Capacidade de Expansão do Milho Pipoca Crioulo cultivado no Cerrado Goiano em Sistema Agroecológico.



Documentos relacionados
Influência do Espaçamento de Plantio de Milho na Produtividade de Silagem.

INTEGRAÇÃO LAVOURA/ PECUÁRIA. Wilson José Rosa Coordenador Técnico Estadual de Culturas DEPARTAMENTO TÉCNICO - EMATER-MG

RELATÓRIO FINAL. AVALIAÇÃO DO PRODUTO CELLERON-SEEDS e CELLERON-FOLHA NA CULTURA DO MILHO CULTIVADO EM SEGUNDA SAFRA

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

APLICAÇÃO FOLIAR DE ZINCO NO FEIJOEIRO COM EMPREGO DE DIFERENTES FONTES E DOSES

INFLUÊNCIA DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA NOS ATRIBUTOS FÍSICOS DE UM NEOSSOLO QUARTZARÊNICO CULTIVADO COM EUCALIPTO.

Referências Bibliográficas

INFLUÊNCIA DE PLANTAS DE COBERTURA DO SOLO NA OCORRÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS E NA PRODUTIVIDADE DE GRÃOS DE TRIGO

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

EFEITO DA ADUBAÇÃO FOSFATADA SOBRE O RENDIMENTO DE FORRAGEM E COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE PASPALUM ATRATUM BRA

DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO DE MUDAS DE CAFEEIRO SOB DOSES DE CAMA DE FRANGO E ESTERCO BOVINO CURTIDO

V Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí V Jornada Científica 19 a 24 de novembro de 2012

Avaliação do efeito de tipos de manejos de solo nos atributos físicos de solo, após seis safras

Manuel Cláudio Motta Macedo Ademir Hugo Zimmer

PLANTIO DE MILHO COM BRAQUIÁRIA. INTEGRAÇÃO LAVOURA PECUÁRIA - ILP

INFLUÊNCIA DO USO DE ÁGUA RESIDUÁRIA E DOSES DE FÓSFORO NA ÁREA FOLIAR DO PINHÃO MANSO

Aplicação de Nitrogênio em Cobertura no Feijoeiro Irrigado*

DESSECAÇÃO DE BRAQUIÁRIA COM GLYPHOSATE SOB DIFERENTES VOLUMES DE CALDA RESUMO

Recomendação de Adubação N, P e K....para os estados do RS e SC

Biomassa Microbiana em Cultivo de Alface sob Diferentes Adubações Orgânicas e Manejo da Adubação Verde

ENSAIO COMPARATIVO AVANÇADO DE ARROZ DE VÁRZEAS EM MINAS GERAIS: ANO AGRÍCOLA 2004/2005

Desempenho de cultivares e populações de cenoura em cultivo orgânico no Distrito Federal.

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

QUALIDADE PÓS-COLHEITA DE MAMÃO PAPAIA COMERCIALIZADOS NO MUNICÍPIO DE ARACAJU

PRODUÇÃO DE MUDAS DE TOMATEIRO EM DIFERENTES SUBSTRATOS À BASE DE MATERIAIS REGIONAIS SOB ADUBAÇÃO FOLIAR 1 INTRODUÇÃO

PRODUÇÃO DE PORTA-ENXERTO DE MANGUEIRA EM SUBSTRATO COMPOSTO POR RESÍDUOS DA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA

DENSIDADE DE SEMEADURA DE CULTIVARES DE MAMONA EM PELOTAS, RS 1

CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS ATRAVÉS DE HERBICIDAS EM CONDIÇÕES DE SAFRINHA

FONTES E DOSES DE RESÍDUOS ORGÂNICOS NA RECUPERAÇÃO DE SOLO DEGRADADO SOB PASTAGENS DE Brachiaria brizantha cv. MARANDÚ

Avaliação da qualidade do solo sob diferentes arranjos estruturais do eucalipto no sistema de integração lavoura-pecuária-floresta

COMPARAÇÃO DE DIFERENTES FONTES DE CÁLCIO EM SOJA

DESEMPENHO PRODUTIVO DE MIRTILEIRO (Vaccinium corymbosum) EM FUNÇÃO DO USO DE TORTA DE MAMONA

PRODUTIVIDADE DO FEIJOEIRO COMUM EM FUNÇÃO DA SATURAÇÃO POR BASES DO SOLO E DA GESSAGEM. Acadêmico PVIC/UEG do Curso de Agronomia, UnU Ipameri - UEG.

Aplicação de dejetos líquidos de suínos no sulco: maior rendimento de grãos e menor impacto ambiental. Comunicado Técnico

AVALIAÇÃO DE PROGÊNIES DE MILHO NA PRESENÇA E AUSÊNCIA DE ADUBO

ESTABILIDADE DE AGREGADOS DO SOLO SOB DIFERENTES CULTIVOS E SISTEMAS DE MANEJO EM LATOSSOLO AMARELO NO CERRADO PIAUIENSE

EFEITO DE DIFERENTES QUANTIDADES DE HÚMUS DE MINHOCA CALIFÓRNIA VERMELHA INCORPORADOS AO SOLO E COM APLICAÇÕES DE BIOFERTILIZANTE NA CULTURA DO FEIJÃO

DECANTAÇÃO DO RESÍDUO DA LAVAGEM DE BATATAS DA LINHA DE BATATAS-FRITAS

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Avaliação agronômica de variedades de cana-de-açúcar, cultivadas na região de Bambuí em Minas Gerais

Há sempre resposta à adubação de manutenção do eucalipto? Um estudo de caso em Porto Velho (RO)

AVALIAÇÃO DE ACESSOS DE MANDIOCA DE MESA EM PARACATU-MG

Culturas anuais para produção de volumoso em áreas de sequeiro

CIRCULAR TÉCNICA N o 159 JUNHO 1988 PREPARO DE SOLOS EM ÁREAS ACIDENTADAS

III PRODUÇÃO DE COMPOSTO ORGÂNICO A PARTIR DE FOLHAS DE CAJUEIRO E MANGUEIRA

Manejos da Cobertura do Solo e da Adubação Nitrogenada na Cultura do Milho para Silagem em Sistema de Integração Lavoura Pecuária

Pesquisas em Andamento pelas Fundações e Embrapa sobre os Temas Indicados pelo Fórum do Ano Passado

AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE DO MILHO SAFRINHA EM SUCESSÃO A ADUBOS VERDES NO PLANTIO DIRETO

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

221 - PÊSSEGOS CV. GRANADA PRODUZIDOS SOB AMBIENTE PROTEGIDO EM SISTEMA DE CONVERSÃO DA PRODUÇÃO CONVENCIONAL PARA A ORGÂNICA

SISTEMA PLANTIO DIRETO, EM CONSTANTE EVOLUÇÃO

PLANTAS DE COBERTURA NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS

INFLUÊNCIA DA QUEBRA DE DORMÊNCIA NA GERMINAÇÃO IN VITRO DE SEMENTES DE PARICÁ

PALAVRAS-CHAVE: capacidade de campo; densidade crítica; ponto de murcha permanente; porosidade de aeração; qualidade física do solo.

ESTUDO DA ESPACIALIDADE DO LIMITE DE PLASTICIDADE E DA MASSA ESPECIFICA APARENTE SECA EM UM SOLO MANEJADO SOB PLANTIO DIRETO RESUMO

AVALIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE ÁGUAS DE POÇOS NO MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO DO RIO DO PEIXE

Recomendações para o Controle Químico da Mancha Branca do Milho

27/02/2013. Solo e Clima. Produção do biocarvão ainda é desafio para os cientistas

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE UMA SEMEADORA-ADUBADORA DE PLANTIO DIRETO NA CULTURA DA SOJA

CALAGEM, GESSAGEM E AO MANEJO DA ADUBAÇÃO (SAFRAS 2011 E

Contexto e importância da diversificação de culturas em sistemas de produção de soja no Brasil

CULTIVO AGROECOLÓGICO DE TOMATE CEREJA COM ADUBAÇÃO VERDE INTERCALAR 1

Adaptação à mudança do clima*

COMPARAÇÃO DE MÉTODOS PARA DETERMINAR A NECESSIDADE DE CALAGEM EM SOLOS DO MUNICÍPIO DE IPAMERI-GO

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

ESTRELA Não basta ser grande, tem que ser Estrela!

FERTILIZANTES, ESCOLHA DE FÓRMULAS E TIPOS DE ADUBOS

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FÍSICA DE UM LATOSSOLO VERMELHO DISTROFÉRRICO EM SISTEMA PLANTIO DIRETO

Efeito da colhedora, velocidade e ponto de coleta na qualidade física de sementes de milho

FERTILIZANTES ORGÂNICOS ALTERNATIVOS NA PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL DO FEIJOEIRO BRS PUJANTE EM CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS

TITULO DO PROJETO: (Orientador DPPA/CCA). Para que se tenha sucesso em um sistema de plantio direto é imprescindível uma boa cobertura do solo.

Ensino Médio 2º ano classe: Prof. Gustavo Nome: nº. Lista de Exercícios 1ª Lei de Mendel, exceções e Sistema ABO e Rh

EFICIENCIA DE SISTEMAS DE APLICAÇÃO DE VINHAÇA VISANDO ECONOMIA E CONSCIENCIA AMBIENTAL

ESTRATÉGIAS DE MANEJO E SUPLEMENTAÇÃO DO PASTO SOBRE CARACTERÍSTICAS DO DOSSEL E DESEMPENHO BIOECONOMICO DE BOVINOS EM RECRIA NA SECA

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 410

AGRICULTURA DE PRECISÃO EM SISTEMAS AGRÍCOLAS

1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROJETO

FERTILIDADE E MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO EM DIFERENTES SISTEMAS DE MANEJO DO SOLO

RELATÓRIO TÉCNICO. Avaliação do comportamento de HÍBRIDOS DE MILHO semeados em 3 épocas na região Parecis de Mato Grosso.

Estudo do efeito alelopático do feijão de porco [Canavalia ensiformes (L.)] em consórcio com feijão guandú (Cajanus cajan) cv Mandarin.

Palavras-Chave: Adubação nitrogenada, massa fresca, área foliar. Nitrogen in Cotton

PRODUTIVIDADE DE MILHO SILAGEM SOB ADUBAÇÃO COM DEJETO LIQUIDO DE BOVINOS E MINERAL COM PARCELAMENTO DA ADUBAÇÃO NITROGENADA¹. a2es@cav.udesc.br.

3. AMOSTRAGEM DO SOLO

RESISTÊNCIA MECÂNICA DE UM SOLO CULTIVADO COM ALGODOEIRO EM SISTEMA DE PREPARO CONVENCIONAL EM IPAMERI, GO (*)

Protocolo. nº 073/2012 FORMULÁRIO PARA CADASTRO DE PROJETO DE PESQUISA E EXTENSÃO

A necessidade do profissional em projetos de recuperação de áreas degradadas

O PROBLEMA DO BAIXO NÚMERO DE REPETIÇÕES EM EXPERIMENTOS DE COMPETIÇÃO DE CULTIVARES

FORMULÁRIO PARA CADASTRO DE PROJETO DE PESQUISA E EXTENSÃO

VIII Semana de Ciência e Tecnologia do IFMG- campus Bambuí VIII Jornada Científica

Avaliação da germinação de sementes de fragmentos florestais receptadas em redes visando recomposição da flora local

Caramuru Alimentos Ltda, Rod. BR 060 Km 388 s/n Zona Rural, C.E.P: Rio Verde/GO zeronaldo@caramuru.com

Estudo da dose de resposta de cobertura (N.K) na cultura do milho safrinha-mt Consultoria Pesquisa Agricultura de Precisão

ABSORÇÃO DE MICRONUTRIENTES APÓS APLICAÇÃO DE BIOSSÓLIDO NO DESENVOLVIMENTO INICIAL DE EUCALIPTO

Injúria causada por percevejos fitófagos na fase inicial de desenvolvimento de plantas de milho e trigo

DESEMPENHO DE MUDAS CHRYSOPOGON ZIZANIOIDES (VETIVER) EM SUBSTRATO DE ESTÉRIL E DE REJEITO DA MINERAÇÃO DE MINÉRIO DE FERRO

Utilização do óleo vegetal em motores diesel

Transcrição:

Capacidade de Expansão do Milho Pipoca Crioulo cultivado no Cerrado Goiano em Sistema Agroecológico. Teixeira, W. G. (1), Matteucci, M. B. A. (2), Malta, C. G. (1), Barbosa, S. C. (1) e Leandro, W. M. (3) (1) Aluna do curso de Agronomia da EA/UFG, Goiânia, Goiás. Bolsista de IC pelo CNPq, e-mail: wellteixeira@hotmail.com; (2) Professora EA/UFG, orientadora de IC pelo CNPq, email: magdabeatriz@gmail.com; (3) Professor da EA/UFG, Pesquisador do CNPq. INTRODUÇÃO Agroecologia é uma ciência que visa uma agricultura sustentável, através de princípios preservadores dos recursos naturais, que sejam culturalmente sensíveis, socialmente justos e economicamente viáveis (Altieri, 2004). São vários os sistemas de produção com enfoque agroecológico. Entre eles está à agricultura orgânica, que consiste em uma produção agrícola que evite ou exclua em grande parte o uso de fertilizantes e agrotóxicos sintéticos (Altieri, 2004). Uma das atividades prioritárias na agroecologia é a produção de sementes de variedades crioulas (variedades rústicas cultivadas e conservadas pelos agricultores de geração em geração). Sementes de milho, feijão, arroz, soja, adubos verdes e hortaliças são fundamentais para os agricultores familiares. Elas possibilitam que as famílias não precisem mais comprar sementes e favorece o intercâmbio com outros agricultores. É de suma importância para a humanidade que se faça o resgate de sementes crioulas, a fim de que a variabilidade genética e a rusticidade das espécies sejam mantidas. Em função desses fatores, propõe-se nesse trabalho avaliar a semente crioula de milho pipoca, com o objetivo de serem conhecidas as condições propícias para seu cultivo e conseqüente resgate. O milho pipoca pertence à espécie botânica Zea mays L., e apresenta sementes duras e pequenas nas quais, quando aquecidas a 170ºC aproximadamente, o óleo e a umidade exercem pressão sobre o pericarpo, até que ele se rompa, formando a pipoca. O milho pipoca varia quanto ao formato (redondo, chato, pontiagudo) e a coloração (rosa, creme, vermelha, roxa, preta, azul etc.), sendo as cores branca e amarela as mais comuns (Zinsly & Machado, 1978). A característica de pipoqueamento é que o torna diferente dos demais tipos de milho e esta diferença, por sua vez, lhe confere maciez e sabor bastante apreciáveis (Zinsly & Machado, 1978). Os autores comentam que a avaliação da qualidade do milho pipoca é feita através da análise do índice de capacidade de expansão e, quanto maior for esta propriedade, maior também será o valor comercial do produto, devido estar associado à maciez da pipoca. Para que este milho seja comercializado, deverá apresentar Índice de Capacidade de Expansão acima de 15, pois abaixo deste valor a pipoca apresenta-se muito rígida e com muitos grãos sem estourar. O objetivo do presente trabalho é avaliar a capacidade de expansão do grão de uma cultivar de milho pipoca crioulo em sistema de produção agroecológico. MATERIAL E MÉTODOS 1228

Os ensaios de sementes crioulas de milho pipoca foram conduzidos em condições de campo em sistema agroecológico na área experimental da Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos da Universidade Federal de Goiás, em Goiânia Goiás. A área foi preparada com grade aradora, seguido de uma gradagem com grade destorroadora no primeiro ano. A área experimental foi selecionada numa área de pousio (com ausência de aplicação de fertilizantes e agrotóxicos a mais de quatro anos) e com vegetação espontânea predominante de Braquiaria decumbens. Após o preparo do solo a área foi sulcada e adubada com esterco de curral de bovino de leite curtido úmido na dose de 500 kg/ha. O milho pipoca foi semeado numa densidade de plantio de 55.000 plantas por hectare, manualmente. Na montagem no ensaio cada unidade experimental apresentou uma área total de 25,2 m 2 (6,3m x 4,0 m), com 7 linhas de 4 metros de comprimento espaçadas de 0,9 metros (milho). Para fins de avaliação do experimento, foi considerada uma área útil central de 10,8 m 2 (4 linhas de 3 metros de comprimento de milho). O delineamento experimental foi o de blocos casualizados em arranjo fatorial 2x5. Sendo que os tratamentos constituíram-se dos fatores consorciação (milho solteiro e milho consorciado com feijão de porco (Canavalia ensiformis) 1:1 - uma linha de feijão de porco intercalada com uma linha de milho) e da aplicação de adubação de cobertura orgânica (adubos verdes Milheto - Pennisetum glaucum, Crotalaria juncea, Crotalaria spectabilis e Feijão de porco C. ensiformis e uma testemunha, sem adubação de cobertura). Quatro semanas após o plantio foi feita a aplicação dos adubos verdes em cobertura. Os adubos verdes foram produzidos em área próxima ao ensaio e foram cortados rente ao solo na época de pleno florescimento. As amostras de solo foram coletadas na profundidade de 0-20 cm retirando-se 15 amostras simples na entre-linha de plantio. As análises químicas para a fertilidade do solo foram realizadas conforme método descritivo da Embrapa (1997). Os dados foram submetidos à análise de variância, comparando-se as médias pelo teste de Tukey, em nível de 1 e/ou 5% de probabilidade (SAS, 1995). O Índice de Capacidade de Expansão (CE) foi determinado pela relação entre o volume final de pipoca e o volume inicial de grãos, através da utilização do volume padrão de 35 ml de grãos medidos em proveta de 100 ml. Em seguida, este material foi colocado em uma pipoqueira de fabricação brasileira, juntamente com 12 ml de óleo de soja, tendo como fonte de calor um fogão doméstico (chama média) e, após o completo pipoqueamento, foi determinado o volume de pipoca estourado utilizando uma proveta de 500 ml. Foi estabelecida a CE na umidade de grãos a 13% e 7%. Foi determinada a taxa de expansão entre 13 e 7% de umidade. O peso de 100 ml de grãos foi obtido em balança. Os dados obtidos referentes às análises físicas foram submetidos à análise de variância, comparando-se as médias pelo teste de Tukey, em nível de 1 e/ou 5% de probabilidade (Gomes, 1976). A análise de variância foi realizada utilizando-se o software ASSISTAT 6.1 (Silva, 1996). Os teores de nutrientes nos grãos e adubos verdes foram correlacionados (Correlação de Pearson) com as variáveis tecnológicas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Não houve diferença significativa entre a interação dos tratamentos nos atributos tecnológicos do milho pipoca crioulo (Tabela 1). Porém, houve efeito do consórcio nas variáveis peso de grãos em 100 ml de grãos (P 100 ml), capacidade de expansão a 7% de umidade (CA 7%) e efeito da adubação em cobertura com adubos verdes na capacidade de expansão a 13% de 1229

umidade (CA 13%). Verifica-se na Tabela 2 que o consórcio com o feijão de porco proporcionou incremento de 6 % do peso de grão do milho e de 37% na diferença entre a expansão do milho pipoca entre 13 e 7% de umidade. Por outro lado, a ausência de consorciação incrementou a CE do milho pipoca a 13% de umidade em 69%. Na Figura 1 verifica-se que o maior peso de 100 ml de sementes foi obtido com a adubação em cobertura com Crotalaria spectabilis. O feijão de porco foi o que proporcionou menor peso. Foram estabelecidas relações de causa e efeito entre teor de N no grão e CE a 13% através de ajuste polinomial do 2º. Grau (Figura 2). Verifica-se que há uma correlação negativa e significativa. Conforme interpretação de Normas de Identidade e Qualidade de Milho Pipoca, do Ministério da Agricultura e Abastecimento (Brasil, 1992), para comercialização, uma cultivar precisa ter CE de, no mínimo, 15 ml ml -1 (Pacheco et al., 1996). Segundo Green & Harris (1960), cultivares com CE menor que 25 ml ml -1 são consideradas pobres. Se a CE está entre 25 e 30 ela é considerada como regular. Valores entre 30 e 35 são considerados como bons e cultivares com CE acima de 35 são classificadas como excelentes. Os valores das variáveis tecnológicas encontram-se na classe muito baixa, com exceção da TCE 13/7, que foi muito elevada. As CE s encontradas indicam que a cultivar não tem índices adequados para comercialização. Tabela 1. Teste F para as variáveis Peso de grãos em 100 ml de grãos (P 100 ml), Capacidade de expansão a 13% de umidade (CA 13%), Capacidade de expansão a 7% de umidade (CA 7%), Taxa de expansão entre 13 e 7% (TCE 13/7) e Peso de grãos estourados (PG estourados) em áreas cultivadas com milho pipoca crioulo orgânico. Causa da Teste F (1) Variação P 100 ml CE 13% CE 7% TCE 13/7 PG estour. Cultivo (C) 0,83 1,79 5,34* 0,84 1,40 Ad Cob (A) 9,68* 14,63* 2,12 5,90* 5,52 Inter. AxC 0,67 1,73 0,83 3,48 4,22 CV% 3,59 19,12 23,62 25,82 18,12 Média 71,50 0,31 2,88 979,9 11,12 Unidade g/100ml % % % g Interpretação Baixo Baixo Baixo Elevado Baixo (1) Ausência de asterisco significa não significativo no teste F (análise de variância). Os maiores valores de correlação de Pearson entre as variáveis tecnológicas e o teor de nutrientes nos grãos e adubos verdes foram obtidos com o teor de N x CE a 13% (Figura 2). Verifica-se com o incremento no teor de N nos grãos implicou numa diminuição na CE a 13%. Tabela 2. Teste de média (Tukey a 5%) para as variáveis Peso de grãos em 100 ml de grãos (P 100 ml), Capacidade de expansão a 7% de umidade (CA 7%) e Taxa de expansão entre 13 e 7% (TCE 13/7); em áreas cultivadas com milho pipoca crioulo orgânico. Tratamentos Variáveis P 100 ml CE 7% TCE 13/7 g % % Sem consórcio 69,50 b 0,39 a 826,3 b 1230

Consorciado 73,50 a 0,24 b 1133,5 a (1) Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%. 4 3,77 a 3,5 CE a 13% umidade (%) 3 2,5 2 1,5 1 2,88 ab 2,59 ab 2,29 b 0,5 0 C. Spectabilis C. Juncea Milheto F. de Porco adubaçao em cobertura com adubos verdes Figura 1. Teste de média (Tukey a 5%) para a Capacidade de expansão a 13% de umidade do milho pipoca crioulo orgânico em função das espécies de adubos verdes empregadas em adubação de cobertura. 4,00 3,50 CE (ml/ml grão) 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 y = 3,99x 2-17,696x + 21,962 R 2 = 0,6446 0,00 1,50 1,60 1,70 1,80 1,90 2,00 2,10 2,20 2,30 2,40 teor de N no grão (dag/kg) Figura 2. Ajuste de equação polinomial do 2º. Grau entre o teor de N no grão e a capacidade de expansão a 13% de umidade do milho pipoca crioulo orgânico em função das espécies de adubos verdes empregadas em adubação de cobertura. CONCLUSÕES 1231

As características tecnológicas do milho pipoca crioulo resgatado para a agricultura orgânica familiar não se adequaram às exigências comerciais; A consorciação com feijão de porco e a adubação em cobertura com adubos verdes afetaram as características tecnológicas do milho pipoca, e O teor de nitrogênio no grão afetou a capacidade de expansão do milho pipoca. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALTIERI, Miguel. Agroecologia: a dinâmica produtiva da agricultura sustentável. 4 ed.. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004. BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA/DNDV/CLAV, 1992. 365p. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA EMBRAPA. 1997. Manual de métodos de análise de solo. 2. ed. Rio de Janeiro: Centro Nacional de Pesquisas de Solos, 212p. GOMES, F. P. Curso de estatística experimental. Piracicaba: ESALQ, 1976. 430p. GREEN JR., V.E.; HARRIS JR., E.D. Popcorn quality and the measurement of popping expansion. Proceedings of The Soil and Crop Science Society of Florida, v.20, p.28-41, 1960. PACHECO, C.A.P.; CASTOLDI, F.L.; ALVARENGA, E.M. Efeito do dano mecânico na qualidade fisiológica e na capacidade de expansão de sementes de milho pipoca. Revista Brasileira de Sementes, v.18, p.267-270, 1996. ROSHDY, T.H.; HAYAKAWA, K.; DAUN, H. SAS INSTITUTE (Cary, Estados Unidos). SAS language and procedures: usage statistics SAS Institute. Version 6. Cary, 1995. 373p. SILVA, F. de A. S. e. The ASSISTAT software: Statistical assistance. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON COMPUTER, 6, Cancun, 1. Anais... American Society of Agricultural Engineers, 1996, p.294-298. ZINSLY, J.R.; MACHADO, J.A. Milho-pipoca. In: Melhoramento e produção de milho no Brasil. Piracicaba, ESALQ: Fundação Cargill. 1978. p. 339 348. 1232