Curso básico de capacitação em higiene e segurança no trabalho para profissionais da área hospitalar



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Transcrição:

XII SIMPEP - Bauru, SP, Brasil, 07 a 09 de novembro de 2005 Curso básico de capacitação em higiene e segurança no trabalho para profissionais da área hospitalar Luciano Brito Rodrigues (UESB) lucianobr@uesb.br Michelle Souza Barreto Rodrigues (JTS) michellesbr@gmail.com Resumo: As unidades hospitalares são ambientes complexos que apresentam elevado número de riscos ocupacionais para todos os seus profissionais. O acidente no ambiente hospitalar envolve tanto o profissional da área da saúde como também pacientes, visitantes, instalações e equipamentos. Há portanto a necessidade de constantemente atualizar os profissionais destas instituições no sentido de oferecer-lhes informações sobre segurança no trabalho de modo a permitir-lhes o desempenho de suas atividades de forma mais consciente e segura. O objetivo deste trabalho é apresentar as experiências obtidas em um curso de capacitação em Higiene e Segurança no Trabalho promovido para profissionais da área hospitalar. Primeiramente é feita uma abordagem geral sobre a segurança no ambiente hospitalar e em seguida é descrita a metodologia utilizada. Por fim, são apresentados algumas características da clientela trabalhada, os resultados do curso e as considerações finais acerca do trabalho. Palavras-chave: Saúde e segurança no trabalho, Capacitação de trabalhadores, Segurança Hospitalar. 1. INTRODUÇÃO A saúde está entre os setores com os maiores índices de acidentes de trabalho registrados nos últimos anos (ANUÁRIO BRASILEIRO DE PROTEÇÃO, 2004). Mais do que nunca, a questão da segurança do trabalho na área de saúde torna-se de grande importância na medida em que possibilita a formação de uma consciência crítica de quem trabalha nestes ambientes. A capacitação de profissionais na área da saúde está envolvida com ações e crenças de cada indivíduo dentro do seu papel não só de ator, mas também de transformador do seu próprio ambiente de trabalho de forma a refletir numa melhor prática a fim de dinamizar também as questões éticas e morais (BITENCOURT, 2002). Assim, os profissionais deste setor deverão estar plenamente informados das possibilidades e riscos de acidentes devendo, portanto, em conjunto com a instituição, examinar cuidadosamente cada um deles e determinar a melhor forma de gerenciá-lo (NITSCHKE, et al, 2000). Há portanto a necessidade de constantemente atualizar os profissionais destas instituições no sentido de oferecer-lhes informações sobre segurança no trabalho de modo a permitir-lhes o desempenho de suas atividades de forma mais consciente e segura. Este trabalho apresenta as experiências obtidas de um curso de capacitação em Higiene e Segurança no Trabalho promovido para profissionais de um hospital de um município do interior do estado da Bahia. Primeiramente é feita uma abordagem geral sobre a segurança no ambiente hospitalar e em seguida é descrita a metodologia utilizada no curso. Por fim, são apresentados algumas características da clientela trabalhada, os resultados do curso e as considerações finais acerca do trabalho.

2. SEGURANÇA NO AMBIENTE HOSPITALAR O hospital constitui-se em um sistema orgânico composto por vários subsistemas, envolvendo a equipe de assistência direta ao paciente e equipe de apoio, as quais devem interagir mantendo um constante processo de ajuste e reajuste, com a finalidade de alcançar o equilíbrio (MAIA, 1999). O objetivo de um hospital é a prestação de serviços na área de saúde, com qualidade, eficiência, eficácia e efetividade, onde qualidade é a aplicação apropriada do conhecimento e da tecnologia, no cuidado da saúde; eficácia é a habilidade do cuidado, para incrementar saúde; eficiência é a habilidade de obter o máximo de saúde com o mínimo de custo, e efetividade é o grau no qual a atenção à saúde é realizada (BRASIL, 2001). O trabalho dos profissionais da saúde é caracterizado pela produção de serviços assistenciais e como tal, um produto complexo quando comparado com a produção de bens de consumo. O cuidado ao indivíduo sadio ou doente, produto final do trabalho destes profissionais, é o resultado do trabalho dos componentes da equipe multidisciplinar de saúde (SILVA, 1999). Os hospitais, por serem organizações complexas que utilizam alta tecnologia, precisam responder rapidamente às exigências do ambiente em constante mutação. As organizações hospitalares são afetadas pelas mudanças ambientais de maneira semelhante ao que ocorre nas outras organizações industriais e comerciais, sofrendo com a turbulência do ambiente e, portanto, merecendo uma atenção especial dos pesquisadores e de seus dirigentes (CLEMENTE et al, 2001). No que diz respeito aos acidentes que atingem os trabalhadores das unidades hospitalares, vale destacar que estes são ambientes complexos que apresentam elevado número de riscos ocupacionais para os seus profissionais, tanto da área de atendimento aos pacientes como das áreas de apoio a estes serviços, estando todos predispostos a ocorrência de acidentes de variadas naturezas. É importante ressaltar que estas ocorrências derivam de complexas interrelações e não devem ser analisados de forma isolada, como evento particular, mas, através do estudo do contexto dos processos de trabalho e produção, das formas como o trabalho é organizado e realizado, das condições de vida dos profissionais expostos, das cargas de trabalho presentes no dia-a-dia dos trabalhadores (SÊCCO et al, 2002). O hospital deve portanto desenvolver continuamente uma política de prevenção de acidentes que proporcione condições ambientais seguras para os pacientes e para os profissionais que aí exercem suas atividades de trabalho, assegurando que todos estejam cientes de suas responsabilidades na redução de riscos e acidentes. Devem promover e reforçar práticas seguras de trabalho e proporcionar ambientes livres de riscos, em acordo com as obrigatoriedades das legislações vigentes. A complexidade dos temas que envolvem a segurança no ambiente hospitalar, exige um tratamento multiprofissional, tanto para a tomada de decisões técnicas, como para as administrativas, econômicas e operacionais. O acidente no ambiente hospitalar envolve tanto o profissional da área da saúde como também pacientes, visitantes, instalações e equipamentos (BRASIL, 2001). 3. METODOLOGIA O curso de capacitação em Higiene e Segurança no Trabalho- HST, para profissionais da área hospitalar foi oferecido gratuitamente aos trabalhadores de um hospital de um município do interior do estado da Bahia. A meta principal do curso foi oferecer informações àqueles profissionais da área hospitalar tidos como mais carentes de informação e mais expostos a riscos ocupacionais e acidentes de trabalho. Desta forma foram escolhidos os profissionais de Serviços Gerais e Auxiliares de Enfermagem. Primeiramente a proposta do curso foi apresentada à direção do hospital que prontamente a aceitou e permitiu a participação de seus funcionários, ficando porém a decisão de freqüentá-lo a cargo de cada um. Foram oferecidas vinte e cinco vagas, o que inicialmente chegou a ser insuficiente devido a grande procura.

Além do público alvo, outros profissionais demonstraram interesse em participar do curso, incluindo profissionais de nível superior. Em função do trabalho em turnos, foi solicitado pela direção que a carga horária não fosse superior a oito horas. O curso então foi oferecido em duas noites com quatro horas de duração, e constou de um programa básico com conceitos fundamentais e introdutórios sobre Higiene e Segurança no Trabalho (Quadro 1), de modo a permitir-lhes em oportunidades futuras participar de outras atividades mais específicas ou avançadas. Números dos Acidentes de Trabalho Acidente de Trabalho em EAS Histórico da Segurança no Trabalho Mundo e Brasil Histórico dos EAS Conceitos Fundamentais Os Prejuízos de um Acidente de Trabalho Normas Regulamentadoras Causas de Acidentes de Trabalho Agentes Ambientais Reconhecimento, avaliação e controle de riscos Mapa de Risco Quadro 1 - Programa trabalhado no curso Composto de aluas expositivas e exercícios de aplicação direta, o curso buscou a participação e colaboração de todos, sendo utilizados como recursos didáticos: data-show, flip-chart, textos, folders e ilustrações em quadrinhos. Antes da realização do curso aplicou-se um questionário de avaliação inicial com os participantes para saber o nível de informação que eles tinham sobre o assunto. Solicitou-se ainda da administração do hospital o preenchimento de um formulário com informações sobre a instituição, o que permitiu saber maiores detalhes sobre este estabelecimento de assistência a saúde, além de informações referentes à sua política de prevenção de acidentes. 4. RESULTADOS 4.1 Características do Curso De forma dinâmica, os conceitos foram apresentados e confrontados com a realidade presente no ambiente de trabalho de cada profissional, onde as experiências eram compartilhadas e todos colaboravam para o melhor desenvolvimento do curso e aprendizado de todos. Alguns inscritos não puderam estar presentes por conta do turno de trabalho, sendo então capacitados ao todo vinte funcionários, a maioria com formação de 1º ou 2º grau. Ao final do curso todos receberam seus certificados de participação. 4.2 Avaliação inicial dos participantes No início do curso aplicou-se um questionário de avaliação inicial com os participantes, composto de perguntas referentes ao tema HST. Esta avaliação permitiu saber o conhecimento prévio dos participantes sobre o assunto antes da realização do curso. Das respostas apresentadas, a maioria tinha uma noção não muito correta do que seria Segurança no Trabalho e da importância da prevenção de acidentes. Mesmo não sabendo corretamente o

conceito, a maioria soube indicar ao menos um Equipamento de Proteção Individual utilizado no trabalho. Quando questionados sobre qual atividade é considerada de risco na profissão, todos afirmaram que o risco maior é o de contaminação, principalmente por perfuro-cortantes. Os participantes afirmaram ainda que uma das motivações da profissão está em poder ajudar aos que precisam. 4.3 Avaliação do curso pelos participantes Ao final os participantes fizeram uma avaliação do curso, e todos afirmaram que a duração, conteúdo e material didático foram satisfatórios. Dentre os assuntos abordados, o Mapa de Risco foi considerado o mais importante pela maioria. Todos afirmaram que passaram a ter uma nova visão acerca do exercício de suas profissões e comprometeram-se a desempenhá-la de forma mais segura e responsável. Houve também solicitações de oferecimento do mesmo curso para outras turmas e ainda sugestões de outros cursos relacionados com tema. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os conceitos apresentados durante o curso, apesar de fundamentais, eram desconhecidos da maioria. Não havia entre os participantes alguém que ao menos tivesse ouvido falar ou conhecesse o texto da Norma Regulamentadora 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Assistência à Saúde. O mínimo conhecimento por todos os funcionários sobre EPI s pode ser atribuído à obrigatoriedade do seu uso e a rígida fiscalização no ambiente de trabalho. Quando o tema Agentes Ambientais foi tratado, muitos conseguiram identificar a presença destes agentes em seus ambientes de trabalho. A maioria dos profissionais tinha noção apenas da existência dos riscos biológicos, devido ao perigo de contaminação iminente. Os riscos químicos só foram evidenciados pelos funcionários que manuseavam produtos com esta característica. Os riscos físicos, ergonômicos e mecânicos não eram do conhecimento dos participantes, apesar de posteriormente os identificarem em seus ambientes após a apresentação. Esta etapa de identificação dos riscos facilitou a abordagem do tema Mapa de Risco, onde na ocasião os participantes foram divididos em grupos de acordo com a atividade desempenhada e elaboraram mapas de risco simplificados de seus ambientes de trabalho. O curso de Higiene e Segurança no Trabalho para trabalhadores da área hospitalar correspondeu às expectativas dos organizadores e, em alguns itens, conseguiu ir além do que fora planejado, tendo inclusive profissionais de nível superior e membros da CIPA entre os participantes. A escolha dos organizadores pelos profissionais de Serviços Gerais e Auxiliares de Enfermagem para serem os participantes foi interpretada pelos mesmos como um reconhecimento pois, muitas vezes, estes profissionais ficam de fora das prioridades de atualização e capacitação. REFERÊNCIAS ANUÁRIO BRASILEIRO DE PROTEÇÃO. Estatística. MPF Publicações. Novo Hamburgo, RS, 2004. BITENCOURT, M.S. Análise do comportamento e conhecimento em biossegurança de profissionais que trabalham em área de risco biológico no HEMOSC. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) Curso de Pós-graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC. 2002. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Aspectos da Segurança no Ambiente Hospitalar. Brasília, DF. 2001.

CLEMENTE, M.R.; SILVA, D.B.; ARAÚJO, G.M. Gestão da segurança e saúde do trabalho em ambientes hospitalares. VIII SIMPEP - Simpósio de Engenharia de Produção. Bauru, SP. 2001. MAIA, S.C. Análise ergonômica do trabalho do enfermeiro na unidade de terapia intensiva: proposta para a minimização do estresse e melhoria da qualidade de vida no trabalho. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) Curso de Pósgraduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC. 1999. MARZIALE, M.H.P.; RODRIGUES, C.M. A produção científica sobre os acidentes de trabalho com material perfurocortante entre trabalhadores de enfermagem. Rev Latino-americana de Enfermagem, 10(4), julho-agosto. 2002. p. 571-577. NITSCHKE, C.A.S.; LOPES, N.G.; BUENO, R.M.L. Riscos laborais em unidade de tratamento intensivo móvel - UTI Móvel. Monografia (Especialização) - Curso de Especialização em Medicina do Trabalho - Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, SC. 2000. 81p. SANTI, A.; MOTTI, M.I.F. Programa de Educação em Segurança e Saúde do Trabalhador. Fundacentro. São Paulo. 1997. SÊCCO, I.A.O.; ROBAZZI, M.L.C.C; GUTIERREZ, P.R.; MATSUO, T. Acidentes de Trabalho e Riscos Ocupacionais no dia-a-dia do trabalhador hospitalar: desafio para a Saúde do Trabalhador. 2002. SILVA, M.A. Concepção ergonômica dos locais e dos espaços de trabalho de uma unidade de emergência hospitalar. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) Curso de Pós-graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC. 1999.