PROFESSORES EM INÍCIO DE CARREIRA E A AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

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Transcrição:

PROFESSORES EM INÍCIO DE CARREIRA E A AVALIAÇÃO DAS APRENDIZAGENS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Carla Taís Friedrich 1 Nadiane Feldkercher 2 Nos últimos anos, pesquisas e estudos acerca da iniciação à docência vem aumentado significativamente, tendo em vista o entendimento de que os primeiros anos da carreira dos professores são os mais decisivos em suas vidas profissionais, promovendo desde o encantamento à profissão até o abandono docente. Neste trabalho objetivamos apresentar algumas reflexões referentes a professores em início de carreira e a avaliação das aprendizagens na Educação Infantil, a partir de alguns estudos acerca do tema. Compreendemos que a iniciação à docência é uma fase cheia de descobertas e nessa rota o professor tem ainda a grande responsabilidade de avaliar. Ao tratar da iniciação à docência, referimo-nos aos primeiros anos de dedicação do professor às atividades profissionais do ensino. Para alguns autores, como Huberman (1992), Feixas (2002) e Akkari e Tardif (2011), essa fase de entrada pode durar até os 03 anos de experiência na profissão. Já para Marcelo García (2010) e Bozu (2010) a fase da iniciação pode variar entre 05 ou 07 anos. A partir destas distintas delimitações, pode-se compreender que a fase ou período de iniciação à docência também é singular e específica ao processo da formação de cada professor. Nos primeiros anos de trabalho os professores iniciantes vivenciam um rol de aprendizagens que vai muito além de aprender a ensinar e ensinar. A literatura caracteriza essa fase como uma etapa extremamente difícil, complexa e desafiadora, onde se dá o desenvolvimento e a organização da prática pedagógica do professor no mesmo contexto em que se dá a sua adaptação as regras do sistema de ensino e da própria escola. 1 carllinha_tais@hotmail.com Universidade do Oeste de Santa Catarina UNOESC. 2 nadiane.feldkercher@unoesc.edu.br Universidade do Oeste de Santa Catarina UNOESC.

Feldkercher (2013, p. 143) aponta que possivelmente, o primeiro ano de experiência do professor seja o mais marcante por configurar-se entre os erros e os acertos do fazer docente, caracterizando-o como um período importante, singular e significativo do processo de desenvolvimento profissional docente, pois o professor descobre-se professor e desenvolve seu modo de ser professor. Os desafios da prática pedagógica vão surgindo nesse período, fazendo com que o professor iniciante busque informações, mais formação e novos conhecimentos para superálos. Esse apontamento, de acordo com Feldkercher (2014, p. 02) retoma a ideia de que a docência é uma atividade complexa e que a aprendizagem da mesma é constante despertando nos professores iniciantes a consciência de que não exercem uma tarefa fácil. Possivelmente, nos primeiros anos de docência, os professores se depararam com suas maiores dificuldades, seus maiores desafios e medos, pois como nos aponta Marcelo García (2010, p. 18) os professores iniciantes necessitam possuir um conjunto de ideias e habilidades críticas, assim como capacidade de refletir, avaliar e aprender sobre seu ensino de tal forma que melhorem continuamente como docentes. Muito mais que isso, os professores iniciantes precisam conhecer o currículo da escola, a gestão, seus pares, seus alunos, os pais dos alunos, além de desenvolver um repertório docente que lhes permita sobreviver como professor; criar uma comunidade de aprendizagem na sala de aula; e continuar desenvolvendo uma identidade profissional (MARCELO GARCÍA, 2010, p. 19) do mesmo modo, com a mesma responsabilidade que os professores mais experientes. Ser professor passa a ser um ato de coragem, pois para exercer a docência precisa compreender que o desafio pedagógico vai muito além da transmissão de conhecimentos, ela implica num processo de transformação social. Ensinar não é tarefa fácil e Feldkercher (2011, p. 26) afirma que ninguém nasce professor, mas sim aprende a ser através da incorporação de características, de aprendizagens inerentes a essa profissão. Para o exercício da docência exige-se preparo, reflexão, pesquisa, informação, responsabilidade, compromisso e conhecimento amplo. Além disso, os professores são agentes ativos na formação de cidadãos, são mediadores e promotores do conhecimento, são modelos para as crianças, assumindo assim, um papel essencial e importantíssimo dentro da escola. Não obstante, precisam ser capazes de trabalhar

em equipe, atuar com profissionalismo e ética, dotados de criatividade e disposição para executarem um planejamento que provoque aprendizagens significativas e ainda, avaliar. A docência requer muitas especificidades, inclusive conhecer e ter domínio da etapa de ensino com a qual irá trabalhar, de modo a entender como os indivíduos aprendem e se desenvolvem nessa fase. Trataremos aqui mais especificamente da Educação Infantil, cuja finalidade e o modo de organização do processo educativo exige um olhar cuidadoso para os tempos, para os espaços e para os materiais de modo que a educação integral da criança seja assegurada, sem distinção entre o cuidar e o educar (BRASIL, Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica, 2010). A Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica e a sua finalidade é o desenvolvimento integral das crianças de até cinco anos, em seus aspectos físicos, psicológicos, sociais e intelectuais, complementando a ação da família e da comunidade. É oferecida em creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade e em pré-escolas para crianças de quatro a cinco anos de idade, conforme estabelece a Lei de Diretrizes e Bases Nacionais para a Educação LDB 9.394/96 (BRASIL, 1996). Vista e reconhecida como uma participante ativa de todo o processo de aprendizagem, a criança é um sujeito que interage e se socializa, sem que suas peculiaridades sejam desconsideradas. As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (2010, p. 12), definem a criança como: Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura. Tendo em vista que a criança se desenvolve constantemente, é necessário que o professor da Educação Infantil promova possibilidades e situações de aprendizagens através da brincadeira e de experiências planejadas. Além disso, o exercício da docência, nessa fase, deve contemplar aspectos que garantam a saúde, o bem-estar, a qualidade de vida e o desenvolvimento integral das crianças, integrando o cuidar e o educar. Ser professor na Educação Infantil é ser um investigador ativo da própria prática, é estar continuamente num processo de formação e pesquisa, é ter compromisso com a escolha da

docência, é ter consciência de que suas intencionalidades pedagógicas contribuem significativamente na formação integral da criança. É perceber-se como mediador entre a criança e o conhecimento, seja ele motor, sensorial, cognitivo ou emocional. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil, em seu Parecer CNE/CEB n. 20, de 11 de novembro de 2009, as [...] práticas pedagógicas devem ocorrer de modo a não fragmentar a criança nas suas potencialidades de viver experiências, na sua compreensão do mundo feita pela totalidade de seus sentidos, no conhecimento que constrói na relação intrínseca entre a razão e a emoção, expressão corporal e verbal, experimentação prática e elaboração conceitual (BRASIL, 2009, p. 09). Através dessas práticas são respeitados e atendidos os direitos da criança, aqui tratandose do direito de apropriação de relação com o próprio corpo, do desenvolvimento da linguagem e de suas capacidades, da expressão dos seus sentimentos, seus saberes, desejos e necessidades. Fica expressa a necessidade de o professor refletir constantemente sobre sua prática, sobre suas metodologias e, principalmente, o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças. Na Educação Infantil a proposta é de que a avaliação seja feita a partir do acompanhamento e do registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental conforme a Lei de Diretrizes e Bases Nacionais para a Educação 9.394/96, alterada pela Lei nº 12.796, 2013, no artigo 31, parágrafo I. O parágrafo V aponta para a expedição de documentação que permita atestar os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança. Segundo o Referencial Curricular para a Educação Infantil (1998), a avaliação nessa etapa da Educação Básica deve ser processual, destinada a auxiliar o processo de aprendizagem e fortalecer a autoestima das crianças. Deve ainda, permitir que elas acompanhem suas conquistas e dificuldades, suas potencialidades no decorrer do processo de aprendizagem, ou seja, é um elemento indissociável do processo educativo que possibilita ao professor definir critérios para planejar as atividades e criar situações que gerem avanços na aprendizagem das crianças cujo papel é regular, redimensionar, acompanhar e orientar esse processo como um todo. (BRASIL, RCNEI, 1998, p. 59). Desse modo, fica explícito que o educador precisa ter

clareza da função da avaliação, para que possa usá-la de modo que promova e oportunize o ensino-aprendizagem dos meninos e meninas. Para Hoffmann (2014, p. 13) avaliar não é julgar, mas acompanhar um percurso de vida da criança, durante o qual ocorrem mudanças em múltiplas dimensões com a intensão de favorecer o máximo possível seu desenvolvimento. Para a autora, o professor precisa estar atento aos diferentes jeitos de ser e de aprender das suas crianças, para que consiga intervir pedagogicamente, redefinindo posturas, propostas e ambientes de aprendizagem, ou seja, sem a ação pedagógica, não se completa o ciclo da avaliação na sua concepção de continuidade, de ação-reflexão-ação (HOFFMANN, 2014, p. 15). Percebemos que o professor precisa estar disposto a reorganizar e movimentar suas ações para que a avaliação se torne um meio significativo na busca pelo conhecimento e autonomia das crianças. Nessa mesma perspectiva, Benvenutti (2017, p. 69) chama a atenção para a avaliação enquanto ato de cuidado, investigação, reflexão e valorização e não julgamento de valor. A autora complementa afirmando que avaliar exige conhecimento e coerência e percepção de que o resultado é subsídio de tomada de consciência, com permanente possibilidade de interação e integração de saberes. O centro do processo sempre será a aprendizagem e não a avaliação. Isto nos leva a compreender que o professor precisa estar envolvido e comprometido com todo o processo de desenvolvimento da criança, não somente no momento de avaliar, de modo a proporcionar-lhes experiências, promover reflexões e construir vivências significativas. Falar sobre avaliação é complexo, importante e necessário, pois se concebida equivocadamente, a avaliação implica em questões de exclusão, distanciando-se do seu papel essencial, de promoção para a cidadania. Para Benvenutti (2017, p. 74) avaliar é tão complexo que não pode ser tratado de forma simplificada e redundante. Esse encaminhamento exige reflexão para que se possa modificar a ação. No entanto, questionamo-nos: como os professores em início de carreira na Educação Infantil sentem-se no momento de avaliar? Quais concepções tem sobre a avaliação? A complexidade da avaliação da aprendizagem provoca reflexões pertinentes quanto aos desafios e as possibilidades do professor e mais ainda, quando se trata de um professor iniciante na Educação Infantil, tendo em vista todos os desafios que enfrenta nessa fase. Nessa perspectiva, está em andamento nossa pesquisa referente a esse tema, uma vez que a partir de

um levantamento de teses e dissertações realizados no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES e na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações, percebemos uma lacuna existente acerca dessa discussão, pois nenhum dos trabalhos encontrados trata efetivamente sobre os desafios e as possibilidades da avaliação da aprendizagem na Educação Infantil. Portanto, esta lacuna justifica o desenvolvimento da pesquisa que se constituirá numa dissertação de mestrado em Educação e poderá contribuir para com essa discussão, na medida que ampliará estas reflexões. Palavras-chave: Avaliação. Professores iniciantes. Educação Infantil. REFERÊNCIAS: AKKARI, Abdeljalil; TARDIF, Maurice. A inserção profissional no ensino: alguns pontos de referência sobre uma realidade complexa. In: GUIMARÃES, Célia Maria; REIS, Pedro Guilherme Rocha dos; AKKARI, Abdeljalil; GOMES, Alberto Albuquerque (Orgs.). Formação e profissão docente. Araraquara: Junqueira & Marin, 2011. p. 124-141. BENVENUTTI, Dilva B. Avaliação nos processos de aprendizagem. Curitiba, 2017. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil / Secretaria de Educação Básica. Brasília : MEC, SEB, 2010. BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica. Brasília, 2010. Disponível em: https://www.mec.gov.br. Acesso em: 10 jun. 2020. BRASIL. Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em: https://www.mec.gov.br. Acesso em: 10 jun. 2020. BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília, 1998, v. 1. Disponível em: https://www.mec.gov.br. Acesso em: 09 jun. 2020. FELDKERCHER, Nadiane. As relações entre uma jovem professora universitária iniciante na carreira docente e seus alunos de graduação. Revista Reflexão e Ação, Santa Cruz do Sul, v. 21, n. esp., p.128-148, jul./dez. 2013. Disponível em: http://online.unisc.br/seer/index.php/reflex. Acesso em: 01 jun. 2020. FELDKERCHER, Nadiane. Relações com os alunos: vivências de um jovem professor universitário. X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014. Disponível em: http://xanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/1596-0.pdf. Acesso em 28 jun. 2020.

FELDKERCHER, Nadiane. O estágio na formação de professores presencial e a distância: a experiência do curso de Matemática da UFPel. 2011, 139f. Dissertação (Mestrado em Educação) Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2011. MARCELO GARCÍA, Carlos. O professor iniciante, a prática pedagógica e o sentido da experiência. Revista Formação Docente, Belo Horizonte, v. 02, n.03, p. 11-49, ago/dez. 2010. Disponível em: https://revformacaodocente.com.br/index.php/rbpfp/article. Acesso em 10 set. 2020. HOFFMANN, Jussara. Avaliação e Educação infantil: um olhar sensível e reflexivo sobre a criança. 19 ed. Porto Alegre: Mediação, 2014. HUBERMANN, Michael. O ciclo de vida profissional dos professores. In: NÓVOA, Antônio (Org.) Vida de professores. 2ª ed. Portugal: Porto Editora, 1992. p. 31-61.