Ordem dos Advogados do Brasil Seção do Estado do Rio de Janeiro Procuradoria



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Transcrição:

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO DE JANEIRO A ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, SEÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, serviço público independente, dotada de personalidade jurídica e forma federativa, CNPJ 33.648.981/0001-37, com sede, nesta cidade, na Av. Marechal Câmara, nº 150, Centro, vem, por meio de seus procuradores (doc. 1), propor, com fundamento nos artigos 461 e ss. do CPC, propor AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DA TUTELA, contra o BANCO DO BRASIL S.A., sociedade de economia mista, CNPJ 00.000.000/0001-91, com endereço nesta cidade na Av. Erasmo Braga, 115, 2º andar, Centro, Rio de Janeiro RJ, CEP 20020-903, pelos seguintes motivos:

UM VERDADEIRO CAOS 1- O Banco do Brasil que, como se extrai do seu site (vide o site www44.bb.com.br/appbb/portal/on/dtvm/sbm/nres/bb.jsp), se auto-intitula a maior instituição financeira da América Latina mantém a agência de nº 1567-9, denominada Poder Judiciário Rio, no interior do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. 2- A referida agência é utilizada por milhares de jurisdicionados e advogados que necessitam de seus serviços bancários, por conta do convênio existente entre o Banco do Brasil e o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, para que aquela agência receba, com exclusividade, os depósitos judiciais do Fórum Central da Comarca da Capital. Esse convênio consta do Aviso CGJ nº 384/2004 (doc. 2). 3- Não há dúvida de que a referida agência tem um volume imenso de trabalho afinal, diariamente, seus funcionários recolhem os mandados de pagamento expedidos por todas as serventias localizadas no Fórum Central da Comarca da Capital. 4- Em razão desse fato, era de se presumir que o Banco do Brasil, ciente de sua demanda constante e volumosa, estivesse sempre preparado para atender dignamente todos aqueles que necessitam de seus serviços. 2

5- Porém, o que ocorre é o contrário. Todos os dias, instala-se o verdadeiro caos na agência e nos seus arredores, demonstrando o manifesto desdém do Banco do Brasil em relação à qualidade dos serviços que presta. 6- Para se ter uma idéia da magnitude do desrespeito ao advogado que, nesse caso, sequer pode escolher quem vai lhe fornecer o serviço, a OAB/RJ apontará, abaixo, alguns fatos corriqueiros na referida agência. 7- Inicialmente, antes mesmo de ter a sua entrada admitida na Agência Poder Judiciário Rio, o usuário tem que se submeter a uma fila que, muitas vezes, ultrapassa 2 (duas) horas de espera, localizada no corredor do Fórum, somente para obter uma senha que lhe permitirá aguardar, em outra fila, no interior da referida agência. 8- Ou seja, a primeira espera à qual o usuário é submetido serve tão- somente para resguardar o seu direito de ser atendido naquele mesmo dia. 9- Assim, depois de aguardar, por horas a fio, uma singela senha de atendimento, o usuário ainda é sujeito à outra fila, não menos demorada que a primeira, agora no interior da agência. 10- Note-se que esses fatos, decorrentes da grande quantidade de pessoas que se vêem obrigadas a fazer uso dos serviços da referida agência, não provocaram qualquer atitude, por parte do Banco do Brasil, tendente a resolver essa vergonhosa situação. 3

11- Ora, se as longas filas são um problema constante daquela agência, o Banco do Brasil já deveria ter adotado medidas administrativas que pudessem sanar esse problema. É inconcebível que um banco que se vangloria de ser o maior da América Latina não tenha a capacidade de gerenciar com eficiência uma agência que presta serviços tão importantes para a sociedade. 12- Agindo dessa forma, o Banco do Brasil não só desrespeita uma série de dispositivos legais que regulamentam o tempo máximo de espera em fila, como também produz deliberadamente o risco de causar danos aos usuários. LEGITIMIDADE DA OAB/RJ 13- Fica patente, pela narrativa acima, que os maiores prejudicados com a desestruturação da agência do Banco do Brasil sediada no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro constituem os advogados fluminenses, a quem normalmente incumbe a tarefa de providenciar o levantamento dos mandados de pagamento naquela instituição, pouco importando se tais mandados dizem respeito aos honorários ou ao valor da condenação principal. 14- A representatividade da OAB/RJ em relação aos advogados fluminenses, por sua vez, está expressa na Lei 8.906/1994: Art. 44. A Ordem dos Advogados do Brasil OAB, serviço público, dotada de personalidade jurídica e forma federativa, tem por finalidade: I defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito, os direitos humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da 4

justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas; II promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a disciplina dos advogados em toda a República Federativa do Brasil. Art. 57. O Conselho Seccional exerce e observa, no respectivo território, as competências, vedações e funções atribuídas ao Conselho Federal, no que couber e no âmbito de sua competência material e territorial, e as normas gerais estabelecidas nesta Lei, no Regulamento Geral, no Código de Ética e Disciplina, e nos Provimentos. 15- Portanto, não restam dúvidas da legitimidade da OAB/RJ, para propor esta ação. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL 16- Esta ação de obrigação de fazer, como ocorre com qualquer ação proposta pela OAB, deve ser ajuizada na Justiça Federal. 17- O Superior Tribunal de Justiça reafirmou esse entendimento recentemente, ao julgar um conflito de competência sobre a matéria: Depreende-se da leitura do citado julgado, que o Supremo Tribunal não cuidou de definir de forma clara a real natureza jurídica da OAB, classificando-a como "serviço público independente, categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito brasileiro." (ADI 3026/DF, Rel. Min. Eros Grau, DJ 29/09/2006, p. 31). Dessa forma, entendo que deve ser mantida a orientação que prevalece nesta Corte, qual seja, de que a OAB detém natureza jurídica de autarquia federal, sendo, portanto,competente a Justiça 5

Federal para conhecer da causa, nos termos do art. 109, I, da CF/88. 18- Portanto, esse Juízo é manifestamente competente para conhecer e processar esta ação. TEMPO DE ESPERA ILEGAL 19- As desmedidas filas que se formam diariamente na agência Poder Judiciário Rio, além de atingirem a dignidade dos advogados que necessitam dos serviços do Banco do Brasil, ainda contrariam uma série de normas que dispõem sobre o assunto. 20- Diante do repetido desrespeito das instituições financeiras em face de seus usuários, mostrou-se necessária, ao longo dos anos, a criação de regramentos que estabelecessem algumas normas para a prestação dos serviços bancários, bem como a estipulação de direitos e garantias dos consumidores deste tipo de serviço. 21- O primeiro grande passo neste sentido foi a criação do Código de Defesa do Consumidor (CDC), o qual, no 2º do seu artigo 3º, aponta a atividade bancária como um serviço que estabelece uma relação de consumo. 22- Dentre as diversas regras estabelecidas no CDC, ressalte-se aquela, prevista no inciso VI do art. 6º, que dispõe sobre a necessidade de efetiva 6

prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos atinentes às relações de consumo. 23- Apesar de outrora já se ter questionado a aplicabilidade do CDC às relações bancárias, é certo que esta questão já foi sepultada pelo julgamento, no Supremo Tribunal Federal, da ADI-2591, no qual se entendeu não haver conflito entre o regramento do sistema financeiro e a disciplina do consumo e da defesa do consumidor, consolidando, assim, a sujeição dos bancos às regras do Código de Defesa do Consumidor na relação com seus clientes. Inclusive, o Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula 321 sobre o assunto, que dispõe: Súmula 321: O Código de Defesa do Consumidor é aplicável à relação jurídica entre a entidade de previdência privada e seus participantes. 24- Além disso, o Banco Central do Brasil, órgão responsável pela fiscalização e aprimoramento das instituições financeiras, editou a Resolução nº 2.878/2001 (doc. 3), que, dentre outras matérias, dispõe sobre os procedimentos a serem adotados pelas instituições financeiras na prestação de serviços aos clientes e ao público em geral. 25- Na mesma esteira da legislação protetiva do consumidor, a referida Resolução estabelece que todas as instituições financeiras devem adotar medidas que objetivem assegurar a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais causados a seus clientes e usuários. 7

26- Socorrendo de forma mais específica o consumidor dos abusos cometidos pelas instituições financeiras, foram criadas a Lei Municipal 2.861/1999 e a Lei Estadual 4.223/2003 (doc. 4), ambas com o intuito de regulamentar o tempo máximo de espera em fila ao qual os usuários de agências bancárias podem ser submetidos. 27- A Lei Municipal 2.861/1999 determina que as agências bancárias coloquem à disposição dos seus usuários pessoal suficiente para que o atendimento seja efetivado em tempo razoável, apontando, como tal, o prazo máximo de 20 (vinte) minutos em dias normais e de 30 (trinta) minutos em véspera ou após feriados prolongados: Art. 1º - Fica determinado que as agências bancárias deverão colocar à disposição dos seus usuários, pessoal suficiente e necessário, no setor de caixas, para que o atendimento seja efetivado em tempo razoável. 1º - Entende-se atendimento em tempo razoável, como mencionado no caput, o prazo máximo de vinte minutos em dias normais e de trinta minutos em véspera ou após feriados prolongados. 28- Em artigo por tudo semelhante ao anterior, a Lei Estadual 4.223/2003 também dispõe, em seu artigo 1º, sobre o tempo máximo de espera em fila bancária: Art. 1º - Fica determinado que agências bancárias situadas no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, deverão colocar à disposição dos seus usuários, pessoal suficiente e necessário, no setor de caixas, para que o atendimento seja efetivado no prazo máximo de 8

20 (vinte) minutos, em dias normais, e de 30 (trinta) minutos, em véspera ou depois de feriados. 29- Assim, como se vê, a reiterada conduta do Banco do Brasil, no sentido de deixar seus clientes em filas de espera em tempo muito superior a 30 (trinta) minutos, descumpre leis no âmbito municipal e estadual, além de ter o potencial de causar danos morais e patrimoniais aos usuários de seus serviços, como é o caso dos advogados. 30- O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro já teve oportunidade de analisar, em decisão recente, caso similar ao dos autos, reconhecendo que, por força de lei, o atendimento bancário no Estado do Rio de Janeiro deve ser efetivado no prazo máximo de 20 (vinte) minutos, constatando também, nesta oportunidade, que a espera demasiada para o atendimento gera dano evidente ao consumidor: AÇÃO CIVIL COLETIVA. ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA. LEI ESTADUAL N.º 4223/03. 1. Devem ser antecipados os efeitos da tutela coletiva, uma vez que o pedido na ação civil coletiva é o mero cumprimento do comando imposto por lei, assim como são evidentes os danos ao consumidor que deixa de cumprir com compromissos do cotidiano. 2. Não se argumente a inconstitucionalidade das leis que impõem o limite de tempo para o atendimento do usuário, porque o Supremo Tribunal Federal decidiu pela competência legislativa do Município para disciplinar o tempo máximo de espera na fila nos bancos. 3. Neste diapasão, embora a Excelsa Corte tenha decidido que o Município possui competência legislativa para o tema, não poderá o referido ente da federação estabelecer norma em descompasso com a fixada em lei estadual, sob pena de se implantar o caos. Vale, assim, dizer que as leis municipais no âmbito do Estado do Rio de Janeiro não podem fixar o tempo de atendimento nas agências bancárias diverso 9

daquele previsto na lei estadual. 4. Dessa forma, no Estado do Rio de Janeiro, deve o atendimento ser efetivado no prazo máximo de 20 (vinte) minutos, em dias normais, e de 30 (trinta) minutos, em véspera e depois de feriados, consoante preceitua a Lei Estadual n.º 4223/03, em razão da competência legislativa do Estado-membro em legislar, concorrentemente, com a União nos casos de dano ao consumidor. 5. Provimento parcial do agravo. (Agravo de Instrumento nº 2006.002.0476-0, Relator Des. José Carlos Paes, julgado em 13/02/2007, 8ª Câmara Cível do TJRJ grifou-se). 31- Portanto, não há dúvida de que o Banco do Brasil vem pautando suas atitudes de forma diametralmente oposta à lei, tratando os advogados com um desleixo que não pode ser tolerado no Estado Democrático de Direito. REQUISITOS PARA A ANTECIPAÇÃO DE TUTELA ESPECÍFICA 32- Insiste-se: a situação de calamidade que se instalou na agência nº 1567-9 do Banco do Brasil transgride direitos assegurados por lei aos advogados, sendo necessária a imediata concessão de medida, a fim de fazer cessar tal ilegalidade. 33- A antecipação de tutela em ações que tenham por finalidade obrigação de fazer está prevista no art. 461, caput e 3, do CPC, devendo ser deferida quando presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora. 10

34- É fato notório que, diariamente, centenas de advogados são submetidos a sacrifícios físicos e morais, esperando horas seguidas em filas, em razão de o Banco do Brasil não respeitar os ditames da lei. 35- A conduta perniciosa do Banco do Brasil é fato incontroverso e, ao se prolongar no tempo, enquanto se aguarda solução adequada a esta lide, certamente gerará danos irreparáveis aos que necessitam de seus serviços. Afinal, todos os dias, centenas de advogados são obrigados a ir à agência Poder Judiciário Rio, para levantar quantias para seus clientes e para si próprios. Muitas vezes, e no que toca aos advogados sempre, essas verbas têm natureza alimentícia. 36- Desse modo, presentes o fumus e o periculum, impõe-se a concessão de antecipação de tutela específica, a fim de compelir o Banco do Brasil a, no prazo máximo de 10 dias, adotar as medidas adequadas para reduzir o tempo de espera de atendimento, que, no caso do Estado do Rio de Janeiro, não pode ultrapassar 20 (vinte) vinte minutos, de acordo com a Lei Municipal 2.861/1999 e a Lei Estadual 4.223/2003, sob pena de multa diária não inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais). 37- O alto valor da multa se justifica por se tratar de instituição financeira de elevado poderio econômico (a qual, como já se disse, se intitula a maior instituição desse tipo em toda a América Latina), sem o que não se imporá a coercitividade necessária para o cumprimento da medida. 11

PEDIDO 38- Por essas razões, preliminarmente, a OAB/RJ requer, conforme o 3º do art. 461 do CPC, o deferimento de antecipação de tutela específica, a fim de compelir o Banco do Brasil a, no prazo máximo de 10 (dez) dias, adotar as medidas adequadas para reduzir o tempo de espera de atendimento na agência nº 1.567-9 (agência Poder Judiciário Rio ), que, no caso do Estado do Rio de Janeiro, não pode ultrapassar 20 (vinte) vinte minutos, conforme a Lei Municipal 2.861/1999 e a Lei Estadual 4.223/2003, sob pena de multa diária não inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais). 39- Ao final, a OAB/RJ confia em que será julgado procedente o pedido, para condenar o Banco do Brasil a adotar, definitivamente, as medidas adequadas para reduzir o tempo de espera de atendimento, que não pode ser superior a 20 (vinte) vinte minutos, conforme a Lei Municipal 2.861/1999 e a Lei Estadual 4.223/2003, sob pena de multa diária não inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais). 40- Pede, ainda, a condenação do Banco do Brasil nos ônus de sucumbência. 41- Requer a citação do Banco do Brasil, por oficial de justiça, para contestar a ação. 42- Protesta por prova documental superveniente, oral e pericial, se forem necessárias. 12

43- Informa, para os fins do art. 39, I do CPC, que as intimações serão recebidas, nesta cidade, Av. Marechal Câmara, nº 150, 5º andar, Centro, e deverão ser feitas em nome do procurador-geral desta seccional, Dr. Ronaldo Eduardo Cramer Veiga, OAB/RJ 94.401, sob pena de nulidade. 44- Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) apenas para efeitos fiscais. Nestes termos, Pede deferimento. Rio de Janeiro, 12 de junho de 2008. WADIH DAMOUS Presidente da OAB/RJ OAB/RJ 768-B SERGIO FISHER Tesoureiro da OAB/RJ OAB/RJ 17.119 RONALDO CRAMER Procurador-Geral da OAB/RJ OAB/RJ 94.401 GUILHERME PERES DE OLIVEIRA Subprocurador-Geral da OAB/RJ OAB/RJ 147.553 13