Os efeitos do treinamento de força em indivíduos obesos e com sobrepeso: um estudo de revisão



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Transcrição:

1 Artigo Cientifico de Revisão - Fisiologia do Exercício Os efeitos do treinamento de força em indivíduos obesos e com sobrepeso: um estudo de revisão Tuanny Caetano de Abreu Costa ¹ Giulliano Gardenghi ² Resumo A ocorrência da obesidade e sobrepeso, ocasionada na maioria das vezes pelos maus hábitos alimentares e estilo de vida sedentário, tem sido considerada epidemia mundial. Dentre as formas de tratamento dessa doença, está a prática regular do Exercício físico, o que comporta o treinamento de força. Nesse sentido, o objetivo do presente trabalho foi relatar os benefícios do treinamento de força na prevenção e no tratamento da obesidade e sobrepeso, além de apresentar também relação importante no tratamento de demais doenças crônicas não transmissíveis como a diabetes mellitus tipo II, a hipertensão arterial e a dislipidemia, a fim de relativizar a importância do treinamento de força na atenuação das alterações metabólicas de indivíduos com síndromes metabólicas. Trata-se de um estudo sistemático de revisão. Observou-se que há poucos estudos em relação a prescrição do treino de força para indivíduos obesos e com sobrepeso e com demais doenças crônicas não transmissíveis. Entretanto são vários os autores que defendem o treinamento com pesos para perda de gordura corporal e também para tratamento e prevenção de síndromes metabólicas, no entanto, evidencias sugerem que quando praticado de forma bem orientada, contribui de maneira significativa para o ganho de massa magra, diminuição da frequência cardíaca, diminuição dos níveis séricos de hemoglobina glicada e diminuição dos lipídeos plasmáticos. Podendo assim contribuir de forma eficaz para complementar o tratamento e prevenção da obesidade e de demais síndromes metabólicas correlacionadas.

2 Abstract The occurrence of obesity and overweight, most often caused by poor eating habits and sedentary lifestyle, has been regarded worldwide epidemic. Among the forms of treatment of this disease is the regular practice of physical exercise, which involves strength training. In this sense, the objective of this study was to report the benefits of strength training in the prevention and treatment of obesity and overweight, and also present important relationship in the treatment of other chronic non-communicable diseases such as diabetes mellitus type II, hypertension and dyslipidemia in order to relativize the importance of strength training in mitigating metabolic abnormalities in individuals with metabolic syndrome. This is a systematic review of the literature. It was observed that there are few studies regarding the prescription of strength training for obese and overweight and other chronic noncommunicable diseases. However there are several authors who advocate weight training for body fat loss and also for treatment and prevention of metabolic syndrome, however, evidence suggests that when practiced well targeted, contributes significantly to gain lean mass, decreased heart rate, decreased serum levels of glycated hemoglobin and decreased plasma lipids. Could also contribute effectively to complement the treatment and prevention of obesity and other metabolic syndromes correlated. 1. Graduada em Educação Física, Pós-graduando em Fisiologia do Exercício: Treinamento a reabilitação peloceafi Pós-graduação/GO. 2. Fisioterapeuta, Doutor em Ciências pela FMUSP, Coordenador Técnico do Instituto Movimento de Reabilitação Especializada/GO, Coordenador Científico do Serviço de Fisioterapia do Hospital ENCORE/GO, Coordenador Científico do CEAFI Pós-graduação/GO e Coordenador do Curso de Pós-graduação em Fisioterapia Hospitalar do Hospital e Maternidade São Cristóvão São Paulo/SP. Introdução A obesidade, doença integrante do grupo de Doenças Crônicas Não- Transmissíveis, é o acúmulo excessivo de gordura corporal em extensão tal, que

3 acarreta prejuízos à saúde dos indivíduos¹e vem crescendo de modo intenso no mundo todo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o número de obesos entre 1995 e 2000 passou de 200 para 300 milhões, perfazendo quase 15% da população mundial. Estimativas mostram que, em 2025, o Brasil será o quinto país no mundo a ter problemas de obesidade em sua população. Assim, a obesidade é considerada, em países desenvolvidos e em desenvolvimento, um importante problema de saúde pública, e para a OMS, uma epidemia global ². De acordo com diversas pesquisas muitas doenças contemporâneas estão associadas ao excesso de gordura corporal, como as doenças cardiovasculares, renais, digestivas, diabetes, problemas hepáticos e ortopédicos. Nahas, 2001; Pollock e Wilmore, 1993; Paffenbarger et al, 1986; Heyward e Stolarczyk, 2000; Nieman, 1999 afirmam que a incidência dessas doenças é duas vezes maior entre os homens obesos e quatro vezes maior entre as mulheres obesas, quando comparados à população não obesa ³. Por esse motivo, o aumento no número de indivíduos com sobrepeso e obesos e sendo esta condição um fator de risco para patologias importantes, é necessário considerar a prática do exercício físico como relevante e até fundamental para este grupo. No entanto ainda hoje a maioria das pesquisas privilegiam o exercício aeróbio como principal meio de atingir o emagrecimento, porém Fleck e Kraemer (2006), citado por José Nunes da Silva Filho, confirmam que o treinamento de força vem contribuir de forma significativa para a redução da porcentagem de gordura corporal, já que há uma elevação do metabolismo devido aumento da massa muscular, contudo há um aumento no gasto energético consequente da oxidação de calorias. Nesse sentido, fundamentou-se na revisão narrativa da literatura cientifica sobre o tema, com pesquisa realizada em artigos, livros e diretrizes nacionais e internacionais, objetivando buscar informações sobre os efeitos do treinamento de força para indivíduos com sobrepeso e obesidade com o intuito de auxiliar no emagrecimento e consequentemente benefícios à saúde. Obesidade Atualmente a obesidade vem sendo considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) um dos maiores problemas de saúde pública do mundo, afetando

4 tanto países desenvolvidos quanto em desenvolvimento. Dados do CONFEF 2012 mostram que no Brasil de acordo com o IBGE 30% das crianças entre 05 e 09 anos de idade se encontram mensurados na categoria sobrepeso, cerca de 20% da população entre 10 e 19 anos, 48% das mulheres e nada menos que 51,1% dos homens acima de 20 anos também se encontram inseridos nessa categoria. O National Insttitute of Health apud Gentil,2011 caracteriza o indivíduo como obeso quando a quantidade de tecido adiposo aumenta numa proporção capaz de afetar a saúde física e psicológica, diminuindo a expectativa de vida. Para se identificar se um indivíduo pode ser classificado como sendo obeso foi estabelecido O Índice de Massa Corporal (IMC) que é obtido pela divisão da massa corporal (em quilogramas) pela estatura (em metros ao quadrado), sendo esse um indicador apropriado para avaliação do estado nutricional de adultos. Dessa forma, de acordo com a OMS são classificadas como obesas as pessoas que apresentaram IMC igual ou superior a 30 kg/m2 e com sobrepeso aquelas com IMC entre 25 e 30 kg/m2. A ausência de atividade física regular e os novos hábitos alimentares decorrentes das diversas mudanças impostas pela tecnologia e pela estrutura das sociedades têm contribuído para um comportamento excessivamente sedentário o que na maioria dos casos gera um aumento na prevalência da obesidade e concomitantemente o possível desencadeamento de patologias importantes como hipertensão, problemas cardíacos, neoplasias, disfunções endócrinas, disfunção da vesícula biliar, problemas pulmonares, artrites e diabetes mellitus tipo II 4. Contudo muitos estudos relatam possíveis maneiras de se reduzir da gordura corporal o que acarreta em melhora da qualidade de vida e diminuição dos riscos dessas doenças. Se um indivíduo for exageradamente obeso (obesidade mórbida) provavelmente precisará de tratamento medicamentoso, cirúrgico, psicológico ou uma mistura destes. Contudo pessoas com sobrepeso ou obesidade podem ter intervenções não farmacológicas como mudança do estilo de vida, busca por hábitos saudáveis, controle nutricional e exercício físico. Treinamento de força e obesidade A pratica regular de exercício físico para Dengel, Hagberg, Pratley, Rogus & Goldberg, 1998é de grande relevância na prevenção e tratamento da obesidade e de várias outras doenças, como o diabetes e as doenças cardiovasculares 5.

5 Tanto o exercício aeróbio quanto o treinamento de força vem se apresentando como importante precursor de saúde e qualidade de vida, sendo utilizado de forma incontestável no tratamento e na prevenção de várias doenças sistêmicas ou não, dentre elas a obesidade. Entretanto um conceito tem sido comum em praticamente todos os programas de emagrecimento: a prescrição de atividades aeróbias, principalmente as de baixa intensidade e longa duração 6, o que faz com que o treinamento de força ainda esteja sendo pouco difundido como método essencial no combate a obesidade e sobrepeso. Para WINETT e CARPINELLI, 2001 o treinamento de força consiste em um método de treinamento que envolve a ação voluntária do músculo esquelético contra alguma forma externa de resistência, que pode ser provida pelo corpo, pesos livres ou máquinas 7, e este vem cada vez mais sendo indicado pelos estudiosos pois, de acordo com SANTARÉM, 2012, além de induzir o aumento de massa muscular, a musculação contribui para a aptidão física, melhora da capacidade metabólica, estimulando a redução da gordura corporal; aumento de massa óssea, leva a mudanças extremamente favoráveis na composição corporal; propiciam as adaptações cardiovasculares necessárias para os esforços curtos repetidos e relativamente intensos; e melhoram a flexibilidade e a coordenação, além de contribuir para evitar quedas em pessoas idosas 8. Com relação a obesidade, vários estudos estão sendo desenvolvidos com o intuito de verificar a contribuição do treinamento de força como auxiliador no combate a obesidade, já que evidenciou-se que mudanças nos hábitos de vida, dieta balanceada, hábitos saudáveis e exercício físico podem evitar que indivíduos obesos necessitem de tratamentos fármacos. O treinamento de força pode gerar várias adaptações fisiológicas no individuo pois além de mudanças em relação a força acarreta também alterações na composição corporal com aumento de massa muscular e diminuição do percentual de gordura corporal. Portanto TORTORA, 2006 afirma que o treinamento resistido não resulta somente em músculos mais fortes, também contribui para o aumento da resistência óssea, e o estímulo provocado por esse treinamento faz com que aumente a massa corporal magra, consequentemente aumentando a taxa de metabolismo basal em repouso 9.

6 Santarém, 2012 apud Silva Filho, 2013 afirmam que o metabolismo basal é responsável por 70% do gasto calórico, devido fazer parte das calorias destinadas para manter as funções celulares de todo organismo, portanto é evidente que elevando a taxa de metabolismo basal, o gasto calórico também se elevará, contribuindo assim para o emagrecimento Sendo assim percebe-se que os principais fatores que contribuem para redução do peso é a manutenção da taxa metabólica de repouso e o aumento do consumo de energia pós-exercício, o EPOC. MEIRELLES; GOMES, 2004 em seus estudos demonstram que após o fim do exercício o consumo de oxigênio permanece acima dos níveis de repouso por um determinado período de tempo, proporcionando maior gasto energético durante esse período 7. HAUSER et. al (2004), cita que pesquisas apontam que exercícios realizados em maior intensidade são mais efetivos no metabolismo de gordura por proporcionarem um gasto energético durante e após a sessão de treino 9. Banz et al. (2003) compararam os efeitos de 10 semanas de treinamento de força e aeróbio em homens obesos com síndrome metabólica 6. O treinamento de força envolveu três series de 10 RM em 8 exercícios. O treino aeróbio consistia em sessões de 40 minutos a 85% da FCM. Ambos os treinos foram realizados 3 vezes por semana. De acordo com os resultados, os grupos obtiveram reduções similares na relação cintura-quadril, mas apenas o treinamento de força induziu reduções no percentual de gordura e ganhos na massa magra. Também Póvoas, Campos e Navarro (2007) apud Silva Filho (2013) em um estudo de dez semanas com um adolescente obeso de dezesseis anos feito por que utilizaram de um treinamento de força (TF) sem restrição alimentar, provocou no avaliado, uma redução de 3,40% na gordura corpora. E Dutra, Nied e Liberali (2008), acompanhando dezoito homens durante três meses, colhe resultados magníficos no que se refere a perda de gordura corporal através do TF, chegando a redução de 19,08% e para frisando ainda mais o quão é saudável o TF para o emagrecimento, o grupo ainda elevou em 1,47% a massa magra. Além das adaptações fisiológicas já citadas, o treinamento de força pode apresentar aspectos preventivos e terapêuticos no que se refere ao controle de sobrepeso e obesidade, acarretando maior qualidade de vida.

7 Efeitos do treino de força em fatores de risco aplicados ao obeso O exercício físico cada vez mais vem ganhando espaço nas medidas não farmacológicas para o tratamento e prevenção da obesidade e outras doenças crônicas não transmissíveis, como a hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus tipo II (DMII) e a dislipidemia. A correlação de três ou mais dessas morbidades constitui a síndrome metabólica que é um grupo de fatores de risco cardiovascular, o qual é responsável por um elevado índice de mortalidade mundial. Portanto torna-se necessário uma breve analise das doenças relacionadas a obesidade e ao sobrepeso e como o treinamento de força pode auxiliar no tratamento de cada uma das mencionadas. Com relação a diabetes mellitus tipo II ou não insulino-depentente, CHIAPPA et al (2006) a caracteriza como um outro tipo de diabetes em que é diagnosticada geralmente após os 30 anos de idade, esse é bastante comum, corresponde cerca de 90% dos diabéticos encontrados. Neste tipo de diabetes, o pâncreas secreta insulina; na verdade, o nível de insulina no sangue pode ser normal ou até excessivo, mas o corpo não responde adequadamente à ação da insulina devido a uma anormalidade frequentemente chamada de resistência à insulina ou sensibilidade reduzida à insulina 10. Os primeiros sintomas apresentados são muita sede, vontade de urinar várias vezes, machucados que demoram a cicatrizar fome exagerada, são alguns evidencia da possível doença, um fator curioso é que na maioria dos casos o paciente diabético tem acompanhado junto da diabete obesidade ou doenças cardíacas que novamente demonstra o sedentarismo como um dos propulsores da doença. (SBD, 2007) 11. Uma estratégia a ser utilizada além da adoção de um estilo de vida mais saudável é o treinamento resistido que se aplicado de forma correta pode amenizar os sintomas negativos provocados pela DMII. Segundo Alonso et al (2006) o exercício físico desempenha um importante papel para o portador de DMII, pois este pode promover a diminuição dos fatores de risco para o desenvolvimento desta doença, como também, no seu tratamento 12, já que o treinamento físico tende a melhorar a taxa de eliminação de glicose, aumentar a capacidade de estoque de glicogênio, aumentar receptores GLUT 4 no músculo, aumentar a

8 sensibilidade à insulina e normalizar a tolerância à glicose 13. Outra doença crônica não transmissível correlacionada a obesidade é a hipertensão arterial sistêmica (HAS) que segundo III CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSÃO ARTERIAL (1998) é o que estabelece uma situação clinica multifatorial e reconhecida como síndrome por relacionar os níveis tencionais elevados a alterações metabólicas, hormonais e por associação fenômenos trágicos como hipertrofia cardíaca e vascular 14, sendo um do principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares as quais são responsáveis por inúmeros casos de mortalidade em todo o mundo. Dentre as inúmeras complicações decorrentes da hipertensão arterial sistêmica estão as doenças cerebrovascular, doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, insuficiência renal crônica e doença vascular de extremidades 15. E o tratamento para controle da HAS inclui além da utilização de medicamentos, a restrição de sal, consumo moderado, de álcool, redução de peso, a modificação de hábitos de vida e a pratica de exercício físico. Embora o exercício aeróbio seja mais estudado e divulgado entre os indivíduos hipertensos o exercício resistido vem alcançando inúmeras conquistas em relação a manutenção ou até mesmo diminuição da pressão arterial. O Colégio Americano de Medicina do Esporte recomenda que o treinamento de força deve ser executado com baixa resistência e alto número de repetições. Uma das recomendações mais importantes que o ACSM faz é de que a Manobra de Valsalva (MV) deve ser evitada, em razão de potencial risco de acidente vascular cerebral devido ao aumento da pressão arterial. Os efeitos do treinamento de força sobre os fatores de risco da síndrome metabólica Estudos ainda demonstraram que 12 semanas de treinamento de força promoveram reduções significativas na PAS, PAM e no DP de repouso em idosas hipertensas controladas. Além disso, é importante destacar que não ocorreu nenhum efeito adverso durante as sessões de treinamento de força, o que demonstrou a segurança desse tipo de treinamento para a população hipertensa 16. A obesidade ou o aumento da gordura corporal, principalmente a visceral, tem sido cada vez mais associada também a dislipidemia que consiste em um quadro clínico caracterizado por concentrações anormais de lipídios ou lipoproteínas no sangue. Sabe-se que a dislipidemia é determinada por fatores

9 genéticos e ambientais 17. Portanto mudanças no estilo de vida e exercícios físicos são também recomendados para sua prevenção e tratamento. O treinamento de força ainda é pouco estudado em relação a dislipidemia, o que contribui para o surgimento de uma série de questionamentos em relação a sua eficácia. Entretanto Elliot et al. (2002) estudaram os efeitos de 8 semanas de treinamento resistido de baixa intensidade no perfil lipídico de 15 mulheres sedentárias na pós-menopausa. O programa de treinamento consistia de três séries, com oito repetições com intensidade equivalente a 80% de 10 RM. Os resultados mostraram que não houve mudanças significativas no perfil lipídico após o treinamento de força 13. De uma forma geral, os mecanismos pelos quais os exercícios físicos induzem alterações nos níveis sanguíneos de lipídios incluem redução da massa e da gordura corporal, mudanças na distribuição da gordura corporal e na atividade de enzimas que regulam o metabolismo das lipoproteínas. Sendo que estas alterações são observadas tanto em indivíduos sedentários, quanto em fisicamente ativos ou atletas, e até mesmo em diabéticos tipo 2. Destarte podemos concluir que a maioria das publicações demonstra a eficiência dos exercícios aeróbios na melhora do perfil lipídico 18. Podemos concluir portanto que o aumento da força muscular por meio do treinamento de força parece ter efeito benéficos na síndrome metabólica. Senda assim o pratica de exercícios de força aparentemente agi de modo positivo sobre o controle dos fatores de risco de doenças crônicas não transmissíveis, como a obesidade, diabetes mellitus tipo II, hipertensão arterial sistêmica e dislipidemia. Conclusão Diversas pesquisas vêm mostrando o benefício da utilização do treinamento de força para a prevenção, mas sobre tudo para o auxílio no tratamento da obesidade, já que esta tem afetado, a cada dia, mais indivíduos, além de outras doenças crônicas não transmissíveis correlacionadas. As adaptações fisiológicas acarretadas pela prática, bem orientada, do treinamento com pesos por parte dos indivíduos obesos vem sendo cada dia mais bem evidenciadas pelos estudos, mostrando que estes contribuem para redução do peso é a manutenção da taxa metabólica de repouso e o aumento do EPOC.

10 Ademais, a prática regular de exercícios atua como uma forma de prevenção para complicações que a obesidade pode acarretar ao indivíduo como o aparecimento de doenças cardiovasculares, hipertensão e até diabetes mellitus tipo II, dentre outras. Todavia se fazem necessárias mais pesquisas que visem conhecer novos dados acerca dos efeitos que o treinamento de força pode proporcionar em indivíduos obeso ou com sobrepeso. Referências 1Pinheiro, ARO; Freitas, SFT; Corso, ACT. Uma abordagem epidemiológica da obesidade. Rev. Nutr ;17(4):523-533, out.-dez.2004 2Romero, CEM; Zanesco, A. O papel dos hormônios leptina e grelina na gênese da obesidade. Rev. Nutr. vol.19 no.1 Campinas Jan./Feb. 2006 3 Añez, CRR; Petroski, EL. O exercício físico no controle do sobrepeso corporal e da obesidade. Revista Digital - Buenos Aires - Año 8 - N 52 - Septiembre de 2002 4FRANCISCHI, RPP; PEREIRA, LO; FREITAS, CS; KLOPFER, M; SANTOS, RC; VIEIRA, P; LANCHA JÚNIOR, AH. Obesidade: atualização sobre sua etiologia, morbidade e tratamento. Rev. Nutr., Campinas, 13(1): 17-28, jan./abr., 2000 5FRANCISCHI, PR; PEREIRA, LO; LANCHA JUNIOR, AH. Exercício, comportamento alimentar e obesidade: revisão dos efeitos sobre a composição corporal e parâmetros metabólicos. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, 15(2): 117-40, jul./dez. 2001 6GENTIL, P. Emagrecimento: Quebrando mitos e mudando paradigmas. Editora Sprint, 2ª edição 7GUILHERME, JPLF; JUNIOR, TPS. Treinamento de força em circuito na perda e no controle do peso corporal. Revista Conexões v. 4, n. 2, 2006 8SILVA FILHO, JN. Treinamento de força e seus benefícios voltados para um emagrecimento saudável. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.7, n.40, p.329-338. Jul/Ago. 2013. ISSN 1981-9900. 9 SOUZA, LR; BOSSI, LC. Treinamento resistido versus aeróbio: influência na composição corporal feminina 20-30 anos. Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 172, Septiembre de 2012

11 10DANILO, DPM; MATTOS, MS; HIGINO, WP. Efeitos do treinamento resistido em mulheres portadoras de diabetes mellitus tipo II. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, Vol. 11, No 2 (2006) 11BOAVENTURA, RM; NEVES, WS. Os Efeitos do Treinamento de Força para Diabéticos tipo 2. Faculdade de Educação Física de Sorocaba (ACM), Sorocaba, Brasil. 12 BORGES, GA; ARAÚJO, SF; CUNHA, RM. Os benefícios do treinamento resistido para portadores de diabetes mellitus tipo II. Revista Digital. Buenos Aires, Año 15, Nº 151, Diciembre de 2010. 13 GUTTIERRES, APM; MARINS, JCB. Os efeitos do treinamento de força sobre os fatores de risco da síndrome metabólica. Rev Bras Epidemiol 2008; 11(1): 147-58 14 KLEVERTON KRINSKI, K; ELSANGEDY, HM; GORLA, JI; CALEGARI, DR. Efeitos do exercício físico em indivíduos portadores de diabetes e hipertensão arterial sistêmica. Revista Digital - Buenos Aires - Año 10 - N 93 - Febrero de 2006 15 V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. 16TERRA, DF; MOTA, MB; RABELO, HT; BEZERRA, LMA; LIMA, RM; RIBEIRO, AG; VINHAL, PH; DIAS, RMR; SILVA, FMS.Redução da Pressão Arterial e do Duplo Produto de repouso após treinamento resistido em idosas hipertensas. Arq Bras Cardiol 2008; 91(5) : 299-305. 17FRANCA, E; ALVES, JGB. Dislipidemia entre crianças e adolescentes de Pernambuco. Arq. Bras. Cardiol. vol.87 no.6 São Paulo Dec. 2006. 18 CAMBRI, LT; SOUZA, M; MANNRICH, G; CRUZ, RO; GEVAERD, MS. Perfil lipídico, dislipidemias e exercícios físicos. Rev. bras. cineantropom. desempenho hum;8(3), set. 2006.