I SEMINÁRIO DA REDE INCÊNDIOS-SOLO I SIMPÓSIO IBERO-AFRO-AMERICANO DE RISCOS, INCÊNDIOS FLORESTAIS E TERRITÓRIO UNIVERSIDADE DO ALGARVE FARO 04 a 06/11/2015 UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE GEOGRAFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO COMPLEXO ENERGÉTICO AMADOR AGUIAR, MINAS GERAIS, BRASIL: GESTÃO DE RISCOS, POLÍTICA DE SUSTENTABILIDADE E GOVERNANÇA Investigador: Prof. Me. Hudson Rodrigues Lima Bolsista da CAPES Proc. n. 3121/15-6 Orientador: Prof. Dr. Vicente de Paulo da Silva
PROBLEMÁTICA O modelo de ordenamento do território onde localizam-se Aproveitamentos Hidrelétricos (AHE) é ele próprio um tipo de risco. O risco que se corre em ter o ente privado (Grande Projeto de Investimento Hidrelétrico), como o gestor preferencial do território. O risco de políticas ditas sustentáveis para o ordenamento do território. Os investimentos podem apontar apenas para uma eficiência tecnológica e/ou energética, mas definitivamente não se trata de políticas de sustentabilidade no sentido profundo do conceito/ideia. O tipo top-down de governança do território onde situam-se os AHE, parece demandar cada vez mais um tipo de governança bottom-up como forma de melhor gerir os riscos.
OBJETIVO GERAL Evidenciar o discurso de sustentabilidade nos negócios do Consórcio Capim Branco Energia (CCBE) e nas Prefeituras Municipais e sua territorialização na Área de Entorno do Complexo Energético Amador Aguiar, explicitando-se os riscos no ordenamento do território.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS Compreender as dinâmicas de funcionamento de um Grande Projeto de Investimento Hidrelétrico (GPIH) no que se relaciona à política de segurança das barragens e a identificação de riscos nela presentes; Identificar o tipo de governança do território presente nas relações do Consórcio Capim Branco Energia e do Poder Público Municipal com as comunidades ribeirinhas dos reservatórios das UHE s Amador Aguiar I e II; Analisar os conceitos de desenvolvimento sustentável e de sustentabilidade, na forma como estão sendo apropriados pelas corporações e poder público, particularmente no setor da energia hidrelétrica; Classificar os tipos de Programas adotados pelo CCBE no Complexo Energético Amador Aguiar e suas relações com os riscos;
OBJETIVOS ESPECÍFICOS Demonstrar o tipo de prioridade de investimento do CCBE na Área de Influência do Complexo Energético Amador Aguiar; Analisar o conteúdo dos Planos Diretores dos Reservatórios (PDR) de Capim Branco I e II (Amador Aguiar I e II) e os PDR dos municípios de Araguari e Uberlândia; Avaliar o grau de satisfação da população da Área de Entorno dos reservatórios em relação à atuação do CCBE e das Prefeituras Municipais, e Apontar desafios a serem assumidos pelas comunidades atingidas e afetadas, Poder Público e CCBE, na gestão de riscos e ordenamento do território.
METODOLOGIA Pesquisa documental e bibliográfica. Pesquisa-ação com base em 17 entrevistas/questionários sendo: 1 com ribeirinho de Indianópolis; 8 com ribeirinhos de Araguari (4 de Amador Aguiar I e 4 de Amador Aguiar II) e 8 com ribeirinhos de Uberlândia (4 de Amador Aguiar I e 4 de Amador Aguiar II)
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Território (Raffestin) Territorialização-Desterritorialização- Reterritorialização (Haesbaert) Espaço (Santos e Harvey) Institucionalismo (NSE) (REIS) GPI (Vainer) Sustentabilidade (Perret) Riscos (Lourenço)
O RIO ARAGUARI E OS SEUS APROVEITAMENTOS HIDRELÉTRICOS
O CONSÓRCIO CAPIM BRANCO ENERGIA (CCBE)
A BARRAGEM AMADOR AGUIAR I 210 MW 1 Casa de Força (geração) 2 Túnel de adução d água 3 Vertedouro (barragem) área inundada 46,84 km2. (185 propriedades) 4 Dique de contenção 5 TVR Trecho de Vazão Reduzida
A BARRAGEM AMADOR AGUIAR II 240 MW 1 Vertedouro 2 Casa de Força (geração) 3 Barragem Área inundada 19,70 Km2. (89 propriedades) Os 450 MW de potência do Complexo Energético são suficientes para abastecer uma cidade com 2 milhões de habitantes
ÁREA E MUNICÍPIOS PESQUISADOS
ÁREA DE INFLUÊNCIA DO CEAA
APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO Rio Araguari na área da ponte da BR 050, ligando os municípios de Araguari e Uberlândia, trajeto meândrico do rio, onde hoje existe o reservatório de AA II. Fonte: RODRIGUES, 2007, p.31 Crédito: foto do acervo CCBE.
APROPRIAÇÃO DO ESPAÇO Corredeiras do Funil (hoje debaixo do reservatório do Amador Aguiar I Fonte: RODRIGUES, 2007, p.39 Crédito: acervo do CCBE.
A DESTERRITORIALIZAÇÃO Área desmatada até a cota de 565 metros, onde hoje é o limite da represa de Amador Aguiar II Fonte: CCBE, 2010, p.88
A DESTERRITORIALIZAÇÃO Residência demolida na ADA de Amador Aguiar I Fonte: CCBE, 2010, p.88
A (RE)TERRITORIALIZAÇÃO Detalhe da curva de rio onde localizava a corredeira do funil Crédito: Hudson Rodrigues Lima (2013)
A (RE)TERRITORIALIZAÇÃO Arquitetura de conjunto habitacional urbano em moradia rural na AE do Complexo Energético Assentamento Comunidade Olhos D água Crédito: Hudson Rodrigues Lima (2013)
A (RE)TERRITORIALIZAÇÃO Bar no condomínio de chácaras Mar de Minas, antigo Rio Bonito Crédito: Hudson Rodrigues Lima (2012)
A (RE)TERRITORIALIZAÇÃO Um Cruzeiro da Comunidade da Tenda do Moreno é enraizado em uma rotunda de rodovia municipal e não mais junto à capela, como era no passado Crédito: Hudson Rodrigues Lima (2011)
POLÍTICAS SUSTENTÁVEIS DO CCBE Meio Físico IE FE IE/FE IE = Interno ao Empreendimento FE = Fora do Empreendimento 29% 19% 52% Org.: Hudson Rodrigues Lima (2013)
POLÍTICAS SUSTENTÁVEIS DO CCBE Meio Biótico IE FE IE/FE 28% 66% 6% Org.: Hudson Rodrigues Lima (2013)
POLÍTICAS SUSTENTÁVEIS DO CCBE Meio Socioeconômico IE FE IE/FE 18% 44% 38% Org.: Hudson Rodrigues Lima (2013)
POLÍTICAS SUSTENTÁVEIS DO CCBE Meio Cultural IE FE IE/FE 29% 14% 57% Org.: Hudson Rodrigues Lima (2013)
POLÍTICAS SUSTENTÁVEIS DO CCBE Caráter de aplicação dos Programas IE FE IE/FE 37% 37% 26% Org.: Hudson Rodrigues Lima (2013)
INVESTIMENTOS AMBIENTAIS INVESTIMENTOS AMBIENTAIS R$13.729.532,06 Recursos hídricos 0% 16% 10% TVR 6% 30% Meio Físico Meio Biótico 28% 10% Meio socioeconômico Gerenciamento de riscos Compensações ambientais Org.: Hudson Rodrigues Lima (2013)
POLÍTICAS SUSTENTÁVEIS DO MUNICÍPIO A BASE DE ANÁLISE FOI O PLANO DIRETOR DO MUNICÍPIO, CONSIDERANDO O PLANO DIRETOR DO RESERVATÓRIO (PDR) A situação no município de Araguari A situação no município de Indianópolis A situação no município de Uberlândia
COMUNIDADES DA ÁREA DE ENTORNO DO RESERVATÓRIO Desconhecimento sobre o que seja desenvolvimento sustentável. Insatisfação com a atuação da iniciativa privada e do poder público na Área de Entorno. Dificuldades na organização social das comunidades para enfrentamento com o mundo privado e com o poder público.
AVALIAÇÃO DO CCBE E DA PREFEITURA 17. AA II Araguari 16. AA II Araguari 15. AA II Araguari 14. AAII Araguari 13. AA II Uberlândia 12. AA II Uberlândia 11. AA II Uberlândia 10. AA II Uberlândia 9. AA I Araguari 8. AA I Araguari Nota da Prefeitura Nota do CCBE 7. AA I Araguari 6. AA I Araguari 5. AA I Uberlândia 4. AA I Uberlândia 3. AA I Uberlândia 2. AA I Uberlândia 1. AA I Indianópolis 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Org.: Hudson Rodrigues Lima (2013)
AVALIAÇÃO SOBRE O CCBE AVALIAÇÃO SOBRE O CCBE 6% 18% 35% 0 a 2 ruim 41% 3 a 5 regular 6 a 8 bom 9 e 10 excelente Org.: Hudson Rodrigues Lima (2013)
AVALIAÇÃO SOBRE A PREFEITURA AVALIAÇÃO SOBRE A PREFEITURA 0% 18% 17% 65% 0 a 2 ruim 3 a 5 regular 6 a 8 bom 9 e 10 excelente Org.: Hudson Rodrigues Lima (2013)
CONSIDERAÇÕES FINAIS O tipo de institucionalismo na iniciativa privada e no poder público: conservador, centralizado. O tipo de governança: Top-down. Concepção de sustentabilidade: voltada para os processos de eficiência energética e administrativa. Desconhecimento da população sobre o que seja desenvolvimento sustentável. Dúvidas pesam sobre a responsabilidade privada e pública com as comunidades humana, animal e vegetal. Reprodução social do mundo privado. Dificuldades em se estabelecer estratégias Buttom-up de governança do território. A concepção de sustentabilidade ainda é essencialmente antropocêntrica, distante da ideia ecocêntrica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Indícios dos riscos antrópicos, nomeadamente os riscos tecnológicos face à difícil relação do Poder Público e Grandes Empreendimentos Hidrelétricas (GPIH) com as comunidades e ambientes; Riscos inerentes à construção civil, face ao despreparo do Poder Público e GPIH no investimento e definição clara e pública sobre a gestão dos riscos com relação a alguma anomalia. Riscos sociais face às fragilidades socioeconômicas e culturais a que as comunidades são submetidas. Riscos associados a ecossistemas urbano e rurais, face à desestruturação dos meios físico, biótico, econômicos e culturais das comunidades.
Por vossa atenção!