O Ensino Superior e o alargamento a novos públicos: as perceções dos estudantes sobre os cursos online



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Transcrição:

O Ensino Superior e o alargamento a novos públicos: as perceções dos estudantes sobre os cursos Resumo Domingos Martinho Instituto Superior de Línguas e Administração de Santarém, Santarém, Portugal domingos.martinho@unisla.pt Idalina Jorge Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal iijorge@ie.ul.pt Este trabalho teve por objetivo identificar as perceções dos estudantes do ensino superior sobre o ensino, tentando-se perceber como é que encaram o e-learning para a continuação dos estudos. Os resultados obtidos revelam que os estudantes manifestam algumas reticências sobre o ensino mas, ao mesmo tempo, estão disponíveis para no futuro virem a optar por esse tipo de ensino, reconhecendo o impacto positivo que poderá ter na melhoria das suas qualificações e no desenvolvimento da sua carreira profissional. Concluiu-se que os estudantes valorizam, em primeiro lugar, a redução de custos e a flexibilidade na gestão do tempo. Palavras chave: aprendizagem ao longo da vida, ensino, ensino superior, flexibilidade. Abstract This study aimed at identifying the perceptions of university students about learning and collecting their opinions about choosing learning to continue their postgraduation studies. The results indicate that the students show some reluctance about learning, though they seem to accept this modality in the future and recognize the its positive impact in their personal and career development. As for learning, the students value the cost reduction and time flexibility mostly. Key Words: flexibility; higher education; lifelong learning, learning. Atas do LIC 12 Lusófona International Congress 08 a 10 de Novembro, Vila Nova de Gaia, Portugal

1. Introdução Em Portugal, existe cerca um milhão e meio de adultos com formação secundária que pode beneficiar com iniciativas de aprendizagem ao longo da vida (Hasan, Bielschowsky, Laaser, Mason, & Sangra, 2009), para quem é imprescindível criar condições que lhes permitam a frequência do ensino superior em condições mais flexíveis e adaptadas às suas necessidades. Neste contexto, as instituições de ensino superior (IES) tem necessidade de refletir sobre o seu papel, as estratégias e práticas educativas, investindo no alargamento da sua oferta formativa, assegurando que a mesma se constitui em verdadeiras oportunidades de aprendizagem ao longo da vida (Pires, 2008). O ensino, parcial ou totalmente, pelas suas caraterísticas de flexibilidade e capacidade para ultrapassar as barreiras temporais e espaciais, pode constituir um excelente recurso para criar essas condições de aprendizagem possibilitando o alargamento da oferta das IES portuguesas (Hasan et al., 2009; Gomes, 2006). Todavia, como referem Yulianti, Lund e Muller-Christ (2011), a utilização de soluções de ensino nas IES é ainda muito básica, ineficaz e o seu potencial necessita de ser explorado em toda a sua plenitude. As estratégias a adotar para essa melhoria devem ter em conta que, no momento de escolher o ensino, os estudantes adultos valorizam sobretudo aspetos práticos, tais como: facilidade de acesso, a flexibilidade e a inexistência de constrangimentos relacionados com o tempo e o lugar (Gaytan & McEwen, 2007; Goldsmith, Snider, & Hamm, 2010; Song, Singleton, Hill, & Koh, 2004). Smart e Cappel (2006) concluíram que as experiências prévias de frequência de cursos, afetam a decisão dos estudantes em frequentar novos cursos. Assim, aqueles que frequentaram módulos de ensino, especialmente num contexto de b-learning, combinando o ensino presencial face-a-face e o ensino (Bonk, 2006), têm opinião mais positiva e maior disponibilidade para virem a frequentar o ensino no futuro (Lee, 2010). Verifica-se ainda que, sempre que têm possibilidade de escolher a forma de distribuição, os estudantes manifestam preferência por cursos em regime de b-learning (Shikha, Hogan, & Thaman, 2011), A investigação publicada atribui esta preferência a vários fatores, nomeadamente, à maior facilidade de construção do senso de comunidade (Palloff & Pratt, 2007; Rovai & Barnum, 2003), destacando ainda que este tipo de distribuição possibilita a combinação, de várias formas, do que de melhor existe no ensino com o que de melhor existe no ensino presencial (Buzzetto-More, 2008; Garrison & Vaughan, 2008). 2. Metodologia 2.1 Questão de investigação A questão de investigação para a qual se procura encontrar resposta ao longo deste trabalho consiste em saber: Como é que os estudantes atuais encaram soluções de ensino para a continuação dos seus estudos? 2.2 Participantes Neste estudo participaram 265 estudantes de uma IES privada portuguesa que, até ao momento, não tiveram contacto com ofertas de ensino. A participação foi voluntária e os participantes foram previamente informados sobre os objetivos do estudo, cujo trabalho de campo foi desenvolvido durante o primeiro trimestre de 2012. 2.3 Instrumentação

Para dar resposta à questão de investigação, foi construído um questionário cuja primeira secção (Goldsmith et al., 2010), carateriza os respondentes tendo-se optado pelas seguintes variáveis: Idade: menos de 23 anos, 23 a 29 anos, 30 a 39 anos, 40 a 49 anos, 50 anos ou mais; Género: masculino, feminino; Situação familiar: solteiro (a), casado (a) ou unido(a) de facto; divorciado (a), viúvo (a), separado (a). Situação profissional: não trabalha, trabalhador(a) a tempo parcial, trabalhador(a) a tempo inteiro; Tempo deslocação casa/escola: menos de 15 minutos, entre 15 e 60 minutos, entre 1 e 2 horas, mais de 2 horas; Computador pessoal: sim, não; Internet em casa: sim, não. Na segunda secção recolhem-se as opiniões dos estudantes sobre o ensino parcial ou totalmente (N=10) (Goldsmith et al., 2010), apresentando-se as dimensões e questões identificadas na tabela 1. Dimensão Atitude em relação ao ensino Motivações para frequentar cursos Disponibilidade para, no futuro, frequentar cursos Forma de distribuição preferida Tabela 1 Dimensões analisadas e respetivas questões Questões 1.Para mim não existem diferenças na aprendizagem no ensino presencial ou. 2.O ensino tem o mesmo rigor académico do que o ensino presencial. 2.Os cursos são pouco reconhecidos no mercado de trabalho. 1. A frequência de cursos pode ajudar-me a progredir na carreira. 2.A frequência de cursos pode ser uma boa forma de adquirir novos conhecimentos. 3.A frequência de cursos pode ajudar-me a melhorar as minhas competências profissionais. 4.A frequência de cursos pode ajudar-me a melhorar as minhas condições económicas. 1.Estou interessado(a) em frequentar cursos no futuro. 2.Tenciono aconselhar os meus amigos a inscreverem-se em cursos para complementarem a sua formação. 1.Prefiro frequentar um curso com ensino totalmente presencial. 2.Prefiro frequentar um curso com ensino misto (presencial e ). 3.Prefiro frequentar um curso com ensino totalmente. Tabela 1 Dimensões analisadas e respetivas questões A terceira secção tem por objetivo conhecer os fatores que afetam a decisão de escolher um curso total ou parcialmente (N=12) (Kung, 2002), tendo-se considerado os seguintes aspetos: Interesse no currículo do curso;

Flexibilidade na gestão do tempo; Possibilidade de trabalhar com professores de outras escolas; Reputação do curso; Possibilidade de aprender ao meu ritmo; Reputação da escola; Redução de custos; Possibilidade de trabalhar com estudantes de outras escolas; Facilidade na utilização da tecnologia de suporte ao curso; Evitar deslocações à escola (presença na sala de aula); Curiosidade em saber como funciona o ensino ; Distância entre a residência/local de trabalho e a escola. Por último, na quarta secção, identifica-se o grau de prontidão tecnológica dos respondentes (N=9) (Beaudoin, Kurtz, & Eden, 2009), através dos seguintes aspetos: Experiência na utilização de um processador de texto (Word); Experiência na utilização do e-mail; Experiência na utilização de software de apresentação de diapositivos (PowerPoint); Experiência na utilização dos motores de busca (Google, Yahoo); Experiência na utilização de sistemas de reunião (Skipe, Cisco WebEx, etc.); Experiência na utilização de equipamentos MP3 (ipod); Experiência na utilização de grupos de discussão; Experiência na utilização de ferramentas comunicação eletrónica (chat, messenger); Experiência na utilização de ambientes de aprendizagem (Moodle); Após a construção da primeira versão do instrumento, foi necessário proceder à sua validação, de modo a assegurar a relevância, clareza e compreensão das perguntas aplicadas (Hill & Hill, 2008). Esta validação passou por três fases metodológicas: (1) revisão por especialistas; (2) entrevista individual a informantes; (3) pré-teste. O questionário, na sua versão final, foi então colocado através da plataforma LimeSurvey. 3. Resultados Foram recolhidas 214 respostas válidas correspondendo a uma taxa de participação de 80% do número total de potenciais respondentes. Os dados recolhidos foram analisados com recurso ao software SPSS utilizando-se a estatística descritiva, a análise da relação entre variáveis (testes não paramétricos Chi-square, Mann-Whitney U e Kruskal-Wallis) e a análise de correlação (teste não paramétrico de Spearman). A opção pelos testes não paramétricos deve-se ao facto das variáveis estatísticas a tratar serem do tipo nominal ou ordinal (Marôco, 2011). 3.1 Caraterização dos participantes no estudo Os resultados indicam que apenas 9,8% dos participantes tinham menos de 23 anos, 21,5% tinham idade entre os 24-29 anos, 37,9% entre 30-39 anos; 21% dos respondentes pertenciam ao escalão etário entre os 40-49 anos e 9,8% tinham mais de 50 anos. Quanto ao género 56,1% dos

respondentes eram homens e 43,9% eram mulheres. Em relação à situação familiar, 39,3% eram solteiros, 37,9% casados, 8,9% divorciados e 13,9% unidos de facto. Cerca de 74,3% estavam empregados, enquanto 25,5% não trabalhavam. Na deslocação entre a casa e/ou emprego e a escola, 34,6% demoram menos de 15 minutos, 52,8% entre 15 minutos e uma hora, 10,7% entre uma e duas horas e 1,9 % mais de duas horas. Verifica-se que 99,5% dos respondentes têm computador pessoal e 96,7 % tem internet em casa. 3.2 Opiniões sobre o ensino, parcial ou totalmente Estes resultados correspondem à segunda secção do questionário onde se adotou uma escala de concordância do tipo Likert, em que cada item foi avaliado num grau de concordância de 1 a 4 (1- Discordo totalmente; 2 - Discordo em parte; 3 - Concordo em parte; 4 - Concordo totalmente), mantendo assim a simetria entre os pontos 1 e 4 da escala nos dois grupos de perguntas. 3.2.1 Atitude em relação ao ensino Os resultados evidenciam que os estudantes têm muitas reservas sobre o ensino quando comparado com o ensino presencial. O maior obstáculo consiste no reconhecimento de que os cursos são pouco reconhecidos pelo mercado de trabalho (tabela 2). Tabela 2 - Atitude em relação ao ensino Nº Item Média SD 1 Para mim não existem diferenças na aprendizagem no ensino 1,89.941 presencial ou 2 O ensino tem o mesmo rigor académico do que o ensino 2,14.967 presencial 3 Os cursos são pouco reconhecidos no mercado de trabalho 3,27.800 3.2.2 Motivações para frequentar cursos Apesar do preconceito evidenciado no ponto anterior, constata-se que os respondentes manifestam opiniões positivas acerca da sua eventual participação em cursos e do contributo que essa participação pode dar para o seu futuro profissional, para a aquisição de novas competências e para a melhoria das suas condições económicas (tabela 3). Tabela 3 - Motivações para frequentar cursos Nº Item Média SD 5 A frequência de cursos pode ser uma boa forma de adquirir 3,38.694 novos conhecimentos 6 A frequência de cursos pode ajudar-me a melhorar as minhas 3,32.693 competências profissionais 4 A frequência de cursos pode ajudar-me a progredir na carreira 3,02.722 7 A frequência de cursos pode ajudar-me a melhorar as minhas condições económicas 2,98.807 3.2.3 Disponibilidade para, no futuro, frequentar cursos Os resultados, apresentados na tabela 4, mostram que os respondentes revelam alguma concordância quando questionados sobre as suas intenções de, no futuro, virem a frequentar

cursos. O grau de concordância é idêntico quando se coloca a possibilidade de aconselharem os amigos a frequentar cursos. Tabela 4 - Disponibilidade para, no futuro, frequentar cursos Nº Item Média SD 8 Estou interessado(a) em frequentar cursos no futuro 2,79.942 9 Tenciono aconselhar os meus amigos a inscreverem-se em cursos para complementarem a sua formação 2,78.897 3.2.4 Forma de distribuição preferida Os inquiridos revelam uma preferência maioritária (60,7%) pelo ensino em regime misto (blearning), combinando o ensino presencial com o ensino, enquanto 36,9% preferem o ensino presencial e apenas 2,3 por cento preferem o ensino totalmente (gráfico 1). 65 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 36,9 Ensino totalmente presencial 60,7 Ensino misto 2,3 Ensino totalmente Gráfico 1 - Forma de distribuição preferida 3.3 Fatores que afetam a decisão no momento de escolher um curso Os dados obtidos correspondem à terceira secção do questionário, onde se adotou uma escala de importância tipo Likert de 4 itens (1-Nada importante; 2-Pouco importante; 3- Consideravelmente importante; 4 Muito importante). A análise dos resultados, apresentada na tabela 5, revela que a redução de custos, a flexibilidade na gestão do tempo e a facilidade na utilização da tecnologia de suporte ao curso, são os itens mais valorizados pelos estudantes. Tabela 5 - Fatores que afetam a decisão no momento de escolher um curso Nº Item Média SD 7 Redução de custos 3,60.554 2 Flexibilidade na gestão do tempo 3,43.592 9 Facilidade na utilização da tecnologia de suporte ao curso 3,41.572 6 Reputação da escola 3,37.671 4 Reputação do curso 3,34.691 12 Distância entre a residência/local de trabalho e a escola 3,28.773 1 Interesse no currículo do curso 3,25.733 3 Possibilidade de trabalhar com professores de outras escolas 3,25.659 5 Possibilidade de aprender ao meu ritmo 3,20.670

8 Possibilidade de trabalhar com estudantes de outras escolas 3,13.677 11 Curiosidade em saber como funciona o ensino 2,99.757 10 Evitar deslocações à escola (presença na sala de aula) 2,89.783 3.4 Experiência na utilização das tecnologias digitais Os dados obtidos correspondem à quarta secção do questionário, onde se adotou uma escala tipo Likert de 4 itens (1- nenhuma; 2- até 3 anos; 3 - de 3 a 6 anos; 4 - mais de 6 anos). Os respondentes revelam maior experiência na utilização de processador de texto, e- mail e grupos de discussão, enquanto a menor experiência se refere à utilização de ambientes de aprendizagem (tabela 6). Tabela 6 - Experiência na utilização de tecnologias N.º Item Média SD 1 Experiência na utilização do processador de texto (Word) 2,77 0,599 2 Experiência na utilização do e-mail 2,74 0,569 7 Experiência na utilização de grupos de discussão 2,72 1,276 4 Experiência na utilização dos motores de busca (Google, Yahoo) 2,71 0,582 5 Experiência na utilização de sistemas de reunião (Skype, Cisco WebEx) 2,59 1,282 6 Experiência na utilização de equipamentos MP3 2,54 1,153 8 Experiência na utilização de ferramentas de comunicação eletrónica (chat, messenger) 2,46 0,880 3 Experiência na utilização de software de apresentação de diapositivos (PowerPoint) 2,45 0,784 9 Experiência na utilização de ambientes de aprendizagem (Moodle) 1,60 0,943 3.5 Análise da relação entre varáveis Na análise da relação e correlação entre variáveis para além de se utilizarem as variáveis já definidas, optou-se por criar variáveis compostas correspondendo a cada uma das dimensões identificadas. Assim utilizaram-se as seguintes variáveis: (1) atitude em relação aos cursos ; (2) motivação para o frequentar cursos ; (3) disponibilidade para frequentar cursos. Complementarmente criou-se ainda uma variável composta tendo por base os itens relacionados com a experiência tecnológica (quarta secção do questionário). 3.5.1 Relação entre o género e experiência tecnológica Para avaliar se existia relação de dependência entre as variáveis, aplicou-se o teste Mann- Whitney U à relação entre a variável género e a variável experiência tecnológica, tendo-se formulando a seguinte hipótese de teste (bilateral): H o : A média dos resultados obtidos na variável experiência tecnológica para o género feminino é igual à média dos resultados obtidos na variável experiência tecnológica para o género masculino. H a : A média dos resultados obtidos na variável experiência tecnológica para o género feminino é diferente da média dos resultados obtidos na variável experiência tecnológica para o género masculino.

Neste tipo de teste não se rejeita H o se Sig>0,05, rejeitando-se Ho (aceitando H a ) se Sig<=0,05 (Marôco, 2011). Com um Sig = 0,346 não se rejeita Ho, pelo que podemos concluir que não se identificou uma relação de dependência, com significado estatístico, entre as variáveis analisadas (tabela 7). Tabela 7 - Relação entre o género e a experiência tecnológica Experiência tecnológica Mann-Whitney U 5217.500 Wilcoxon W 12477.500 Z -.943 Asymp. Sig. (2-tailed).346 a. Grouping Variable: Género 3.5.2 Relação entre o género e forma de distribuição preferida Testou-se a relação entre a variável género e a variável forma de distribuição preferida, tendose formulando a seguinte hipótese de teste (bilateral): H o : A média dos resultados obtidos na variável forma de distribuição preferida para o género feminino é igual à média dos resultados obtidos na variável forma de distribuição preferida para o género masculino. H a : A média dos resultados obtidos na variável forma de distribuição preferida para o género feminino é diferente da média dos resultados obtidos na variável forma de distribuição preferida para o género masculino. Como Sig = 0,109 não se rejeita Ho, pelo que podemos concluir que não se identificou uma relação de dependência, com significado estatístico, entre as variáveis (tabela 8). Tabela 8 - Relação entre género e forma de distribuição preferida Forma de distribuição preferida Mann-Whitney U 5027.000 Wilcoxon W 12287.000 Z -1.601 Asymp. Sig. (2-tailed).109 a. Grouping Variable: Género 3.5.3 Relação entre o tempo de deslocação casa/escola e a forma de distribuição preferida Para avaliar se existe relação de dependência entre as variáveis forma de distribuição preferida e o tempo de deslocação casa/escola aplicou-se o teste Kruskal-Wallis. Obteve-se um Sig=0,159 o que permite concluir que não existe relação de dependência, com significado estatístico, entre as varáveis analisadas (tabela 9). Tabela 9 - Relação entre o tempo de deslocação casa/escola e forma de distribuição preferida Forma de distribuição preferida Chi-Square 5.185 Df 3 Asymp. Sig..159

Forma de distribuição preferida Chi-Square 5.185 Df 3 Asymp. Sig..159 a. Kruskal Wallis Test b. Grouping Variable: Tempo deslocação casa/escola 3.5.4 Relação entre a idade e disponibilidade para frequentar o ensino Na avaliação da relação de dependência entre as variáveis idade e disponibilidade para ensino obteve-se um Sig=0,097 concluindo-se que não existe relação de dependência, com significado estatístico, entre as varáveis analisadas (tabela 10). Tabela 10 - Relação entre a idade e disponibilidade para frequentar ensino Disponibilidade frequentar ensino Chi-Square 7.864 Df 4 Asymp. Sig..097 a. Kruskal Wallis Test b. Grouping Variable: Idade 3.5.5 Relação entre a idade e forma de distribuição preferida Para avaliar se existe relação entre as variáveis forma de distribuição preferida e escalão etário aplicou-se o teste Kruskal-Wallis, tendo-se obtido um Sig=0,553. Este resultado aponta para a inexistência de relação de dependência, com significado estatístico, entre as varáveis analisadas (tabela 11). Tabela 11 - Relação entre a idade e forma de distribuição preferida Forma de distribuição preferida Chi-Square 3.030 Df 4 Asymp. Sig..553 a. Kruskal Wallis Test b. Grouping Variable: Idade 3.5.6 Relação entre a experiência na utilização de ambientes de aprendizagem e a forma de distribuição preferida O teste de relação de dependência entre as variáveis experiência na utilização de ambientes de aprendizagem e forma de distribuição preferida não revela um resultado que permita concluir da existência de relação de dependência, com significado estatístico (Sig=0.716). Verifica-se ainda que as opiniões dos respondentes sem qualquer experiência na utilização de ambientes de aprendizagem se dividem, em percentagens idênticas, pelas três formas de distribuição (tabela 12). Tabela 12- Relação entre a experiência na utilização de ambientes de aprendizagem e a forma de distribuição preferida

Experiência na utilização de ambientes de aprendizagem Forma de distribuição preferida Ensino totalmente presencial Ensino misto Ensino totalmente Superior a 6 anos % 6,3% 10,0% 8,4% Entre 3 e 6 anos % 5,1% 8,5% 7,0% Até 3 anos % 25,3% 18,5% 21,0% Nenhuma % 63,3% 63,1% 63,6% 3.6 Análise da correlação Utilizou-se o teste de correlação para verificar se existe relação entre cada uma das dimensões presentes no estudo. O coeficiente de correlação é adimensional e situa-se no intervalo 1 r 1. Analisando a matriz representada na tabela 13, salientam-se diversos resultados que, utilizando como critério p<0,01, revelam a existência de relações com forte significância estatística entre algumas das dimensões analisadas. A dimensão forma de distribuição preferida aparece diretamente correlacionada com a maioria das dimensões analisadas: atitude em relação ao ensino, motivação para frequentar cursos e disponibilidade frequentar cursos. Existe também uma forte correlação (p<0,01) entre a atitude em relação ao ensino e a motivação para frequentar cursos. Do mesmo modo verifica-se forte correlação entre a dimensão motivação para frequentar cursos e disponibilidade para frequentar cursos. Os resultados obtidos indicam ainda que a dimensão experiência tecnológica não tem correlação, estatisticamente significativa, com nenhuma das outras dimensões estudadas. Forma distribuição preferida Atitude relação ensino Motivação freq. cursos Disponibilidade freq. cursos Tabela 13 - Análise da correlação Forma distribuição preferida Atitude relação ensino Motivação freq. cursos Disponibilidade freq. cursos Experiência tecnológica r 1,000,461 **,497 **,580 ** -,011 Sig.(2-tailed).,000,000,000,873 r,461 ** 1,000,503 **,497 **,001 Sig.(2-tailed),000.,000,000,994 r,497 **,503 ** 1,000,676 **,025 Sig.(2-tailed),000,000.,000,718 r,580 **,497**,676** 1,000 -,025 Sig.(2-tailed),000,000,000.,712 Experiência r -,011,001,025 -,025 1,000 tecnológica Sig.(2-tailed),873,994,718,712. ** Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).

4. Discussão dos resultados Os inquiridos revelam muitas reticências sobre o ensino ao estabelecerem a comparação com o ensino presencial. Os resultados tendem a ser mais positivos, depois dos inquiridos frequentarem o ensino com componente (Martinho & Jorge, 2012). Do mesmo modo, verifica-se que as reticências detetadas em relação às intenções de no futuro frequentar, ou aconselhar os amigos a frequentar, cursos, são ultrapassadas depois da frequência de ensino (Smart & Cappel, 2006). Uma maioria significativa dos estudantes inquiridos (60,7%) manifestou preferência pelo ensino em regime de b-learning, sendo muito reduzida a percentagem daqueles que preferem o ensino totalmente (2,3%), sendo que 36,9% dos inquiridos manifestam preferência pelo ensino presencial. Conforme demonstram outros estudos (Martinho & Jorge, 2012; Smart & Cappel, 2006), a percentagem de estudantes que revelam preferência pelo ensino em regime de b- learning aumenta depois de terem experimentado esse tipo de ensino. Confirmando estudos anteriores, a redução de custos e a flexibilidade na gestão do tempo, emergem como os aspetos mais valorizados pelos estudantes para a escolha de cursos, parcial ou totalmente (Christensen et al., 2001; Goldsmith et al., 2010; Kung, 2002; Lee, 2010; Selim, 2007). Os resultados revelam que os estudantes que participaram no estudo não possuem uma experiência tecnológica muito elevada. Apesar disso, tal como noutros estudos (Yaghoubi, Iravani, Attaran, & Gheidi, 2008), as capacidades para utilizar o processador de texto e um browser emergem como as competências mais desenvolvidas. Ao contrário do que se verificou noutros estudos, não se identificou uma relação, com significado estatístico, entre as dimensões: competências tecnológicas e forma de distribuição preferida (Yaghoubi, Iravani, Attaran, & Gheidi, 2008). No entanto, a análise da relação entre a forma de distribuição preferida e a experiência na utilização de ambientes de aprendizagem revela que, contrariando a preferência maioritária pelo b-learning (60,7%), os estudantes sem experiência de utilização de ambientes, distribuem-se uniformemente pelos três tipos de distribuição. A correlação entre a forma de distribuição preferida e as outras dimensões (atitude em relação ao ensino, motivação para frequentar cursos e disponibilidade para frequentar cursos ) é confirmada, em maior ou menor grau, na maioria dos estudos realizados (Ellis, Ginns, & Piggott, 2009). 5. Conclusões Com este estudo pretendeu-se identificar as perceções de estudantes, sem experiências anteriores da frequência de ensino, parcial ou totalmente, sobre esse tipo de ensino. Os resultados obtidos apontam para as seguintes conclusões: Os estudantes inquiridos manifestam muitas reticências sobre o ensino ; Apesar das reticências, os estudantes revelam predisposição para, no futuro, virem a frequentar cursos, reconhecendo o impacto positivo que essa formação poderá ter na aquisição de novas competências e no desenvolvimento da sua carreira profissional; A maioria dos estudantes que participaram no estudo manifestou a intenção de, no futuro, optar por ensino, parcial ou totalmente ; O estudo foi confirmatório em relação aos fatores (redução de custos e flexibilidade) mais valorizados pelos estudantes quando optam pelo ensino (Christensen et al., 2001; Goldsmith et al., 2010; Kung, 2002; Lee, 2010; Selim, 2007);

Detetou-se uma forte correlação entre a forma de distribuição preferida e as outras dimensões estudadas. 6. Limitações e trabalho futuro Este estudo tem por base a preocupação de dotar a IES onde foi realizado de instrumentos que lhe permitam oferecer soluções de ensino orientadas para as necessidades dos estudantes. Chama-se a atenção para a importância de se investir em estratégias de divulgação que permitam ultrapassar as reticências reveladas pelos estudantes em relação ao ensino, salientando-se que deve ser explorada a predisposição de, no futuro, virem a optar por este tipo de ensino. Considera-se adequado optar por formas de distribuição baseadas em ensino misto, com componente presencial e componente, uma vez que este tipo de distribuição reúne a preferência de uma maioria significativa dos inquiridos. A importância atribuída à redução de custos e à flexibilidade, levam a concluir que é necessário continuar a desenvolver ofertas formativas diversificadas onde o fator custo não seja negligenciado. Recomenda-se o aprofundamento e alargamento da representatividade do estudo junto do universo dos potenciais clientes da instituição, sobretudo da formação pós-graduada, de modo a que as suas conclusões possam ser generalizadas. A flexibilidade permitida pela aprendizagem tem potencial para alargar e diversificar a oferta de qualificação das IES a um público diferenciado, mas há que avaliar a maturidade e o sentido de responsabilidade dos estudantes e a sua capacidade de estudo independente e autodirigido, já que, como Kemmer (2011) salienta, os estudantes que não têm a consciência da necessidade de assumir a responsabilidade pela sua aprendizagem ou não utilizam eficazmente a tecnologia, de modo a que esta lhes proporcione oportunidades de aprendizagem independente, podem não beneficiar plenamente das oportunidades oferecidas por esta nova forma de aprendizagem. Complementarmente, parece-nos fundamental desenvolver outras linhas de investigação que abordem a introdução do ensino na instituição nas perspetivas institucional e docente. Para que o potencial de alargamento, associado às metodologias de ensino, possa ser verdadeiramente aproveitado, importa, do ponto de vista institucional, identificar os fatores críticos na implementação do ensino, bem como as melhores estratégias para lhes fazer face. No que se refere aos docentes é fundamental procurar perceber como é que percecionam a introdução do ensino e o peso que essa adoção poderá ter no seu desenvolvimento profissional e na aquisição de novas competências. Referências Allen, I. E., & Seaman, J. (2011). Going the Distance: Online Educationin United States, 2011. Bason Survey Research Group. Beaudoin, M. F., Kurtz, G., & Eden, S. (2009). Experiences and Options of E-learners: What Works, What are the Challenges, and What Competencies Ensure Successful Online Learning. Interdisciplinary Journal Of E-learning and Learning Objects Vol. 5, 275-289. Bonk C. J. & Graham C. R. (2006). The handbook of blended learning: Global perspectives, local designs. San Francisco, CA: Pfeiffer.

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