A IMPORTÂNCIA DA IMAGEM DO PAÍS DE ORIGEM NA INTERNACIONALIZAÇÃO DE PRODUTOS BRASILEIROS



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Transcrição:

A IMPORTÂNCIA DA IMAGEM DO PAÍS DE ORIGEM NA INTERNACIONALIZAÇÃO DE PRODUTOS BRASILEIROS ENSAIO Janaina de Moura Engracia Giraldi Mestranda no curso de Administração na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. Especialista em Marketing pela Katholieke Universiteit Leuven, Bélgica. Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. E-mail: janainagiraldi@fearp.usp.br Recebido em: 17/05/2004 Aprovado em: 20/08/2004 Dirceu Tornavoi de Carvalho Professor Doutor Livre-Docente da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo E-mail: tornavoi@usp.br RESUMO 1 Ao mesmo tempo em que a globalização dos mercados avançou, houve uma crescente expansão de pesquisas sobre o efeito país de origem no comércio internacional e na literatura de marketing. Um fluxo contínuo de estudos empíricos tem avaliado o efeito país de origem a partir de várias perspectivas. Em geral, considera-se que o país de origem influencia as avaliações de produtos pelo consumidor e as suas decisões de compra. Os efeitos do país de origem nas avaliações de produtos pelo consumidor podem ser mediados por uma variedade de informações intrínsecas e extrínsecas sobre o produto e por fatores ambientais e culturais. Para a maioria dos estudos nessa área, as percepções do consumidor são importantes porque irão, no final, influenciar suas escolhas por um produto ou uma marca. Como as organizações lidam com recursos limitados, elas precisam tentar desenvolver estratégias apropriadas à sua base de recursos. Nesse sentido, o país de origem pode vir a ser utilizado como parte de uma estratégia de diferenciação de produtos brasileiros em mercados internacionais. Palavras-chave: imagem, país de origem, comportamento do consumidor. ABSTRACT At the same time that the globalization of markets has progressed, there has been a growing expansion of researches on the country-of-origin effect, both in the international trade and in the marketing literature. A continuous flow of empiric studies has evaluated the country-of-origin effects from several perspectives. In general, it is admitted that the country of origin influences products evaluations made by the consumer and his/her purchase decisions. The country-of-origin effects on the products evaluations can be moderated by a variety of intrinsic and extrinsic information about the product and also by environmental and cultural factors. For the majority of the studies in this field, it is seen that the consumer perceptions are important because they will, at the end, influence the consumer s choices for one product or brand. Since the organizations deal with limited resources, they need to try to develop strategies that are appropriated to their resource base. In this sense, the country of origin can be used as part of a differentiation strategy for Brazilian products in international markets. Key words: image, country-of-origin, consumer behavior. 1 Este trabalho recebeu o apoio financeiro da Fapesp.

Janaina de Moura Engracia Giraldi e Dirceu Tornavoi de Carvalho 1. INTRODUÇÃO A rápida globalização dos mercados provocou um crescimento sem precedentes no comércio internacional nas últimas décadas. O tempo e a distância estão se encurtando rapidamente com o advento, nos últimos anos, de comunicações, transportes e fluxos financeiros cada vez mais rápidos. Com isso, ocorre um aumento na competição global; empresas domésticas que nunca se preocuparam com a existência de concorrentes estrangeiros encontram-nos, repentinamente, dentro de seus próprios mercados. Para defender suas posições, as empresas devem aprender como entrar em mercados estrangeiros e aumentar sua competitividade global (KOTLER, 1995). Para KOTLER (1995), quanto maior a demora das empresas em tomar providências para a internacionalização, mais elas correrão o risco de ficar de fora de mercados promissores, como a Europa Ocidental, a Europa Oriental, o extremo Oriente e outros. Com relação às exportações brasileiras, tem-se observado uma tendência de crescimento no volume exportado. Em 2003, o Ministério do Desenvolvimento apurou um valor total de exportações superior a 73 bilhões de dólares, maior volume de exportações de sua história (SILVA, 2004). O resultado é 21% superior ao de 2002, quando também ocorreu um recorde, com a venda de US$ 60 bilhões ao exterior. FONSECA (2003) acredita que, apesar da heterogeneidade do parque industrial brasileiro e da diversidade e complexidade de seus produtos e serviços, muitos deles com nível de competitividade externa e em setores altamente dinâmicos do ponto de vista tecnológico, a imagem do Brasil no exterior é principalmente associada a algumas habilidades esportivas (sobretudo ao futebol) ou criativas, relacionadas, por exemplo, à sua expressividade e musicalidade, que tem seu ponto máximo no carnaval. Dessa forma, quase nenhum significado ou importância é atribuída ao Brasil enquanto provedor de itens de maior conteúdo tecnológico ou de qualidade reconhecida no exterior. Portanto, verifica-se que o conhecimento sobre o Brasil e, sobretudo, sobre o nível de qualidade de sua produção interna ainda se mostra bastante restrito e tendencioso, desconhecendo-se aspectos freqüentemente vistos na economia interna, vinculados à relevância, qualidade e aprimoramento tecnológico. Para FONSECA (2003), duas são, aparentemente, as razões principais desse pouco conhecimento ou percepção equivocada: a pouca exposição ao público externo dos bens e serviços brasileiros e o fato de o Brasil pouco se apresentar nos meios de comunicação. O país é geralmente mostrado por instituições ou por mídias externas que não têm conhecimento de aspectos importantes da realidade brasileira ou que a enxergam sob uma óptica fora de foco (que realça fatos negativos, tais como corrupção, agressões ao meio ambiente, desrespeito aos direitos humanos e desigualdades sociais). Esse autor, porém, não considera outras possíveis causas para tal percepção da qualidade dos produtos brasileiros. Em primeiro lugar, existe uma tendência natural dos meios de comunicação de explorarem as más notícias em detrimentos das boas. Em segundo lugar, o próprio governo brasileiro possui uma parcela de responsabilidade, por não ter um programa de relações públicas voltado para a divulgação, ao mercado externo, de notícias e feitos das empresas brasileiras. Além disso, FONSECA (2003) salienta que uma conseqüência negativa mais direta para as exportações brasileiras relaciona-se com a simples percepção do consumidor sobre a qualidade e o valor atribuído a um bem, que tende a ser fator subjetivo e se transferir para sua decisão de compra e para sua disposição de pagar mais ou menos. Esse efeito é conhecido como efeito país de origem. Embasa esse efeito o fato de os consumidores possuírem um número de percepções duradouras, ou imagens, particularmente importantes para o estudo do seu comportamento. Os produtos e as marcas possuem valores simbólicos para os indivíduos, que os avaliam com base na consistência deles em relação a suas auto-imagens (SCHIFFMAN e KANUK, 1997). Os consumidores procuram preservar ou melhorar as suas autoimagens com a compra de produtos considerados congruentes com essas auto-imagens, evitando aqueles que não o são. Segundo AYROSA (2000), os efeitos relacionados ao país de origem referem-se à influência da informação sobre o país de origem nas atitudes e no comportamento com relação a um produto ou uma marca. Desde o primeiro artigo sobre esses efeitos, em 1965, mais de 300 trabalhos 44

A importância da imagem do país de origem na internacionalização de produtos brasileiros já foram publicados. Para AYROSA (2000), as formas de comunicar a informação sobre o país de origem incluem: o rótulo fabricado em (made in), a sugestão direta por meio da marca ou do nome da empresa (e.g. British Airways, Ibéria), a sugestão indireta pela sonorização ou ortografia da marca ou do nome da empresa (e.g. Ferrari, Matsushita, Olivetti, Renault) e a indicação ou sugestão pela embalagem do produto (e.g. cerveja Fosters, Reebok). 2. OBJETIVOS E MÉTODO O presente artigo possui caráter essencialmente teórico. O objetivo proposto é compreender a importância da imagem do país de origem na internacionalização de produtos, especialmente de produtos brasileiros. Nesse sentido, inicia-se o trabalho com uma breve revisão da literatura sobre os efeitos causados pelo país de origem dos produtos. As formas de processamento da informação sobre o país de origem são analisadas: país de origem como atributo extrínseco do produto, como um halo e como pista-resumo. Os fatores mediadores do efeito país de origem são também apresentados, salientando-se as condições em que o efeito é mais ou menos intenso. Por fim, são destacadas as conclusões, ressaltando-se a importância da melhoria da imagem do Brasil para agregar valor às exportações brasileiras. Por se tratar de um trabalho de cunho teórico, o método de pesquisa empregado foi o de pesquisa exploratória, utilizando-se a análise de dados secundários (MCDANIEL e GATES, 1996). Os estudos em fontes secundárias envolveram levantamentos bibliográficos de livros e pesquisas já efetuadas sobre o tema em estudo. 3. PESQUISAS SOBRE O EFEITO PAÍS DE ORIGEM Em seu trabalho, AYROSA (2000) descreveu os principais resultados da área de pesquisa sobre país de origem. Os seguintes tópicos foram abordados: a existência de efeitos derivados do país de origem, a existência de um viés de favorecimento a países mais desenvolvidos, o viés dos pesquisadores na escolha de determinados países, as interações entre a informação sobre o país de origem e a marca, o preço e as características demográficas. O Quadro 1 apresenta os resultados citados, com exceção dos referentes às interações entre país de origem e características demográficas do consumidor, os quais serão vistos posteriormente. Quadro 1: Principais resultados da área de pesquisa sobre país de origem Resultado O efeito país de origem existe. Viés favorecendo os países mais desenvolvidos. Viés dos pesquisadores. Interações entre país de origem e outros atributos do produto. Fonte: Adaptado de AYROSA (2000). Descrição De acordo com os resultados de pesquisas elaboradas durante 31 anos, por vários autores, os efeitos do país de origem nas avaliações de produtos realmente existem para uma variedade de categorias de produtos e diferentes tipos de consumidores. Países mais desenvolvidos são percebidos como melhores países de origem do que países menos desenvolvidos. A diversidade de países usados em experimentos é surpreendentemente pequena, o que torna a generalização dos resultados muito difícil. Países como EUA, Japão e Alemanha são os mais mencionados como tendo imagem favorável, enquanto México, Tailândia e Taiwan são tidos como de imagem desfavorável. Marca: uma marca bem conhecida pode compensar os efeitos negativos advindos de um país de origem desfavorável para algumas categorias de produtos. A familiaridade e a percepção de risco devem influenciar as interações entre marca e país de origem. Preço: efeitos negativos advindos de imagens desfavoráveis de países podem ser compensados por descontos nos preços dos produtos. Outros atributos: garantia, força de vendas e imagem do varejista apresentam efeitos semelhantes aos da marca e do preço. 45

Janaina de Moura Engracia Giraldi e Dirceu Tornavoi de Carvalho 4. PROCESSAMENTO DE INFORMAÇÕES SOBRE O PAÍS DE ORIGEM Nesta parte do trabalho será observada a natureza da declaração de país de origem como informação a ser processada pelos consumidores. Como mencionado anteriormente, o termo efeito país de origem refere-se aos efeitos da informação acerca do país de origem nas respostas atitudinais e comportamentais dos consumidores aos produtos. Os estudos sobre os efeitos do país de origem têm procurado identificar processos que ajudem a explicar como o país de origem influencia a avaliação de um produto. Nesta parte do trabalho verificar-se-á que o país de origem pode funcionar como um indicador da qualidade de um produto ou como um atributo do produto que pode fornecer certos benefícios, dependendo da situação e/ou das características do consumidor (BALABANIS, MUELLER e MELEWAR, 2002). Será ainda analisado o fenômeno efeito halo, decorrente do processamento da informação sobre o país de origem. 4.1. País de origem como atributo extrínseco Para ENGEL, BLACKWELL e MINIARD (1995), o país de origem atua apenas como um critério de avaliação de produtos. Os critérios utilizados pelos consumidores são nada mais que dimensões ou atributos usados no julgamento das alternativas para uma compra específica. Os critérios de avaliação podem ser vários, como segurança, confiabilidade, preço, marca, país de origem, garantia, e alguns mais hedônicos, como os sentimentos que derivam da posse do produto. Os critérios de avaliação freqüentemente diferem em suas influências na seleção de produtos pelo consumidor, pois alguns critérios têm mais impacto do que outros sobre um mesmo consumidor. Da mesma forma, os consumidores podem diferir quanto à importância atribuída a cada critério de avaliação (ENGEL, BLACKWELL e MINIARD, 1995). A importância de cada atributo refere-se à influência potencial que cada um deles pode exercer sobre o consumidor durante o processo de comparação de produtos. Os atributos importantes (salientes) que realmente influenciam o processo de avaliação são chamados de atributos determinantes. ENGEL, BLACKWELL e MINIARD (1995) citam os seguintes fatores influenciadores, que afetam a saliência dos atributos no processo de avaliação de alternativas de produtos: influência situacional: os fatores situacionais (por exemplo: ocasião de uso do produto) geralmente exercem uma grande influência na importância do critério de avaliação; semelhança das alternativas: decisões envolvendo alternativas não comparáveis podem exigir do consumidor o uso de critérios de avaliação mais abstratos, como necessidade, divertimento, status; motivação: a presença das motivações hedônica ou utilitária irá determinar o tipo de critério de avaliação a ser possivelmente utilizado pelo consumidor; envolvimento: um número maior de critérios de avaliação será provavelmente utilizado no processo de decisão à medida que o envolvimento do consumidor com a compra ou com o produto aumenta; conhecimento: consumidores bem informados terão guardadas na memória informações sobre as dimensões, que serão úteis na comparação de alternativas. É menos provável que essas informações existam na memória de consumidores novatos. Conseqüentemente, seus critérios de avaliação estarão muito mais suscetíveis às influências externas. Essa conceituação do país de origem como atributo do produto deriva do paradigma das dicas cue paradigm no original em inglês. A palavra cue, nesse sentido, significa dica ou indicador de um atributo. As dicas sobre atributos de produtos são importantes variáveis de marketing que influenciam as decisões de compra de clientes potenciais. Vários estudos têm examinado o impacto potencial das dicas de produtos nas avaliações dos clientes sobre a qualidade dos produtos e nas subseqüentes intenções de compra (FORSYTHE, KIM e PETEE, 1999). No contexto do efeito país de origem, este funciona como uma dica ou atributo extrínseco do produto, assim como preço, marca e garantia (AYROSA, 1998). Como atributo extrínseco, o país de origem opõese a atributos intrínsecos, como potência, peso, composição, temperatura, durabilidade, etc. Verifica-se, portanto, que os atributos intrínsecos estão diretamente relacionados às características do 46

A importância da imagem do país de origem na internacionalização de produtos brasileiros produto. Assim, uma mudança nesses atributos significa uma mudança substancial, até mesmo física, no produto. Por outro lado, uma mudança nos atributos extrínsecos não afeta de forma direta o produto final (AYROSA, 1998). Pesquisas têm demonstrado que as indicações extrínsecas intangíveis são constantemente usadas pelos consumidores como indicadores substitutos quando faltam indicações intrínsecas ou quando estas são difíceis de avaliar (ZHANG, 1997). 4.2. País de origem como pista-resumo JOHANSSON (1989) trabalha com o paradigma das dicas para afirmar que os indivíduos utilizam a informação do país de origem de duas formas alternativas: como uma pista-resumo ou como um atributo saliente. Como pista-resumo, a informação acerca do país de origem é utilizada como um substituto (proxy), resumindo outras informações de atributos já conhecidas ou esperadas. A estrutura conceitual desenvolvida por NEBENZHAL, JAFFE e SHLOMO (1997) propõe que os efeitos resumos resultam da generalização de pensamentos preconcebidos sobre produtos feitos em um país para atributos de outros produtos desse mesmo país. Como um atributo saliente, a informação sobre o país de origem é processada como um estereótipo, atuando quando informações mais precisas não estiverem disponíveis ou não puderem ser compreendidas. 4.3. País de origem como efeito halo Outra visão sobre a influência do país de origem na avaliação de um produto encaixa-se no modelo de Fishbein (FISHBEIN e AJZEN, 1975), segundo o qual as crenças relativas aos atributos de um produto precedem e influenciam a formação da atitude para com o produto. De acordo com esse modelo, a imagem do país afeta diretamente as crenças acerca dos atributos dos produtos, as quais influenciam a atitude geral para com o produto. Portanto, o país de origem afeta de forma indireta as atitudes, por meio das crenças, um fenômeno geralmente descrito como efeito halo (AYROSA, 2000). Para NEBENZHAL, JAFFE e SHLOMO (1997), o efeito halo desenvolve-se quando os consumidores sabem pouco sobre os produtos de um país e, sendo assim, suas percepções sobre os atributos dos produtos feitos nesse país são baseadas em qualquer conhecimento que possam ter sobre o país, incluindo o seu nível de desenvolvimento político, econômico e social. 5. FATORES QUE INFLUENCIAM A FORMA DE PROCESSAMENTO DE INFORMAÇÕES SOBRE O PAÍS DE ORIGEM Os consumidores usam a informação sobre o país de origem de um produto de formas diferentes, dependendo da familiaridade ou do conhecimento que possuem e também do grau de envolvimento com a categoria de produto em questão. Esses dois fatores influenciadores da forma de processamento de informações sobre o país de origem são abordados a seguir. 5.1. Familiaridade com o produto O trabalho de HAN (1989) enfocou o uso da informação sobre o país de origem pelos consumidores, sustentando que os consumidores usam tal informação de formas diferentes, dependendo da familiaridade ou do conhecimento que possuem da categoria de produto em questão. HAN (1989) concluiu que a informação sobre o país de origem desempenha diferentes papéis, dependendo da familiaridade que o consumidor possui com os produtos do país. Em condições de baixa familiaridade, a imagem do país funciona como um halo, afetando indiretamente as atitudes com relação à marca por meio das crenças relativas aos atributos. Por outro lado, em condições de alta familiaridade a imagem do país afeta diretamente as atitudes com relação à marca, atuando como um constructo-resumo. Ao conhecer as características do produto, o consumidor organiza as informações em pedaços ou constructos-resumos, deixando de avaliar os atributos um a um e buscando na memória uma avaliação geral para cada alternativa (AYROSA, 2000). Esses pedaços de informação, portanto, possuem a função de simplificar o processamento de informações. O conhecimento do produto pelo consumidor também é considerado importante: os novatos utilizam o país de origem na avaliação do produto, enquanto os experientes apenas confiam nos estereótipos do país de origem quando não possuem nenhuma informação sobre os atributos do produto ou quando possuem informação ambígua (CORDELL, 1992; MAHESWARAN, 1994). 47

Janaina de Moura Engracia Giraldi e Dirceu Tornavoi de Carvalho Assim como a informação sobre a marca, a informação sobre o país de origem normalmente é usada pelos consumidores para reduzir a complexidade da tarefa envolvida no processamento de informações sobre as alternativas de compras. Quando o consumidor adquire confiança em um produto de um país, é possível que ele esteja predisposto a confiar no país de origem como um indicador para inferir informações sobre atributos individuais de outros produtos, reduzindo-se assim a necessidade de busca de informações relacionadas a atributos específicos (HAN e TERPSTRA, 1988). 5.2. Grau de envolvimento com o produto O grau de envolvimento com o produto também faz com que os consumidores usem a informação sobre o país de origem de formas diferentes. Para ASSAEL (1992), o envolvimento com um produto ocorre quando este: (1) é importante para o consumidor pelo fato de a auto-imagem do consumidor estar ligada ao produto; (2) é de interesse continuado para o consumidor; (3) envolver riscos significativos de ordem financeira, tecnológica e social; (4) tiver apelo emocional e/ou (5) estiver identificado com as normas do grupo de referência. A imagem do país de origem, em condições de baixo envolvimento, atua como um estereótipo (JOHANSSON, 1989; MAHESWARAN, 1994) ou como um halo (HAN, 1989), assim como na condição de baixa familiaridade descrita acima. Nessas situações, a imagem do país pode ser um importante insumo na formação da atitude, pois, no caso de produtos de baixo envolvimento, a busca prolongada de informações é improvável. Além disso, informações extensas sobre os atributos do produto não estão, em geral, facilmente disponíveis no ponto de venda (SCHAEFER, 1997). O estudo de SCHAEFER (1997) demonstrou que os consumidores, quando avaliam um produto comparativamente de baixo envolvimento, como a cerveja, são mais propensos a confiar nas indicações extrínsecas, como o país de origem, do que quando avaliam um produto mais complexo, de alto envolvimento, como o automóvel. Os consumidores geralmente não se envolvem muito na compra de bens de consumo não duráveis e, portanto, provavelmente não utilizarão um processo longo de busca e processamento de informações. Por outro lado, nas situações de alto envolvimento a informação sobre o país de origem parece ser processada como um atributo (HAN, 1989; JOHANSSON, 1989; MAHESWARAN, 1994). Nessas situações, os consumidores serão afetados pelo modo como a informação sobre o país de origem interage com os outros atributos. 6. FATORES MEDIADORES DO EFEITO PAÍS DE ORIGEM Enquanto parece haver um consenso sobre o fato de o país de origem exercer um impacto na avaliação dos produtos, existe um debate constante sobre a magnitude desse efeito particularmente na presença de outras informações intrínsecas e extrínsecas sobre o produto e sobre os fatores ambientais e culturais que podem facilitar ou inibir a confiança no país de origem. Alguns desses fatores mediadores do efeito país de origem, que afetam a importância dessa informação para o consumidor, são apresentados a seguir. 6.1. Características do consumidor As características do consumidor que podem influenciar o efeito país de origem são: educação e conservadorismo, idade e sexo, familiaridade com a marca, fluência na língua do país, quantidade de pistas sobre o produto, necessidade de cognição, motivação, grau de envolvimento e cultura. Com relação à educação e ao conservadorismo, os consumidores com menos educação e politicamente conservadores são mais propensos a desenvolver aversão a produtos estrangeiros (ANDERSON e CUNNINGHAM, 1972). A idade (SHIMP e SHARMA, 1987) e o sexo (JOHANSSON, DOUGLAS e NONAKA, 1985) do consumidor também provocam diferenças na receptividade a produtos estrangeiros. O sexo do consumidor influencia a percepção da imagem fabricado em (made in): as mulheres têm um viés contrário maior aos produtos estrangeiros e mais favorável aos produtos nacionais (BALABANIS, MUELLER e MELEWAR, 2002). A familiaridade com o produto foi abordada anteriormente neste trabalho para a apresentação de diferentes formas de uso pelo consumidor da informação sobre o país de origem, dependendo da familiaridade do consumidor com a categoria do produto em questão ou do conhecimento que possui dela. Cabe acrescentar que, quando os consumidores se confrontam com uma marca 48

A importância da imagem do país de origem na internacionalização de produtos brasileiros familiar, eles tendem a fazer avaliações sobre o produto de forma rápida e direta, sem muito esforço em buscar informações, pois estão familiarizados com os atributos da marca (BRUCKS, 1985). Nessas situações, a busca e o processamento de informações não são necessários. Assim, parece razoável assumir que os consumidores que estão familiarizados com uma marca em particular podem desconsiderar ou ignorar o país de origem ou outras informações sobre atributos na avaliação dessa marca (SCHAEFER, 1997). Juntos, a familiaridade com a marca e o conhecimento objetivo do produto têm um efeito significativo no uso da indicação país de origem na avaliação de produtos, embora nenhum dos dois fatores tenha um efeito geral por si só, segundo estudo de SCHAEFER (1997). O conhecimento objetivo do produto parece levar a uma maior confiança no país de origem se a marca não for familiar, mas isso não ocorre se a marca for familiar. Além disso, as percepções sobre o país de origem também mudam com o tempo quando o consumidor adquire mais conhecimento sobre o país, quando as práticas de marketing que dão suporte ao produto se aperfeiçoam ou quando a qualidade do produto ou a projeção internacional do país melhoram (DARLING e WOOD, 1990). A fluência na língua do país de origem é mais um fator de influência, relacionado com o conhecimento que o consumidor possui do país de origem do produto. Esse fator pode resultar em avaliações mais positivas do país por proporcionar acesso a fontes de informações adicionais fora do país do consumidor e por facilitar o contato direto (BALABANIS, MUELLER e MELEWAR, 2002). O simples contato com um país, sem a habilidade de comunicação com as pessoas, pode limitar seriamente o acesso às informações sobre o país e, conseqüentemente, afetar as percepções. Com relação à quantidade de pistas sobre o produto, CHAO e RAJENDRAN (1993) afirmam que quando o consumidor tem acesso a um número maior de pistas sobre o produto, a eficácia de uma pista em particular, como o país de origem, na influência das avaliações que um consumidor faz sobre um produto pode ser reduzida. Esse processo causaria uma diminuição do efeito país de origem, mas não o seu desaparecimento. Em seu estudo, CHAO e RAJENDRAN (1993) demonstram que os consumidores podem confiar na marca como um efeito país de origem implícito, substituindo as avaliações do produto, independentemente do fato de o produto ter sido realmente fabricado no país com o qual a marca pode estar fortemente associada. O efeito país de origem pode ainda ser influenciado por uma diferença mais fundamental entre os consumidores: vontade e disponibilidade para processar informações (ZHANG, 1997). ZHANG (1997) defende a hipótese de que o efeito país de origem pode ser influenciado pelas diferenças individuais, entre os consumidores, na necessidade de cognição. A necessidade de cognição é o prazer e a motivação do indivíduo para se engajar em um processamento cognitivo de informações que exige esforço de sua parte (PETTY e CACIOPPO, 1986). O efeito país de origem é especialmente forte em indivíduos que não estão cognitivamente dispostos a avaliar os atributos dos produtos e usam o país de origem como uma pistaresumo que pode afetar a avaliação do produto. A qualidade da argumentação pode se tornar um importante determinante da atitude de indivíduos com alto grau de necessidade de cognição (ZHANG, 1997). Em indivíduos com baixos níveis de necessidade de cognição, o país de origem (como indicação extrínseca), mais do que a qualidade da argumentação, pode se tornar um importante determinante da atitude. A motivação do consumidor é mais um fator que influencia o uso da informação sobre o país de origem. Sob condições de alta motivação os consumidores estarão propensos a seguir um processamento detalhado da mensagem persuasiva, que envolve o exame atencioso dos argumentos relevantes para a mensagem (como informação sobre atributos). Em comparação, sob baixa motivação um modo menos esforçado de processamento é antecipado e os consumidores provavelmente formam seus julgamentos de uma forma cognitiva mais simples (GURHAN-CANLI e MAHESWARAN, 2000). Portanto, sob baixa (versus alta) motivação os consumidores podem tentar formar seus julgamentos com um esforço mínimo, e o país de origem oferece uma base para isso (MAHESWARAN, 1994). Ao contrário, consumidores altamente motivados são menos propensos a usar atalhos cognitivos na formação de seus julgamentos. A informação do país de origem pode ser processada e considerada, porém mais como um dos atributos do produto do que como 49

Janaina de Moura Engracia Giraldi e Dirceu Tornavoi de Carvalho base geral para julgamento. Quando os consumidores utilizam o país de origem como base para julgamento em situações de baixa motivação, ou quando o objetivo do processamento cognitivo é avaliar o país de origem, eles direcionam a atenção para as informações acerca do país de origem do produto. Por outro lado, se os consumidores não se atêm ao país de origem, como no caso de alta motivação, ou quando o objetivo do processamento desvia a atenção das informações sobre o país de origem, qualquer evidência sobre o país de origem é menos provável de ser utilizada em seus julgamentos (GURHAN-CANLI e MAHESWARAN, 2000). Com relação à influência da cultura no efeito país de origem, GUILHOTO (2001) salienta que muitos dos atributos desejados pelos consumidores para um produto estão intimamente ligados à cultura na qual ele está inserido. Em seu trabalho, a autora destaca dois aspectos culturais que atuam diretamente na percepção dos consumidores sobre a influência do país de origem dos produtos. O primeiro deles é o quanto o país tem características mais individualistas ou mais coletivistas. De acordo com CANLI e MAHESWARAN (2000), as pessoas que possuem uma formação mais individualista tendem a minimizar a importância das informações sobre o país de origem, priorizando a qualidade do produto. Por sua vez, os coletivistas apresentam uma propensão natural a enfatizar mais o grupo do que o indivíduo, tendendo a avaliar os produtos nacionais de uma forma mais favorável, independentemente de sua superioridade. Para GUILHOTO (2001), outro aspecto cultural importante para a verificação da influência do país de origem é o grau de etnocentrismo de uma cultura. O etnocentrismo pode ser definido como o modo pelo qual um grupo se considera referência, classificando os demais grupos a partir de suas características. Para SHIMP e SHARMA (1987), quanto mais etnocentrista for o consumidor, mais ele tenderá a ver a compra de produtos estrangeiros como algo danoso, porque, segundo a sua visão, seu consumo feriria a economia doméstica, levaria à perda de empregos e não seria patriótico. 6.2. Variáveis relacionadas com a categoria do produto As variáveis relacionadas com o tipo/categoria do produto também têm um papel no uso do país de origem como critério de seleção entre alternativas (PAPADOPOULOS, 1993; HESLOP e PAPADOPOULOS, 1993). Exemplificando, o país de origem é geralmente mais eficiente para produtos agrícolas do que para produtos manufaturados, dada a associação histórica entre produção e país de origem ou região de origem (AGRAWAL e KAMAKARA, 1999). Além disso, o grau de envolvimento do consumidor com produtos agrícolas é menor do que com produtos manufaturados. Esse fato gera um efeito maior do país de origem na avaliação de produtos agrícolas pelos consumidores. Para HESLOP e PAPADOPOULOS (1993), outras variáveis que afetam o uso do país de origem como critério de compra incluem: a complexidade do produto (o país de origem é mais importante para produtos complexos); o nível de desenvolvimento do país de origem; as associações históricas entre o país de origem e certos produtos (por exemplo, na França há associações históricas entre o país e a produção de roupas e alimentos); a força da relação entre as imagens do país de origem e a categoria de produtos, indicando que as imagens do país de origem terão mais legitimidade em certas circunstâncias do que em outras. Os gerentes devem, portanto, avaliar cuidadosamente a história das associações da categoria do produto com o país de origem antes de utilizarem essa variável para aumentar o conhecimento sobre seus produtos. Se um país possuir uma história de associação negativa entre país de origem e categoria de produto, poderá ser prejudicial utilizar o país de origem no programa de marca. Os gerentes devem também planejar os programas de país de origem no longo prazo, pois o país de origem possui menos importância quando os consumidores se tornam mais familiarizados com os produtos (BEVERLAND, 2002). De acordo com as evidências empíricas citadas por BAR TAL (1997), relações de conflito entre dois países podem levar à formação de imagens de países negativas, ao passo que os relacionamentos cooperativos levam à formação de imagens de países positivas. As relações atuais entre dois países podem ser cooperativas, porém um histórico de 50

A importância da imagem do país de origem na internacionalização de produtos brasileiros relações conflituosas pode ainda influenciar fortemente a imagem do país. Um histórico de antagonismos, guerras, hostilidade, amizade ou cooperação entre dois países torna-se parte da memória coletiva e afeta as percepções das pessoas sobre o outro país. O estudo de BALABANIS, MUELLER e MELEWAR (2002) demonstrou que, para fabricantes que lidam com países menos amigáveis com seu país, o melhor conselho é não utilizar o país de origem nas promoções do produto e nas embalagens. O oposto é verdadeiro quando os fabricantes estiverem lidando com países mais amigáveis. Segundo BAR TAL (1997), as percepções sobre um país de origem são geralmente influenciadas por ideologias, crenças e objetivos e, na maioria dos casos, refletem os estereótipos existentes sobre o país. Além disso, pesquisas indicam que o país de origem é eficiente apenas se existir uma ligação clara entre a categoria do produto e o país de origem (HESLOP e PAPADOPOULOS, 1993; AGRAWAL e KAMAKARA, 1999). A Rússia, por exemplo, pode ser associada a baixa qualidade, exceto no caso do caviar e da vodca, cuja produção, rotulada com Rússia ou, surpreendentemente, URSS, obtém preços muito mais altos do que os de outros países (BEVERLAND, 2002). 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho procurou abordar as formas de processamento da informação sobre o país de origem: como atributo extrínseco do produto, como um halo e como pista-resumo. Os fatores mediadores do efeito país de origem foram também apresentados, salientando-se as condições em que o efeito é mais ou menos intenso. Verificou-se que esse efeito pode ser operacionalizado de diversas formas e que um grande número de variáveis, relacionadas com a empresa, os consumidores, a estratégia, o histórico e os produtos, influencia a aplicabilidade de seu uso. Assim, o uso do país de origem depende de diferentes fatores contextuais e a aplicabilidade do país de origem muda em resposta a mudanças no contexto. As organizações lidam com recursos limitados e precisam, portanto, tentar desenvolver estratégias apropriadas à sua base de recursos. Nesse sentido, o país de origem pode vir a ser utilizado como parte de uma estratégia de diferenciação de produtos brasileiros em mercados internacionais. Esses aspectos podem ser resumidos e apresentados como na Figura 1. Em uma época de crescente competição global, o país de origem permanece um tópico de pesquisa de interesse considerável tanto para praticantes de marketing quanto para pesquisadores. Compreender seus efeitos pode levar, por um lado, a melhores decisões de compra por parte dos consumidores e, por outro, a melhores estratégias para os praticantes de marketing. Os pesquisadores de marketing e os gerentes de empresas estão interessados em compreender como os consumidores utilizam as informações sobre o país de origem na avaliação de produtos estrangeiros. Os fatores operantes no nível psicológico de um consumidor individual podem fornecer uma compreensão adicional sobre o processamento das informações acerca do país de origem pelos consumidores. Assim, as diferenças individuais na tendência de avaliação podem influenciar o efeito do país de origem. Esse conhecimento é importante, pois pode capacitar as empresas a adotar estratégias mais efetivas na comercialização de seus produtos no exterior. Segundo BEVERLAND (2002), as empresas devem ser cuidadosas ao usar as imagens do país de origem de um produto e ao confiar nelas como base para a diferenciação no mercado. Pesquisas indicam que uma marca forte pode reduzir a força dos efeitos do país de origem (HESLOP e PAPADOPOULOS, 1993). Além disso, dar destaque ao país de origem pode reduzir as vendas, independentemente das percepções de qualidade, entre os consumidores que sentem repulsa pelo país de origem declarado. Diversos estudos acadêmicos demonstraram que as imagens positivas de um país influenciam as avaliações dos produtos desse país pelos consumidores, assim como as suas intenções de compra (BALABANIS, MUELLER e MELEWAR, 2002). Vários governos têm reconhecido a importância da imagem do país no sucesso da comercialização de seus produtos no exterior. Além disso, para os autores, alguns acadêmicos acreditam que a imagem de um país é de importância fundamental e que um país deveria ser tratado como uma marca. Contudo, JOHANSSON, DOUGLAS e NONAKA (1985) acreditam que, como 51

Janaina de Moura Engracia Giraldi e Dirceu Tornavoi de Carvalho reconhecimento das atividades de fabricação em nível global, o local onde o produto é feito tornouse irrelevante. Os consumidores canalizam as suas pistas de avaliação para um grupo de atributos favoráveis (como design, estilo e qualidade) associado com a marca, ao invés de se engajarem em um processamento de informação sobre o país de origem. Os autores sugerem que o papel da imagem de produto fabricado em um país seja substituído pelo país de origem de uma marca, como instrumento de avaliação de um produto. Como os consumidores têm confiança na qualidade dessa marca, as diferentes dimensões do país de origem não deveriam afetar as suas percepções. A origem da marca não irá, porém, mudar em razão de uma alteração no local de fabricação do produto. Além disso, a origem percebida de uma marca não precisa ser a mesma do país mostrado no rótulo fabricado em do produto. Figura 1: Efeito país de origem: formas de processamento e fatores mediadores Características relacionadas com o consumidor Características relacionadas com a categoria do produto Educação Conservadorismo Idade Sexo Familiaridade com marca Fluência na língua Quantidade de pistas Necessidade de cognição Motivação Envolvimento Cultura Efeito país de origem Formas de processamento da informação no processo de compra Categoria do produto Complexidade Nível de desenvolvimento do país Associações históricas Efeito halo sobre atitudes Fonte: Elaborado pelos autores Pista-resumo ou indicador Atributo Extrínseco AYROSA (2000) e PAPADOPOULOS (1993) apresentam uma visão diferente da de JOHANSSON, DOUGLAS e NONAKA (1985), ao argumentarem que, à medida que os consumidores se tornam cada vez mais expostos a produtos estrangeiros, eles aprendem mais sobre as origens dos produtos. Dessa forma, à proporção que as estruturas do conhecimento sobre os produtos e países se tornam mais ricas e mais específicas, a informação acerca do país de origem dos produtos pode ganhar importância. Com a formação e consolidação de blocos econômicos como a União Européia, o NAFTA e o MERCOSUL, o cidadão comum tem acesso a uma variedade de produtos importados. Ao mesmo tempo, um fenômeno mundial que existe há muitos anos tem provocado muitas perdas para as empresas exportadoras: a pirataria. Em particular, a pirataria afeta produtos com marcas de prestígio, causando perdas na imagem comercial dessas marcas. Em uma situação extrema, esses danos às marcas poderiam ter efeitos negativos na imagem de seus países de origem. Grande parte da pirataria envolve produtos com imagem de prestígio, como malas e bolsas Louis Vuitton, relógios Rolex, perfumes americanos e 52

A importância da imagem do país de origem na internacionalização de produtos brasileiros franceses. Os produtos variam desde cigarros até pedras preciosas, fitas de vídeo e DVDs, CD s, brinquedos, programas de computador, peças de automóveis, antibióticos. Nenhum produto que seja barato de produzir está livre da pirataria (DELENER, 2000). A pirataria é um problema para os fabricantes ao redor do mundo, em particular para empresas multinacionais com base no Estados Unidos. Algumas razões pelas quais os produtos americanos são tão atraentes à pirataria incluem: conhecimento mundial dos produtos americanos devido às propagandas globais, falta de produtos americanos em países em desenvolvimento, uso de tecnologia de ponta por empresas americanas para produzir produtos avançados, e prestígio, entre os consumidores estrangeiros, dos produtos americanos. Para combater os danos às empresas e, conseqüentemente, ao país, os Estados Unidos e a União Européia possuem leis severas para lidar com a pirataria, incluindo multas, fechamento de empresas e prisão dos envolvidos (DELENER, 2000). Para GUILHOTO (2001), ter uma imagem de país favorável torna recomendável que as empresas enfatizem a frase made in em seus produtos. Os elementos do composto de marketing devem ser emoldurados por essa imagem positiva, de forma a permitir a adoção de preços premium, a realização de distribuição exclusiva e a utilização de propagandas e promoções que reforcem esse aspecto. Por outro lado, empresas que atuam em países cuja imagem é desfavorável deveriam adotar estratégias que minimizem esse impacto negativo. Dentre estas, destacam-se a promoção de uma marca mais forte, o estabelecimento de um preço que vá ao encontro do valor que o consumidor atribui ao produto, e a busca do estabelecimento de parcerias na cadeia de suprimentos para montar um processo de distribuição suficientemente forte e bem estruturado que ajude a neutralizar os aspectos negativos. O caso do Japão ilustra como um país conseguiu alterar a imagem de seus produtos. A partir do esforço de reconstrução do pós-guerra, a indústria japonesa surpreendeu o Ocidente, ganhando liderança em diversos setores fortemente ligados à qualidade uma estratégia nacional de sobrevivência e competitividade. Enquanto antes da Segunda Guerra predominava a visão de que os produtos japoneses eram baratos e ruins, a partir da década de 60 o Japão passa a ser modelo de gerenciamento da qualidade. JURAN (2002) considera quatro estratégias como fundamentais na revolução japonesa da qualidade: o treinamento em todos os níveis, a participação dos trabalhadores através dos Círculos de Controle da Qualidade (CCQ s), a participação dos gerentes de alto nível liderando pessoalmente a revolução, e o aperfeiçoamento da qualidade como um processo contínuo (Kaizen). À medida que uma economia muda, as imagens relacionadas ao país também mudam, como foi o caso do Japão. Para FONSECA (2003), uma imagem distorcida de um país como produtor pouco qualificado, com design deficiente e com ausência de marca reconhecida, entre outros fatores, pode ocasionar importante diferencial de preço. Portanto, tem-se como resultado agregado para as exportações brasileiras o fato de a imagem do Brasil contribuir também para números menos favoráveis nas vendas ao exterior. Além disso, com o aumento do comércio internacional, a preocupação dos Estados Unidos com o seu déficit comercial fez aumentar a pressão para que os consumidores americanos comprem produtos made in USA. Os mais notáveis grupos envolvidos na promoção dos produtos fabricados nos Estados Unidos são os sindicatos comerciais, que buscam proteger os empregos no país, assim como o governo americano. Os varejistas americanos também têm promovido a marca americana (CHAO e RAJENDRAN, 1993). Esse movimento pode ser entendido como uma valorização do produto nacional, ou seja, uma preferência dos americanos pelos produtos fabricados em seu país, que pode causar impedimentos à entrada de produtos brasileiros nesse mercado. Nesse sentido, em razão do aumento da competitividade global, o conhecimento dos efeitos derivados do país de origem pode ser utilizado pelos profissionais de marketing para obterem vantagem dos benefícios de vieses positivos e também neutralizarem os negativos. No Brasil, porém, os estudos sobre os efeitos relacionados com a informação do país de origem ainda estão dando os primeiros passos. Todos os trabalhos realizados no país possuem uma forte característica descritiva e buscaram, entre outras coisas, detectar os efeitos do 53

Janaina de Moura Engracia Giraldi e Dirceu Tornavoi de Carvalho país de origem e a presença de vieses negativos aos produtos brasileiros (AYROSA, 2000). 8. DIREÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS E SUGESTÕES DE AÇÕES PARA EMPRESAS BRASILEIRAS EXPORTADORAS Os autores do presente trabalho apontam algumas opções para as empresas brasileiras que desejam internacionalizar seus produtos. A primeira é desenvolver um plano estratégico destacando o país de origem em suas formas de comunicação. Essa opção envolve um esforço para melhoria da imagem do país, fato que demanda um empenho de longo prazo e que o governo brasileiro desempenhe um papel fundamental no processo, comunicando ao mundo aspectos positivos da economia e cultura brasileiras, tais como seu grau de sofisticação em alguns setores, seu nível tecnológico, um design elaborado e cuidados com o meio ambiente. Para KOTLER e GERTNER (2004), para melhorar a imagem de um país, talvez seja mais fácil criar associações novas e positivas do que tentar refutar as antigas. Assim, esses autores propõem que o país adote um enfoque estratégico, analisando e definindo seus principais pontos fortes e fracos e suas ameaças e oportunidades. Em seguida, devem-se selecionar os setores de atividade, personalidades, marcos naturais e eventos históricos que possam formar a base de uma sólida estratégia de marca e uma narrativa interessante. O desenvolvimento de um conceito guarda-chuva abrangente, que cubra e seja coerente com todas as atividades relativas ao estabelecimento e desenvolvimento da marca do país, seria o próximo passo, seguido da destinação de fundos nacionais para cada atividade relativa ao desenvolvimento da marca do país. Finalmente, a última etapa do processo estratégico seria a criação de controles de exportação, de forma a garantir que todos os produtos exportados sejam confiáveis e atinjam o nível de desempenho prometido. Enquanto isso não ocorre, uma segunda opção para as empresas seria o desenvolvimento de pesquisas para constatar a imagem atual de seus produtos. Isto feito, o resultado deveria ser considerado como imperativo de mercado, e ações para minimizar os possíveis efeitos negativos seriam definidas. Com relação ao impacto do país de origem na aceitação de produtos agrícolas brasileiros, cabe ressaltar que poucos estudos têm focado esse aspecto. As pesquisas sobre o efeito país de origem não refletem a diversidade ou a magnitude do comércio internacional de produtos agrícolas (SKAGGS, FALK, ALMONTE e CARDENAS, 1996). Como sugestão de pesquisa sobre o efeito país de origem para produtos agrícolas, cita-se a elaboração de recomendações estratégicas de marketing para produtos agrícolas que possam explorar um viés positivo do país de origem de produtos brasileiros ou que possam minimizar um viés negativo, tirando vantagem de um nicho de mercado e aumentando o desenvolvimento do mercado. Para JANK e NEVES (2003), os produtos do agronegócio são parte de dois grupos distintos, que demandam desafios específicos e, portanto, diferentes estratégias no mercado externo. Esses grupos são as commodities e os produtos diferenciados. Para as commodities brasileiras, as duas grandes variáveis de sucesso são a busca pela liderança em custos e o acesso aos mercados compradores. No primeiro caso, os ganhos de produtividade dependem da correção de deficiências no custo e na qualidade de estradas, ferrovias, hidrovias, armazéns e portos, e de ajustes na carga de juros e impostos. Com relação ao acesso aos mercados, é fundamental a ampliação dos mercados no exterior. No caso de produtos diferenciados, deve ser seguida outra estratégia. As empresas deveriam aplicar as ferramentas de marketing, especialmente a prospecção de novos mercados e de compradores potenciais, a inovação de produtos e marcas, a exploração de nichos de mercado, o uso de selos de qualidade e denominações de origem controlada, a comunicação e um grande trabalho nos canais de distribuição (JANK e NEVES, 2003). Com relação às pesquisas acadêmicas na área, deveria ser expandido o número de estudos envolvendo produtos brasileiros, tanto agrícolas quanto manufaturados, para que se pudesse verificar o impacto da imagem do Brasil na formação das atitudes dos compradores internacionais com relação aos produtos brasileiros comercializados em seus países. Dessa forma, poderiam ser sugeridas linhas de ação para a administração correta dos efeitos do país de origem de produtos brasileiros. 54

A importância da imagem do país de origem na internacionalização de produtos brasileiros Ficou claro neste trabalho que tanto pesquisadores quanto gerentes de marketing deveriam estar atentos às influências de variáveis mediadoras do efeito país de origem, particularmente aquelas que operam no nível do consumidor individual, antes de tentarem antecipar um efeito mais geral do país de origem. A especificação dessas variáveis irá melhorar a habilidade de compreender e prever o efeito do país de origem em diferentes grupos de consumidores no mercado. Esse conhecimento pode também levar a decisões de marketing mais eficientes por empresas que precisam lidar com questões relacionadas ao país de origem em suas atividades internacionais de marketing. Além disso, a identificação da forma pela qual a informação sobre o país de origem é processada (atributo extrínseco, halo ou pista-resumo) pode levar à definição de atividades de promoção mais adequadas ao produto. O país de origem é uma importante variável, que pode ser utilizada para influenciar o posicionamento competitivo e o sucesso no ambiente global de negócios. 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGRAWAL, J.; KAMAKARA, W. A. Country of origin: a competitive advantage. International Journal of Research in Marketing, Amsterdam, n. 16, p. 255-267, 1999. ANDERSON, W. T.; CUNNINGHAM, W. H. Gauging foreign product promotion. Journal of Advertising Research, New York, v. 12, n. 1, p. 29-34, Feb. 1972. ASSAEL, Henry. Consumer behavior and marketing action. Boston: PWS-KENT, 1992. AYROSA, E. A. T. Imagem de país: uma escala para avaliar atitudes relativas a países. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, 22, 1998, Foz do Iguaçu. Anais Foz do Iguaçu: ANPAD, 1998. CD- ROOM.. Some Notes on the Development of Research on Country-of-Origin Effects. Arché Internacional, Rio de Janeiro, ano 9, v. 26, 2000. BALABANIS, G.; MUELLER, R.; MELEWAR, T.C. The human values lenses of country of origin images. International Marketing Review, London, v. 19, n. 6, p. 582-610, 2002. BAR TAL, D. Formation and change of ethnic and national stereotypes: an integrative model. International Journal of Intercultural Relations, Amsterdam, v. 21, n. 4, p. 491-523, 1997. BEVERLAND, M. Using country of origin in strategy: the importance of context and strategic action. Journal of Brand Management, London, v. 10, n. 2, p. 147-167, Nov. 2002. BRUCKS, M. The effects of product class knowledge on information search behaviour. Journal of Consumer Research, Gainesville, v. 12, p. 1-16, June 1985. CANLI, Z. G.; MAHESWARAN, D. Cultural variations in country of origin effects. Journal of Marketing Research, Chicago: American Marketing Association, v. 37, n. 3, p. 309-317, Aug. 2000. CHAO, P.; GUPTA, P. B. Information search and efficiency of consumer choices of new cars: country-of-origin effects. International Marketing Review, London, v. 12, n. 6, p. 47-59, 1995. CHAO, P.; RAJENDRAN, K. N. Consumer profiles and perceptions: country-of-origin effects. International Marketing Review, London, v. 10, n. 2, p. 22-39, 1993. CORDELL, V. V. Effects of consumer preferences for foreign sourced products. Journal of International Business Studies, Cleveland, v. 23, n. 2, p. 251-269, 1992. DARLING, J. R.; WOOD, R. V. A longitudinal study comparing perceptions of US and Japanese consumer products in a third/neutral country: Finland, 1975 to 1985. Journal of International Business Studies, Cleveland, v. 21, n. 3, p. 427-450, 1990. DELENER, N. International counterfeit marketing: Success without risk. Review of Business, Jamaica, v. 21, n. 1/2, p. 16-20, Spring 2000. 55

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