FEITO PGT/CCR/ICP/Nº 16181/2011 CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO Origem: PRT 1ª Região Interessado(s) 1: Cristiano da Silva e Vagner Siqueira Barreto Interessado(s) 2: JM Paletes Empreendimentos de Madeira Ltda e Rio de Janeiro Refrescos Ltda. (Coca-cola) Interessado(s) 3: Ministério Público do Trabalho Assunto(s): Codemat 01.05 Procuradora oficiante: Juliane Mombelli Diligência solicitada e não realizada. Necessidade de aguardo das informações dela provavelmente constantes para decidir-se sobre o arquivamento. Conversão do julgamento em diligência. RELATÓRIO Trata-se de procedimento administrativo instaurado por força de denúncia formulada por Cristiano da Silva e Vagner Siqueira Barreto em face de JM Paletes Empreendimentos de Madeira Ltda. e Rio de Janeiro Refrescos Ltda. (Coca-Cola), noticiando, em síntese, verbis: (...)... trabalham em local aberto, sob sol e chuva, sem qualquer proteção. O ambiente é muito sujo, com lama, 1
água acumulada, ratos e insetos. São autorizados a ir ao banheiro apenas um por vez. Noticiaram também que não possuem capacete, protetor facial, as luvas e as camisas são curtas provocando acidentes coo a aspiração de pó de vidro e cortes nos braços. Bem como, não possuem protetor auricular para proteção dos ruídos das empilhadeiras, apenas os motoristas recebem. Relataram que o chefe direto dos funcionários terceirizados, Sr. Luís Cláudio, empregado da Cocacola, destrata os funcionários, os aborda com tapas e xingamentos como: cachorro sarnento e filho da p.... Por fim, disseram que as horas extras são pagas a menor e que não tem folga semanal, pois sentem-se obrigados a trabalhar ininterruptamente, sob pena de demissão. Em sede de apreciação prévia (fls. 08/09), o i. Órgão Ministerial oficiante determinou a expedição de ofício à SRTE para que realizasse fiscalização in loco no âmbito da denunciada. verbis: Às fls. 29/31, relatório fiscal nos seguintes termos, A empresa apresentou o Livro de Inspeção do trabalho, o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais PPRA, o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional PCMSO, os Atestados de Saúde Ocupacional ASO, as atas das reuniões ordinárias da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CIPA, a Análise Ergonômica do Trabalho, as Ordens de Serviço sobre Medicina e Segurança no Trabalho, as fichas de entregas de EPI s; possui SESMT Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho; fornece água potável para os 2
empregados; possui gabinetes sanitários com portas de acesso dotadas de trinco, de modo a manter o resguardo conveniente; dispõe de chuveiros com água quente e piso de material antiderrapante; mantém as instalações sanitárias em perfeito estado de conservação e higiene, dispõe de vestiário com armários individuais; possui extintores de incêndio e fornece Equipamentos de Proteção Individual EPI para os trabalhadores. O local de trabalho (galpão) possui proteção contra intempéries e durante a fiscalização não foi observada a presença de lama, ratos ou insetos nem restrições à utilização do banheiro. Os empregados recebem e utilizam Equipamentos de Proteção Individual EPI e as luvas e camisas utilizadas estavam em bom estado de conservação. Também não foi observada a presença de pessoas tratando os trabalhadores com palavras ofensivas, xingamentos ou agressões físicas. Proponho o envio dos autos à SIT para apurar as denúncias relativas ao pagamento de horas extras a menor, supressão do repouso semanal remunerado e terceirização irregular (grifos nossos). Considerando o teor do relatório fiscal e a existência de irregularidades ainda não apuradas horas extras, RSR e terceirização irregular o Parquet oficiante determinou a expedição de novo ofício ao MTE para que procedesse à realização de fiscalização quanto aos temas faltantes (ofício requisitório às fls. 33). Em seguida, sem qualquer resposta do Órgão Fiscalizador, o Parquet oficiante determinou o arquivamento do procedimento sob os seguintes fundamentos, verbis: (...) 3
Conforme se depreende dos relatórios fiscais, percebe-se que não foram confirmadas as denúncias relacionadas ao Meio Ambiente do Trabalho. As normas de proteção à saúde e à segurança dos trabalhadores objeto principal do inquérito estavam sendo observadas pelas denunciadas no momento da ação fiscal. Tendo em vista que a parte mais substancial da representação não se confirmou, entendo que devam ser interrompidas as investigações. Em primeiro lugar, porque a denúncia quanto à jornada de trabalho foi genérica, mencionando apenas pagamento a menor e não concessão de folga, sem detalhamentos. Não foi noticiado excesso de horas extras, o que poderia ser prejudicial à saúde dos trabalhadores. Por outro lado, não se pode prorrogar indefinidamente uma investigação. Observe-se que a denúncia original foi apresentada no ano de 2008, sem que tenha chegado ao conhecimento desta Procuradoria nova notícia de irregularidades quanto à jornada de trabalho de tais empregados. (...) Por fim, cumpre notar que em razão dos ofícios já encaminhados, a SRTE/RJ irá comunicar ao MPT caso encontre irregularidade, ensejando reabertura das investigações. os autos a esta Relatora. Por distribuição deste feito na CCR/MPT, vieram É o relatório. VOTO-FUNDAMENTAÇÃO Vê-se à fl. 35 dos presentes autos que a i. Procuradora oficiante no feito, Dra. Juliane Mombelli, reiterou a determinação de realização de ação fiscal no âmbito da denunciada com 4
vistas à verificação de sua total regularidade quanto aos itens remanescentes ainda não fiscalizados. Após a reiteração do pedido ao órgão fiscalizador (fl. 36), o i. Procurador oficiante decidiu pelo arquivamento do procedimento por provável regularidade atual da investigada. Assim, não há nos autos manifestação da SRTE local acerca da fiscalização solicitada, o que, s.m.j., seria de bom alvitre aguardar para melhor análise dos fatos. Logo, é conveniente que se alcance a devida complementação investigatória, para só então decidir sobre o arquivamento. em diligência. Destarte, impõe a conversão do presente julgamento CONCLUSÃO Pelo exposto, voto no sentido de converter o julgamento em DILIGÊNCIA para que se aguarde o atendimento da solicitação de fiscalização à fl. 35, ou se acaso necessitar seja ela 5
(solicitação) reiterada, com vistas à colheita de elementos de informação derivados de fiscalização pelo MTE e outras providências que se fizerem necessárias. providências pertinentes e necessárias. Ao Órgão oficiante de origem para as Brasília, 15 de fevereiro de 2012. VERA REGINA DELLA POZZA REIS Subprocuradora-Geral do Trabalho Coordenadora da CCR/MPT - Relatora ffpam 6