DECISÃO (SEGUNDA INSTÂNCIA) AI nº. 02967/2012 Data: 13/06/2012 Processo nº. 00065.079119/2012-01



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Transcrição:

DECISÃO (SEGUNDA INSTÂNCIA) JR AI nº. 02967/2012 Data: 13/06/2012 Processo nº. 00065.079119/2012-01 Interessado: AZUL LINHAS AEREAS BRASILEIRAS S.A Crédito de Multa nº. 634.958/12-7 Infração: Não disponibilizar veículos Enquadramento: Art. 289 da Lei n 7.565/86 do Código equipados com elevadores ou outros Brasileiro de Aeronáutica CBA c/c a Resolução ANAC n dispositivos apropriados para efetuar 009, de 05 de junho de 2007, anexo I, art. 20 e c/c Resolução ANAC n 25, de 25 de abril de 2008, Anexo III, Tabela IV com segurança, o embarque e (Facilitação do Transporte Aéreo Empresa Aérea) item desembarque de pessoas portadoras de (DCI) 4. deficiência ou com mobilidade reduzida. Relator: Sr. SERGIO LUÍS PEREIRA SANTOS SIAPE n.º 2438309 RELATÓRIO RECURSO TEMPESTIVO. NÃO DISPONIBILIZAR VEÍCULOS EQUIPADOS COM ELEVADORES OU OUTROS DISPOSITIVOS APROPRIADOS PARA EFETUAR COM SEGURANÇA, O EMBARQUE E DESEMBARQUE DE PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA OU COM MOBILIDADE REDUZIDA. ART. 289 DO CÓDIGO BRASILEIRO DE AERONAÚTICA CBA C/C A RESOLUÇÃO ANAC N 009, DE JUNHO DE 2007, ANEXO I, ART. 20 E C/C A RESOLUÇÃO ANAC N 25/2008, ANEXO III, TABELA IV, ITEM 4. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO 1. Da Introdução: A infração foi enquadrada no artigo 289 do CBA c/c a Resolução ANAC n 009, de junho de 2007, anexo I, art. 20 e Resolução ANAC n 25, de 25 de abril de 2008, Anexo III, Tabela IV (Facilitação do Transporte Aéreo Empresa Aérea) item (DCI) 4, com a seguinte descrição contida no histórico do Auto de Infração (fl. 01): Em inspeção periódica no aeroporto internacional de Florianópolis / Hercílio Luz (SBFL), realizada no período de 28/2/2012 a 2/3/2012 em cumprimento ao Programa Anual de Inspeção Aeroportuária (PAIA 2012), conforme registrado no Relatório de Inspeção Aeroportuária (RIA) n 001/SIA-GFIS/2012, de 2/3/2012, constatou-se que a empresa aérea Azul não disponibiliza veículos equipados com elevadores ou outros dispositivos apropriados para efetuar, com segurança, o embarque e desembarque de pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. Também não foi apresentado contrato, acordo ou outro instrumento jurídico celebrado com terceiros para disponibilização de veículos com tal finalidade no aeroporto. O aeroporto internacional de Florianópolis / Hercílio Luz Crédito de Multa. Nº. 634.958/12-7- SLPS - Estagiária: Jaqueline da S Severo. Página 1 de 8

(SBFL) não dispõe de pontes de embarque. 2. Da Defesa do Interessado: O interessado ofereceu Defesa tempestiva (fl. 7 a 20), protocolada na ANAC no dia 13 de julho de 2012. Oportunidade em que requer o imediato arquivamento do processo. Suas alegações para tanto, primeiramente, referem-se ao fato de que a autuada sempre buscou atender seus clientes da melhor maneira possível, tratando-os com sempre com respeito. Desta forma afirma que de acordo com o art. 20 da Resolução n 9 da ANAC as empresas aéreas estão autorizadas a celebrarem contratos ou outros instrumentos jurídicos sempre que houver embarque ou desembarque de portadores de necessidades especiais, sendo assim, a construção de pontes de comunicação entre os terminais, os denominados fingers são de competência da INFRAERO no qual a empresa autuada providencia quando necessário. Desse modo afirma que a comprovação da celebração dos contratos e acordos é uma prática difícil, uma vez que estes são realizados de forma verbal de forma usual na aviação comercial brasileira. Por conseguinte, a autuada afirma que já adquiriu duas plataformas elevatórias, ou seja, os equipamentos denominados Ambulift para os aeroportos de Viracopos, este considerado o aeroporto de maior volume. Ademais assegura que está providenciando a compra de outros equipamentos de Ambulift para os demais aeroportos onde não será mais necessário solicitar tal equipamento à INFRAERO. Enfatiza, ainda que possui 17 cadeiras de rodas motorizadas (robóticas) com mecanismo dotado de sistema de tração eletromecânica. Afinal, afirma que a AZUL cumpre a legislação aeronáutica vigente, visto que foi dado provimento ao Recurso Administrativo n 625.455/10-1 pela Junta Recursal, fato que aborda exatamente a mesma questão, porém no Aeroporto de Natal, anulando a multa aplicada pela decisão de primeira instância administrativa, analisando assim os termos do voto do relator. Sendo assim, afirma que a empresa independente da situação sempre se pautou na boa fé contratual, as relações com seus clientes e a segurança de todos os passageiros. 3. Da Decisão de Primeira Instância: O setor competente, em decisão (fls. 22 e 23), após apontar a Defesa tempestiva, confirmou o ato infracional, enquadrando a referida infração no Art. 289 da Lei n 7.565/86 do Código Brasileiro de Aeronáutica CBA c/c a Resolução ANAC n 009, de 05 de junho de 2007, anexo I, art. 20 e Resolução ANAC n 25, de 25 de abril de 2008, Anexo III, Tabela IV (Facilitação do Transporte Aéreo Empresa Aérea) item (DCI) 4, aplicando, devido à inexistência de circunstâncias atenuantes e inexistência de circunstancia agravantes, expressamente previstas no art. 22 da Resolução ANAC nº. 25/2008, multa no patamar médio no valor de R$ 17.500,00 (dezessete mil e quinhentos reais). 4. Das Razões do Recurso: Em grau recursal (fls. 39 a 65), o interessado requer que seja dado imediato efeito suspensivo ao presente Recurso Administrativo, que seja reconhecida a nulidade do Auto de Infração n 02967/2012, por absoluta ausência de requisitos essenciais para sua existência e validade, nos termos da fundamentação supramencionada, ou ainda caso não seja esse o entendimento, após ele provido, decretando-se a nulidade da infração ou alternativamente a redução da multa ao patamar mínimo considerando se assim a atenuante. Desse modo suas alegações referem-se primeiramente a concessão do efeito suspensivo, uma vez que constitui regra com previsão expressa na Resolução ANAC n 25/2008. Ademais, a autuada afirma que a decisão padece de sérios equívocos na avaliação dos fatos, por isso merece reforma integral, como também, atesta que a multa imposta não pode prevalecer por absoluta exorbitância do quantum fixado e ainda de seus preceitos legais. Logo, dispõe que o art. 57 do Código do consumidor estabelece hipóteses para a graduação do valor da multa a ser aplicada, qual seja a gravidade da infração, a vantagem auferida e a condição econômica do fornecedor cumulativamente. Diante disto, afirma Crédito de Multa. Nº. 634.958/12-7- SLPS - Estagiária: Jaqueline da S Severo. Página 2 de 8

que não houve risco ou danos aos portadores de deficiência ou mobilidade reduzida, pois a AZUL não realiza o embarque de tais passageiros sem veículos equipados, sendo então a multa desproporcional pra tal fato. Assevera que o caso trata-se de um equívoco, uma vez que ao contrário do aduzido na decisão proferida pelo Especialista em Regulamentação da Aviação Civil e ratificada pela Gerência de Infraestrutura Aeroportuária, não houve desobediência à legislação aeronáutica. Nesse sentido, atesta que quanto ao suposto descumprimento do art. 20 da resolução n 09 da ANAC, de 05 de junho de 2007, a resolução não prevê que os acordos firmados para utilização de veículos equipados com elevadores ou outros dispositivos apropriados para efetuar embarque desembarque de pessoas portadoras de deficiência devam ser instrumentos jurídicos na acepção técnica do termo. Enfatiza que o objetivo da resolução é permitir que as empresas aéreas possam flexibilizar o cumprimento da norma para alcançar a finalidade da mesma, como também, a autorização prevista é claramente alternativa onde as empresas podem celebrar contratos ou acordos ou ainda instrumentos jurídicos. Salienta que a construção de pontes de comunicação entre os terminais, os denominados fingers são de competência da INFRAERO no qual a empresa autuada providencia quando necessário. Desse modo afirma que a comprovação da celebração dos contratos e acordos é uma prática difícil, uma vez que estes são realizados de forma verbal de forma usual na aviação comercial brasileira. Por conseguinte, a autuada afirma que já adquiriu duas plataformas elevatórias, ou seja, os equipamentos denominados Ambulift para os aeroportos de Viracopos, este considerado o aeroporto de maior volume. Ademais assegura que está providenciando a compra de outros equipamentos de Ambulift para os demais aeroportos onde não será mais necessário solicitar tal equipamento à INFRAERO. Enfatiza, ainda que possui 17 cadeiras de rodas motorizadas (robóticas) com mecanismo dotado de sistema de tração eletromecânica. Por fim, afirma que para o presente caso aplica-se uma atenuante prevista no art. 22, 1, II da resolução n 25 da ANAC, pois a empresa adotou providências eficazes para evitar ou amenizar as consequências da infração, a exemplo da aquisição de sua própria plataforma elevatória, ou seja, equipamento denominado Ambulift conforme documento em anexo. 5. Dos Outros Atos Processuais: RIA n 001P/SIA-GFIS/2012, de 2/3/2012 (fl. 02); Certidão SIA/GFIS (fl. 03); Formulário de solicitação de cópias (fl. 04); AR datado de 28/06/2012 (fl. 05); Ficha de acompanhamento (fl. 06); Folha de encaminhamento (fl. 21); Notificação do prazo para interpor recurso à decisão administrativa (fl. 24); Despacho aguardando recurso para análise da Junta Recursal (fl. 25); AR datado de 12/11/2012 (fl. 38); Despacho certificando a tempestividade do recurso, porém sem confirmação de recebimento através de AR para decisão de 1 instância. (fl. 66); AR datado de 12/11/2012, referente a folha 24 do processo. (fl.67); Despacho de distribuição do processo à relatoria. (fl. 68). É o breve Relatório. Crédito de Multa. Nº. 634.958/12-7- SLPS - Estagiária: Jaqueline da S Severo. Página 3 de 8

VOTO DO RELATOR Sr. Sérgio Luís Pereira Santos Matrícula SIAPE nº. 2438309 1. PRELIMIRNAMENTE 1.1 Da Alegação Quanto ao Valor da Multa Aplicado: A autuada afirma que a multa imposta não pode prevalecer por absoluta exorbitância do quantum fixado e ainda de seus preceitos legais. Logo, dispõe que o art. 57 do Código do consumidor estabelece hipóteses para a graduação do valor da multa a ser aplicada, qual seja a gravidade da infração, a vantagem auferida e a condição econômica do fornecedor cumulativamente. Diante disto, afirma que não houve risco ou danos aos portadores de deficiência ou mobilidade reduzida, pois a AZUL não realiza o embarque de tais passageiros sem veículos equipados, sendo então a multa desproporcional pra tal fato. No entanto, tal alegação não pode prosperar, pois o valor da multa a ser aplicada em relação ao ato infracional que lhe está sendo imputado, não é de competência deste relator, o questionamento de regular normatização desta ANAC. Desta forma, por todos os comentários apostos acima, não posso concordar com as alegações do interessado, referente ao valor da multa aplicada. 1.2. Da Regularidade Processual: Como observado anteriormente, o interessado foi regularmente notificado quanto à infração imputada no 28/06/2012 (fls. 05), apresentando defesa protocolada nesta ANAC no dia 13/06/2012 (fl. 7 a 20) no prazo legal. Foi, ainda regularmente notificado quanto a decisão de primeira instância, de acordo com o AR datado em 12/11/2012 (fl. 67) apresentando seu tempestivo recurso, protocolado nesta ANAC em 23/11/2012 (fl. 39 a 65). Sendo assim, aponto que o presente processo preservou os interesses da Administração Pública, bem como os direitos aos princípios do contraditório e da ampla defesa do interessado. 2. DO MÉRITO 2.1. Quanto à Fundamentação da Matéria Não disponibilização de equipamentos adequados A Infração foi descrita da seguinte forma em seu histórico: Em inspeção periódica no aeroporto internacional de Florianópolis / Hercílio Luz (SBFL), realizada no período de 28/2/2012 a 2/3/2012 em cumprimento ao Programa Anual de Inspeção Aeroportuária (PAIA 2012), conforme registrado no Relatório de Inspeção Aeroportuária (RIA) n 001/SAI-GFIS/2012, de 2/3/2012, constatou-se que a empresa aérea Azul não disponibiliza veículos equipados com elevadores ou outros dispositivos apropriados para efetuar, com segurança, o embarque e desembarque de pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. Também não foi apresentado contrato, acordo ou outro instrumento jurídico celebrado com terceiros para disponibilização de veículos com tal finalidade no aeroporto. O aeroporto internacional de Florianópolis / Hercílio Luz (SBFL) não dispõe de pontes de embarque. Diante da infração do processo administrativo em questão, a autuação foi realizada com fundamento no artigo 289 da Lei n 7.565/86 do Código Brasileiro de Aeronáutica CBA c/c a Resolução ANAC n 009, de 05 de junho de 2007, anexo I, art. 20 e c/c Resolução ANAC n 25, de 25 de abril de 2008, Anexo III, Tabela IV (Facilitação do Transporte Aéreo Empresa Aérea) item (DCI) 4, que dispõem o seguinte: Art. 289. Na infração aos preceitos deste Código ou da legislação complementar, a autoridade aeronáutica poderá tomar as seguintes providências administrativas: I - multa; II - suspensão de certificados, licenças, concessões ou autorizações; Crédito de Multa. Nº. 634.958/12-7- SLPS - Estagiária: Jaqueline da S Severo. Página 4 de 8

III - cassação de certificados, licenças, concessões ou autorizações; IV - detenção, interdição ou apreensão de aeronave, ou do material transportado; V - intervenção nas empresas concessionárias ou autorizadas (grifos nossos) Imputa-se, no caso, a inobservância a Resolução ANAC n 009, de 5 de junho de 2007, anexo I, em seu artigo 20, que trata sobre o acesso ao transporte aéreo de passageiros que necessitam de assistência especial, assim in verbis: ANEXO I à Resolução ANAC nº. 09 de 05/06/2007 Art. 20. As empresas aéreas ou operadores de aeronaves deverão assegurar o movimento de pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida entre as aeronaves e o terminal. 1º As empresas aéreas ou operadores de aeronaves deverão oferecer veículos equipados com elevadores ou outros dispositivos apropriados para efetuar, com segurança, o embarque e desembarque de pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, nos aeroportos que não disponham de pontes de embarque, ou quando a aeronave estacionar em posição remota. 2º Para o cumprimento do disposto no 1º, as empresas aéreas ou operadores de aeronaves ficam autorizadas a celebrarem contratos, acordos, ou outros instrumentos jurídicos. (...) (grifos nossos) A capitulação em destaque busca tratar das responsabilidades das empresas aéreas ou operadores de Aeronaves, no qual as mesmas deverão oferecer veículos equipados com elevadores para garantir segurança plena no embarque e desembarque de pessoas portadoras de deficiência ou possuem sua mobilidade reduzida. 2.2 Quanto às Questões de Fato (quaestio facti): Quanto ao presente fato, o Auto de Infração nº 02967/2012 (fl. 01) descreve que em inspeção periódica no aeroporto internacional de Florianópolis / Hercílio Luz (SBFL), constatou-se que a empresa AZUL não disponibiliza veículos equipados com elevadores ou outros dispositivos apropriados para efetuar, com segurança, o embarque e desembarque de pessoas portadoras de deficiência ou mobilidade reduzida, este configura conduta descrita no Art. 289 da Lei n 7.565/86 do Código Brasileiro de Aeronáutica CBA c/c a Resolução ANAC n 009, de 05 de junho de 2007, anexo I, art. 20 e c/c Resolução ANAC n 25, de 25 de abril de 2008, Anexo III, Tabela IV (Facilitação do Transporte Aéreo Empresa Aérea) item (DCI) 4. 2.3 Quanto às Alegações do Interessado: Em defesa (fl. 7 a 20), protocolada na ANAC no dia 13 de julho de 2012, a interessada requer o imediato arquivamento do processo. Suas alegações para tanto, primeiramente, referem-se ao fato de que a autuada sempre buscou atender seus clientes da melhor maneira possível, tratando-os com sempre com respeito. Desta forma afirma que de acordo com o art. 20 da Resolução n 9 da ANAC as empresas aéreas estão autorizadas a celebrarem contratos ou outros instrumentos jurídicos sempre que houver embarque ou desembarque de portadores de necessidades especiais, sendo assim, a construção de pontes de comunicação Crédito de Multa. Nº. 634.958/12-7- SLPS - Estagiária: Jaqueline da S Severo. Página 5 de 8

entre os terminais, os denominados fingers são de competência da INFRAERO no qual a empresa autuada providencia quando necessário. Desse modo afirma que a comprovação da celebração dos contratos e acordos é uma prática difícil, uma vez que estes são realizados de forma verbal e usual na aviação comercial brasileira. No entanto, apesar de ser lhe permitido como, já exposto, assegurar a disponibilidade do serviço, por meio de instrumento jurídico, este deve demonstrar que, de fato, contratou com terceiro o fornecimento do equipamento. Para isso, bastava juntar a esse processo a prova do contrato celebrado com a INFRAERO, ônus que lhe incumbia. O interessado, entretanto, não comprovou ter qualquer instrumento jurídico firmado com a INFRAERO que disponibiliza o equipamento no Aeroporto Internacional de Florianópolis/ Hercílio Luz (SBFL). É necessário enfatizar que, no Processo Administrativo, o ônus da prova dos fatos alegados cabe ao interessado, sendo assim, para afastar a presunção de veracidade dos atos da Administração cabe ao interessado produzir a prova em contrário conforme dispõe a Lei n 9.784/99, art. 36, in verbis: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Por conseguinte, a autuada afirma que já adquiriu duas plataformas elevatórias, ou seja, os equipamentos denominados Ambulift para os aeroportos de Viracopos, este considerado o aeroporto de maior volume. Ademais assegura que está providenciando a compra de outros equipamentos de Ambulift para os demais aeroportos onde não será mais necessário solicitar tal equipamento à INFRAERO. Enfatiza, ainda que possui 17 cadeiras de rodas motorizadas (robóticas) com mecanismo dotado de sistema de tração eletromecânica. Salienta, ainda que a AZUL cumpre a legislação aeronáutica vigente, visto que foi dado provimento ao Recurso Administrativo n 625.455/10-1 pela Junta Recursal, fato que aborda exatamente a mesma questão, porém no Aeroporto de Natal, anulando a multa aplicada pela decisão de primeira instância administrativa, analisando assim os termos do voto do relator. Sendo assim, afirma que a empresa independente da situação sempre se pautou na boa fé contratual, as relações com seus clientes e a segurança de todos os passageiros. Contudo, é necessário compreender que os procedimentos realizados pela empresa posteriores a verificação da fiscalização, não servem para afastar a irregularidade verificada, mas sim para evitar novas ocorrências. No que se refere ao processo à disposição, no qual foi dado provimento ao Recurso, no aeroporto em questão se encontrou munido de pontes de embarque, sendo assim, o entendimento foi que nos aeroportos que possuem fingers suficientes ao atendimento de embarque e desembarque de passageiros, não necessitariam possuir o referido veículo equipado com elevador ou outro dispositivo apropriado. No caso em tela, de acordo com o Auto de Infração, a própria fiscalização aponta que o aeroporto internacional de Florianópolis/Hercílio Luz (SBFL) não dispõe de pontes de embarque. Importante ressaltar que a fiscalização desta ANAC, no exercício regular de seu poder de polícia, possui presunção de legitimidade e certeza, a qual poderá ser desconstituída quando diante de fortes argumentos, estes complementados por sólidas comprovações, o que, no caso em tela, não ocorreu. Em grau recursal (fls. 39 a 65), o interessado requer que seja dado imediato efeito suspensivo ao presente Recurso Administrativo, que seja reconhecida a nulidade do Auto de Infração n/ 0296/2012, por absoluta ausência de requisitos essenciais para sua existência e validade, nos termos da fundamentação supramencionada, ou ainda caso não seja esse o entendimento, após ele provido, decretando-se a nulidade da infração ou alternativamente a redução da multa ao patamar mínimo considerando se assim a atenuante. Desse modo, suas alegações referem-se primeiramente a concessão do efeito suspensivo, uma vez que constitui regra com previsão expressa na Resolução n 25/2008 da ANAC. Entretanto conforme discorre a Resolução ANAC n 25/2008, em seu artigo 16, o efeito suspensivo, por si só, já é um direito assegurado ao recorrente de acordo com o prazo previamente destacado. Por fim, afirma que para o presente caso aplica-se uma atenuante prevista no art. 22, 1, II da Crédito de Multa. Nº. 634.958/12-7- SLPS - Estagiária: Jaqueline da S Severo. Página 6 de 8

resolução n 25 da ANAC, pois a empresa adotou providências eficazes para evitar ou amenizar as consequências da infração, a exemplo da aquisição de sua própria plataforma elevatória, ou seja, equipamento denominado Ambulift conforme documento em anexo. No entanto não há como considerar como atenuante, providências eficazes para evitar e amenizar as consequências da infração, se o ato infracional imputado foi o fato da constatação de descumprimento da legislação no momento da inspeção. 3. DA DOSIMETRIA DA SANÇÃO Verificada a regularidade da ação fiscal, temos que verificar a correção do valor da multa aplicada como sanção administrativa ao ato infracional imputado. 3.1.Das Condições Agravantes: No caso em tela, não poderemos aplicar qualquer condição agravante, das dispostas nos diversos incisos do 2º do artigo 22 da Resolução nº. 25/08. 3.2.Das Condições Atenuantes: Observa-se que, no caso em tela, não poderemos aplicar qualquer condição atenuante, em conformidade com o disposto no inciso III do 1º do artigo 22 da Resolução nº. 25/08 3.2 Da Sanção a Ser Aplicada em Definitivo: Quanto ao valor da multa aplicada pela decisão de primeira instância administrativa R$ 17.500,00 (dezessete mil e quinhentos reais) temos que apontar a sua regularidade quanto à norma vigente por ocasião do ato infracional (Resolução ANAC nº. 25, de 25/04/2008, Anexo III, Tabela IV, Item (DCI) 04), estando, assim, dentro da margem prevista. 4. DO VOTO Desta forma, voto pelo conhecimento e NEGAR PROVIMENTO ao Recurso, MANTENDO, assim, o valor da multa aplicada pelo competente setor de primeira instância administrativa. É o voto deste Relator. Rio de Janeiro, 15 de outubro de 2015. SÉRGIO LUÍS PEREIRA SANTOS Membro Julgador da Junta Recursal da ANAC Especialista em Regulação de Aviação Civil Matrícula SIAPE nº. 2438309 Crédito de Multa. Nº. 634.958/12-7- SLPS - Estagiária: Jaqueline da S Severo. Página 7 de 8

CERTIDÃO DE JULGAMENTO JR AUTUAÇÃO AI nº: 02967/2012 Data: 13/06/2012 Processo nº. 00065.079119/2012-01 Interessado: AZUL LINHAS AEREAS BRASILEIRAS S.A Crédito de Multa nº 634.958/12-7 Infração: Não disponibilizar veículos Enquadramento: Art. 289 da Lei n 7.565/86 do Código Brasileiro equipados com elevadores ou outros de Aeronáutica CBA c/c a Resolução ANAC n 009, de 05 de dispositivos apropriados para junho de 2007, anexo I, art. 20 e c/c Resolução ANAC n 25, de efetuar com segurança, o embarque 25 de abril de 2008, Anexo III, Tabela IV (Facilitação do e desembarque de pessoas Transporte Aéreo Empresa Aérea) item (DCI) 4. portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida Relator: Sr. SERGIO LUÍS PEREIRA SANTOS SIAPE n.º 2438309 CERTIDÃO Certifico que a Junta Recursal da AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL ANAC, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Junta, por unanimidade, NEGOU PROVIMENTO ao recurso, MANTENDO a multa aplicada pela decisão de primeira instância administrativa, nos termos do voto do Relator. Os Membros Julgadores, Sr. Julio Cezar Bosco Teixeira Ditta e Sra. Renata Motinha Nunes votaram com o Relator. Encaminhe-se à Secretaria desta Junta Recursal para as providências de praxe. Rio de Janeiro, 15 de outubro de 2015. De Acordo, Sérgio Luís Pereira Santos Presidente da Junta Recursal Renata Motinha Nunes Esp. em Reg. de Aviação Civil SIAPE 2442740 Membro Julgador da Junta Recursal da ANAC Nomeada pela Portaria ANAC nº. 845/DIRP de 2014. Julio Cezar Bosco Teixeira Ditta Analista Administrativo SIAPE 1286366 Membro Julgador da Junta Recursal da ANAC Portaria ANAC nº. 1137/DIRP, de 06/05/2013 Crédito de Multa. Nº. 634.958/12-7- SLPS - Estagiária: Jaqueline da S Severo. Página 8 de 8