SUSTENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: PROJETO DE RESTAURAÇÃO DA IGREJA NOSSA SENHORA DAS DORES DO INSTITUTO LAURO DE SOUZA LIMA (BAURU)



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I CONFERÊNCIA LATINO-AMERICANA DE CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL X ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO 18-21 julho 2004, São Paulo. ISBN 85-89478-08-4. SUSTENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO: PROJETO DE RESTAURAÇÃO DA IGREJA NOSSA SENHORA DAS DORES DO INSTITUTO LAURO DE SOUZA LIMA (BAURU) RESUMO Profa. Dra. Rosio Fernàndez Baca Salcedo (1); Heloisa Aguiar Siqueira (2); Aline Nirschl (3) (1) Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp, rosiofbs@faac.unesp.br (2) Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp, heloisasiqueira@hotmail.com (3) Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp, alinirschl@bol.com.br O presente trabalho refere-se ao projeto de Sustentabilidade do Patrimônio Arquitetônico de Restauração da Igreja de Nossa Senhora das Dores do antigo Asilo Colônia Aimorés (hoje Instituto Lauro Souza Lima) em Bauru-SP, em Estudo de Tombamento pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo), destinado à internação compulsória de pessoas portadoras de hanseníase. Frente a deterioração da estrutura física da igreja e em uma tentativa de sustentabilidade do edifício, procurou-se revitalizar e preservar este patrimônio através de uma pesquisa que tem por objetivos: a documentação histórica do edifício e a elaboração da proposta do projeto de restauração da Igreja de Nossa Senhora das Dores. O projeto foi estruturado em quatro etapas. Primeiro: a abordagem teórica sobre a sustentabilidade, a restauração e a salvaguarda do patrimônio arquitetônico. Segundo: levantamento histórico do edifício. Terceiro: levantamento métrico e fotográfico do estado de conservação, com apresentação de desenhos no AutoCad 2000. Finalmente a proposta do projeto de restauração. Com a restauração e a revitalização do patrimônio arquitetônico da Igreja de Nossa Senhora das Dores estaremos preservando a história, a memória dos cidadãos do Estado de São Paulo e da nação como um todo e contribuindo com os estudos sobre a sustentabilidade do patrimônio arquitetônico. Palavra chave: patrimônio arquitetônico, preservação, projeto, restauração, salvaguarda, sustentabilidade. 1. INTRODUÇÃO A partir do século XVIII, quando surgem os primeiros casos documentados da doença de hanseníase, a sociedade se mobiliza para tratar os enfermos em entidades não institucionalizadas. Só no século XX, em função do grande número de leprosos, a sociedade passa a criar entidades filantrópicas como lazaretos, onde os doentes eram internados, recebendo alimentos e roupas, porém, com a condição imposta de não saírem dali. Para tal, no Estado de São Paulo foram criados os Asilos para os portadores da hanseníase. Construíam quase sempre um abrigo que, muitas vezes modesto, protegia os asilados das intempéries e canseiras, além de abrigá-los quando impossibilitados de se locomover pelas crises agudas da doença, por outras enfermidades comuns ou pelo completo avanço da lepra, que mutilava e cegava. Em troca da limitação da liberdade do doente, fornecia-se condições que proporcionavam o bem-estar e satisfação em seu isolamento. O doente deveria ser tratado com persuasão e não com obrigatoriedade. Em 1927, a iniciativa da sociedade bauruense e de toda a região Noroeste de organizar-se e conjuntamente angariar os doentes que vagavam nas cidades, iniciou o plano geral de combate à lepra no Estado de São Paulo.

Os antigos abrigos foram destruídos e os doentes transferidos para os asilos. Os novos casos registrados eram obrigatoriamente internados nos novos asilos: Santo Ângelo, em Mogi das Cruzes; Piratininga, em Itu; Aimorés, em Bauru; Cocais, em Casa Branca e o Sanatório Padre Bento, em Guarulhos. Depois da descoberta de que a hanseníase poderia ser tratada de forma ambulatória, os asilos foram abandonados e se encontram hoje em estado de deterioração. Na cidade de Bauru (Estado de São Paulo), o antigo Asilo Colônia Aimorés, hoje Instituto Lauro de Souza Lima, abriga o teatro, a igreja e o coreto, tombados pelo CONDEPHAAT. Diante do estado de deterioração dessas edificações, o Diretor do Instituto Lauro Souza Lima solicitou a FAAC da UNESP a elaboração do Projeto de Restauração da Igreja de Nossa Senhora das Dores. Diante disto, foi elaborado o presente trabalho, que tem por objetivos a documentação histórica do edifício e a elaboração da proposta do projeto de restauração da Igreja de Nossa Senhora das Dores. Em uma tentativa da sustentabilidade, revitalização e preservação deste patrimônio elaborou-se uma pesquisa em quatro etapas. Primeiro: a abordagem teórica sobre a sustentabilidade, a restauração e a salvaguarda do patrimônio arquitetônico. Segundo: levantamento histórico do edifício. Terceiro: levantamento métrico e fotográfico do estado de conservação da igreja, com apresentação de desenhos no AutoCad 2000. Finalmente, a proposta do projeto de restauração. Com a restauração e a revitalização do patrimônio arquitetônico da Igreja de Nossa Senhora das Dores estaremos preservando a história, a memória dos cidadãos do Estado de São Paulo e da nação como um todo, e contribuindo com os estudos sobre a sustentabilidade do patrimônio arquitetônico. 2. ABORDAGEM TEÓRICA SOBRE A RESTAURAÇÃO E A SALVAGUARDA DO PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO O termo arquitetura sustentável surge em função do aumento de alguns requisitos básicos necessários de serem atendidos pelas edificações, seja por motivos políticos, econômicos ou ambientais. Políticos, desde a crise do petróleo, em 1973, a necessidade de ser reduzida a dependência de ocidente em relação ao oriente trouxe a conscientização da importância de energia e da utilização de fontes renováveis de energia, como sol, o vento e a água. Econômicos, uma vez que a utilização de fontes renováveis de energia representa o aproveitamento de uma energia que está disponível sem nenhum custo para a sua geração, consequentemente representando economia de dinheiro ao longo do tempo. Ambientais, já que a degradação ambiental é hoje um dos problemas que se manifesta em âmbito global, devendo ser evitada para beneficio da própria humanidade (Solange, 2004). Para a sustentabilidade do projeto de restauro devem ser levados em consideração alguns parâmetros projetuais: a acessibilidade de pedestres; aproveitamento dos materiais da estrutura física, examinando a restauração dos materiais deteriorados; evitar a dependência em recursos artificiais procurando aproveitar água, sol e vento. Promover longa vida útil através da utilização de uma tecnologia adequada ao local; prever a manutenção e seus custos; quando o acréscimo de elementos novos no edifício, possibilitar sua fácil retirada para possibilitar futuras intervenções, além de selecionar materiais que tanto na produção como na aplicação promovam qualidade com menor impacto ambiental, entre outros. A sustentabilidade aplicada ao patrimônio arquitetônico exige na restauração: a reutilização do edifício através da adequação da estrutura física as necessidades atuais, a reutilização e mesmo a restauração dos materiais em parte deteriorados desta estrutura, e a utilização de novos materiais que não agridam o patrimônio arquitetônico e que possibilitem futuras intervenções. Em fim criar condições econômicas, ambientais, sociais e culturais no espaço físico para uma melhor qualidade de vida. A preocupação com a salvaguarda e a restauração do patrimônio arquitetônico vem de épocas precedentes. No século XIX: Ruskin, Viollet-Le-Duc, Boito, no século XX: Brandi e as Cartas Internacionais principalmente. Para uma melhor compreensão, primeiro abordaremos os conceitos sobre o patrimônio arquitetônico e a restauração. Entenda-se que patrimônio arquitetônico "é um capital espiritual, cultural, econômico e social cujos valores são insubstituíveis". (Comitê dos Ministros do Conselho da Europa, 1975.. In: IPHAN: Caderno de Documentos n 3: Cartas Patrimoniais, 1995, p.110-111, p.246).

Em relação a restauração, a Carta de Veneza expressa: a restauração é uma operação que deve ter caráter excepcional. Tem por objetivo conservar e revelar os valores estéticos e históricos do monumento e fundamenta-se no respeito ao material original e aos documentos autênticos. Termina onde começa a hipótese; no plano das reconstituições conjeturais, todo trabalho complementar reconhecido como indispensável por razões estéticas ou técnicas destacar-se-á da composição arquitetônica e deverá ostentar a marca do nosso tempo. A restauração será sempre precedida e acompanhada de um estudo arqueológico e histórico do monumento. (ICOMOS, 1964. In: IPHAN: Caderno de Documentos n 3: Cartas Patrimoniais, 1995, p.110-111). (negrito nosso) Restaurar ou conservar são duas questões que são teoricamente abordadas desde o século XIX até os dias de hoje. Atualmente a polemica continua em relação a como fazer?. Vale ressaltar que cada monumento é um caso particular e que não existem fórmulas para intervir no edifício. No século XIX, Ruskin, Viollet-le-Duc e Boito abordam o restauro sobre concepções diferentes. Para Ruskin (1956, p.235, 237), a arquitetura deveria ser sacramentada, a título desta deveremos consagrar-lhe nossas maiores meditações, poderemos viver sem ela, mais não poderemos relembrar sem ela (...) se os homens vivessem verdadeiramente como homens, suas casas seriam templos, templos que apenas ousariam tocar e nelas seria sagrado poder viver. Além disto, para Ruskin, a arquitetura possuía alma. Alma que lhe era dada pelo seu construtor, criador. Assim, a restauração não poderia jamais restituir a alma que era única. Estas eram as razões pelas que Ruskin não aceitava a restauração. Além do mais a restauração era a destruição mais completa que poderia sofrer um edifício, destruição da qual não poderia salvar-se a menor parte, destruição acompanhada de uma falsa descrição do monumento destruído (...) é impossível ressuscitar aos mortos como restaurar o que foi grande ou belo em arquitetura. Por outro lado, Ruskin (1956, P.246) admite que os edifícios deveriam ser cuidados, conservados, ser construídos para sempre, a maior gloria de um edifício, não depende em efeito nem de sua pedra, nem de seu ouro, sua glória está em sua idade. Isto manifesta que a vida do edifício tinha um começo e um fim por si só sem a intervenção do homem. Para Le -Duc ( 1865) restaurar um edifício não é conserva-lo, repará-lo ou refazei-lo é restitui-lo a um estado de inteireza que pode jamais ter existido em um dado momento. Restaurar seu estilo, sua forma, sua estrutura segundo o estilo original do edifício, é dizer restabelecer a unidade do estilo. O bom restauro no conceito de Le-Duc é manter a estrutura física original do edifício, utilizar critérios estilísticos próprios do período, utilizar elementos novos que devem ser autênticos em relação aos originais, efetuar reintegrações mesmo que não tivessem jamais existido, devemos nos colocar no lugar do arquiteto primitivo e supor que coisa ele faria se tornasse ao mundo e tivesse diante de si o mesmo problema. A restauração de Le-Duc se fundamentava na hipótese, de algo que é incompleto e que pode ser reintegrado segundo a unidade estilística do período no qual o edifício foi construído. Camilo Boito ressalta que, conservar e restaurar são dois conceitos confusos. No texto Restaure o Conservare (1893) constrói uma visão crítica do século XIX, tanto da unidade estilística de Viollet-le- Duc como da visão contemplativa e sacramentalista de Ruskin. Boito critica o acréscimo de elementos no restauro do edifício trabalhados por Le-Duc, pois lhe conferem uma falsa leitura. Boito também critica a visão contemplativa e de inviolabilidade ou sacramentalista de Ruskin, quando expressa que o restaurador tem que ser como o cirugão, não pode deixar morrer o edifício. Para Boito, o restaurador tem que ser eticamente responsável e não passar uma falsa leitura. Boito ( 1893) vai falar em três categorias para o restauro: restauro arqueológico, restauro pictórico e restauro arquitetônico Além destas categorias, estabelece princípios que deveriam ser considerados na restauração do edifício: a diferença do estilo entre o novo e o velho, a diferença de materiais de construção, a supressão dos ornatos, permanência dos elementos originais do monumento, colocação em alguma parte a data do restauro, descrição do monumento, descrição e fotografia dos diversos períodos do trabalho. Isto é, a restauração deveria deixar claro para a posterioridade as intervenções realizadas no edifício a través do estilo próprio da época de intervenção, dos materiais de construção, da data de restauro e da documentação da intervenção realizada. Estes princípios são até hoje considerados na restauração.

No século XX, as Cartas Internacionais Patrimoniais realizam algumas recomendações que norteiam as intervenções nacionais, regionais e locais. A Carta de Atenas, realizada pela Sociedade das Nações em Atenas, 1931, ressalva algumas considerações na restauração dos monumentos: nos casos em que uma restauração pareça indispensável devido à deterioração ou destruição, a conferência recomenda que se respeite a obra histórica e artística do passado, sem prejudicar o estilo de nenhuma época. Também expressa: que se mantenha uma utilização dos monumentos, que assegura a continuidade de sua vida, destinando-os sempre a finalidades que respeitem o seu caráter histórico ou artístico (Sociedade das Nações, 1931. In: IPHAN: Caderno de Documentos n 3: Cartas Patrimoniais, 1995, p.15-16). É importante ressaltar que Brandi (1996, p. 26-27) define três princípios em relação ao restauro: 1º A reintegração deve ser reconhecível sempre e com facilidade sem que por isto tenha que romper a unidade que se pretende reconstruir. Assim, a reintegração deverá ser invisível desde a distância na qual a obra de arte venha a ser contemplada; porém, imediatamente reconhecível e sem necessidade de instrumentos especiais, quando se acesse a uma visão apenas mais próxima. 2º A matéria que compõe a margem é insubstituível unicamente onde colabore diretamente a figuração da imagem, é dizer o aspecto. 3º Refere-se ao futuro, qualquer intervenção de restauração não fará impossível eventuais intervenções futuras, mas pelo contrário as facilitará.. Na restauração, segundo Brandi (1996, p.29) o tempo e o espaço constituem as condições formais de qualquer obra de arte e aparecem estreitamente fundidos no ritmo que configura a forma. O tempo se encontra na obra de arte em três momentos responsáveis por seu aspecto fenomenológico: a duração, momento da formulação da obra pelo artista; o intervalo entre o fim do processo criativo e a consciência da obra; e o átimo, quando a obra de arte de instaura na consciência do fruidor. Assim, segundo Brandi, a restauração para apresentar uma operação legítima, não deverá conceber o tempo como algo reversível, nem abolir a história. Pelo contrário na restauração deve-se diferenciar as zonas reintegradas e o respeito a patina. Brandi (1996, P.39) ressalta outros duas instâncias importantes a ser levados em consideração na restauração do edifício: são a histórica e a estética. Na restauração, segundo a instância da historicidade, se apresenta a questão da conservação ou a eliminação dos acréscimos na construção ou reconstrução do edifício. Desde o ponto de vista histórico os acréscimos sofridos por uma obra de arte não são mais que novas testemunhas da atividade humana, porém da história. Nesse sentido, o acréscimo não se diferencia do núcleo original e tem idêntico direito a sua conservação, pelo contrário sua eliminação se bem é resultado de uma atuação e como tal se insere igualmente na história, na realidade destroi um documento e não se documenta em si, pelo que conduz à negação e destruição de um acontecer histórico e a falsificação da informação. Para Brandi (1996, p.46), a restauração segundo a instância estética, o anhadido ou acréscimo deve ser eliminado. Porém, numa obra de arte surge novamente a questão: Qual das duas instâncias se impõe?, será aquela que tem a maior importância na obra de arte, cada caso é um caso. Mas, sim o elemento acrescentado disturba, desnaturaliza. ofusca em parte a obra de arte, tal acréscimo deverá ser eliminado. Em conclusão, Brandi ressalta: é sempre um juízo de valor o que determina a escolha de uma ou outra instância na conservação ou a eliminação dos acréscimos nos edifícios a serem restaurados. Em relação a documentação do edifício, a Carta de Restauro expressa: qualquer intervenção deve ser previamente estudada e justificada por escrito e deverá ser organizado um diário de seu desenvolvimento, a que se anexará a documentação fotográfica de antes, durante e depois da intervenção. Serão documentadas, ainda, todas as eventuais investigações e análises realizadas com o auxílio da física, da química, da microbiologia e de outras ciências. (Governo da Itália, 1972. In: IPHAN: Caderno de Documentos n 3: Cartas Patrimoniais, 1995, p.198.). Vê-se a necessidade de documentar qualquer intervenção no edifício, isto com o objeto de facilitar futuros estudos e intervenções no edifício. Também em relação a documentação do edifício, a Carta do Restauro recomenda: a realização do projeto para a restauração de uma obra arquitetônica deverá ser precedida de um exaustivo estudo sobre o

monumento, elaborado de diversos pontos de vista (que estabelecem a análise de sua posição no contexto territorial ou no tecido urbano, dos aspectos tipológicos, das elevações e qualidades formais, dos sistemas e caracteres construtivos, etc), relativos a obra original, assim como aos eventuais acréscimos ou modificações. Parte integrante desse estudo serão pesquisas bibliográficas, iconográficas e arquivísticas, etc., para obter todos os dados históricos possíveis. O projeto se baseará em uma completa observação gráfica e fotográfica, interpretada também sob o aspecto metrológico, dos traçados reguladores e dos sistemas proporcionais e compreenderá um cuidadoso estudo específico para a verificação das condições de estabilidade. (Governo da Itália, 1972. In: IPHAN: Caderno de Documentos n 3: Cartas Patrimoniais, 1995, p.204). 3. DOCUMENTAÇÃO HISTÓRICA DA IGREJA NOSSA SENHORA DAS DORES A igreja Nossa Senhora das Dores foi construída em 1931, no estilo eclético. Não existem documentos que indiquem a autoria do projeto, nem mesmo outras informações. Apenas foram encontradas as plantas da igreja próximas da construção existente e um vídeo que corresponde a inauguração da igreja, que mostra o espaço externo e interno da construção. Além disto, o depoimento prestado pelo Sr. Nivaldo, paciente da antiga Colônia Asilo Aimorés foi valioso para complementar as informações levantadas. Durante o período de internação dos doentes de hanseníase, na antiga Colônia Asilo Aimorés, a igreja foi bastante freqüentada pelos funcionários, as pessoas da cidade, os pacientes e seus parentes. Para os doentes a igreja teve um alto significado, uma vez que desprovidos de esperança para a cura de seus males, era o local de lamentações e busca de libertação espiritual, tornando-se o símbolo necessário para a manutenção da ordem e da conduta do indivíduo. Foi também um espaço de apoio psicológico para muitos que viviam entre o limiar do desespero e da racionalidade. Após o tratamento ambulatório dos doentes de hanseníase, a igreja não é mais utilizada pelos seus fiéis e passa ao estado de abandono. A ação do tempo e a falta de financiamento para a restauração provocaram sua deterioração. Uma justificativa de vital importância para a preservação da Igreja de Nossa Senhora das Dores diz respeito à sua função e atuação na vida de seus usuários. A Igreja de Nossa Senhora das Dores contém os espaços para as seguintes funções: hall de entrada, acesso para a escada, batistério, nave, presbitério, altar, vestíbulo, dois banheiros, sacristia, coro e torre. O acesso principal da igreja se dá através da escada que conduz à porta central de duas folhas e desta ao hall de entrada da nave. Os acessos secundários estão nas fachadas laterais e posterior (acesso para a sacristia), a estas se atingem através de escadas. A tipologia da planta da igreja está caracterizada por uma forma geométrica. A fachada principal apresenta uma composição simétrica, com um óculo na parte central e duas janelas quadradas em ambos os lados da porta principal de duas folhas. As fachadas laterais apresentam uma porta de duas folhas e as janelas dispostas a ambos os lados. Na fachada dos fundos tem-se uma porta de acesso à sacristia, a janela da sacristia e as janelas dos banheiros. A tipologia da igreja e o seu acabamento não foram alterados. 4. MÉTODOS E PROCEDIMENTOS A realização da documentação da Igreja de Nossa Senhora das Dores teve uma seqüência metodológica caracterizada pelos seguintes materiais e procedimentos. 4.1. Procedimentos A elaboração da documentação da Igreja de Nossa Senhora das Dores teve uma seqüência metodológica caracterizada pelas seguintes fases: entrevistas, localização, contexto urbano, documentação histórica,

levantamento métrico das plantas, cortes, elevações, detalhes, acabamentos, estado de conservação, instalações hidráulicas, instalações elétricas e memorial descritivo. O trabalho de campo foi realizado pelas discentes sob orientação da professora, com início em março e término em outubro de 2003. 4.2. Entrevista com as pessoas envolvidas com o projeto As entrevistas com o Doutor Diltor Vlademir Araújo Opromola, o senhor Nivaldo Mercúrio (portador de hanseníase e atual morador da antiga colônia Aimorés) e o senhor Celso Pereira nos ajudaram a conhecer as atividades desenvolvidas na antiga colônia e as necessidades e expectativas em relação a igreja. Frente ao avançado estado de deterioração da igreja foi ressaltada a necessidade de se realizar o projeto de restauração que seria encaminhado ao CONDEPHAAT para sua aprovação e posterior execução. 4.3. Localização A Igreja de Nossa Senhora das Dores está localizada no Instituto Lauro de Souza Lima, Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros km 225/226, na cidade de Bauru, Estado de São Paulo. 4.4. Contexto urbano A Igreja de Nossa Senhora das Dores está dentro da área destinada a Antiga Colônia Aimorés, hoje Instituto Lauro de Souza Lima, próxima ao teatro, ao coreto, aos prédios das antigas residências e da praça principal. Podemos observar que a igreja se destaca entre as outras edificações pela sua altura e relevância arquitetônica no estilo eclético, tornando-se num ícone importante dentro do Instituto. Também observamos que os prédios que estão em volta da igreja todos são térreos e se encontram em regular estado de conservação, porém os espaços livres (praças, quadras esportivas, ruas) estão deterioradas, precisando ser revitalizadas. 4.5. Levantamento métrico das plantas, cortes e elevações A única documentação existente no Instituto Lauro de Souza Lima é a planta da igreja, que não corresponde à construção existente. Portanto foi necessário realizar um levantamento métrico da mesma. Os desenhos dos cortes foram realizados através das plantas, do levantamento fotográfico e das nossas visitas ao lugar. A prancha que mostra as elevações do estado atual da igreja está representada pelas fotografias, uma vez que estas indicam o real estado das mesmas. Vale ressaltar aqui que o desenho das fachadas para a proposta não pôde ser efetuado com um alto grau de precisão, pois não havia os equipamentos necessários para se adquirir algumas medidas. 5. PROJETO DE RESTAURO DA IGREJA DE NOSSA SENHORA DAS DORES Para a sustentabilidade do patrimônio arquitetônico da Igreja de Nossa Senhora das Dores, pretendeu-se a reutilização da estrutura física, a reutilização dos materiais conservados e a restauração daqueles deteriorados, a utilização de materiais novos que não agridam o patrimônio edificado nem mesmo o meio ambiente e que sejam facilmente retirados para facilitar futuras intervenções, a adequação do espaço físico para as necessidades atuais dos usuários, entre esses a rampa de acessibilidade para crianças, idosos e deficientes físicos, entre outros. O presente Projeto de Restauro tem por objetivo conservar e revelar os valores estéticos e históricos do monumento e fundamenta-se no respeito ao material original e aos documentos autênticos. A intervenção de restauro deverá ser realizada respeitando o estilo do edifício e a tipologia. A substituição deve ser realizada segundo moldes que copiem os elementos originais da construção, porém, é necessário diferenciá-los do elemento original através da data de restauro, dos materiais de construção, das cores, etc. O elemento novo deve ter a leitura de sua época.

A restauração deverá deixar claro para a posterioridade as intervenções realizadas no edifício através do estilo próprio da época de intervenção. Assim, a reintegração deverá ser invisível a uma distância suficiente para que a obra de arte venha a ser contemplada; porém, imediatamente reconhecível e sem necessidade de instrumentos especiais para tal, quando se acesse a uma visão mais próxima. Qualquer intervenção de restauração não impossibilitará eventuais intervenções futuras, mas pelo contrário as facilitará. A revitalização da igreja se realizará em função das necessidades dos usuários. O uso assegurará a continuidade de sua vida, destinando-os sempre a finalidades que respeitem o seu caráter histórico ou artístico. É importante ressaltar que para o acesso de pessoas idosas, portadoras de deficiência física, entre outros, é necessário a construção de uma rampa que poderá ser realizada sobre estruturas metálicas para facilitar sua remoção posterior. A revalorização do edifício através da restauração permitirá o seu uso. A maior atração exercida pelo monumento e a afluência crescente de usuários contribuirão para afirmar a consciência de sua importância e significação regional e nacional. Com o restauro da igreja, pretende-se revalorizar o patrimônio e devolvê-lo à comunidade para dar-lhe uma continuidade como função e consequentemente preservá-lo. 5.1. Memorial Descritivo do Projeto de Restauro A Igreja Nossa Senhora das Dores, localizada no Instituto Lauro de Souza Lima, pertence à esta Instituição desde a sua construção, em 1930, e desde então foi utilizada somente para fins religiosos. Pela tipologia de plantas, fachadas e detalhe dos acabamentos, a Igreja de Nossa Senhora das Dores está caracterizada como estilo eclético, apresentando vergas curvas e recurvas nos vãos, cobertura da torre no estilo gótico, óculo, volutas, portas de almofadas de uma e duas folhas, cimalhas e embasamento. A composição das fachadas é simétrica. A tipologia da planta é retangular e abriga os espaços para a nave, o altar, o presbitério, a sacristia e os serviços de higiene. No pavimento superior está o coro e a torre. Foto 1 e 2: Perspectiva e elevação E1 da igreja, 1950. 5.1.1. Fundações Esta estrutura está apoiada em fundações que foram recentemente melhoradas pela Empresa Bauru Estacas Ltda.

A Empresa constatou a necessidade da implantação de 50 (cinqüenta) pontos de estacas sendo: 36 pontos na sacristia e corpo da igreja e 14 pontos na torre da igreja. As estacas foram implantadas através de macacos hidráulicos. Nos pontos mais críticos, onde existem rachaduras, foram utilizadas estacas prémoldadas. Vale ressaltar que a proposta não incluiu os serviços de substituição da rede de esgoto e águas pluviais. Assim, a igreja ainda se encontra passível de vazamentos, emendas e amarrações das trincas existentes. 5.1.2. Paredes A construção foi feita em tijolo de barro maciço, com espessura variável de 15 a 30 cm. As paredes apresentam infiltrações de água pluvial e fissuras, sendo que parte desta estrutura está comprometida. Assim, é necessário efetuar a amarração das paredes. Foto 3: Fissura na parede do batistério, 2003. 5.1.3. Cobertura A cobertura é composta por tesouras de madeira e telha de barro tipo francesa. A cobertura precisa de reparos nas tesouras afetadas pelo cupim e infiltrações de água, bem como a troca das telhas danificadas. 5.1.4. Piso e revestimento O piso da nave, da sacristia, do altar, do presbitério, do vestíbulo e do coro é de ladrilho hidráulico. O piso da torre e das escadas é de cimento liso e os degraus de acesso ao altar são de mármore. Algumas peças do piso de ladrilho do interior da Igreja estão quebradas, necessitando de substituição por outras iguais ou semelhantes e limpeza daquelas que podem ser aproveitadas. Estes estão presentes apenas nas cores branca e preta. O piso externo está descaracterizado, sendo de extrema importância a reconstituição do piso de pedra portuguesa. O revestimento interno e o externo também sofreram danos ao longo do tempo devido às infiltrações pluviais, fazendo-se necessária sua recuperação. Por esta razão e pela execução de reformas, a igreja não se apresenta com suas cores originais de pintura. É preciso também realizar um processo de prospecção para a recuperação da pintura original. Foto 4: Piso de ladrilho hidráulico e rodapé, 2003. 5.1.5. Esquadrias As janelas apresentam esquadrias metálicas basculantes. A esquadria metálica do vitral tem a forma de uma rosa, sendo os vidros nas cores amarelo, azul e verde. Estas sofreram, em grande parte, um processo de oxidação por não se encontrarem devidamente protegidas, sendo necessária a retirada das peças em estado regular para recuperá-las através da limpeza e da aplicação de pintura anticorrosiva. Já as esquadrias de madeira das portas também sofreram ações do tempo e de insetos, como o cupim, provocando assim a sua deterioração. As peças em regular estado de conservação deverão ser recuperadas e descupinizadas; as que estão em péssimo estado de conservação deverão ser substituídas por moldes semelhantes que expressem a intervenção. As portas são de almofadas de uma e ou de duas folhas. Os vidros e o vitral estão parcialmente preservados, necessitando apenas de um processo de limpeza.

Foto 5: Porta de entrada principal, 2003. 5.1.6. Forro O forro da nave é de assoalho liso com faixa de roda e o dos demais cômodos é de estuque. O forro da nave está parcialmente destruído, sendo necessário a reposição. Foto 6: Forro da nave, 2003. 5.1.7. Mobiliário e equipamento O mobiliário dos banheiros é de metal. Equipamentos como o relógio da torre, precisam de grandes reparos e o sino deve ser recolocado, uma vez que o original foi furtado. Todo o mobiliário existente pode ser restaurado. Ressalta-se que as imagens dos santos da igreja já foram restauradas. Foto 7: Mobiliário do banheiro, 2003. 5.1.8. Instalações elétricas As luminárias originais foram retiradas e substituídas por lâmpadas fluorescentes durante uma das reformas pela qual passou a igreja. Além disto, as lâmpadas originais não são mais fabricadas. Devido ao péssimo estado de conservação das instalações elétricas, houve a necessidade de um novo projeto de iluminação para a igreja. Foto 8: Luminárias da nave, 2003. 5.1.9. Instalações hidráulicas Devido ao péssimo estado de conservação das instalações hidráulicas, houve a necessidade de elaborar um novo projeto.

Figura 1: Planta da igreja com propostas de restauro.

Figura 2: Elevação E3 e corte AA.

Figura 3: Elevação E1 e corte CC.

Figura 4: Corte CC e corte BB. Foto 9 e 10: Vista do coro da igreja e do altar, 1950.

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