cedência: Procedência: Secretaria de Estado da Educação eressada: Interessada: Secretaria de Estado da Educação MAURA DAS DORES BARBOSA Número: 14.665 Data: 25 de maio de 2006 Ementa: ABANDONO DE CARGO. Processo Administrativo Disciplinar. Professor. Pedido de REVISÃO. Demissão simples. Impossibilidade jurídica. Lei Estadual n.º 869/52. Art. 235 e art. 249, inciso II. Inexistência de pedido de licença. PAD n.º 745/2002. Regularidade. Indeferimento. I - RELATÓRIO I.1. A Assessora Jurídica da SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO de Minas Gerais, D.ra MARISTELA SOARES, por meio do OFÍCIO n.º 801/06 (SIPRO n.º 2.439.1120.2006-2), em conformidade com o disposto na Lei Complementar Estadual n.º 30/93 (art. 3º, incisos III, IX, XIV e XVII), encaminha a esta ADVOCACIA GERAL DO ESTADO, para exame e parecer, o PARECER n.º 62/06, exarado pelo nobre colega Procurador do Estado, D.r José Maria Couto Moreira, relativamente ao PEDIDO DE REVISÃO do Processo Administrativo n.º 745/02, formulado pela servidora pública, MAURA DAS DORES BARBOSA (MASP n.º 258.695-6), ocupante do cargo de Professora, nível 6, grau A, e lotada na Escola Estadual Matta Machado, na cidade de Diamantina. I.2. A servidora pública, MAURA DAS DORES BARBOSA, argumenta, basicamente, em seu pedido de REVISÃO de processo administrativo, que os motivos que a impediram de assumir o cargo no povoado de Mangabeiras, foi o fato de já possuir um outro cargo em Diamantina e o de ser a única companhia de sua mãe que necessitava de cuidados especiais e constantes. Assim, requer a revisão do processo administrativo, para que possa de retornar ao trabalho. I.3. Da análise do Processo Administrativo Disciplinar n.º 745/2002, no qual figurava como indiciada a Requerente, MARIA DAS DORES BARBOSA, pode-se extrair o seguinte: Página 1 de 7 que a servidora MARIA DAS DORES BARBOSA (MASP n.º 258.695-6) -, era ocupante do cargo de Professora, nível 1, grau A
(P1A), lotada na Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, na 11ª SRE Diamantina, especificamente na Escola Estadual Ernesto Alves de Mendonça, no povoado de Mangabeiras de Ribeirão da Folha, no município de Minas Novas. que a servidora pública, MAURA DAS DORES BARBOSA, ingressou, inicialmente, no serviço público estadual, na qualidade de designada, em agosto de 1977, tendo sido efetivada no cargo após 1979, e atualmente ocupa o cargo de Professora, nível 6, grau A, na Escola Estadual Matta Machado, na cidade de Diamantina. que, em 2000, prestou novo concurso público, tendo sido aprovada para o cargo de Professora, nível 1, grau A, tendo sido nomeada nesse segundo cargo de professora em 03/10/2000, tomado posse em 22/11/2000, e entrado em exercício na data de 18/12/2000. em relação ao seu segundo cargo de Professora, a servidora foi designada e lotada na Escola Estadual Ernesto Alves de Mendonça, no povoado de Mangabeiras de Ribeirão da Folha, no município de Minas Novas. que consoante DECLARAÇÃO do Diretor da 11ª Superintendência Regional de Ensino de Diamantina da Secretaria de Estado da Educação, Sr. ERILDO ANTÔNIO NASCIMENTO DE JESUS, corroborada pela FICHA FUNCIONAL, a servidora, ocupante do cargo de Professor nível 1, Grau A, completou, na data de 21/06/2001, mais de 91 (noventa e uma) dias de faltas intercaladas, tendo cometida a primeira em 06/02/2001, e continuado ausente até a data de 12/04/2002. que, por força da Portaria n.º 745/2002, de 27/09/2002, publicada no Diário Oficial de Minas Gerais de 02/10/2002, foi instaurado o Processo Administrativo Disciplinar n.º 745/2002, e nomeada a COMISSÃO, formada pelos servidores: Bel.ª Janneth Maria Antunes Barroso, Maria Aparecida Dias Guieiro e Sofia Fernandes Papaspyrou Marques para promover a apuração do ilícito administrativo previsto no art. 249, inciso II, da Lei Estadual n.º 869/52 (abandono de cargo), atribuído à servidora em questão, a S.ra MAURA DAS DORES BARBOSA, professora, lotada na E.E. Ernesto Alves de Mendonça / 11ª Superintendência Regional de Ensino de Diamantina. Por força da Portaria n.º 814/2002, publicada no Diário Oficial de Minas Gerais de 21/11/2002, a servidora integrante da Comissão Processante, Página 2 de 7
Página 3 de 7 Maria Aparecida Dias Guieiro, foi substituída pela servidora Marta Maria Santos Dias. I.4. O Processo Administrativo Disciplinar n.º 745/2002 obedeceu a todas as formalidades legais, tendo sido regularmente citada (fls. 27/28), interrogada (fls. 30/31) e apresentado defesa (fls. 33/41), por meio de advogado particular (D.r Francisco Emiliano Pimenta Nominato OAB/MG n.º 69.119). I.5. Quando de seu interrogatório, a servidora afirmou que que não assumiu o cargo porque tinha um cargo de P6A na Escola Estadual Matta Machado; que o segundo motivo foi cuidar da mãe idosa com 92 anos de idade, hoje sendo a única pessoa da família a tomar conta da mãe; que sua mãe necessita dos seus cuidados, (...) que não chegou a providenciar nenhum afastamento legal, que não chegou providenciar a LIP porque alguém falou que não tinha mais licença sem vencimento. I.6. Em sua defesa escrita, a servidora, reiterando as afirmações feitas quando de seu interrogatório, ressalta, em síntese, que as suas faltas não poderiam ser consideradas como abandono de cargo, porque a necessidade de fazer companhia à sua mãe idosa era um justo motivo, que a impedia de exercer o seu segundo cargo. Ressalta, também, que foi iludida quanto à impossibilidade de requerer a licença para tratar de interesses particulares (LIP) ou licença sem vencimento, razão pela qual não pleiteou tal benefício. I.7. Após a normal tramitação do Processo Administrativo Disciplinar n.º 745/2002, a Comissão Disciplinar designada concluiu pela DEMISSÃO da servidora MAURA DAS DORES BARBOSA, por entender que a servidora não adotou a tempo e modo próprio, as medidas necessárias e adequadas para evitar a configuração do abandono de cargo, em relação ao seu segundo cargo de Professora (P1A), conforme demonstraram as provas constantes dos autos. I.8. Assim, acatando o relatório da Comissão Processante, a S.ra Corregedora da Auditoria Geral do Estado, D.ra Iara Vieira Veloso Pinheiro, opinou pela DEMISSÃO da servidora MARIA DAS DORES BARBOSA. I.9. A, então, servidora pública MARIA DAS DORES BARBOSA, MASP n.º 258.695-6, lotada na Secretaria de Estado de Educação, 11ª DRE / Diamantina, por ato da Ex.ma S.ra Auditora Geral do Estado de Minas Gerais,
datado de 15/03/2004 e publicado no Diário Oficial de Minas Gerais na data de 17/03/2004 (fls. 7), foi DEMITIDA do cargo de professora, nível 1, grau A (P1A), por abandono de cargo, nos termos do art. 249, inciso II da Lei Estadual n.º 869/52. I.10. A Assessoria Jurídica da Secretaria de Estado de Educação, por meio do nobre colega Procurador do Estado, D.r JOSÉ MARIA COUTO MOREIRA, em relação ao pedido de revisão da servidora MARIA DAS DORES BARBOSA, manifestou-se, previamente, através do Parecer n.º 62/06, no sentido de que fosse acolhido o pedido revisão, para que novo processo administrativo fosse instaurado. I.11. Este é, em síntese, o relatório. II - PARECER II.1. Preliminarmente, cumpre salientar que é cabível a REVISÃO de processo administrativo apenas na hipótese de alegação de fato novo ou circunstância que justifique o pedido de reexame, o que não ocorre no presente caso. II.2. Ora, por meio do processo de revisão se reexamina o mérito da questão, verificando, diante de fatos e circunstâncias novas apresentadas pelo servidor punido, a inocência, ou não, dele. Já no caso ora examinado, a pena de demissão aplicada à servidora- Requerente o foi não em função de sua culpa, mas tão-somente em razão da sua ausência reiterada ao serviço público. Com efeito, para que o ilícito administrativo de abandono do cargo possa ser considerado aperfeiçoado é suficiente a existência do elemento objetivo, isto é, a ausência do servidor ao serviço público pelo período legalmente estabelecido. II.3. Desta forma, prejudicado está o processo de revisão, pois que se esse tem por objeto reexaminar a culpa ou a inocência do servidor punido, no caso em pauta, falta-lhe o objeto, haja vista que a pena aplicada ao ex-servidor, o foi independentemente da apuração de sua culpa, mas simplesmente em razão da constatação objetiva de sua ausência reiterada no serviço público, sem causa justificada, por de mais 30 dias consecutivos ou mais de 90 intercalados, dentro do período de um ano. Página 4 de 7
II.4. Além disso, ad argumentandum, ainda que fosse cabível o presente processo revisional, cumpre ressaltar que o mesmo só tem cabimento quando: a) a decisão houver sido proferida contra a lei; b) a decisão for contrária à evidência das provas constantes dos autos; c) a decisão se fundar em provas falsas ou equivocadas; d) surgirem, após a decisão, novas provas da inocência do punido ou, pelo menos, que autorizem o abrandamento da penalidade aplicada; II.5. No caso em tela, não se verifica a ocorrência de NENHUMA das hipóteses acima indicadas. A decisão não foi proferida em oposição à lei, mas ao contrário, fundou-se em disposição expressa de lei, especificamente o art. 249, inciso II da Lei Estadual n.º 869/52 (abandono de cargo). Também a decisão não foi proferida de forma divergente em relação às provas constantes dos autos, nem mesmo com base em provas falsas ou equivocadas, mas ao contrário, fundamentaram-se nas provas produzidas e constantes dos autos, e na própria confissão da servidora-requerente. II.6. Cumpre ainda ressaltar que, após a decisão, não surgiram novas provas que autorizassem o reexame da culpa da servidora punida. E, nessa hipótese, deveria a servidora ter, obrigatoriamente, instruído o requerimento com as peças necessárias à comprovação dos fatos argüidos, inclusive com a certidão do despacho que impôs a penalidade, conforme preceitua o art. 236 da citada Lei Estadual n.º 869/52, sob pena de ter o seu pedido de revisão indeferido liminarmente (art. 237, único da mesma Lei Estadual). Ressalte-se que o fato de a Requerente ter alegado que, na ocasião do processo, sua mãe necessitava de cuidados especiais, não pode ser considerado fato novo, eis que já existente à época da instauração e tramitação do Processo Administrativo Disciplinar n.º 745/2002. Página 5 de 7
II.7. Por fim, inteiramente inconsistente e sem respaldo legal, a alegação da servidora-requerente de que não chegou providenciar a LIP porque alguém falou que não tinha mais licença sem vencimento. Ora, é dever de todo servidor conhecer a legislação vigente, e, caso eventualmente não a conheça, é obrigatório informar-se nos órgãos competentes para conhecer seus direitos e seus deveres. Portanto, inadmissível sua alegação de que teria sido iludida quanto à impossibilidade de requerer licença sem vencimento para cuidar de sua mãe. II.8. Assim, contrariamente à opinião do ilustre colega Procurador do Estado, D.r José Maria Couto Moreira, entendo que o pedido de revisão formulado pela servidora MARIA DAS DORES BARBOSA deve ser indeferido. III.1. expostos e, III - CONCLUSÃO Desta forma, ante todos os fundamentos de fato e de direito acima considerando que a servidora Requerente não adotou a tempo e modo próprio, as medidas necessárias e adequadas para evitar a configuração do abandono de cargo, em relação ao seu segundo cargo de Professora (P1A), conforme demonstraram as provas constantes dos autos; considerando que não é cabível revisão de processo administrativo disciplinar, sem a demonstração de fato novo ou circunstância que justifique o pedido de reexame; considerando que a servidora Requerente não demonstrou nenhum fato novo ou circunstância que justificasse sua ausência no serviço público; e, por fim, considerando que o Processo Administrativo Disciplinar n.º 745/2002, instaurado por força da Portaria n.º 745/2002, de 10/10/2002, obedeceu a todas as formalidades legais, assegurando à servidora o contraditório e a ampla defesa; entendo, por todas essas razões, bem como por aquelas já enumeradas no respectivo processo administrativo disciplinar, que devam ser mantidas as conclusões deduzidas no referido processo. III.2. Ante o exposto, contrariamente, data venia, à opinião do ilustre colega Procurador do Estado, D.r José Maria Couto Moreira, opino pelo Página 6 de 7
INDEFERIMENTO do pedido de revisão, e pela manutenção do ato de demissão da servidora MARIA DAS DORES BARBOSA do cargo de Professora P1A, por abandono de cargo, publicado no Diário Oficial de Minas Gerais de 17/03/2004. S.M.J., este é o meu parecer, constante de 7 (sete) laudas numeradas. À douta consideração superior, Belo Horizonte, 05 de abril de 2006. MAURÍCIO LEOPOLDINO Procurador do Estado de Minas Gerais OAB-MG 55.454 MASP 353.659-6 Página 7 de 7