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Nº 23.808/CS RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 130.989 - PARANÁ RECORRENTE: NÉLSON LUCIANO DE CARVALHO TEIXEIRA RECORRENTE: ANDRE SANTOS PEREIRA ADVOGADO: ALEXANDRE LOPES DE OLIVEIRA RECORRIDO: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL RELATOR: MINISTRO LUIZ FUX PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO. ARTS. 4º, 16 E 22, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI Nº 7.492/86,. CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO. ART. 1º, VI, DA LEI Nº 9.613/98. CONEXÃO COM O DENOMINADO CASO BANESTADO. PREVENÇÃO DO JUÍZO ESPECIALIZADO DE CURITIBA/PR. INADMISSIBILIDADE DE REEXAME DE PROVA NA VIA ESTREITA DO HABEAS CORPUS. PRECEDENTES. COMPETÊNCIA TERRITORIAL: NATUREZA RELATIVA. MATÉRIA PRECLUSA. PARECER PELO DESPROVIMENTO DO RECURSO. 1. Os recorrentes Nelson Luciano de Carvalho Teixeira e André Santos Pereira foram denunciados perante a 2ª Vara Federal de Curitiba PR como incursos nos arts. 4º, 16 e 22, parágrafo único, da Lei nº 7.492/86 (crimes contra o Sistema Financeiro Nacional), e art. 1º, incs. VI, todos da Lei nº 9.613/98 (lavagem de dinheiro). 2. A defesa, entendendo ser o juízo incompetente, ajuizou exceção de incompetência, que foi julgada improcedente em decorrência da conexão probatória e instrumental do feito com o Caso Banestado. Contra essa decisão, impetrou-se habeas corpus perante o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que denegou a ordem, mantendo a competência da 2ª Vara Federal de Curitiba PR para a apreciação do feito.

MPF/PGR Nº 23.808/CS 2 3. Ato contínuo, impetrou-se habeas corpus perante o Superior Tribunal de Justiça, que foi julgado prejudicado em decisão monocrática da Ministra Laurita Vaz, em razão da prolação de sentença no Processo n.º 5017770-69.2010.404.7000, que condenou os pacientes a pena de 5 anos de reclusão, pela prática do delito descrito no art. 22 da Lei nº 7.492/86. 4. Em sede de agravo regimental, a defesa sustentou a ausência de conexão diante da absolvição pelo crime de lavagem de dinheiro, pugnado pelo reconhecimento da absoluta incompetência da Vara Federal de Curitiba para processar e julgar o feito. A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça desproveu o Agravo Regimental interposto da decisão que julgou prejudicado o HC nº 250.332/PR, nos termos da seguinte ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. NOVOS ARGUMENTOS HÁBEIS A DESCONSTITUIR A DECISÃO IMPUGNADA. INEXISTÊNCIA. MATÉRIA NÃO ENFRENTADA NA INSTÂNCIA DE ORIGEM. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. INCOMPETÊNCIA DESTA CORTE SUPERIOR. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. AGRAVO DESPROVIDO. I - É assente nesta eg. Corte Superior de Justiça que o agravo regimental deve trazer novos argumentos capazes de alterar o entendimento anteriormente firmado, sob pena de ser mantida a r. decisão vergastada pelos próprios fundamentos. II - A tese relativa à incompetência do juízo, diante da absolvição posterior dos ora agravantes pelo delito de lavagem de dinheiro, sequer foi analisada pelo eg. Tribunal a quo, tratando-se de fato superveniente, razão pela qual não pode ser examinada perante esta eg. Corte Superior, sob pena de indevida supressão de instância (precedentes). III - Tendo o eg. Tribunal de origem reconhecido, de maneira devidamente fundamentada, a existência de conexão probatória ou instrumental para firmar a competência da 2ª Vara Federal de Curitiba/PR, não há constrangimento ilegal a ser reconhecido pela via estreita do habeas corpus, até porque, afastar a alegada conexão, sem a existência de prova pré-constituída acerca do alegado direito, implicaria em necessário revolvimento fático-probatório (precedentes). Agravo regimental desprovido. 5. Nesta via, os recorrentes defendem novamente a inexistência de conexão e, por conseguinte, a incompetência absoluta do Juízo Federal de

MPF/PGR Nº 23.808/CS 3 Curitiba PR para o processamento do feito. Asseveram que a própria sentença condenatória, ao absolvê-los do crime de lavagem de dinheiro, reconheceu a ausência de ligação entre os recorrentes e os inquéritos ou processos relativos ao Caso Banestado, sendo, portanto, absolutamente nula, uma vez que proferida por Juiz incompetente. 6. O recurso não merece prosperar. 7. A regra geral da determinação da competência pelo local da infração (art. 70), ou ainda de acordo com o domicílio do réu (art. 72), pode ser excepcionada, entre outras causas, pela conexão. Nos termos do art. 76, III do CPP, a competência será determinada pela conexão quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração. 8. O Juízo da 2ª Vara Federal Criminal em Curitiba/PR rejeitou a exceção de incompetência apresentada pela defesa sob os seguintes argumentos: 1. Trata-se de exceção de incompetência ajuizada pela Defesa de André Santos Pereira, acusado, conjuntamente a outros réus, no âmbito dos autos de ação penal de n.º 5017770-69.2010.404.7000, pela prática dos delitos cominados nos artigos 4º, caput, 16, 22, caput e parágrafo único, todos da Lei 7.492/86 e art. 1º, VI, da Lei 9.613/98, em razão de supostas operações de câmbio fraudulentas junto ao First Curaçao International Bank (FCIB). 2. Aduz a Defesa que a competência para o julgamento do feito seria da Justiça Federal do Rio de Janeiro/RJ, local onde reside o acusado (evento 1). 3. Devidamente intimado, o MPF manifestou-se pela total improcedência da presente (evento 9). Decido 4. Considerando a similitude dos argumentos esposados pela Defesa do acusado neste incidente e na defesa preliminar relativa aos autos da ação penal supramencionada; considerando, ainda, que outros réus também opuseram exceções com argumentações semelhantes, restou determinado que haveria decisão conjunta de todas as exceções, por ocasião da análise das defesas preliminares nos autos de ação penal de n.º 5017770-69.2010.404.7000.

MPF/PGR Nº 23.808/CS 4 5. Destarte, em decisão datada de 20 de janeiro de 2012, nos autos da ação penal supramencionada (evento 508), foi devidamente fundamentada e firmada a competência deste Juízo para o processamento da causa penal em comento. 6. Em síntese, a reunião dos feitos perante este Juízo deu-se em decorrência da conexão probatória e instrumental entre os fatos aventados (art. 76, II e III, do CPP). 7. A conexão se estende ao inquérito 2003.7000030333-4 e o processo 2004.7000008267-0, nos quais, a partir de evasão de divisas através de contas CC5, foi realizado rastreamento desses valores em contas de operadores do mercado negro de câmbio mantidas no exterior, especialmente na agência do Banco do Estado do Paraná/Banestado em Nova York, o MTB/CBC/Hudson Bank, o Merchants Bank, Bank Audi, Israel Discount Bank, todos em Nova York, as contas e sub contas administradas pela empresa Beacon Hill Service Corporation e mantidas no JP Morgan Chase em Nova York. Tais investigações geraram diversos inquéritos e ações penais que tramitaram e ainda tramitam nesta 2.ª Vara Federal de Curitiba. Trata-se, como sabido, do assim denominado 'Caso Banestado'. 8. A denúncia ofertada nos autos de n.º 501777-69.2010.404.7000 abrange não só a movimentação das contas no FCIB, mas também a movimentação em contas identificadas na base de dados do Caso Banestado. Além disso, as transações das contas do FCIB com contas mantidas em outras instituições financeiras no exterior e controladas por supostos doleiros geram conexão com os casos destes, já que a prova da natureza das atividades de uns influenciará na prova dos demais, evitando-se julgamentos contraditórios. 9. As diversas operações entre os próprios doleiros geram conexão entre os crimes praticados por uns e outros, não raramente caracterizando uma conexão probatória (art. 76, III do CPP) entre crime antecedente (de evasão de divisas) e o delito de lavagem de dinheiro, o que, por si, justificaria a reunião dos processos neste Juízo, e sua competência sobre todos os casos. Aliás, esta foi a decisão no recente precedente julgado pelo Superior Tribunal de Justiça, tendo como Relator o Ministro Og Fernandes. (HC 50.844/PR - 6.ª Turma do STJ - Rel. Min. Og Fernandes - um. - j. de 24/08/2009 - DJ de 28/09/2009). 10. Este foi também o entendimento adotado, por unanimidade, pela 7.ª Turma do TRF4 no julgamento do Habeas Corpus 2009.0400041408-9/PR em relação ao feito principal desses autos, quando ainda na fase investigatória, resolvendo a questão, pois, ao menos naquela instância. Reitere-se: 'Penal. Habeas corpus. Operação curaçao. Competência. Conexão probatória. Manutenção no juízo impetrado. Depreende-se dos autos a existência de conexão entre os fatos ora sob análise e o denominado 'Caso Banestado', o que justifica a competência deste Juízo, mormente levando em conta que a investigação perpetrada não foi conduzida de forma separada sobre cada uma das contas mantidas por brasileiros no exterior (Habeas Corpus 2009.0400041408-9/PR - Rel. Des. Federal Tadaaqui Hirose 7.ª Turma do TRF4 - un. - j. 15/12/2009). 11. Se todo o supra não bastasse, registre-se que há pelo menos dois precedentes do E. Supremo Tribunal Federal afirmando a competência deste

MPF/PGR Nº 23.808/CS 5 Juízo em casos muitíssimo similares, envolvendo justo crimes praticados com contas no exterior e com conexões com outros processos dessa 2ª Vara Criminal Federal de Curitiba, todos ligados ao referido 'Caso Banestado'. Consultem-se: - HC 103510/PR - Rel. Min. Ellen Northfleet - 2.ª Turma do STF - un. - j. 30/11/2010; - e HC 93.368/PR Rel. Min. Luiz Fux - 1.ª Turma do STF - un. - j. 09/08/2011. 12. Agregue-se, ainda, que os crimes foram praticados em parte no exterior e em parte no Brasil, não tendo, porém, havido um único local de execução dentro do território nacional, já que os acusados, segundo a imputação, operaram a partir de diversas cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Curitiba, atendendo ainda clientes espalhados por todo o país. 13. Em síntese: a origem comum das provas, o contexto contemporâneo da manutenção das contas no FCIB em ativa movimentação, o fato de os crimes terem sido praticados no exterior e ainda em várias cidades do território nacional, as transações entre as diversas contas no FCIB, as transações das contas no FCIB com outras contas de operadores do mercado negro desveladas no 'Caso Banestado', a inclusão na denúncia de transações desveladas especificamente naquele caso, os relacionamentos entre os próprios acusados (sendo alguns responsáveis pela introdução de outros no FCIB), os relacionamentos entre os acusados com outros operadores do mercado negro revelados no 'Caso Banestado', são todos fatores bastantes para gerar conexões probatórias e instrumentais, inclusive entre crimes antecedentes e crimes de lavagem, o que, portanto justificar plenamente a unidade de processo e julgamento (art. 79, CPP). Sendo assim, evita-se a dispersão de provas, com a geração do processo central de n.º 5017770-69.2010.404.7000, e mantém-se o julgamento perante esta 2.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, tudo na forma como expressamente determinado em lei. 14. Ante o exposto, julgo improcedente a presente exceção de incompetência, mantendo o trâmite da ação penal de n.º 5017770-69.2010.404.7000 perante este Juízo. (grifo do original) 9. Como ressaltado pelo próprio juízo processante em suas informações, apesar da denúncia envolver diversos grupos, cada um responsável por sua conta no FCIB (First Curaçao International Bank), há conexão entre as imputações considerando a origem comum da investigação e a constatação de que há diversas transações entre as contas dos diversos acusados (fls. 553, e-stj). 10. Desse modo, fica superada a alegação de incompetência do juízo federal de Curitiba PR para o julgamento do feito, sendo incabível o pleito de anulação da ação penal, porquanto fartamente evidenciado o liame entre as práticas delitivas atribuídas aos recorrentes e aquelas apuradas pelo

MPF/PGR Nº 23.808/CS 6 Caso Banestado. 11. Nesse mesmo sentido: HABEAS CORPUS. COMPETÊNCIA. JUÍZO PREVENTO. EXISTÊNCIA DE CONEXÃO. APLICAÇÃO DO ART. 72 DO CPP. DESCABIMENTO. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. ORDEM DENEGADA. 1. A questão discutida nos autos do presente habeas corpus diz respeito à competência por prevenção do Juízo da 2ª Vara Federal Criminal da Subseção Judiciária de Curitiba PR para o julgamento de ação penal proposta contra o paciente. 2. A competência para julgamento das ações penais referentes ao 'Caso Banestado' foi fixada no Juízo da 2ª Vara Federal Criminal da Subseção Judiciária de Curitiba PR, especializada em crimes financeiros. Por esse motivo, a ação penal contra o paciente foi distribuída por dependência àquele Juízo. 3. Percebe-se dos autos a existência de conexão entre as condutas imputadas ao paciente e os crimes investigados nos inquéritos policiais e ações penais instaurados em decorrência do 'Caso Banestado'. 4. Por ocasião do oferecimento da denúncia contra o paciente, o Juízo da 2ª Vara Federal Criminal da Subseção de Curitiba PR já estava prevento para as causas referentes ao 'Caso Banestado'. Com efeito, correta a distribuição por prevenção para aquele Juízo. 5. A prevenção não é mero critério para decidir um conflito positivo entre dois juízos igualmente competentes. Ela também possui a função de impedir que se demore na propositura da ação penal, sob o pretexto de não se saber qual o juízo competente. 6. Quando já existente um Juízo prevento, não se aplica a regra do art. 72 do Código de Processo Penal. 7. No presente writ, a impetração não alega ou comprova, em nenhum momento, a ocorrência de algum prejuízo causado ao paciente em decorrência da fixação da competência do Juízo Federal de Curitiba. 8. A alegação de nulidade, relativa ou absoluta, deve ser acompanhada da demonstração de prejuízo, o que não ocorreu na espécie. Precedentes. 9. Writ denegado. (HC 103510, Rel. Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma, julgado em 30/11/2010, DJe-248 de 17-12-2010). 12. Por outro lado, a tese relativa à incompetência do juízo em razão da absolvição pelo delito de lavagem de dinheiro não foi analisada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região nem pelo Superior Tribunal de Justiça, não podendo ser decidida originariamente por essa Corte, sob pena de dupla supressão de instância e contrariedade à repartição constitucional de competências. Além disso, trata-se de matéria incognoscível em habeas corpus, por demandar dilação probatória (HC 104017 AgR, Rel. Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 13/12/2011, DJe-030 de 13-02-2012).

MPF/PGR Nº 23.808/CS 7 13. E, ainda que assim não o fosse, a prolação da sentença condenatória não altera o entendimento anterior, pois a conexão em relação aos crimes financeiros foi confirmada no recebimento da denúncia, sendo o Juízo Federal de Curitiba, desde o início das investigações, o competente para processar e julgar a futura ação penal. 14. Ademais, tratando-se de competência territorial, de natureza relativa, ajuizada a exceção de incompetência e julgada improcedente, a matéria fica preclusa. Nos termos da jurisprudência dessa Corte, a decisão de exceção de incompetência relativa que rejeita a alegada incompetência do juízo, declarando-o competente ao afirmar a conexão hábil a manter o feito sob sua jurisdição, torna a matéria preclusa, mercê de eventual nulidade quanto ao critério territorial ser relativa (HC 93.368, Rel. Min. Luiz Fux, 1ª Turma, DJ de 25/8/2011). 15. Ante o exposto, manifesta-se o Ministério Público Federal pelo desprovimento do recurso ordinário. Brasília, 3 de novembro de 2015 CLÁUDIA SAMPAIO MARQUES Subprocuradora-Geral da República