Parcerias entre a escola e a comunidade: uma análise a partir da avaliação externa das escolas

Documentos relacionados
Projecto Educativo. de Escola

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO PRÉ ESCOLAR. Ano Letivo 2014/ º Período

Promover a articulação curricular através de processos de contextualização.

Lideranças intermédias e articulação curricular como espaço de contextualização. José Carlos Morgado Universidade do Minho

Salário-de-benefício

DE PAR EM PAR. Artigo Nº A João Pedro Pêgo 1(*),Ana Mouraz 2, José M. Martins Ferreira 3, Amélia Lopes 4, José F. Oliveira 5, Isabel Ferreira 6

Plano Anual de Atividades. Serviço de Psicologia e Orientação (SPO) Fernanda Moedas (Psicóloga SPO)

Agrupamento de Escolas de Alhandra, Sobralinho e S.º João dos Montes. Projeto Educativo do Agrupamento Apresentação para Divulgação

Relatório de Atividades. Março/2016 SUZANO - SP

AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE REAL REGULAMENTO OFERTAS EDUCATIVAS ALTERNATIVAS AO ENSINO REGULAR ANEXO II

Argumentar: precisa-se! Ana Mouraz Daniela Pinto

PLANO DE TRABALHO DO PROFESSOR

Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania. 15 setembro 2017

CONTEXTUALIZAÇÃO CURRICULAR: PRINCÍPIOS E PRÁTICAS

TECNOLOGIAS E EDUCAÇÃO na actualidade. > Helga Vieira (ARCO) e Sara Bahía (FPUL)

ARTICULAÇÃO CURRICULAR E TRABALHO COLABORATIVO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

Investigar em Educação: (des)continuidades entre a Academia e as Escolas

PROJECTO DE LEI N.º 1/VIII AUMENTO DO SALÁRIO MÍNIMO NACIONAL

Agrupamento de Escolas Dr. Bissaya Barreto Castanheira de Pera. Plano. Estudos. Desenvolvimento. Currículo

SISTEMA DE INCENTIVOS À I&DT

CATÁLOGO DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

$0,1+$(6&2/$ É5($'(352-(&72. $QR/HFWLYR $7850$'2ž(

4ª Conferência Internacional Educação Financeira Desafios e oportunidades

Galp Energia reduz fatura de eletricidade das empresas com formação gratuita em eficiência energética

O Lugar da Contextualização Curricular nos Discursos Políticos sobre Educação em Portugal

Ocean Business Week. Cláudia Teixeira de Almeida - BPI. 3de Junho de 2016

EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE NO ENSINO BÁSICO

Agrupamento de Escolas de Alhandra, Sobralinho e S. João dos Montes

CMY. Calçada de SantʼAna, Lisboa tel fax:

Transversalidade curricular no ensino básico e novo regime jurídico de habilitação para a docência

"A importância dos factores psicológicos no rendimento desportivo"

2008 Concelho de Ourique

PROCESSO SELETIVO 2012/1 EDITAL UFRGS Nº 1

A CONFLUÊNCIA ENTRE A FORMAÇÃO DO PROFESSOR E O CURRÍCULO: A INCLUSÃO EDUCACIONAL DO ALUNO SURDO.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO ASSESSORIA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS - REITORIA POLÍTICA DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA UFMT.

RELATÓRIO DE CONCRETIZAÇÃO DO PROCESSO DE BOLONHA

Introdução. Évora, 18 de outubro de A Direção da Associação

INTRODUÇÃO. Escola. Comunidade/ Território Local

Plano de Acção 2006/2007. Rede Social Concelho da Lourinhã

PROJETO DO CURSO TÉCNICO DE NÍVEL MÉDIO INTEGRADO EM INFORMÁTICA

Reflexão sobre 4 anos de Direcção da Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade de Évora

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

ORGANIZAÇÃO E GESTÃO CURRICULAR DO AGRUPAMENTO 2013/2014

JUNTOS, MUDAMOS A SAÚDE PARA MELHOR

Para mudar de página, por favor clique num dos cantos.

PLANO MUNICIPAL DE ATRAÇÃO DE INVESTIMENTO

Uma formação dos professores que vai além dos saberes a serem ensinados

J U R I S P R U D Ê N C I A F I S C A L A R B I T R A L ( 3. º E 4. º T R I M E S T R E S D E )

Cidades Analíticas. das Cidades Inteligentes em Portugal

Painel 2: Estatuto da Metrópole, um instrumento de cidadania

APRENDIZAGEM NO SENAI-SP

Novas vestes da União Europeia? O papel do IVA. Clotilde Celorico Palma

As escolas como espaços de desenvolvimento comunitário. Um estudo baseado na experiência de São Tomé e Príncipe

MAPEAMENTO DA SITUAÇÃO EDUCACIONAL DOS SURDOS NA REGIÃO DE ABRANGÊNCIA DO NÚCLEO REGIONAL DE EDUCAÇÃO DO MUNICÍPIO DE IRATI/PR

PROJETO DE DESPORTO ESCOLAR

Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares

Decreto-Lei Nº 6/2001 de 18 de Janeiro - Novos currículos do ensino básico

CURRICULUM VITAE. Árbitro da Câmara de Recurso e da 1ª Instância no Tribunal Arbitral do Desporto;

REGIÃO AUTÓNOMA DOS AÇORES

Horário de Aulas Fundamental II

Agrupamento de Escolas de Pinheiro Manual de Supervisão Pedagógica INTRODUÇÃO

PROGRAMAS DE JUVENTUDE NO MUNICÍPIO RIO DE JANEIRO BRENNER

ISAL - por José Quaresma (director geral do ISAL)

Índice. Contacto G R Ü N E N T H A L S. A. D O S S I E R D E I M P R E N S A Informação Geral Perfil da empresa...

EXPLICOLÂNDIA NEWSLETTER

Cooperação Portugal Cabo Verde,

Conheça as quatro candidaturas ganhas pelo Município do Seixal ao QREN - Quadro Comunitário de Apoio 2007/2013.

A LEI DE BASES DA ECONOMIA SOCIAL (LBES) PALAVRAS-CHAVE: Lei de Bases Economia Social Princípios estruturantes - CRP Princípios orientadores - LBES

CONTRIBUIÇÕES DO PROGRAMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DO ENSINO BÁSICO

Programas Saúde na Escola e Mais Educação: O Compromisso da Educação com o PNAE

CONTRIBUTOS PARA UMA AVALIAÇÃO DA GESTÃO FLEXÍVEL DO CURRÍCULO NO ENSINO DAS CIÊNCIAS FÍSICAS E NATURAIS NO 3º CICLO

8096/15 jnt/pbp/ms 1 DG E - 1 C

Projecto MIMAR O SOLAR

Recensão bibliográfica Dezembro de 2013

Caros Amigos, Colegas e Membros da Sociedade Portuguesa de Medicina Desportiva,

UNIVERSIDADE LUSÍADA DE LISBOA. Programa da Unidade Curricular INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA Ano Lectivo 2012/2013

PROGRAMAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA NO CURSO DE PEDAGOGIA: A RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA E UNIVERSIDADE E ESCOLA

RELATÓRIO FINAL DA COMISSÃO DE ANÁLISE E CLASSIFICAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES PROPONENTES REFERENTE AO EDITAL Nº 02/2013/SERES/MEC

Plano de Articulação Curricular

Convite: Natal no Frei 3º CICLO. Num Externato de orientação

Novas tendências no relato de sustentabilidade: GRI G4 e Relatório Integrado

Irene Santos Diretora Pedagógica da Didáxis Cooperativa de Ensino

publicado no DOE de 09/05/2013 PARECER CEE/PE Nº 06/2013 -CES APROVADO PELO PLENÁRIO EM 18/02/2013

Matriz Curricular. Natureza Disciplinas. Àrea de. 1º semestre. Formação

PROJETO CURRICULAR DE AEMB - DEPARTAMENTO PRÉ ESCOLAR DEPE 2013/2017

Portal Mobilidade e Transportes

Base Curricular Nacional Comum e o Livro Escolar do Futuro. Prof. Dra. Elda Gomes Araújo 23 de agosto de 2014

I ENCONTRO DE PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NOS CURSOS DE LICENCIATURA LICENCIATURA EM PEDAGOGIA: EM BUSCA DA IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO

Instituto Politécnico de Portalegre Escola Superior de Saúde de Portalegre

Estratégia Nacional de Educação para o Desenvolvimento. Documento de Apoio: Desagregação das medidas e das tipologias de atividades

7 Referências Bibliográficas

11) Incrementar programas de mobilidade e intercâmbio acadêmicos. Propiciar a um número maior de discentes a experiência de interação

Inovação substantiva na Administração Pública

EDUCAÇÃO ESPECIAL RESPOSTAS EDUCATIVAS

Separata BTE, n.º 14, 21/8/2015 SEPARATA. N. o agosto 2015

Transcrição:

Projeto Avaliação Externas das Escolas do Ensino Não Superior: Efeitos e Impactos (AEEENS) Parcerias entre a escola e a comunidade: uma análise a partir da avaliação externa das escolas Preciosa Fernandes (FPCEUP, preciosa@fpce.up.pt) Carlinda Leite (FPCEUP, carlinda@fpce.up.pt) Ana Mouraz (FPCEUP, anamouraz@fpce.up.pt Marta Sampaio (FPCEUP, msampaio@fpce.up.pt) Sumário 1. Pressupostos 2. Objetivos 3. Metodologia 4. Apresentação dos Resultados 5. Conclusões 6. Referências bibliograficas 1

Pressupostos O movimento de territorialização da educação que em Portugal emergiu no final da década de oitenta do século XX abriu caminho para uma maior articulação das escolas com as instituições locais e para a atribuição de (maiores) responsabilidades (Leite, 2005: 16) aos atores locais com vista a uma educação de melhor qualidade. A ideia da educação como responsabilidade social (Leite, 2003), que a este movimento está associada, tem subjacente o princípio de que a melhoria da educação se constrói no interior da escola, com os profissionais que nela trabalham e que, coletivamente, se comprometem com a mudança (Bolivar, 2007, Leite & Fernandes, 2007) mas, também, no seu exterior, através da relação que estabelece com os parceiros locais. objetivos Cartografar o volume de relatórios de 40% de escolas/agrupamentos avaliados nos 1º e 2º ciclos de avaliação externa, das zonas norte e centro, que fazem referência, no domínio Prestação de Serviço Educativo, a parcerias escola-comunidade Situar esses relatórios face às classificações mais altas e mais baixas Inventariar áreas de parcerias estabelecidas entre a escola e comunidade. Compreender de que forma são construídas as parcerias escolacomunidade e quais as suas vantagens na melhoria da qualidade da formação que as escolas/agrupamentos oferecem aos seus alunos 2

Metodologia Análise de 40% dos relatórios de escolas/agrupamentos avaliados nos 1º e 2º ciclos de avaliação externa (n=104 relatórios, correspondentes a um total de 130 escolas) A análise recaiu sobre o domínio Prestação de Serviço Educativos e nos relatórios com referências a Parcerias escola-comunidade educativa (dimensão de análise) Dados sobre -total de relatórios -total de relatórios com classificações mais altas e classificações mais baixas; - focos das parcerias; -áreas das parceria Recorreu-se à técnica de análise de conteúdo, com apoio do programa Nvivo10 Apresentação dos resultados 3

Parcerias escola-comunidade Relatórios com referências a parcerias escola-comunidade 80 70 Relatórios por zonas 67 60 51 52 50 40 36 30 20 1º ciclo 2º ciclo 10 0 Relatórios Centro Relatórios Norte Parcerias escola-comunidade - Classificações dos relatórios Classificações + baixas 52 Classificações + altas 51 50 51 51 52 52 53 4

Focos das parcerias escolas-comunidade 60 50 1º ciclo 2º ciclo 48 40 38 30 29 31 27 20 17 10 0 Alargamento da Oferta Formativa Desenvolvimento e Inovação Projetos/Parcerias nacionais e/ou internacionais Alargamento da oferta formativa 70% 60% 58,3% 24 (em 52) 50% 40% 36,8% 24 23,5 23 22,5 22 (em 51) 22 30% 21,5 21 20% 10% Classificações + altas Classificações + baixas 0% Zona Norte Zona Centro 5

Desenvolvimento e Inovação 35 32 (em 51) 30 26 (em 52) 55,9% 25 20 15 55,6% 10 5 55% 55% Norte Centro 0 classificações mais altas classificações mais baixas Projetos/Parcerias nacionais e/ou internacionais 88% 86% 86,8% 45 43 (em 51) 43 (em 52) 84% 40 82% 35 80% 30 78% 25 76% 74% 75,0% 20 15 10 72% 5 70% 68% Norte Centro 0 classificações mais altas classificações mais baixas 6

Áreas parcerias/ciclos de avaliação 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% Artes Científico Desporto Equip./Ser. Educativos Família Form./Dese n. Prof. Saúde Serviços de Psicologia 1º CICLO 20% 62% 46% 75% 64% 70% 68% 73% 60% 2º CICLO 80% 38% 54% 25% 36% 30% 32% 18% 40% Social Áreas parcerias por zonas 7

Áreas parcerias/classificações Conclusões A análise permitiu concluir que: Dos 104 relatórios, 103 fazem referência a parcerias escolacomunidade; As escolas/agrupamentos apresentam um elevado nº de parcerias com instituições locais - o número é superior no 1º ciclo de avaliação. O maior número de parcerias, nos 1º e 2º ciclos, situa-se no foco projetos/parcerias nacionais e/ou internacionais, seguido do foco desenvolvimento e formação. As áreas em que são referenciadas mais parcerias, nos 1º e 2º ciclos, são que as visam a formação/desenvolvimento profissional dos alunos e são mais evidentes em relatórios de avaliação da zona centro; A área onde são menos evidentes as referências é na área científica em proximidade com a área do desporto, mas estas últimas em relação inversa do 1º para o 2º ciclo; 8

Conclusões A análise qualitativa (que estamos ainda a realizar) permitiu, para já, perceber que as parcerias são reconhecidas por favorecerem dinâmicas enriquecedoras da formação dos alunos. Essas parcerias contribuem para a valorização da escola na comunidade, sendo reconhecido o seu contributo para o desenvolvimento local. Referências bibliográficas BOLÍVAR, António (2007). Um olhar actual sobre a mudança educativa: onde situar os esforços de melhoria?, in LOPES, Amélia e LEITE, Carlinda (org.). Currículo, Escola e Formação de Identidades. Porto: Edições Asa, pp.15-50. LEITE, Carlinda (2003). Para uma escola curricularmente inteligente. Porto: Edições ASA. LEITE, Carlinda (2005). A territorialização das políticas e das práticas educativas, in LEITE, Carlinda (Org). Mudanças curriculares em Portugal. Transição para o século XXI, Porto: Porto Editora, pp. 15-32. LEITE, Carlinda e FERNANDES, Preciosa (2007). A organização das escolas por Agrupamentos de uma autonomia prometida a uma prática comprometida, in LEITE, Carlinda e LOPES Mª Amélia (org.). Escola, Currículo e Formação de Identidades. Porto: Edições Asa, pp. 51-72. 9