Liberdade, ainda que tardia Eis a tradução da frase contida na bandeira do nosso querido Estado de Minas Gerais, eloqüente anseio dos conjurados mineiros, na incansável luta por autodeterminação, aspiração maior de todos os povos e preceito hoje contido até mesmo na nossa Constituição Federal. Autonomia, ainda que tardia Parafraseando, aquela expressão, num anseio à autonomia das Procuradorias Gerais dos Estados, um sonho que esperamos se torne realidade muito em breve. Minas são muitas, já dizia o poeta, e com muitas características, Estado que dá orgulho aos seus filhos. Um grande mineiro, disse: Mas esse mineiro se estendeu de lá, no alargado, porque o chão de Minas é mais, expõe maior salto de contrastes. É a Mata, cismontana, molhada ainda de ventos marinhos, agrícola ou madeireira, espessamente fértil. É o Sul, cafeeiro, assentado na terra-roxa de declives ou em colinas que européias se arrumam, quem sabe uma das mais tranqüilas jurisdições da felicidade neste mundo. É o Triângulo, avançado, forte, franco. É o Oeste, calado e curto nos modos, mas fazendeiro e político, abastado de habilidades. É o Norte, sertanejo, quente, pastoril, um tanto baiano em trechos, ora nordestino na intratabilidade da caatinga, e recebendo em si o Polígono das Secas. É o Centro corográfico, do vale do Rio das Velhas, calcáreo, ameno, claro, aberto à alegria de todas as vozes novas. É o Noroeste, dos chapadões, dos campos-gerais que se emendam com os de Goiás e da Bahia esquerda, e vão até o Piauí e no Maranhão. Esse mineiro é Guimarães Rosa, que soube sintetizar com maestria um Estado plural, com muitas características e desse amalgama de gentes, salta um povo por essência hospitaleiro. E é com esse orgulho de ser mineiro e carregar a hospitalidade em nossa essência que agradeço a presença de todos, sem exceção. Porque cada um dos aqui presentes tem có-responsabilidade na realização deste trigésimo sétimo Congresso Nacional de Procuradores de Estado e que só foi possível graças ao grande empenho de uma série de atores. Assim sinto-me na obrigação de agradecer de forma particularizada:
A todos os Procuradores Mineiros, que direta ou indiretamente, trabalharam para o êxito deste Congresso; A Diretoria da Apeminas; A Direção da Advocacia-Geral do Estado de Minas Gerais; Aos membros de Comissões e aos Congressistas. Igualmente tenho que agradecer aos nossos Patrocinadores: O Governo de Minas, a CEMIG, a COPASA, A Ordem dos Advogados do Brasil, subseção de Minas Gerais, cujo apoio foi decisivo para trazer o Congresso para Minas; Ao Banco do Brasil; ao Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros no Estado de Minas Gerais, a UNIMED/BH; A Rede de TV RECORD/MINAS, a Una, a ADVAMINAS e a Classic Seguros; Ao apoio institucional do Instituto dos Advogados de Minas Gerais; E a organização da Efeito Eventos, empresa especializada que muito nos auxiliou nesta empreitada. Agradeço, também, aos Palestrantes, Presidentes de Mesas, autoridades civis, militares e religiosas. A todos os Procuradores de todos os demais entes da Federação que acorreram ao nosso chamado e aqui estão para abrilhantar o nosso evento. Agradeço do fundo do meu coração, enfim, a todos que, de uma forma ou outra, contribuíram para a realização e sucesso deste evento. E a todos, peço licença para apropriar-me da sábia expressão de Carlos Drumond de Andrade: gratidão, essa palavra-tudo. Nós mineiros, nos sentimos honrados, com a presença de todos vocês aqui. A Diretoria da Associação dos Procuradores do Estado de Minas Gerais - APEMIANS, a Associação Nacional dos Procuradores de Estado ANAPE e a Advocacia-Geral do Estado de Minas Gerais, não mediram esforços para que o trigésimo sétimo Congresso Nacional de Procuradores de Estado seja diferenciado, dinâmico e atual, focado na discussão de temas de grande impacto na rotina dos nossos trabalhos. Nosso maior desafio foi o de realizar um Congresso à altura do Estado de Minas Gerais, que desde 1996 não sedia um Congresso Nacional de Procuradores de Estado e de seu papel na Federação. Para tanto, buscou-se reunir expoentes da ciência jurídica para promover a discussão, sobre meios de construção de um Estado que de fato cumpra as suas finalidades, concretizando as
demandas sociais, de forma eficiente, transformando a sociedade de forma mais justa, humana e fraterna, no mais alto nível. O próprio temário Advocacia Pública, Eficiência Administrativa e Resultados Sociais reflete essa idéia de que buscarmos algo novo, não apenas às críticas analíticas, a fim de alcançarmos o êxito almejado na transformação da realidade social e dos indicadores de qualidade de vida. Nunca é demais lembrar que a Advocacia Pública, por expressa disposição constitucional, integra as chamadas Funções Essenciais à Justiça, ao lado, do Ministério Público e da Defensoria Pública. Devemos considerar, ainda, a importância da Advocacia Pública, no seu papel na consolidação do Estado Social e Democrático de Direito. A Carta Magna, ao consagrar no seu artigo 132, a nossa carreira, há que ser entendida como o que de fato é: que a advocacia pública foi elencada como uma das funções essenciais à Justiça e o Procurador do Estado é a quem compete exercer a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas. A advocacia pública só pode ser forte com tratamento equiparável ao das demais carreiras jurídicas de todo o Brasil, e esse tratamento passa irremediavelmente pela questão remuneratória. A eficiência Administrativa se faz com serviço público de qualidade. O que implica na valorização do serviço, como é o caso do Procurador de Estado; por reconhecer no Procurador de Estado um profissional altamente qualificado; por dar a ele uma perspectiva de carreira e fazê-lo se sentir confortável prestando o serviço público a ele destinado constitucionalmente. Não haverá Estado verdadeiramente eficiente sem uma advocacia pública forte, com advogados públicos valorizados e remunerados dignamente e contando com a devida estrutura de trabalho. Resultados sociais resultam no fato do Estado efetivamente cumprir com as suas finalidades, concretizando as demandas sociais, de forma eficiente, transformando a sociedade de forma mais justa, humana e fraterna. O trabalho do Procurador do Estado, de forma incansável, transparente e invisível, faz com que o Estado faça mais e melhor, gastando menos. Invisível, no sentido positivo, pois, um trabalho longe dos holofotes, mas essencial na defesa intransigente dos interesses públicos. Evitando o desvio de recursos, combatendo a corrupção, zelando, enfim, pelo patrimônio público.
Basta não funcionar para que suas nefastas conseqüências se tornem patentes e muito visíveis. Há necessidade e os todos sabem disso de reafirmar, a grande importância e relevância da atuação dos Procuradores do Estado na luta intransigente na defesa do patrimônio público; no controle da legalidade dos atos administrativos e de todos aqueles atos que atendam também aos anseios de ter uma instituição de defesa do Estado sólida. Cabe aqui indagar: A quem interessa uma Advocacia Pública enfraquecida? A quem interessa a usurpação das atribuições que nos são asseguradas constitucionalmente? A quem interessa o desrespeito às prerrogativas e a ausência de melhoria das condições de trabalho, que passa pela melhoria da remuneração? Além do mais, este descaso com os Procuradores do Estado não tem explicação; pois, defender o Procurador do Estado é defender o serviço público, é defender o Estado. É de conhecimento de todos que, a remuneração de um Procurador de Estado de Minas Gerais esta entre as piores em relação as dos demais Estados brasileiros e com composição perversa, cuja maior parte refere-se a verba variável, que não integra sua composição nem se incorpora, o que causa uma enorme insegurança remuneratória. Temos, todavia, que reconhecer muito já foi feito, avanços foram realizados, mas há ainda um enorme caminho a ser percorrido. Evidentemente que a dinâmica administrativa faz com que o caso de Minas Gerais precise ser repassado, não somente para demonstrar seus méritos, seus acertos, mas também para corrigir a rota naquilo que for necessário. A isto também se presta o princípio da eficiência. No plano remuneratório da Advocacia Pública, muito evoluímos, temos consciência disto - e gratidão. Mas neste auditório, que conta com a representatividade de quase todo o País, somos o terceiro Estado da Federação em arrecadação, nos mantemos entre os líderes no crescimento econômico, fenômeno circunstancialmente desacelerado pela crise pela qual passamos, e ainda assim ocupamos os últimos lugares no plano remuneratório. Sabe-se que os recursos do Estado são limitados, o que exige de todo governo ponderações constantes e escolhas. Neste processo natural, o Estado de Minas Gerais, reafirmando sua tradição na defesa dos valores democráticos, escolheu,
discricionariamente, adotar o teto remuneratório único, facultado pelo parágrafo 12 do artigo 37 da Constituição Federal. Assim, hoje é válido como teto para todo o funcionalismo público estadual, em nosso Estado, o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça. Com isto milhares de ações judiciais sobre a questão perderam o objeto ou deixaram de ser ajuizadas, o que pode ser relatado como expressão da eficiência. Outras carreiras foram recentemente contempladas com substanciais melhorias, a exemplo da Defensoria Pública, que a partir do próximo ano terá subsídio final com paridade as carreiras do Ministério Público e da Magistratura. Valorizando sua força policial, que é referência para todo o País, no critério da eficiência governamental, e mais uma vez de forma pioneira, antecipando-se a projeto que tramita no Congresso Nacional, também para militares e policiais civis foi estabelecida recentemente política remuneratória progressiva, com significativo reajuste ao longo dos próximos anos. No entanto, a remuneração final da carreira de Procurador do Estado, com a qual nos aposentamos, é ainda módica, para nos valermos do eufemismo. Mas reafirmando a máxima de que mineiro é um estado de espírito, Minas Gerais conta com um dos corpos de Procuradores de maior destaque e combatividade de todo o País, com substancial êxito, o que é espelhado na jurisprudência não somente do Tribunal de Justiça mineiro, mas especialmente nos Tribunais Superiores. Por exercermos com amor e vocação cargo tão relevante e digno é que precisamos avançar na política remuneratória, assim reforçando vínculos e criando laços perenes, evitando a perda de profissionais brilhantes para outras carreiras, como a Magistratura e o Ministério Público, o que ainda vem ocorrendo. Com isto, Excelentíssimo Senhor Governador, reconhecemos os méritos do seu governo, que para tanto sempre contou com o substancial suporte da Advocacia Geral do Estado, mas reafirmamos a necessidade de um pacto de compromisso imediato, no sentido de que é chegada a hora de sermos prioridade também na política remuneratória, já que somos carreira de Estado por excelência, cuja relevância das funções para a consecução dos fins do Estado Social e Democrático de Direito levou o constituinte a nos referenciar aos Desembargadores do Tribunal de Justiça e aos integrantes do Ministério Público no art. 37, inciso onze, da Constituição Federal, em sua atual redação. Aliás, esta foi outrora a vontade da própria constituinte estadual, que por razões de hermenêutica constitucional não pode ser
aplicada. O que buscamos, hoje, portanto, é tão somente reavivar a vontade do constituinte mineiro. Mais uma vez manifestamos nossa confiança, no sentido de que suaexcelência, jurista, hoje Governador do Estado, deixará também este legado de resgate da valorização da nossa advocacia pública, o que, como já foi dito, requer um pacto de compromisso imediato, em favor da eficiência administrativa e dos resultados sociais, a que visamos. Nós, Procuradores do Estado acreditamos, as conquistas são possíveis, com muito esforço e trabalho, mas principalmente com união. Nada verdadeiro é fácil. Facilidades e obviedades escondem mediocridades. Uma vida com sentido edifica a qualidade de vida. Grandes resultados são construídos com esforço, dedicação e compromisso ao longo do tempo. E assim será, conosco, Procuradores de Estado. Para finalizar, deixo um pensamento árabe: Em dia de vitória não há cansaço. Muito obrigado.