcelas: a) o valor da mercadoria ou bem constante dos documentos de importação, observado o disposto no art. 14; b) imposto de importação; c) imposto sobre produtos industrializados; d) imposto sobre operações de câmbio; e) quaisquer outros impostos, taxas, contribuições e despesas aduaneiras; (Redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002) VI - na hipótese do inciso X do art. 12, o valor da prestação do serviço, acrescido, se for o caso, de todos os encargos relacionados com a sua utilização; VII - no caso do inciso XI do art. 12, o valor da operação acrescido do valor dos impostos de importação e sobre produtos industrializados e de todas as despesas cobradas ou debitadas ao adquirente; VIII - na hipótese do inciso XII do art. 12, o valor da operação de que decorrer a entrada; origem. IX - na hipótese do inciso XIII do art. 12, o valor da prestação no Estado de 1o Integra a base de cálculo do imposto, inclusive na hipótese do inciso V do caput deste artigo: (Redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002) I - o montante do próprio imposto, constituindo o respectivo destaque mera indicação para fins de controle; II - o valor correspondente a: a) seguros, juros e demais importâncias pagas, recebidas ou debitadas, bem como descontos concedidos sob condição; b) frete, caso o transporte seja efetuado pelo próprio remetente ou por sua conta e ordem e seja cobrado em separado. 2º Não integra a base de cálculo do imposto o montante do Imposto sobre Produtos Industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configurar fato gerador de ambos os impostos. 5
Título do 3º No documento caso inciso IX, o imposto a pagar será o valor resultante da aplicação do percentual equivalente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual, sobre o valor ali previsto. 4º Na saída de mercadoria para estabelecimento localizado em outro Estado, pertencente ao mesmo titular, a base de cálculo do imposto é: I - o valor correspondente à entrada mais recente da mercadoria; II - o custo da mercadoria produzida, assim entendida a soma do custo da matéria-prima, material secundário, mão-de-obra e acondicionamento; III - tratando-se de mercadorias não industrializadas, o seu preço corrente no mercado atacadista do estabelecimento remetente. 5º Nas operações e prestações interestaduais entre estabelecimentos de contribuintes diferentes, caso haja reajuste do valor depois da remessa ou da prestação, a diferença fica sujeita ao imposto no estabelecimento do remetente ou do prestador. O ICMS incide, entre outras hipóteses, sobre operações relativas à circulação de mercadorias, ocorrendo o fato gerador do imposto na saída de mercadoria a qualquer título, de estabelecimento de contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular, sendo irrelevante para a sua caracterização a natureza jurídica das operações. Conforme a Lei Complementar 87/96, quando o destino da mercadoria for um estabelecimento do mesmo titular em outro Estado, a base de cálculo do ICMS referente a matéria prima, será o valor correspondente a entrada mais recente da mercadoria. Essa mesma orientação foi acatada nos Regulamentos de ICMS dos estados de Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, São Paulo entre outros Estados. A grande maioria dos Estados utilizou a mesma redação contida na Lei Complementar nº 87/1996. 3.1. Operação Interna e Interestadual - SP O Estado de São Paulo, introduziu em seu Regulamento do ICMS a norma contida na LC 87/96, a qual examinaremos a regra contida para estabelecimentos industriais e comerciais, tanto nas operações internas e interestaduais. 3.1.1 Operação Interna (SP) Examinaremos o valor que deverá ser utilizado como base de cálculo do ICMS nas transferências internas de mercadorias: 1) Estabelecimento Industrial: Nas operações de transferência realizadas por estabelecimento industrial, a base de cálculo será o preço free on board (FOB) no estabelecimento industrial à vista, adotando-se, sucessivamente: a) O preço efetivamente cobrado pelo estabelecimento remetente na operação mais recente; e 6
b) Caso o remetente não tenha efetuado venda de mercadoria, o preço corrente da mercadoria ou de sua similar no mercado atacadista do local da operação ou, na falta deste, no mercado atacadista regional. Base Legal: (RICMS-SP/2000, art. 38, II e 1º) 2) Estabelecimento Comercial: Nas operações realizadas por estabelecimento comercial, a base de cálculo do ICMS será o preço FOB no estabelecimento comercial à vista nas vendas a outros comerciantes ou industriais, devendo ser adotado, sucessivamente: a) O preço efetivamente cobrado pelo estabelecimento remetente na operação mais recente; e b) Caso o remetente não tenha efetuado venda de mercadoria, o preço corrente da mercadoria ou de sua similar no mercado atacadista do local da operação ou, na falta deste, no mercado atacadista regional. Caso o estabelecimento remetente não efetue vendas a outros comerciantes ou industriais, isto é, quando as operações forem efetuadas exclusivamente no varejo, ou se não houver mercadoria similar, a base de cálculo do imposto deverá ser equivalente a 75% do preço de venda no varejo, adotando-se o preço efetivamente cobrado na operação mais recente. Base legal: (RICMS-SP/2000, art. 38, III, 1º). c) Adoção de outro valor: Na saída de mercadoria para estabelecimento localizado no Estado de São Paulo, pertencente ao mesmo titular, em substituição ao item 1 e 2 mencionados, poderá o estabelecimento remeter ou atribuir a operação outro valor, desde que não seja inferior ao custo da mercadoria. Base legal: (RICMS-SP/2000, art. 38, 3º). Nota: o termo FOB refere-se ao preço de venda no estabelecimento do remetente, sem o ônus de outros encargos, tais como o seguro e o frete. Nessa operação, o vendedor coloca a mercadoria à disposição do comprador em suas dependências, cabendo a responsabilidade pelo respectivo transporte ao destinatário. 3) Incidência do ICMS: No Estado de São Paulo, as operações em transferência de mercadorias para outro estabelecimento da mesma empresa, incluídas as operações internas, normalmente são tributadas. Logo, a nota fiscal será emitida com o destaque do imposto, pois nessa operação ocorre o fato gerador (saída da mercadoria, qualquer que seja a natureza jurídica ou econômica da operação). Base Legal: (RICMS-SP/2000, art. 2º, I, 4º). Neste contexto, a base de cálculo em operação de transferência de mercadoria do estabelecimento com destino a outro pertencente ao mesmo titular, ambos no Estado de São Paulo, em substituição aos preços praticados a que se refere o art. 38, I, II e III, do RICMS-SP, o contribuinte poderá atribuir outro valor, desde que ele não seja inferior ao custo da mercadoria. Conforme norma mencionada, entende-se na importância do preço, a analise do custo de aquisição, não podendo o preço na transferência ficar abaixo do valor de custo. 7
3.1.2 Operação Interestadual Título do documento Na saída de mercadoria para estabelecimento localizado em outro Estado, pertencente ao mesmo titular, a base de cálculo do ICMS é o valor corresponde a entrada mais recente da mercadoria. 1) Estabelecimento Industrial: Nas transferências interestaduais promovidas por estabelecimentos industriais, a base de cálculo é o custo da mercadoria produzida, assim entendida a soma do custo da matéria-prima, do material secundário, da mão de obra e do acondicionamento, atualizado monetariamente na data da ocorrência do fato gerador. Nota: A Secretaria da Fazenda, por meio de regime especial, tendo em vista a peculiaridade do contribuinte, devidamente comprovada, poderá estabelecer que o custo da mercadoria produzida seja obtido com base em período determinado. Base legal: (RICMS-SP/2000, art. 39, II, parágrafo único, item 2; Portaria CAT nº 43/2007) 2) Estabelecimento Comercial: Na saída de mercadoria para estabelecimento pertencente ao mesmo titular localizado em outra Unidade da Federação ou no Distrito Federal, a base de cálculo é o valor correspondente à entrada mais recente da mercadoria. Para uma apresentação mais detalhada poderá ser utilizado o sub tópico. Nota: A Secretaria da Fazenda, por meio de regime especial, tendo em vista a peculiaridade do contribuinte, devidamente comprovada, poderá estabelecer que o valor da entrada mais recente da mercadoria seja obtido com base em período previamente determinado, preferencialmente dentro do mês da ocorrência do fato gerador. Base legal: (RICMS-SP/2000, art. 39, I e parágrafo único, item 1; Portaria CAT nº 43/2007) Da mesma forma o Estado de Minas Gerais adotou a sistemática apresentada na Regulamento do Estado de São Paulo, em conivência a Lei Complementar nº 87/1996. 4. Aspecto Contábil Sob o aspecto contábil, esta operação de transferência é um fato permutativo que não altera a situação líquida do patrimônio, mas apenas representa permutação entre as espécies de seus elementos. Ressalta-se, também, que perante a legislação tributária, as mercadorias e os bens em almoxarifado devem ser avaliados pelo custo de aquisição. Sendo assim, a operação enfocada deve ser registrada contabilmente pelo preço de custo. Para melhor entendimento da questão, vamos supor que determinada empresa adquire mercadorias por R$ 1.000,00, com incidência de ICMS no valor de R$ 120,00. Essa mercadoria posteriormente é transferida para a filial, teremos então: 8
Pela compra na matriz: D - Estoque de Mercadorias-Matriz (AC) R$ 880,00 D - ICMS a Recuperar R$ 120,00 C - Fornecedores/Disponibilidade (PC/AC) R$ 1.000,00 Pela transferência para a filial: D - Estoque de Mercadorias-Filial (AC) C - Estoque de Mercadorias-Matriz (AC) R$ 880,00 Pelo ICMS: D - ICMS a Recuperar-Filial (AC) C - ICMS a Recolher-Matriz (PC) R$ 120,00 Nomenclatura AC - Ativo Circulante PC - Passivo Circulante Cabe reforçarmos, que a nota fiscal de transferência emitida pela Matriz para Filial, o valor será de R$ 1.000,00. 5. Conclusão A conclusão é que quando for efetuar transferência interestadual de matéria prima entre estabelecimentos do mesmo titular, a base de cálculo do ICMS será o valor da última entrada (entrada mais recente). Salientamos que a valorização pela última entrada é somente para o caso de matéria prima. Com isso, o valor dessa mercadoria na nota fiscal será pela última entrada (entrada mais recente). O valor da operação será aquele atribuído ao produto. Na ausência de valor da operação a base de cálculo será o valor praticado na operação de venda mais recente. Contudo, na operação interna de transferência de mercadorias entre estabelecimentos da mesma empresa, o contribuinte poderá utilizar outro valor desde que não inferior ao custo. Assim, se o contribuinte utiliza o valor do custo para essa transferência, em substituição ao preço praticado na operação de venda mais recente, o valor da operação passa a ser o do custo. Reiteramos, que o preço de transferência não poderá ser inferior ao preço de custo de aquisição do produto, conforme previsão contida no art. 38, 3º do RICMS-SP/2000. 6. Informações Complementares Sugerimos que seja implementado um parâmetro junto ao sistema, para atender a demanda solicitada pelo cliente em conformidade a legislação apresentada. 9
7. Referências Título do documento http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp87.htm http://info.fazenda.sp.gov.br/nxt/gateway.dll?f=templates&fn=default.htm&vid=sefaz_tributaria:vtribut http://www.iobonlineregulatorio.com.br/pages/coreonline/coreonlinedocuments.jsf?guid=i618afa00a4d2693ce04 0DE0A24AC2BF4¬a=1&tipodoc=3&esfera=ES&ls=2&index=1#pcipicsp-0105-4.2 8. Histórico de alterações ID Data Versão Descrição Chamado AM 13/02/2014 1.00 ICMS-SP Transferência de mercadoria entre estabelecimento de mesmo titular AM 13/02/2014 1.00 ICMS-SP Transferência de mercadoria entre estabelecimento de mesmo titular TIGTTU TIGEBX 10