Os lucros bancários continuam extratosféricos, com taxas estáveis acima de 1000% nos últimos dez anos. O fenômeno é fruto de tarifas altas, redução da despesa com pessoal e retração na concessão de crédito para investimento, o que destoa da realidade brasileira e evidencia que os bancos precisam mudar sua política em relação ao País. Discurso do Deputado COSTA FERREIRA (PSC MA). Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, Os juros vão cair na iminente reunião do Copom. Espera-se um corte em torno de 0,72 pontos percentuais, o que não destrona o Brasil da condição de campeã mundial dos juros altos.
As elevada taxa Celic contagia negativamente toda a economia e traz prejuízos incalculáveis ao país. Os bancos brasileiros também tiraram o maior proveito possível da situação. Segundo dados coletados pelo FMI e que envolveu 107 países, os bancos no Brasil também ocupam o primeiro lugar no ranking, praticando taxas anuais de até 44,7%. Pelos dados da pesquisa, percebe-se que os países mais próximos do Brasil são pobres e possuem economias fracas como Angola e Gâmbia. Considerando a participação bancária nos empreendimentos privados em países ricos e emergentes, entendemos que nosso sacrifício em termos de capitação de investimentos gera sacrifícios incomuns e retardo no desenvolvimento social e de infra-estrutura. Os bancos têm acumulado recordes não repassados em proporção equivalente aos empreendedores.
A poupança das instituições financeiras saltou de 4,52% para 8,18%, de 1999 a 2003. Essa gordura elevou a participação dos bancos no PIB nacional de 5,66% para 6,71%. O lucro geral dos bancos mantêm-se alto, na casa dos bilhões. Tal comportamento, todavia, não foi uma exclusividade do último exercício. O lucro dos dez maiores bancos instalados no País aumentou 1000 por cento nos últimos dez anos. Mas a enorme lucratividade do sistema bancário brasileiro ainda não contribuem em proporção equivalente em investimentos que gerem produção e emprego. A principal causa, segundo os especialistas da área econômica, é a alta dos juros. O nível de desemprego ainda é alto, embora apresente sucessivas melhoras. E poderia dar saltos se os bancos investissem em produtividade.
As elevadas taxas de juros sufocam o setor produtivo e trazem muitos benefícios para o setor financeiro que, por sua vez, não cumprirem a sua principal finalidade econômica, que é a concessão de crédito ao setor privado. Além disso, Sr. Presidente, as tarifas bancárias cresceram enormemente com a redução das taxas de inflação. Além do que, a quantidade de pagamentos que os clientes dos bancos são obrigados a fazer constitui-se num custo expressivo para as empresas e para as famílias. A falta de crescimento econômico traz elevadíssimos custos sociais. Os grandes beneficiários do modelo econômico vigente precisam contribuir para que os seus efeitos perversos sejam reduzidos. É hora de conclamar o sistema financeiro para dar a sua quota de participação. Existem muitas medidas que poderiam ser implementadas. Listamos algumas.
Um amplo programa de concessão de bolsas de estudo para estudantes de baixa renda seria algo relativamente simples e com impacto social tremendo. Sabe-se que o investimento em educação é a forma mais eficaz de garantir mobilidade social. Sem uma boa educação, os círculos viciosos se mantêm inalterados por gerações. Círculo quebrado apenas pela educação. Conforme acontece em países desenvolvidos e em desenvolvimento, é preciso que se ampliem radicalmente os recursos disponíveis para pequenas e micro empresas. A força econômica repousa grandemente no crédito, principalmente para empresas de menor porte. Esta parte da cadeia que mais emprega é a primeira a sofrer as conseqüências da escassez de crédito. Os bancos e demais instituições financeiras não são responsáveis isolados pelo problema. Assim como as elevadas taxas de juros são outra parte do problema. Entretanto, convém contemporizar: muitas outras ações
poderiam ser empreendidas pelo setor bancário para que se aumentasse a sua contribuição para o progresso do Brasil. A necessidade de se manter elevadas taxas reais de juros se traduzem em uma virtual desativação dos investimentos públicos e em paralisia da economia nacional. A linha sempre descendente nas taxas de juro e o contexto geral da economia nacional é indicativo de que está na hora de mudar. Muito obrigado.