Notas sobre a Mesa Excelência Acadêmica: como definir e como alcançar implicações para a UFABC e seu novo Plano de Desenvolvimento Institucional



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Transcrição:

Notas sobre a Mesa Excelência Acadêmica: como definir e como alcançar implicações para a UFABC e seu novo Plano de Desenvolvimento Institucional Versão para discussão 6 de Maio de 2012 Notas elaboradas pelos Profs. Alexandre Reily Rocha, Denise Consonni e Guiou Kobayashi O objetivo destas notas O objetivo destas notas é proporcionar uma síntese das discussões levantadas durante a Mesa Excelência Acadêmica: como definí-la e como alcançála realizada na UFABC na tarde do dia 23 de Abril de 2012. É importante citar que o intuito do debate não era estabelecer uma metodologia para definir quantitativamente a excelência acadêmica e sim identificar fatores, ainda que subjetivos, que são características desta excelência, e pavimentar o caminho para que se possa estabelecer diretrizes dentro do PDI de como a UFABC pode chegar à excelência. Sobre os convidados Luiz Nunes de Oliveira: Possui graduação em Física pela Universidade de São Paulo (1973), mestrado em Física pela Universidade de São Paulo (1975), doutorado em Física pela Cornell University (1980), pós- doutorado pela University of California (1988) e pós-doutorado pelo Ohio State University (1995). Atualmente é professor titular da Universidade de São Paulo e membro de corpo editorial da Brazilian Journal of Physics. Tem experiência na área de Física, atuando principalmente nos seguintes temas: superfícies, magnetismo e correlação em sistemas eletrônicos. Foi vice-diretor do Instituto de Física de São Carlos da USP, de 1998 a 2001; Coordenador da área de Física e Coordenador Adjunto da Diretoria Científica da FAPESP; Pró-Reitor de Pesquisa da USP, de 2001 a 2005. É membro

titular da Academia Brasileira de Ciências e Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico. Sergio Franca Adorno de Abreu: Graduado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (1974), Doutorado em Sociologia pela Universidade de São Paulo (1984), Pós-Doutorado pelo Centre de Recherches Sociologiques sur le Droit et les Institutions Pénales, CESDIP, França. Atualmente é Professor Titular em Sociologia da FFLCH- Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, Coordenador Científico do Núcleo de Estudos da Violência - USP, Presidente da ANDHEP- Associação Nacional de Direitos Humanos- Pesquisa e Pós-Graduação, Representante de Área de Ciências Humanas / Sociologia e Membro do Conselho Técnico-Científico da CAPES- Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, Consultor do CSP- Cadernos de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz, Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, Membro do Conselho Consultivo da Revista Análise Social, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, Membro do Conselho Consultivo da Revista "Passagens: Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica", do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense, Membro do Comitê Científico da Revista ANPG: Ciência, Tecnologia e Políticas Educacionais, periódico científico institucional da ANPG- Associação Nacional de Pós-Graduandos, Responsável pela Cátedra UNESCO de Educação para a Paz, Direitos Humanos, Democracia e Tolerância. Tem larga experiência na área de Sociologia, com ênfase em Sociologia Política, atuando principalmente nos seguintes temas: violência, direitos humanos, criminalidade urbana, controle social e conflitos sociais. Vahan Agopyan: Graduado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1974), mestrado em Engenharia Urbana e de Construções Civis pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1978) e doutorado em Engenharia Civil pela (1982). Atualmente é Professor Titular de Materiais e Componentes de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Pró-Reitor de Pós-Graduação da

USP, Membro do Conselho Superior da FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, e Conselheiro do IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, CIB - International Council for Research and Innovation in Building and Construction, IMT - Instituto Mauá de Tecnologia, CBCS - Conselho Brasileiro de Construção Sustentável e de outras instituições. Foi Diretor da Escola Politécnica da USP, Diretor Presidente do IPT, Vice Presidente do CIB, representante de área na CAPES, e como tal, membro do Conselho Superior da Agência, Coordenador de Ciência e Tecnologia da Secretaria do Desenvolvimento do Estado de São Paulo e Presidente do Conselho Superior do IPEN - Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares. Tem experiência na área de Construção Civil, com ênfase em Materiais e Componentes, atuando principalmente com materiais reforçados com fibras. Mais recentemente, dedica-se aos estudos da qualidade e sustentabilidade da Construção Civil. É Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, Eminente Engenheiro do Ano, Personalidade da Tecnologia, Cidadão Paulistano e membro da API - Academia Panamericana de Ingenieria. Questões norteadoras do debate O debate em torno do tema foi realizado na forma de apresentações individuais (com duração aproximada de 20 minutos) por parte de cada um dos convidados. A partir de então a discussão foi aberta à platéia para questionamentos e intervenções. O Seminário foi norteado por quatro questões propostas aos convidados e à plateia, quais sejam: 1. Como definir Excelência acadêmica? 2. Como alcançar a Excelência acadêmica? 3. Excelência acadêmica e interdisciplinaridade. 4. Excelência acadêmica e inclusão social.

O Debate Questão 1: O que é e como definir excelência acadêmica? Antes de buscar uma discussão sobre a construção de uma universidade dita de excelência nacional e internacional é preciso determinar parâmetros (objetivos e/ou subjetivos) que permitam identificar a qualidade que se almeja atingir. Uma métrica de excelência deve levar em consideração as diferentes áreas do conhecimento agregadas no ambiente da universidade. Este ponto foi ressaltado pelo Prof. Adorno com relação à área de Humanidades, que possui peculiaridades em relação às demais ciências (ditas hard ). Em geral, a comunidade acadêmica brasileira associa a idéia de excelência à produção de conhecimento científico e/ou tecnológico de uma instituição. Apesar de haver uma correlação praticamente igual a 1 entre pesquisa de ponta e universidades de classe mundial, o Prof. Nunes frisou que o papel principal da universidade é a formação de recursos humanos. Tanto ele quanto o Prof. Agopyan ressaltam que a universidade deve se pautar pela qualidade do egresso tanto de graduação quanto de pós-graduação. A qualidade do corpo docente, a infraestrutura para (e a qualidade da) pesquisa criam o ambiente acadêmico ideal para o desenvolvimento do aluno. Cabe ressaltar aqui que este ponto também foi mencionado pelo Prof. Brito Cruz (em debate anterior) ao salientar que o impacto do alunado na sociedade é muito maior do que qualquer resultado científico ou tecnológico que possa surgir da universidade. Ao citar Rankings de Universidades como uma maneira de se determinar excelência, o Prof. Nunes enfatizou que eles não são perfeitos, mas permitem identificar parâmetros que comparativamente devemos melhorar. Ao final, indica-se que a busca por uma universidade dita de classe mundial é um processo

comparativo (com outras instituições) 1 e de reconhecimento tanto por parte dos pares acadêmicos quanto por parte da sociedade. 2 Questão 2: Como atingir a Excelência Acadêmica? Um vez identificados os itens que permitem caracterizar a excelência acadêmica é necessário criar o ambiente para que ela possa florescer dentro da universidade. Para tal é fundamental que a comunidade acadêmica seja consultada e que a missão da instituição seja bem definida. Neste ambiente, é de suma importância a elaboração de um PDI que delineará o caminho a ser traçado para alcançar a excelência. Alem disso a universidade deve passar por processos constantes de auto-avaliação onde é necessário fazer uma auto-crítica e estabelecer metas. Um ponto fundamental é que a universidade seja constituída de um corpo docente rigorosamente selecionado e que possa atuar tanto na graduação quanto na pós-graduação. Além disso a instituição deve se empenhar para prover infraestrutura adequada para o desenvolvimento de suas atividades. Uma vez que a universidade conta com um corpo docente bem preparado, é importante que reconheçamos que os métodos modernos de produção de conhecimento são, em grande medida (mas não exclusivamente), colaborativos. Neste sentido deve-se fortalecer a interação entre docentes por meio, por exemplo, de orientações múltiplas 3. Além disso, a instituição deve incentivar que o conhecimento produzido nela seja difundido levando a produção docente a publicações (periódicos e livros) e conferências cada vez mais qualificados (de 1 Neste sentido o Prof. Agopyan citou o fato de que a universidade brasileira avançou, no entanto não tanto quanto outros países do ponto de vista da produção do conhecimento. 2 Aqui cabe mencionar o interessante Gedankenexperiment (experimento mental) proposto pelo Prof. Nunes onde se levanta a possibilidade de um aluno de uma instituição realizar uma troca por outra. A experiência comparativa entre diferentes universidades (ou a própria vontade do aluno de realizar o intercâmbio) permitiria avaliar a excelência de uma instituição. 3 É importante salientar aqui que a CAPES tem fortalecido o papel do co-orientador nos programas de pós-graduação.

padrão internacional). Estes pontos foram citados pelo Prof. Adorno em relação especificamente às Ciências Humanas, mas valem também para as demais áreas contempladas pela universidade. Tendo isso em vista, um processo de internacionalização é fundamental. O termo internacionalização, no entanto, deve ser entendido de maneira mais ampla. Por um lado, é de suma importância que haja um maior intercâmbio (em uma via de mão dupla) de pesquisadores e alunos com instituições estrangeiras que deve ser incentivado e fomentado pela instituição. Por outro, é fundamental que o ambiente da própria universidade seja considerado de padrão internacional. Finalmente, a gestão universitária ganha caráter central na busca pela excelência. Tendo sido citada tanto pelo Prof. Agopyan quanto pelo Reitor da UFABC, Prof. Helio Waldman, é importante que as amarras burocráticas sejam flexibilizadas e que haja apoio institucional aos docentes e discentes para o desenvolvimento de suas atividades. 4 Isto se dá por meio de um corpo técnico Neste ambiente o alunado da universidade do século XXI tanto de graduação quanto de pós-graduação deve ser exposto a um ambiente de diversidade (social e de áreas do conhecimento) onde ele irá adquirir não só conhecimento, mas também terá as experiências para que possa atuar como líder, como agente de inovação e/ou de geração de novos conhecimentos fundamentais. Questão 3: Excelência Acadêmica e Interdisciplinaridade Como já foi dito acima é fundamental que haja a interação entre docentes e discentes tanto na pesquisa quanto no ensino. As grandes questões do século XXI são essencialmente interdisciplinares, envolvendo diferentes áreas do conhecimento. De fato a excelência acadêmica no século XXI está intimamente ligada à produção de conhecimento que tenha um papel de transformação social. O Prof. 4 O Prof. Agopyan também citou amarras externas como, por exemplo, a insegurança jurídica associada à Lei do Bem. Estas amarras são um empecilho à inovação, e conseqüentemente à excelência. Estas amarras também existem no que toca a legislação, principalmente de aquisição de bens e serviços.

Nunes aponta que a universidade deve passar a atacar mais problemas do mundo real (e portanto inerentemente interdisciplinares). Este ponto também foi salientado pelo Prof. Agopyan como forma de alavancar a inovação. O ambiente interdisciplinar também é fundamental para o aluno que terá um ambiente de discussão com diferentes visões e em áreas de interseção científica. Questão 4: Excelência Acadêmica e Inclusão Social A inclusão social e a busca pela excelência são dois dos pilares da UFABC e para tal é fundamental que haja uma discussão sobre um possível conflito entre os dois. Todos os expositores foram unânimes em afirmar que há um problema com os ensinos médio e básico associado tanto ao descaso por parte do estado quanto a um processo de homogeneização (nivelamento por baixo). Neste sentido, a inclusão social é um problema de estado. Tendo dito isso, a universidade pode ter um papel importante neste processo, mas ele deve ir além de um procedimento de ingresso como o sistema de cotas. 5 É importante que todos os alunos cotistas ou não tenham consciência do investimento que o estado está realizando ao arcar com os custos da educação superior. Além disso, a universidade deve ter uma maior atuação junto à sociedade, sendo neste sentido, mais pró-ativa e solidária. Isto pode ocorrer, por exemplo, atuando em regiões de conflito. 5 O próprio modelo de cotas foi questionado pelo Prof. Nunes como sendo a melhor forma de identificar novos talentos.