PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO EMENTA



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Transcrição:

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO : EMENTA PENAL E PROCESSO PENAL. TRÁFICO INTERNACIONAL DE MULHERES PARA PROSTITUIÇÃO. MATERIALIDADE E AUTORIA DEMONSTRADAS. PROVA INDICIÁRIA CORROBORADA POR OUTROS ELEMENTOS DE CONVICÇÃO. CONDENAÇÃO MANTIDA. 1. A condenação da acusada não se deu, exclusivamente, por meio de provas testemunhais colhidas no inquérito policial. Embora não localizadas tais testemunhas para serem ouvidas em Juízo, suas declarações encontram ressonância nas demais provas coletadas. 2. A sentença condenatória esteve também embasada, além de prova testemunhal produzida em Juízo, nos seguintes elementos de convicção: denúncia anônima, investigações levadas a cabo pela Polícia Federal, busca e apreensão realizada no endereço da acusada, do que resultou o auto de arrecadação e respectivos documentos e fotos, que não obstante terem sido coletados durante a fase inquisitiva, oportunizou-se à defesa sua impugnação, nos moldes do contraditório diferido ou postergado. Ademais, a repetição durante a fase judicial, além de não ser faticamente viável, em nada alteraria o deslinde do feito. 3. A materialidade e a autoria foram amplamente comprovadas através dos elementos de convicção trazidos aos autos. 4. Apelação a que se nega provimento. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, por unanimidade, negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. São Paulo, 07 de agosto de 2012.

Data e Hora: 9/8/2012 17:48:55 : VOTO O Excelentíssimo Senhor : O apelo não comporta provimento. A materialidade do crime descrito no artigo 231 do Código Penal está amplamente demonstrada, assim como a autoria atribuída à apelante, acerca do que vem devidamente fundamentada a sentença condenatória, verbis: "a) pela denúncia anônima de fls.09/10 na qual o informante responsabiliza Andrea pelo recrutamento de garotas, "(...) induzindo as mesmas com promessas de altos ganhos para trabalho na Espanha. Ela é responsável pela falsificação de documentos junto com a receita e retirada de passaporte e visto para embarque. Ela acompanha todo o processo que fica pronto em menos de 30 dias. Quase sempre tratam-se de garotas de programa (...) Várias garotas que chegam na Espanha e tentam retornar são impedidas e ameaçadas ficando obrigadas a trabalhar como prostitutas tendo inclusive seu passaporte retido pelo Sr. Carlinhos para pagamento das despesas que ele alega ter com as passagens e demais despesas. Não denunciam pois tem medo das ameaças sofridas pelo Sr. Carlinhos (...)";; b) pelas investigações levadas a cabo pela Agente de Polícia Federal Jaqueline Braga Silva (fls.14/16), a qual, com base na denúncia anônima acima citada, descobriu o seguinte: "(...) Através do tel.237-6585, confirmei que ANDREA agencia garotas no sentido de enviá-las ao exterior com a promessa de emprego garantido e excelente salário. Porém, ANDREA insiste na apresentação de documentos para análise e posterior retirada de passaporte, se for o caso, e um contato pessoal para maiores informações (...)";; c) pelos documentos relacionados no Auto de Arrecadação de fls.394/395, frutos da busca e apreensão determinada judicialmente à fl.362 no endereço da acusada: dentre eles, dois passaportes em nome da denunciada, bilhetes de passagem aérea com destino a Madrid e Barcelona, trinta e seis fotografias de mulheres, cópia de passaporte de Wanusa Fernandes de

Freitas documentos pessoais de Sirlei Fátima de Quadros, além de vários cartões de embarque e conta telefônica em nome da denunciada com ligações para a Espanha. Em algumas das fotos mencionadas, é possível atestar que foram tiradas em países de língua espanhola;; d) pelas fotos reveladas e acostadas às fls.520/531, encontradas na casa da denunciada, as quais trazem imagens de mulheres nuas e em poses sensuais. Destaco as fotos de fls.520, 521 e 522, cujos conteúdos permitem inferir que foram tiradas em boates destinadas à prostituição e;; e) pelos depoimentos extrajudiciais prestados por Selma Pereira de Jesus (fls.313/317), Alex Enrique Murilo Guerreiro (fls.380/382) e Patrícia de Fátima Teodoro (fls.384/386), que revelam que a denunciada promoveu as saídas de, pelo menos, Selma e Patrícia para a Espanha, fornecendo-lhes passagens aéreas, dinheiro e local para moradia, a fim de que estas exercessem a prostituição, atividade que de fato exerceram." Não prospera a pretendida absolvição por ausência de provas, já que tanto a prova documental quanto a testemunhal, todas bem delineadas na sentença condenatória, são robustas o bastante para caracterizar a materialidade do delito e sua autoria. Sem fundamento a alegação da defesa de que o decreto condenatório funda-se somente em relatos colhidos apenas na esfera investigativa, não submetidos ao contraditório. Não se olvida que o artigo 155 do Código de Processo Penal estipula que a livre convicção do magistrado deve vir fundada em prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação. Todavia, muito embora as testemunhas de acusação mencionadas na alínea "e" acima, não localizadas para serem ouvidas em Juízo, tenham sido ouvidas somente na fase inquisitorial, suas declarações encontram ressonância nas demais provas coletadas, de modo que a sentença se alicerça em elementos de convicção extraídos de todo o conjunto probatório, isto é, em prova não exclusivamente inquisitorial. Com efeito, foi ouvido em Juízo a testemunha de fls.670/671, genitor de Selma, uma das vítimas que teve sua saída do território nacional facilitada pela apelante, para exercer a prostituição na Espanha. Relata o depoente: "(...) Pelo que sabe a amiga dela é que mandou a passagem para que viajasse. Não sabe o nome da amiga de Selma, mas que ela é muito conhecida em Campinas. (...)" De outra banda, permite-se que as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas prescindam de confirmação em contraditório judicial, nos termos do artigo 155 do Codex Processual. No caso em tela, a denúncia anônima, as investigações levadas a cabo pela Polícia Federal, a busca e apreensão realizada no endereço da acusada, do que resulta o auto de arrecadação e respectivos documentos e fotos, foram coletados durante a fase inquisitiva. É evidente que sua repetição durante a fase judicial, além de não ser faticamente viável, em nada alteraria o deslinde do feito. Ademais, tais elementos cognitivos colhidos na fase investigativa foram efetivamente disponibilizados à apelante, oportunizando à defesa sua impugnação, com o que se observam os preceitos do contraditório e da ampla defesa - princípio do contraditório diferido ou postergado. Assim, provadas a materialidade e autoria do delito, a manutenção da sentença condenatória é de rigor.

O Juízo a quo fixou a pena-base da apelante, quanto ao crime de tráfico internacional de pessoas, no patamar mínimo, em 03 (três) anos de reclusão, que se fez definitiva. Reconhecido o concurso material de infrações, a pena resultante consiste em 06 (seis) anos de reclusão, em regime semi-aberto que, além de não ter sido impugnada, não merece reparos. Com tais considerações, nego provimento ao recurso. É o voto Data e Hora: 9/8/2012 17:49:02 : RELATÓRIO O EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR FEDERAL : Trata-se de apelação criminal interposta por ANDREA ANTONIA ZACARIAS contra sentença que a condenou pela prática do crime descrito no artigo 231, c.c. o artigo 69, ambos do Código Penal. Narra a inicial que a apelante, de forma consciente, livre e voluntariamente, promoveu a saída de mulheres brasileiras para exercerem a prostituição na Espanha. Consta da exordial, verbis: "(...) em 02/06/1999, ANDREA ANTONIA ZACARIAS promoveu a saída do território nacional de SELMA PEREIRA DE JESUS e CLÁUDIA ELIZABETE para que exercessem a prostituição na Cidade de Benicaci-Castellon, Espanha, na casa noturna conhecida como "Capricho", providenciando a entrega de cerca de US$400,00 (quatrocentos dólares), passagem aérea e o local de moradia das mesmas (...). Da mesma forma, restou apurado que a DENUNCIADA promoveu a saída do país de

PATRÍCIA DE FÁTIMA TEODORO, no ano de 2002, para que exercesse a prostituição na Espanha, entregando-lhe a passagem aérea, a importância de EU200,00 (duzentos euros) e providenciando o local para moradia. Segundo apurado perante PATRÍCIA DE FÁTIMA, ANDREA não lhe teria informado quais as condições de trabalho, apenas atalhado que seria contatada por uma pessoa na Espanha. ANDREA providenciou toda a documentação, bem como o bilhete aéreo e duzentos euros para despesas, os quais foram restituídos em parcelas, pagos com o exercício de atividade de meretriz na casa BACOS, na Espanha, local onde aquela estava obrigada a trabalhar até saldar integralmente as despesas com as passagens, pagas pelo proprietário (...)." A denúncia foi recebida em 06 de fevereiro de 2006 (fl.542). Após regular instrução, foi proferida sentença (fls.873/885) que julgou procedente a ação penal, condenando a acusada a 06 (seis) anos de reclusão, em regime semi-aberto. Inconformada, apela a acusada (fls.894/903) postulando sua absolvição por ausência de provas, alegando ser precária a prova documental e a testemunhal estar fundada em relatos colhidos apenas na esfera investigativa, não submetidos ao contraditório. Contrarrazões do Ministério Público Federal no sentido de se negar provimento ao apelo (fls.906/911). Parecer da Procuradoria Regional da República em prol de ser desprovido o recurso (fls.915/919). É o relatório. À revisão. Data e Hora: 18/5/2012 19:51:32