Vejamos algumas definições a respeito: Diz Aurélio Buarque de Holanda Ferreira ( 1 ): Diz Juan Carlos Lapponi ( 2 ): Diz Alexandre Assaf Neto ( 3 ):



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Transcrição:

A CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA NA TABELA PRICE EXAME DA CONCLUSÃO EXPOSTA PELO PROFESSOR LUIZ ANTONIO SCAVONE JUNIOR EM SEU LIVRO JUROS NO DIREITO BRASILEIRO Antes de qualquer tentativa de se examinar a ocorrência do Juro Composto (Regime de Capitalização Composta) no Sistema Francês de Amortização ou Tabela Price por respeito a mais simples lógica do raciocínio, se faz necessário um correto e completo entendimento do que seja o próprio Regime de Capitalização. Vejamos algumas definições a respeito: Diz Aurélio Buarque de Holanda Ferreira ( 1 ): Juro Simples. Econ. O que não se adiciona em cada período à importância do empréstimo, para cálculo do juro devido no período subseqüente Juro Composto. Econ. O que se adiciona em cada período à importância do empréstimo, para cálculo do juro devido no período subseqüente. Diz Juan Carlos Lapponi ( 2 ):.Juros Simples.O juro de cada operação elementar é incorporado ao capital inicial somente no final da operação; isto é, o juro não é incorporado na mesma data do seu cálculo, salvo o caso da última capitalização.em outras palavras, os juros não são reinvestidos Juros Compostos. O juro de cada operação elementar é incorporado ao capital inicial, capitalizado, que deu origem ao cálculo desse juro; isto é, os juros são incorporados na mesma data do seu cálculo. Em outras palavras, os juros são reinvestidos Diz Alexandre Assaf Neto ( 3 ): O regime de capitalização simples...os juros somente incidem sobre o capital inicial da operação (aplicação ou empréstimo), não se registrando juros sobre o saldo dos juros acumulados. O regime de capitalização composta incorpora ao capital não somente os juros referentes a cada período, mas também os juros sobre os juros acumulados até o momento anterior. (1) O autor dispensa apresentação.obra: Dicionário Aurélio, 3 a. Edição - 2004, Editora Positivo, folha 1164. (2) Juan Carlos Lapponi é Engenheiro pela Universidade de Buenos Aires e Doutor em Engenharia pela Escola Politécnica da USP, Professor do curso de Pós Graduação em Finanças Empresariais da Escola de Pós Graduação em Economia da Fundação Getúlio Vargas.Obra: Matemática Financeira, 1998, Lapponi Treinamento e Editora, folha 33. (3) Alexandre Assaf Neto é Economista, mestre em Administração de Empresas, Doutor em Administração (Finanças) pela USP, Professor da USP e do Programa de Mestrado em Administração da FACEP (Franca/SP). Obra: Matemática Financeira e suas aplicações, 8 a edição,2003, Editora Atlas, folhas 18/19.

Poderíamos citar inúmeros outros autores, uma vez que NÃO EXISTE QUALQUER CONTROVÉRSIA CONHECIDA, com relação à caracterização do Regime de Capitalização Simples e do Regime de Capitalização Composta. Portanto, é bastante claro que o que diferencia um regime de Capitalização Simples de Juros, de um Regime de Capitalização Composta, é o fato deste último realizar a INCORPORAÇÃO DOS JUROS AO CAPITAL, ao contrário do que acontece no regime simples. Uma vez sedimentado este entendimento é oportuno lembrar, sobretudo aos profissionais menos habituados à realização de operações financeiras, que OS JUROS SÃO CALCULADOS com a aplicação de sua Taxa SOBRE O CAPITAL no caso dos juros simples - ou sobre o MONTANTE (Juros + Capital) - no caso dos juros compostos. Inexiste qualquer sistema de amortização ou método de cálculo de juros, conhecido e aceito, onde o valor do juro é calculado sobre as prestações! Por óbvio, sendo o juro a remuneração ou o aluguel do capital financiado, é sobre este que aquele deve ser calculado, sendo o valor da prestação a simples conseqüência do sistema de amortização estabelecido na operação. Carece de fundamento técnico, aos olhos da matemática financeira e dos conceitos acima demonstrados, a afirmação do eminente jurista Luiz Antonio Scavone Junior em sua obra Juros no Direito Brasileiro, Editora Revista dos Tribunais 2003, folha 161, onde faz uma avaliação crítica da Tabela Price, de que nesse sistema de amortização Os juros são compostos na exata medida em que, sobre o saldo amortizado, é calculado o novo saldo, com base nos juros sobre aquele aplicados, e, sobre este novo saldo amortizado, mais uma vez os juros sobre todo o capital e não sobre a parcela devida, e assim por diante. Na chamada Tabela Price, os juros são calculados sobre o capital inicial, deduzido das amortizações já realizadas. Ainda mais: esses juros são deduzidos do valor da prestação a ser paga, produzindo o valor a ser AMORTIZADO, ou seja, aquele que será

abatido do capital devido no inicio do período. O resultado dessa operação, ou seja, o SALDO DO CAPITAL ainda devido, é que servirá de base para o cálculo do juro do período subseqüente. Onde está, na operação da Tabela Price, a incorporação do juro ao capital, incorporação essa necessária para a caracterização da existência de capitalização composta? Simplesmente não existe. Ora, se não existe a incorporação, não existe o juros sobre juros e, portanto, a capitalização composta. O ilustre Professor Scavone afirma em seu texto que sobre o saldo amortizado é aplicado mais uma vez os juros sobre TODO O CAPITAL, o que absolutamente não ocorre. E a contradição está em seu próprio texto, ao afirmar que sobre o saldo amortizado é calculado o novo saldo. Convenhamos, o novo saldo não corresponde ao TOTAL DO CAPITAL, mas sim ao capital deduzido das parcelas já amortizadas (devolvidas). Assim, a taxa de juro é aplicada apenas sobre a parcela do capital que ainda permaneceu em poder do tomador no período considerado. E esta parcela do capital (saldo devedor) não está acrescida de qualquer juro. Este último apenas está presente na prestação estipulada e será dela retirado, para obtenção da parcela de Amortização. O ilustre autor, assim como tem acontecido com profissionais de outras áreas de estudo, parece confundir JUROS COMPOSTO, com o fato da BASE DE CÁLCULO DO JURO permanecer, em parte, constante, durante todo o período de amortização. Em outras palavras, a parcela não amortizada do saldo devedor, permanece lá, como base de cálculo dos juros dos períodos subseqüentes. Mas ela NÃO É JURO. É PURO

CAPITAL, QUE PERMANECE EM PODER DO TOMADOR. O juro calculado sobre ele é cobrado (e pago), à parte, não se incorporando e, portanto, não produzindo juros sobre juros. Reitera-se não existe a incorporação dos juros ao capital na Tabela Price, quando esta é operada corretamente. Em outro ponto de seu livro, o nobre jurista e professor afirma que...é que a tabela price é o sistema de amortização que incorpora, por excelência, os juros compostos (juros sobre juros, juros capitalizados e forma composta ou juros exponenciais). (folha 162), com o que este signatário não pode concordar, pelas razões já expostas anteriormente, além das observações a seguir explanadas. Um exame apurado e completo da operação da Tabela Price se faz necessário, de maneira desapaixonada e, sobretudo, imparcial, como forma de evitar que esse Sistema de Amortização seja condenado, como se fora ele o responsável pela incorreções e irregularidades praticadas em determinadas operações, por conta da UTILIZAÇÃO INDEVIDA da Tabela Price. O Sistema de Amortização Tabela Price, assim como acontece em outros sistemas de Prestações Constantes, somente promove a capitalização composta dos juros, caso o valor devido a esse título não seja pago no momento de sua incidência. Obviamente, quando o valor do juro de uma parcela não é pago, por insuficiência do valor ou pelo não pagamento integral da prestação, o valor devido deve ser tratado de forma adequada, de forma a não produzir um valor negativo para a amortização, evitando-se dessa forma a incorporação dos juros ao saldo devedor. Assim, a Tabela Price traz sim uma formulação capaz de produzir a capitalização composta dos juros, porém esta somente se efetivará caso os juros aplicados não sejam pagos no momento de sua incidência e seu tratamento promova a incorporação do valor ao saldo devedor (capital).

É bastante óbvio que o juro, uma vez pago, não tem como ser incorporado ao saldo devedor! Essa incorporação pode ser realizada em qualquer dos sistemas de amortização com múltipla capitalização e pagamentos em série como, por exemplo, até mesmo no Sistema Americano, quando ocorre a incidência e o pagamento apenas dos juros incidentes sobre o capital inicial, sem qualquer amortização intermediária. Ora, se deixarmos de honrar com uma prestação, o juro correspondente poderá ser integrado ao capital inicial e produzir o juros do juros, em qualquer sistema de amortização com mais de uma capitalização. Portanto, a capitalização composta não é inerente à Tabela Price, mas apenas decorrente da forma de sua utilização e do tratamento que se dá aos valores por ela obtidos nas operações. Em outras palavras, a existência ou não da capitalização composta é conseqüência da forma de utilização da Tabela Price e não um requisito de sua aplicação. Exemplificamos a seguir três (3) possibilidades de tratamento de uma operação de financiamento pela Tabela Price, sendo as duas primeiras com a utilização tecnicamente correta, onde não existe a incorporação de juros ao saldo devedor e a última onde O TRATAMENTO, DELIBERADO, QUE FOI DISPENSADO À OPERAÇÃO DA TABELA PRICE, PROPORCIONA A APLICAÇÃO DE JUROS SOBRE O JUROS, evidenciada pela ocorrência da amortização negativa. Supondo, para todos os exemplos a seguir, um financiamento de $ 10.000,00, a ser amortizado no prazo de 12 meses, com taxa de juros anual de 12%

Exemplo 1 Aplicação normal e correta da Tabela Price, com o pagamento integral de todas as prestações: DATA TOTAL DA CAPITAL JUROS AMORTIZAÇÃO PRESTAÇÃO (SALDO DEVEDOR) PAGOS 0 10.000,00 1 888,49 9.211,51 100,00 788,49 2 888,49 8.415,14 92,12 796,37 3 888,49 7.610,80 84,15 804,34 4 888,49 6.798,42 76,11 812,38 5 888,49 5.977,92 67,98 820,50 6 888,49 5.149,21 59,78 828,71 7 888,49 4.312,21 51,49 837,00 8 888,49 3.466,85 43,12 845,37 9 888,49 2.613,03 34,67 853,82 10 888,49 1.750,67 26,13 862,36 11 888,49 879,69 17,51 870,98 12 888,49 0,00 8,80 879,69 10.661,86 Exemplo 2 Aplicação da Tabela Price com a ausência do pagamento de uma prestação. Sendo esta composta de uma parcela de juros e outra de capital, a parcela de capital permanece intacta (por óbvio permanece no saldo devedor), enquanto que a parcela do Juro é retirada do Sistema e seu valor cobrado à parte, com a evolução e correções legais ou contratuais.

SEM A INCORPORAÇÃO DO JURO NÃO PAGO DATA TOTAL DA CAPITAL JUROS AMORTIZAÇÃO PRESTAÇÃO (SALDO DEVEDOR) PAGOS 0 10.000,00 1 888,49 9.211,51 100,00 788,49 2-9.211,51 92,12-3 888,49 8.415,14 92,12 796,37 4 888,49 7.610,80 84,15 804,34 5 888,49 6.798,42 76,11 812,38 6 888,49 5.977,92 67,98 820,50 7 888,49 5.149,21 59,78 828,71 8 888,49 4.312,21 51,49 837,00 9 888,49 3.466,85 43,12 845,37 10 888,49 2.613,03 34,67 853,82 11 888,49 1.750,67 26,13 862,36 12 888,49 879,69 17,51 870,98 9.773,37 Alem do saldo devedor residual de $ 879,69, produzido pela "sonegação" da amortização da prestação de numero 2 (que permaneceu no saldo devedor), o tomador ainda deve pagar o juro de $ 92,12 evoluído desde o momento do vencimento da parcela 2 Exemplo 3 Nesta Tabela Price o não pagamento da prestação de numero 2, produz uma amortização negativa, no exato valor do juro que não foi honrado. Este juro é, portanto, incorporado ao Saldo Devedor, sobre o qual serão calculados os juros subseqüentes.

COM A INCORPORAÇÃO DO JURO NÃO PAGO DATA TOTAL DA CAPITAL JUROS AMORTIZAÇÃO PRESTAÇÃO (SALDO DEVEDOR) PAGOS 0 10.000,00 1 888,49 9.211,51 100,00 788,49 2-9.303,63 92,12 (92,12) 3 888,49 8.508,17 93,04 795,45 4 888,49 7.704,77 85,08 803,41 5 888,49 6.893,33 77,05 811,44 6 888,49 6.073,77 68,93 819,55 7 888,49 5.246,02 60,74 827,75 8 888,49 4.409,99 52,46 836,03 9 888,49 3.565,61 44,10 844,39 10 888,49 2.712,77 35,66 852,83 11 888,49 1.851,41 27,13 861,36 12 888,49 981,44 18,51 869,97 9.773,37 Este valor de $ 981,44 é o resultado de $ 796,37 da amortização não realizada na prestação de numero 2, acrescido dos juros (seu não pagamento a deixou "integrante" do saldo devedor), além dos "juros sobre juros" aplicados sobre os $ 92,12 (de juros) que foram incorporados ao saldo devedor. Reiterando nossa posição, os conceitos examinados, aliados à demonstração prática apresentada, constituem a cabal demonstração de que a capitalização composta não é inerente à Tabela Price, mas apenas decorrente de sua aplicação inadequada e, portanto, não está presente em TODAS as aplicações desse sistema de amortização. Cada caso deve ser examinado de per si e tratado conforme seu enquadramento jurídico específico, devendo ser examinado, sempre, A EFETIVA OCORRÊNCIA DE INCORPORAÇÃO DE JUROS AO CAPITAL, como condição sine qua non para a ocorrência da capitalização composta, sem qualquer pré-julgamento (e condenação, como se está a fazer com a Tabela Price) do instrumento utilizado. Deraldo Dias Marangoni Economista Corecon 11.060-4