CONTROLE DE CAMPONOTUS PUNCTULATUS MAYR, 1868 (HYMENOPTERA: FORMICIDAE).



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Transcrição:

CONTROLE DE CAMPONOTUS PUNCTULATUS MAYR, 1868 (HYMENOPTERA: FORMICIDAE). CONTROL STUDY ABOUT CAMPONOTUS PUNCTULATUS MAYR, 1868 (HYMENOPTERA: FORMICIDAE). Vicente Rodrigues Simas 1 ; Ervandil Corrêa Costa 2 ; Claudia Aires Simas¹ RESUMO Realizaram-se estudos do controle de Camponotus punctulatus Mayr, 1868 (Hymenoptera: Formicidae) no município de São Sepé, RS, no período de novembro de 1996 a janeiro de 1997. Os trabalhos foram conduzidos em área que se encontrava em pousio de arroz irrigado. Foram demarcados 140 formigueiros de Camponotus punctulatus. Para cada dose dos produtos testados foram sorteados e identificados dez formigueiros em plena atividade. A aplicação dos inseticidas foi feita, sem desmanche dos formigueiros, através de orifício circular de 10 cm de diâmetro, efetuado com trado holandês, e com desmanche dos formigueiros, no caso do produto Regent, nas dosagens de 0, 5, 10, 20 e 40 gramas, incorporadas ao solo do desmanche. Os produtos utilizados foram: K-Othrine PÓ, Regent 20 G, Basamid, Brometo de metila, Beauveria bassiana, Zapp, U-46 D - Fluid 2,4-D, Orthene PÓ, Temik 150, sem aplicação, com desmanche e sem aplicação. Os valores obtidos indicam que somente o produto Regent (Fipronil) obteve eficiência entre 80 e 100 %. Palavras-chave: Camponotus, controle, formigueiros. ABSTRAT Control Study of ants Camponotus punctulatus Mayr, 1868 was developed at São Sepé country, state of Rio Grande do Sul (Brazil). The State of Rio Grande do Sul is located in the extreme southern part of Brazil, between the latitudes 27003 42 and 33045 09 and the longitudes 49042 31 and 57040 57 to the West of Greenwich. The observation were from November 1996 to January 1997, in a field that had rice as previous crop. There was 1 Eng. Agr. Dpto de Agronomia, Campus Uruguaiana, PUCRS. E-mail: simasvr@pucrs.campus2.br 2 Prof. Dr. Titular, Dpto de Defesa Fitossanitária, UFSM. Pesquisador CNPq.

25 Controle de Camponotus... randomized 140 th ant-hill to study. The control treatments was 14 and were made by control experimental outline: K-Othrine, Regent, Basamid, Bromide of methyl, Beauveria bassiana, Zapp + 2,4 D, Orthene, Temik, undoing with Regent application, undoing without application or witness. In the undoing with Regent application, it was used doses of 0, 10, 20 and 40 grams for ant hill, which were incorporated immediately after the undoing. Only one product showed efficiency if incorporated to the soil at the undoing: Fipronil (Fenil pirasol) 80% for 5g/ant hill doses and 100% for 10, 20 and 40g/ant hill doses. Key Words: Ants control, Camponotus, Nest. INTRODUÇÃO Há mais de um século as formigas da espécie Camponotus punctulatus têm sua ocorrência constatada na Região da Depressão Central e na região da Fronteira Oeste do Estado do Rio Grande do Sul. Estudos a esse respeito, no entanto, não foram encontrados na literatura consultada. Nas últimas décadas, Camponotus punctulatus tem expandido sua área de ocupação no Estado do Rio Grande do Sul e nas regiões fronteiriças com o Uruguai e Argentina, especialmente em áreas em pousio após o cultivo de arroz irrigado. A espécie Camponotus punctulatus, embora não se tratando de uma formiga do grupo das "cortadeiras", provoca sérios transtornos à agricultura pela dificuldade de utilização das áreas infestadas devido às alterações que provoca na superfície do terreno. As formigas, desta espécie estão situadas dentro da Classe Insecta, Ordem Hymenoptera, Subordem Apocrita, Superfamília Formicoidea, Família Formicidae, Subfamília Formicinae, Tribo Camponotini, Gênero Camponotus, Subgênero Tanaemyrmex, espécie Camponotus punctulatus Ma-yr, 1868 (KUSNEZOV, 1951). Segundo KUSNEZOV (1951), Camponotus punctulatus é uma espécie bastante diversificada, se adaptando, na Argentina, desde a altitude próxima do nível do mar, até alturas superiores a 4.000 metros, nas encostas andinas, incluindo desde zonas áridas até bosques úmidos. Refere-se, também, ao fato de ser esta uma espécie essencialmente terrícola. O caráter polimórfico da espécie, dificulta a caracterização de subgêneros e subespécies, especialmente em relação às operárias, que são os indivíduos mais utilizados em descrições taxonômicas. EMERY (1922) afirma que Camponotus punctulatus é um Tanaemyrmex Ashmead, subgênero que não foi mencionado nos trabalhos de WHEELER (1922).

Simas, V.R. et al. 26 Os formigueiros desta espécie são construídos aparentemente acima da superfície do solo, atingindo até um metro de altura e são muito consistentes; por isso, são denominados vulgar-mente de "cupins". Os mesmos dificultam o preparo do solo para a implantação de culturas, pois não são facilmente destruídos por implementos comuns como arados e grades. Mesmo em áreas destinadas à pecuária, dificultam o trânsito pelo local e o manejo do gado (GRECCO, 1994, SI-MAS et al., 1995). A distribuição geográfica de Camponotus, segundo LOUREIRO & QUEIROZ (1990), é bastante ampla, estando dispersa na América do Norte, Central e do Sul. No Brasil, este gênero ocorre praticamente em todas as áreas. LOECK et al. (1993) constataram a ocorrência da Camponotus punctulatus em pastagens da zona sul do Estado do Rio Grande do Sul, enfatizando a dificuldade de destruição dos formigueiros. A atividade antrópica sobre a distribuição e ocorrência desta espécie, foi estudada por FOLGARAIT et al. (1996), que buscou encontrar um sistema de manejo integrado, incluindo parasitóides, capaz de controlar Camponotus punctulatus. Constatou que a densidade de formigueiros é tanto maior, quanto maior for a atividade antrópica. Pela revisão bibliográfica efetuada percebe-se que não são conhecidos produtos químicos utilizados para controle efetivo de Camponotus punctulatus, embora SIMAS & COSTA (1996), tenham testado um conjunto de 20 diferentes ingredientes ativos e não encontrado um só que fosse eficiente. No entanto, produtos como deltametrina, inseticida piretróide, aplicado na forma de pó, diflubenzurom, isca granulada, aplicado na forma de inseticida fisiológico, clorpirifós, inseticida fosforado aplicado em termonebulização, aldrim e dodecacloro, inseticidas clorados aplicados na forma de isca granulada, já foram testados com êxito para o controle de formigas cortadeiras (GOMES et al., 1989; MENDONÇA & GOMES, 1989; PACHECO et al., 1989; LINK et al., 1995). O inseticida Fipronil, foi citado como promissor, e, entre os produtos novos que estão sendo testados, é eficiente para cupins e extremamente tóxico para os insetos em geral, sendo, no entanto, relativamente seguro aos mamíferos. (DL50 oral, para ratos é de 100 mg/kg.). É considerado excelente para controle de saúvas (ARRI-GONI, 1995; BOTELHO et al., 1995; MACEDO et al., 1995; NAKANO, 1995; WILCKEN, 1995). Devido à insuficiência de informações à respeito do controle de Camponotus punctulatus Mayr, foi

27 Controle de Camponotus... realizado o presente estudo. O objetivo foi elucidar aspectos tais como a identificação de produtos e dosagem e o estabelecimento de métodos de controle. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido à campo, no município de São Sepé, RS, na localidade denominada Boqueirão, distante 20 km da sede do município, em novembro de 1996, em solo Brunizem Hidromórfico de textura média, com relevo ondulado e substrato de siltitoarenito, unidade de mapeamento Santa Maria (LEMOS et al.1973). Foram demarcados 140 formigueiros de Camponotus punctulatus. Para cada dose dos produtos testados foram sorteados dez formigueiros em plena atividade. Cada formigueiro foi identificado com uma ficha de couro numerada e amarrada a uma haste metálica de 30 cm, para demarcação e identificação dos formigueiros. A aplicação dos inseticidas foi realizada em 26 de novembro de 1996 e a avaliação da eficácia do controle foi realizada aos 30 e 60 dias após a colocação dos produtos, através da abertura de todos os formigueiros para verificar o estado de atividade das colônias. Os tratamentos foram sem desmanche dos formigueiros, através de orifício circular de 10 cm de diâmetro, no sentido vertical, do ápice para a base, efetuado com trado holandês, e com desmanche dos formigueiros no caso do produto Regent, nas dosagens de 0, 5, 10, 20 e 40 gramas, incorporadas ao solo do desmanche. Foram aplicados os seguintes produtos e doses: K-Othrine PÓ (20 gramas por formigueiro), Regent 20 G ( 0, 5, 10, 20 e 40 gramas por formigueiro, incorporado após o desmanche e 20 g em formigueiros não desmanchados), Basamid (30 gramas por formigueiro), Brometo de metila (6 cm3 por formigueiro), Beauveria bassiana (10 gramas por formigueiro), Zapp (2 litros por hectare), U-46 D - (0,5 litros por hectare), Orthene PÓ (30 gramas por formigueiro), Temik 150 (20 gramas por formigueiro), sem aplicação e com desmanche sem aplicação. A eficiência dos produtos foi classificada em função de formigueiros em: a) Alta atividade (AA), quando a atividade da colônia era equivalente à atividade da testemunha, equivalendo, portanto, a 0 % de controle; b) Atividade moderada (AM), quando a atividade da colônia era menor do que a atividade da testemunha, apresentando olheiros ativos (50 % de controle); c) Atividade mínima (Am), quando a atividade da colônia era muito pequena,

Simas, V.R. et al. 28 não apresentando olheiros ativos (80 % de controle); d) Atividade inexistente (AI), quando a colônia se apresentava totalmente inativa, equivalendo, portanto a 100 % de controle. Os dados obtidos foram tabulados, e, calculado o percentual da eficiência de controle para cada produto testado no ensaio. RESULTADOS E DISCUSSÃO De todos os produtos utilizados no controle, apenas Fipronil (Regent 20 G) demonstrou eficiência comprovada, sendo que, quando aplicado sem desmanche do formigueiro resultou em 100 % de eficiência após 60 DAT (dias após o tratamento). Os resultados da aplicação de produtos e dosagem estão expressos nas Tabelas 1 e 2. Em função dos resultados contidos na Tabela 2, observa-se que o produto K- Othrine, 20 g/formigueiro, obteve 0 % de eficiência aos 30 dias e 40 % aos 60 dias. Significa que o produto não apresenta ação de choque, apresentando, no entanto, prolongada ação residual, com relação a esta espécie de formiga. O produto Temik, na dosagem de 20 g/formigueiro e forma aplicada, não apresentou eficiência tanto aos 30 dias como aos 60 dias, demonstrando que não possui ação deletéria contra esta espécie. Basamid 30 g/formigueiro alcançou 10 % de eficiência aos 30 dias e 20 % aos 60 dias, caracterizando sua ineficiência no controle de Camponotus punctulatus. O produto Brometo de metila apresentou o mesmo percentual de eficiência (10 %) tanto aos 30 como aos 60 dias. Atribui-se a baixa eficiência do Brometo de metila à estrutura interna dos formigueiros que possuem galerias de pequeno diâmetro, muito diversificadas e de difícil acesso, mesmo para substâncias gasosas, ou talvez pela dose insuficiente. Este resultado, entretanto, está de acordo com o obtido por SIMAS & COSTA (1996). A Beauveria bassiana e Zapp + 2,4, D determinaram um controle de 16 % aos 30 dias, caindo para 0 % aos 60 dias. Atribui-se a baixa eficiência de Beauveria bassiana, à dificuldade de deslocamento do pó dentro dos formigueiros e a ausência de trofalaxia entre formas adultas e larvais e, consequentemente, à recuperação dos formigueiros atingidos inicialmente (30 dias). Orthene contribuiu com um percentual de 32 % de eficiência aos 30 dias contra 70 % aos 60 dias, evidenciando, não um efeito de choque, mas um poder residual de ação.

29 Controle de Camponotus... Todos os tratamentos à base do ingrediente ativo Fipronil, aplicados incorporados ao solo do desmanche do formigueiro, obtiveram eficiência superior a 80 %. Quando aplicados sem desmanche, ou seja, por orifício circular no ápice do formigueiro, a eficiência caiu para 48 % aos 30 dias, aumentando sua ação biocida, no entanto, para 100 % aos 60 dias. O fato de um mesmo produto, de alta eficiência, aplicado no desmanche, apresentar baixa eficiência quando não se realiza o desmanche, reforça a tese da dificuldade da dispersão dos produtos dentro do formigueiro devido ao grande número de pequenas galerias muito diversificadas. Com relação à eficiência dos diferentes produtos avaliados, fazendo-se uma análise globalizada dos resultados, pode-se ponderar que talvez alguns produtos não funcionassem tendo em vista as características intrínsecas de cada um, como no caso dos herbicidas e dos inseticidas sistêmicos. Alguns produtos não funcionaram (Deltametrina, Brometo) devido, certamente, aos hábitos da formiga e estrutura interna dos formigueiros serem bem diferenciados dos aspectos que se costuma observar nas formigas cortadeiras. O único produto que realmente funcionou, foi o Fipronil, nas suas diferentes dosagens e formas de aplicação. Este produto deve apresentar características ou peculiaridades próprias que facilita o envenenamento da totalidade das formigas presentes na colônia. Deve-se, a partir deste momento, buscar novas tecnologias de aplicação que sejam práticas e econômicas. CONCLUSÕES Para as condições em que foi desenvolvida a pesquisa, os dados obtidos e analisados permitem concluir que: 1. no teste de controle, somente o produto fipronil (Regent) foi 100% eficiente; 2. a forma de aplicação mais eficiente foi a de incorporação do produto granulado ao solo do desmanche; 3. o grande número de pequenas galerias, muito diversificadas, impede a rápida dispersão dos produtos dentro dos formigueiros, dificultando o controle. REFERÊNCIAS ARRIGONI, E. D. B. Ocorrência, danos e controle de cupins subterrâneos em Canade-açúcar. In: REUNIÃO SUL BRASILEIRA DE INSETOS DE SOLO, 1995. Dourados, MS. Ata e resumos... Dourados, 1995, 110 p. BOTELHO, P. S. M. MACEDO, N., CÁCE-RES, N.T. Controle químico de Migdolus fryanos (Coleóptera: Cerambicydae) em Cana-de-açúcar. In:

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TABELA 1 - Eficiência de produtos e dosagem no controle de Camponotus punctulatus, aos 30 e 60 dias após a aplicação dos tratamentos (DAT). São Sepé (RS), 1996. 30 DAT 1 60 DAT Tratamento Dosagem R1 2 R2 R3 R4 5R T %C 3 R1 R2 R3 R4 R5 T %C K-Othrine 20 g/form. 0 0 0 0 0 0 0 % 50 50 0 0 100 200 40 % Regente 20 g/form. 0 0 80 80 80 240 48 % 100 100 100 100 100 500 100% Basamid 30 g/form. 0 0 50 0 0 50 10 % 0 50 50 0 0 100 20 % Brometo 6 cm 3 /form. 0 0 0 0 50 50 10 % 0 0 0 50 0 50 10 % Beauveria 10 g/form. 0 80 0 0 0 80 16 % 0 0 0 0 0 0 0 % Zapp + 2,4,D 2 + 0,5 l/ha 0 0 0 80 0 80 16 % 0 0 0 0 0 0 0 % Orthene 30 g/form. 0 80 80 0 0 160 32 % 50 50 50 100 100 350 70 % Temik 20 g/form. 0 0 0 0 0 0 0 % 0 0 0 0 0 0 0 % Testemunha sem aplic. 0 0 0 0 0 0 0 % 0 0 0 0 0 0 0 % Regent 20 G 0 g/form. 0 0 0 0 0 0 0 % 0 0 0 0 0 0 0 % Regent 20 G 5 g/form. 80 80 80 80 80 400 80 % 50 100 50 80 100 380 76 % Regent 20 G 10 g/form. 100 100 100 100 100 500 100% 100 100 100 100 100 500 100% Regent 20 G 20 g/form. 100 100 100 100 100 500 100% 100 100 100 100 100 500 100% Regent 20 G 40 g/form. 100 100 100 100 100 500 100% 100 100 100 100 100 500 100% 1 = Dias após a aplicação dos tratamentos; 2 = Repetição; 3 = Percentual de controle. TABELA 2 - Resultados da avaliação da eficiência dos produtos aplicados no controle de Camponotus punctulatus, São Sepé (RS), 1996. 30 dias DAT 60 dias DAT Produtos Dosagem Eficiência Produtos Dosagem Eficiência K-Othrine 20 g/form. 0 % Beauveria bassiana 10 g/form. 0 % Temik 20 g/form. 0 % Zapp + 2,4,D 2 + 0,5 l/ha 0 % Basamid 30 g/form. 10 % Temik 20 g/form. 0 % Brometo de metila 6 cm 3 /form. 10 % Brometo de metila 6 cm 3 /form. 10 % Beauveria bassiana 10 g/form. 16 % Basamid 30 g/form. 20 % Zapp + 2,4,D 2 + 0,5 l/ha 16 % K-Othrine 20 g/form. 40 % Orthene 30 g/form. 32 % Orthene 30 g/form. 70 % Regent (*) 20 g/form. 48 % Regent 5 g (**) 5 g/form. 76 % Regent 5 g (**) 5 g/form. 80 % Regent 10 g (**) 10 g/form. 100 % Regent 10 g (**) 10 g/form. 100 % Regent 20 g (**) 20 g/form. 100 % Regent 20 g (**) 20 g/form. 100 % Regent 40 g (**) 40 g/form. 100 % Regent 40 g (**) 40 g/form. 100 % Regent (*) 20 g/form. 100 % form. = formigueiros; * = Sem desmanche do formigueiro; ** = Incorporado ao solo do desmanche do formigueiro.