RELATÓRIO APELADO: UNIÃO FEDERAL RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA (CONVOCADO) - 4ª TURMA VOTO



Documentos relacionados
O SR. DESEMBARGADOR FEDERAL PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA (RELATOR):

RELATÓRIO. 3. Sem contrarrazões. 4. É o relatório.

O Exmº. Sr. Desembargador Federal CESAR ARTHUR CAVALCANTI DE CARVALHO (Relator):

RELATÓRIO. O Sr. Des. Fed. RUBENS DE MENDONÇA CANUTO (Relator Convocado):

RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT - 1º TURMA

Superior Tribunal de Justiça

4. Sentença sujeita ao duplo grau de jurisdição obrigatório.

ESTADO DO RIO DE JANEIRO PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 7ª CÂMARA CRIMINAL

ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº , da Comarca de São José dos Campos, em que é

não vislumbrou necessidade de intervenção no feito.

CURSO DE FORMAÇÃO DE MOTOCICLISTA/2015

Foram apresentadas contrarrazões tempestivamente. É o relatório.

PROCESSO Nº: APELAÇÃO / REEXAME NECESSÁRIO APELANTE: FAZENDA NACIONAL APELADO: EDIFICIO BARCELONA

Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Gabinete do Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho APELAÇÃO

RELATORA : Des. Federal MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE APELANTE : UNIÃO - FAZENDA NACIONAL APELADO : GABRIEL KNIJNIK EMENTA ACÓRDÃO

EMENTA ACÓRDÃO APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº RS

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL DECISÃO DO RELATOR

3. Contrarrazões apresentadas. 4. É o relatório. AHRB

RELATÓRIO. O Sr. Des. Fed. RUBENS CANUTO (Relator Convocado):

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PARECER Nº, DE RELATOR: Senador ROMERO JUCÁ

PROJETO DE LEI. Altera o valor do auxílio-invalidez devido aos militares das Forças Armadas na inatividade remunerada. O CONGRESSO NACIONAL decreta:

LICENÇA POR ACIDENTE EM SERVIÇO

RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL CONVOCADO RUBENS DE MENDONÇA CANUTO - 1º TURMA RELATÓRIO

APELO DESPROVIDO. Nº COMARCA DE CAXIAS DO SUL RIO GRANDE ENERGIA S A A C Ó R D Ã O

DÉCIMA TERCEIRA CÂMARA CÍVEL

RELATÓRIO. 3. Não foram apresentadas contrarrazões. 4. É o que havia de relevante para relatar. VOTO

Supremo Tribunal Federal

TRIBUNAL DE JUSTIÇA VIGÉSIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL/CONSUMIDOR

APELADO: FAZENDA NACIONAL RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL MANOEL DE OLIVEIRA ERHARDT - 1º TURMA

Supremo Tribunal Federal

24/06/2014 SEGUNDA TURMA

RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA - 2ª TURMA RELATÓRIO

PROCESSO: RO

PARECER Nº Indenizações ao servidor público. Deslocamento para perícia médica. Acidente em serviço.

Foram apresentadas as contrarrazões pela UFCG agravada dentro do prazo legal. É o relatório.

Cezar Augusto Rodrigues Costa Desembargador Relator

APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº /RS

Superior Tribunal de Justiça

05/02/2013 SEGUNDA TURMA : MIN. GILMAR MENDES

PROCESSO: RO

3. Efeito suspensivo indeferido, tendo sido apresentado agravo

RELATÓRIO. O Exmº. Sr. Desembargador Federal EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR (Relator):

Parecer Consultoria Tributária Segmentos Isenção imposto sobre a renda dos proventos de aposentadoria, reforma e pensão, recebidos por portadores de

O Exmº. Sr. Desembargador Federal EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR (Relator):

Superior Tribunal de Justiça

RELATÓRIO. 4. É o que havia de relevante para relatar. VOTO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO EMENTA

Agravo de Instrumento N C

Superior Tribunal de Justiça

RELATÓRIO. O EXMO. DESEMBARGADOR FEDERAL IVAN LIRA DE CARVALHO (Relator Convocado):

Supremo Tribunal Federal

Poder Judiciário TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO Gabinete do Desembargador Federal Geraldo Apoliano RELATÓRIO

Segue Acórdão do E. TRT da 4ª Região (RS), sobre a contratação de deficientes físicos.

RESOLUÇÃO SMA Nº 1653 DE 11 DE MARÇO DE 2011

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

Superior Tribunal de Justiça

RELATÓRIO. 3. Foram apresentadas as contrarrazões.

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIÇA DO TRABALHO

A Tributação dos Síndicos, Subsíndicos e Conselheiros (IRPF INSS)

APELAÇÃO CÍVEL Nº ( ) COMARCA DE GOIÂNIA

PROCESSO: RTOrd

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIÇA DO TRABALHO

A Fazenda Nacional opôs embargos de declaração ante acórdão assim ementado (Identificador: ):

RECURSO Nº ACÓRDÃO Nº

Extensão dos efeitos de decisão judicial transitada em julgado a quem não foi parte na relação processual

Superior Tribunal de Justiça

RELATÓRIO VOTO. O DESEMBARGADOR FEDERAL CID MARCONI (RELATOR): A sentença deve ser mantida.

RELATÓRIO. O Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal CÉSAR ARTHUR CAVALCANTI DE CARVALHO (Relator Convocado):

O Exmº. Sr. Desembargador Federal EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR (Relator):

V I S T O S, relatados e discutidos estes autos de

MANDADO DE SEGURANÇA Nº /PR

LIMITES PARA ORGANIZAÇÃO DOS QUADROS DE ACESSO (QA)

MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO AUDITORIA INTERNA SECRETARIA DE ORIENTAÇÃO E AVALIAÇÃO PARECER SEORI/AUDIN-MPU Nº 1.289/2015

Superior Tribunal de Justiça

AGRAVADO: EMPRESA DE TECNOLOGIA E INFORMACOES DA PREVIDENCIA SOCIAL - DATAPREV (e outro)

PROCESSO: RTOrd. Acórdão 6a Turma

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

Advogados : Wanuza Cazelotto Dias dos Santos Barbieri (OAB/RO 2.326), Celso Ceccato (OAB/RO 111) e outros

PORTARIA n.º 064-CG/14 RESOLVE:

P A R E C E R. Excelentíssimo Senhor Procurador-Chefe,

RELATÓRIO. 4. Contrarrazões apresentadas. 5. É o que havia de relevante para relatar.

RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA (CONVOCADO) - 4ª TURMA RELATÓRIO

APELAÇÃO CÍVEL COM REVISÃO n /8-00, da Comarca de. SÃO PAULO, em que é apelante ANTÔNIO AVELINO DA SILVA sendo

SENADO FEDERAL PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 473, DE 2009

ESTADO DO ESPÍRITO SANTO PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA GAB. DESEMB - ANNIBAL DE REZENDE LIMA 5 de novembro de 2013

Superior Tribunal de Justiça

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO Gabinete do Conselheiro Robson Marinho

SEGUNDA TURMA RECURSAL JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ

AGRAVO DE INSTRUMENTO

CENTRAL DE PERÍCIAS/GAJEF PERÍCIA MÉDICA

VISTOS, relatados e discutidos os autos da Apelação Cível, acima descrita: RELATÓRIO

Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Gabinete do Desembargador Federal Vladimir Souza Carvalho. PJe-APELREEX

CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL V EXAME UNIFICADO PADRÃO DE RESPOSTA PROVA DO DIA 4/12/2011 DIREITO EMPRESARIAL

RELATÓRIO V O T O. Contrarrazões apresentadas. É o relatório.

PODER JUDICIÁRIO FEDERAL JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO

Transcrição:

PROCESSO Nº: 0800005-36.2014.4.05.8305 - APELAÇÃO RELATÓRIO O Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA (Relator convocado): Cuida-se de apelação interposta por LEONARDO FERNANDES DE LIMA, em face de sentença que julgou improcedente o seu pedido, consistente em obter reforma militar ex officio, com base no soldo do grau hierárquico imediato ao que possuía na ativa, sob o fundamento de que contraiu a doença de chagas no período em que estava servindo ao Exército em Garanhuns/PE. Em suas razões recursais, o apelante alega, em síntese, que restou provado nos autos que adquiriu a enfermidade durante a prestação do serviço castrense e que não obteve o tratamento adequado no primeiro momento do diagnóstico. Afirma que, embora o mal de Chagas possa permanecer assintomático por vários anos, tal fato não afasta o seu caráter crônico e sua natureza incapacitante, sendo, inclusive, uma das causas de incapacidade para a prestação do serviço militar. Requer, portanto, o provimento do seu apelo. Contrarrazões apresentadas pela União. É o relatório. PROCESSO Nº: 0800005-36.2014.4.05.8305 - APELAÇÃO VOTO O Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal SÉRGIO MURILO WANDERLEY QUEIROGA (Relator convocado):

Como relatado, busca o autor, ora apelante, provimento jurisdicional reconheça o seu direito de ser reformado ex officio, com base no soldo do grau hierárquico imediato ao que possuía na ativa, sob o argumento de que se encontra incapaz em razão de ter contraído a doença de Chagas durante a prestação do serviço militar. O instituto da reforma do militar está disciplinado na Lei 6.880/80, conhecida como Estatuto dos Militares, na seção III, do capítulo II, prevendo o art. 106, entre uma de suas hipóteses configuradoras, o caso em que o militar for julgado incapaz, definitivamente, para o serviço ativo das Forças Armadas. Nessa senda, o art. 108 estatui que a incapacidade definitiva pode sobrevir em consequência de: I - ferimento recebido em campanha ou na manutenção da ordem pública; II - enfermidade contraída em campanha ou na manutenção da ordem pública, ou enfermidade cuja causa eficiente decorra de uma dessas situações; III - acidente em serviço; IV - doença, moléstia ou enfermidade adquirida em tempo de paz, com relação de causa e efeito a condições inerentes ao serviço; V - tuberculose ativa, alienação mental, neoplasia maligna, cegueira, lepra, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, mal de Parkinson, pênfigo, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave e outras moléstias que a lei indicar com base nas conclusões da medicina especializada; e VI - acidente ou doença, moléstia ou enfermidade, sem relação de causa e efeito com o serviço. Mais adiante o art. 110, 1º da Lei 6.880/80 estabelece que a incapacidade definitiva, em razão das enfermidades previstas no art. 108, III, IV e V, acima transcrito, implica a reforma ex officio remunerada com base na remuneração do soldo correspondente ao grau hierárquico imediato quando houver impossibilidade para qualquer trabalho, ou seja, incapacidade para os afazeres da vida castrense e civil. No caso, à vista dos elementos materiais acostados aos autos, constata-se que o autor ingressou nas fileiras do Exército em 2007, no curso de Formação de Sargentos, ocasião em que realizou exames e avaliação médica, sendo considerado apto em Inspeção de Saúde (Id. 4058305.296511). Em 2013, após exercer regularmente suas atividades, foi diagnosticado com portador da Doença de Chagas (Id. 4058305.296545; Id. 4058305.296541). Em sua contestação a União afirma que o militar postulante nunca foi dispensado por motivo de problema de saúde referente a Doença de Chagas, conforme atestam os pareceres médicos emitidos pela Organização Militar, esclarecendo que, mesmo após a descoberta do diagnóstico, não houve interferência nas atividades inerentes a caserna, conforme menção dos Testes de Aptidão Física e do Quadro de Trabalho Semanal. Consta ainda dos autos que, em fevereiro de 2014, o autor foi transferido e do 71º BI Mtz (Garanhuns/PE) para o 22º BI (Palmas/TO), conforme publicação no Boletim Interno nº 038, de 24 de fevereiro de 2014, anexado ao feito.

Realizada a prova pericial, extrai-se do laudo emitido pela perito, que, de fato, o autor é portador da Doença de Chagas e que tal enfermidade possui relação de causa e efeito com o serviço militar, em vista da localidade em que era prestado (respostas aos quesitos 1 e 3, id. 4058305.1352840). Também foi constatado que, em razão dessa enfermidade, o autor necessita de cuidados médicos permanentes, para avaliação periódica do estágio da doença. Por outro lado, restou assentado pelo experto que o requerente não está impossibilitado para o exercício de toda e qualquer atividade profissional (resposta ao quesito 2, id. 4058305.1352840), nem apresenta qualquer sintoma incapacitante (resposta ao quesito 6, id. 4058305.1352840). Pois bem. Cotejando a situação fática, acima delineada, com a legislação militar pertinente, pode-se concluir que o demandante, apesar de ser portador da Doença de Chagas, adquirida em tempo de paz e com relação de causa e efeito com o serviço militar, encontra-se assintomático e, portanto, não pode ser considerado definitivamente incapacitado para o exercício de qualquer atividade profissional, seja na vida castrense ou civil. Assim sendo, inexiste razão para enquadrálo na hipótese descrita no inciso V, do art. 108 do Estado Militar. A concessão de reforma ao militar que contraiu a Doença de Chagas somente tem lugar o enfermo apresentar a manifestação dos sintomas incapacitantes, o que, no presente caso, não restou demonstrado. Desta feita, o simples diagnóstico da doença de Chagas não pode levar ao reconhecimento do direito do autor de ser reformado automaticamente, mas por outro lado, se os sintomas incapacitantes vierem a se manifestar, é possível nova postulação, a fim de buscar a concessão do benefício. Nesse sentido, trago à colação o seguinte precedente desta Corte Regional: ADMINISTRATIVO. MILITAR LICENCIADO. REINTEGRAÇÃO. REFORMA. IMPOSSIBILIDADE. INCAPACIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A Administração tem o direito de licenciar o militar temporário, ex officio, em tendo havido o término do tempo de prestação do serviço militar, nos termos do art. 121, II e parágrafo 3º, a, da Lei nº 6.880/80. Tratando-se de manifestação do poder administrativo discricionário, não cabe ao Poder Judiciário imiscuir-se nessa área. 2. Reforma que só poderia ser concedida se o apelante provasse que o mal de Chagas que o acomete o tornou "incapaz, definitivamente, para o serviço ativo das Forças Armadas" (cf. art. 106, II da Lei nº 6.880/80) e que essa "doença, moléstia ou enfermidade" foi "adquirida em tempo de paz, com relação de causa e efeito a condições inerentes ao serviço" (cf. art. 108, IV do mesmo diploma legal). Ou que a doença o tivesse deixado "inválido, isto é, impossibilitado total e permanentemente para qualquer trabalho", não sendo necessário, nesse caso, que a moléstia tivesse "relação de causa e efeito com o serviço" (cf. arts. 108, VI e 111, II daquele Estatuto). 3. Laudo pericial atestando que a doença "não tem nenhuma relação com as atividades exercidas no Exército" e que o autor "é capaz para desempenhar qualquer atividade laborativa que o seu grau de instrução permita, pois não tem nenhum comprometimento cardíaco", além de esclarecer que o apelante "possui a doença de Chagas na forma indeterminada", na qual "não há comprometimento cardíaco" e que "existe possibilidade de nunca sair da forma indeterminada ou seja poderá nunca ser cardíaco".

4. Não estando o apelado incapacitado definitivamente para o trabalho ou mesmo para o serviço ativo das Forças Armadas, não há como "reintegrá-lo" ao Exército, como militar reformado. 5. Ademais, também não resta comprovado que o autor não tinha a doença quando foi incorporado ao Exército, mas apenas que esta foi detectada enquanto ele ainda prestava o serviço militar. 6. Apelação à que se nega provimento. (PROCESSO: 200805001092614, AC462330/PE, DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO CAVALCANTI, Primeira Turma, JULGAMENTO: 24/09/2009, PUBLICAÇÃO: DJE 12/11/2009 - Página 157) Ante o exposto, nego provimento à apelação. É como voto. PROCESSO Nº: 0800005-36.2014.4.05.8305 - APELAÇÃO EMENTA APELAÇÃO. ADMINISTRATIVO. MILITAR DA ATIVA. PORTADOR DA DOENÇA DE CHAGAS. AUSÊNCIA DE SINTOMAS INCAPACITANTES. REFORMA. IMPOSSIBILIDADE. PERÍCIA JUDICIAL. IMPROVIMENTO. 1. O instituto da reforma do militar está disciplinado na Lei 6.880/80, conhecida como Estatuto dos Militares, prevendo o art. 106, entre uma de suas hipóteses configuradoras, o caso em que o militar for julgado incapaz, definitivamente, para o serviço ativo das Forças Armadas. Nessa senda, o art. 108 estatui que a incapacidade definitiva pode sobrevir, dentre outras causas, em consequência de "doença, moléstia ou enfermidade adquirida em tempo de paz, com relação de causa e efeito a condições inerentes ao serviço (inciso IV)". 2. No caso, o autor/apelante ingressou nas fileiras do Exército em 2007, no curso de Formação de Sargentos, ocasião em que realizou exames e avaliação médica, sendo considerado apto em Inspeção de Saúde e que em 2013, após exercer regularmente suas atividades, em 2013, foi diagnosticado com portador da Doença de Chagas. 3. O laudo pericial elaborado pelo perito do juízo atesta que essa doença foi adquirida pelo autor durante a prestação do serviço castrense, possuindo relação de causa e efeito com o mesmo. Por outro lado, restou assentado que o autor, apesar de necessitar de cuidados médicos permanentes, não está impossibilitado para o exercício de atividade profissional, nem apresenta qualquer sintoma incapacitante. 4. Cotejando a situação fática delineada na presente demanda com a legislação militar pertinente, tem-se que o autor/apelante, apesar de ser portador da Doença de Chagas, encontra-se assintomático e, portanto, não pode ser considerado definitivamente incapacitado para o exercício

de qualquer atividade profissional, seja na vida castrense ou civil, razão pela qual não pode ser enquadrado na hipótese descrita no inciso V, do art. 108 do Estado Militar. 5. o simples diagnóstico da doença de Chagas não pode levar ao reconhecimento do direito do autor de ser reformado automaticamente, mas por outro lado, se os sintomas incapacitantes vierem a se manifestar, é possível nova postulação, a fim de buscar a concessão do benefício. 6. Apelação improvida. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos do processo tombado sob o número em epígrafe, em que são partes as acima identificadas, acordam os Desembargadores Federais da Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, em sessão realizada nesta data, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas que integram o presente, por unanimidade, NEGAR PROVIMENTO À APELAÇÃO, nos termos do voto do Relator. Recife (PE), 23 de fevereiro de 2016 (data do julgamento). mmsa