PROCESSO Nº: AGRAVANTE: ADVOGADO: AGRAVADO: ORIGEM: JUIZ: RELATOR: TURMA: 0804965-84.2015.4.05.0000-AGRAVO DE INSTRUMENTO TEREZA CRISTINA PEREIRA DA COSTA CHAVES BRUNA PEREIRA DA COSTA CHAVES FAZENDA NACIONAL 12ª VARA FEDERAL DE PERNAMBUCO JOANA CAROLINA LINS PEREIRA DESEMBARGADOR FEDERAL CARLOS REBÊLO JÚNIOR TERCEIRA I RELATÓRIO Insurgência contra decisão que, em sede de mandado de segurança, indeferiu o pedido liminar por ausência do fumus boni juris, ao fundamento de que a sogra da impetrante não pode ser considerada sua dependente, pois o cônjuge não possuiria rendimentos declarados, não podendo a declaração apresentada ser considerada em conjunto. Nas razões recursais, defende a agravante que em 02/08/2011, teve ciência da Notificação de Lançamento nº 2008/206141360921879, lavrada em seu nome, e que determinava o pagamento de um crédito tributário no valor total de R$ 4.490,67 (quatro mil quatrocentos e noventa reais e sessenta e sete centavos). Defende que o lançamento deu-se em face de revisão, realizada pela Receita Federal, da sua Declaração de Ajuste Anual de Imposto de Renda, referente ao exercício 2008, ano-calendário 2007, a partir do que se excluiu da referida Declaração a dependente Geralda Cordeiro Chaves, CPF nº. 381.749.364-91, mãe do seu cônjuge REGINALDO CORDEIRO CHAVES, CPF Nº. 135.499.014-53, o qual apresentaria sua Declaração de Imposto de Renda - DIRPF em conjunto com a agravante. Assevera que apresentou, em 31/08/2011, Impugnação Administrativa perante a Receita Federal do Brasil, a qual foi julgada improcedente (Acórdão nº 03-67.959-6ª Turma da DRJ/BSB) e, consequentemente, lançado o crédito tributário apurado à época, determinando, ainda, o pagamento do crédito atualizado no prazo de 30 dias. Contudo, por não reconhecer o referido crédito tributário como devido, o pagamento não foi realizado espontaneamente, motivo pelo qual a Receita Federal do Brasil enviou, em 12/08/2015, a Carta-Cobrança nº 706/2015, solicitando o recolhimento do tributo, até 31/08/2015, no valor total atualizado de R$ 5.931,90 (cinco mil, novecentos e trinta e um reais e noventa centavos). Argumenta que o seu esposo auxilia nas tarefas de corretagem de seguros, realizando um trabalho conjunto na captação de novos clientes e buscando uma melhor qualidade no atendimento dos serviços demandados. Assim, as atividades de corretagem de seguros são desempenhadas de forma conjunta pelo casal, apenas a remuneração pelos serviços de corretagem paga pelas empresas seguradoras é atribuída unicamente à Agravante, uma vez que ela é a profissional habilitada pela Superintendência de Seguros Privados do Ministério da Fazenda para o exercício legal da atividade de corretagem de seguros, na condição de profissional autônoma sem vínculo de emprego.
Alega que o perigo da demora encontra-se no fato de já se encontrar vencido o prazo para pagamento do tributo e encontra-se atualmente na iminência da Inscrição do Crédito em Dívida Ativa e, consequente, ajuizamento de Execução Fiscal. Pugna, assim, pela antecipação dos efeitos da tutela, a fim de suspender os atos de cobrança do tributo lançado, e impedir a inscrição em Dívida Ativa e, consequente, ajuizamento de Execução Fiscal. Decisão indeferindo o pedido liminar. Contrarrazões pelo não provimento do agravo de instrumento. II fundamentação O art. 77 do Decreto nº 3.000/1999 que regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre a Renda, elenca as pessoas que podem ser consideradas dependentes para fins de dedução: Art. 77. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto, poderá ser deduzida do rendimento tributável a quantia equivalente a noventa reais por dependente (Lei nº 9.250, de 1995, art. 4º, inciso III). 1º Poderão ser considerados como dependentes, observado o disposto nos arts. 4º, 3º, e 5º, parágrafo único (Lei nº 9.250, de 1995, art. 35): I - o cônjuge; II - o companheiro ou a companheira, desde que haja vida em comum por mais de cinco anos, ou por período menor se da união resultou filho; III - a filha, o filho, a enteada ou o enteado, até vinte e um anos, ou de qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; IV - o menor pobre, até vinte e um anos, que o contribuinte crie e eduque e do qual detenha a guarda judicial; V - o irmão, o neto ou o bisneto, sem arrimo dos pais, até vinte e um anos, desde que o contribuinte detenha a guarda judicial, ou de qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho;
VI - os pais, os avós ou os bisavós, desde que não aufiram rendimentos, tributáveis ou não, superiores ao limite de isenção mensal; VII - o absolutamente incapaz, do qual o contribuinte seja tutor ou curador. 2º Os dependentes a que referem os incisos III e V do parágrafo anterior poderão ser assim considerados quando maiores até vinte e quatro anos de idade, se ainda estiverem cursando estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo grau (Lei nº 9.250, de 1995, art. 35, 1º). 3º Os dependentes comuns poderão, opcionalmente, ser considerados por qualquer um dos cônjuges (Lei nº 9.250, de 1995, art. 35, 2º). 4º No caso de filhos de pais separados, poderão ser considerados dependentes os que ficarem sob a guarda do contribuinte, em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente (Lei nº 9.250, de 1995, art. 35, 3º). 5º É vedada a dedução concomitante do montante referente a um mesmo dependente, na determinação da base de cálculo do imposto, por mais de um contribuinte (Lei nº 9.250, de 1995, art. 35, 4º). No caso dos autos, a agravante incluiu na sua Declaração como dependente a Sra. Geralda Cordeiro Chaves, CPF nº. 381.749.364-91, mãe do seu cônjuge REGINALDO CORDEIRO CHAVES, CPF Nº. 135.499.014-53, o qual apresentaria sua Declaração de Imposto de Renda - DIRPF em conjunto com a agravante. Contudo, as provas dos autos demonstram que a Agravante não apresentou declaração em conjunto com seu cônjuge. A declaração foi apresentada apenas pela impetrante, onde se pode observar o cônjuge como seu dependente, e a Sra. Geralda como dependente deste. Ademais, a própria agravante informa que o seu cônjuge estaria exercendo uma atividade irregularmente, sendo ela a única beneficiária de todas as rendas, por ser a profissional habilitada pela Superintendência de Seguros Privados do Ministério da Fazenda para o exercício legal da atividade de corretagem de seguros, na condição de profissional autônoma sem vínculo de emprego. Merece transcrição, trecho da decisão proferida em sede de recurso administrativo (identificador nº 4058300.1299116- Pág. 2): No presente processo, a glosa do valor de R$ 1.584,60, correspondente à dedução indevida da dependente Geralda Cordeiro Chaves, foi efetuada por falta de comprovação de dependência, nos seguintes termos:
A sogra só pode ser considerada como dependente na declaração se o cônjuge tiver rendimentos declarados, isto é, se a declaração for em conjunto. (...) Em que pese as alegações da impugnante de que o esposo a auxilia em suas atividades laborais, não há previsão legal para que os respectivos rendimentos sejam considerados do casal, visto que ela é a única pessoa autorizada legalmente a exercer a profissão. Assim sendo, considerando que a Declaração de Ajuste Anual Exercício de 2008 (fls. 31/35) não informa qualquer rendimento auferido por seu esposo, relacionado como dependente tributário, referida Declaração não é considerada como declaração em conjunto. Dessa forma, não pode a sogra ser considerada dependente da agravante, uma vez que o cônjuge não tem rendimentos declarados e a declaração apresentada não pode ser considerada em conjunto. III-DISPOSITIVO Nega-se provimento ao agravo de instrumento. EMENTA. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. DEPENDENTES. SOGRA. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO DE INSTRUMENTO NÃO PROVIDO. 1. Insurgência contra decisão que, em sede de mandado de segurança, indeferiu o pedido liminar por ausência do fumus boni juris, ao fundamento de que a sogra da impetrante não pode ser considerada sua dependente, pois o cônjuge não possuiria rendimentos declarados, não podendo a declaração apresentada ser considerada em conjunto. 2. As provas dos autos demonstram que a Agravante não apresentou declaração em conjunto com seu cônjuge. A declaração foi apresentada apenas pela impetrante, onde se pode observar o cônjuge como seu dependente, e a sogra como dependente deste (curatelada). 3. Na Declaração de Ajuste Anual não há informação de rendimento auferido pelo esposo. Ademais, a agravante declarou ser a única beneficiária de todas as rendas, por ser a profissional habilitada pela Superintendência de Seguros Privados do Ministério da Fazenda para o exercício legal da atividade de corretagem de seguros, na condição de profissional autônoma sem vínculo de emprego. 4. Impossibilidade de inclusão da sogra como dependente, em face do cônjuge não ter rendimentos declarados e não haver declaração em conjunto. 5. Agravo de Instrumento não provido. ACÓRDÃO
Vistos e relatados os autos em que são partes as acima indicadas, decide a Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 5 a Região, por unanimidade, negar provimento ao agravo de instrumento, na forma do relatório e voto constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Recife/PE, 19 de novembro de 2015. (data do julgamento) Desembargador Federal CARLOS REBÊLO JÚNIOR Relator